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Análise

A “fórmula dos megahits”, você sabe qual é?

A “fórmula dos megahits”, você sabe qual é?
17 minutos para leitura

Antes de falar sobre tal fomentado assunto, vou rapidamente conceituar o que seriam os animes e/ou mangás megahits.

Um anime ou mangá “megahit” trata-se de um título que fica muito conhecido. Tão conhecido que até mesmo quem não é um consumidor assíduo de animes acaba assistindo ou pelo menos ouve falar. 

Temos diversos exemplos clássicos que cabem aqui. One Punch Man, Shingeki no Kyojin, Boku no Hero Academia, Naruto, Bleach, Sword Art Online, Hunter x Hunter e por aí vai… 

Entrega de chocolates em Kimi ni Todoke
“A clássica entrega do chocolate”

Gostaria de deixar claro que não estou falando da famigerada Jornada do Herói, criada pelo antropólogo CAMPBELL, em 1949. A Jornada do Herói é aquela história cujo desenvolvimento é tratado através de fases/estágios que os heróis passam ao longo de suas histórias.

Ela está presente em praticamente toda obra de herói, mas somente ela isso não define se a obra vai se tornar um megahit. Essa discussão vai muito mais além. 

Vamos começar falando sobre aspectos os anime megahits não terão.

Um megahit nunca trilha pela safezone 

Os megahits sempre procuram trazer ambientes diferentes, atmosferas inusitadas ou problemas atípicos.  

Você nunca viu e provavelmente nunca verá um anime de extremo sucesso com temas e assuntos monótonos e batidos. Como por exemplo relacionamento colegial japonês, ou o dia a dia no trabalho de um certo personagem.

Podemos sim ter obras maravilhosas nesse estilo mais “pacato” que vendam muito. Eu mesmo adoro esse gênero, mas não existem megahits deste tipo. 

Cito também como exemplo os animes do gênero slice-of-life, por geralmente trilharem a safezone. Ou seja, usar a “fórmula” pronta de roteiro de obras do dia-a-dia.  

Essas obras acabam sendo previsíveis e não costumam viralizar nacional ou mundialmente. 

Vou dar um exemplo dessa “fórmula pronta de roteiro”. Você já viu um shoujo que não tenha um episódio de valentine’s day (dia dos namorados)? Ou dia do descanso onde todos vão para a praia? São poucos os que não possuem esses eventos.

O episódio da praia, em um anime que não lembro o nome
“O episódio fatídico da praia!”

Ainda, quantos romances shoujo ou slice-of-life você assistiu que no final surpreendeu por casais que você achou que acabariam juntos, mas não acabaram? Quantos plot twists relevantes você já viu em animes desses gêneros? Novamente, poucos. 

Ressalto que não estou falando mal dos shoujos, pois eu realmente amo esse gênero, mas eles pecam em alguns quesitos quando o assunto viralizar.

A repetitividade é notável depois de assistir alguns títulos do gênero. É possível notar o padrão e o emprego dessas “fórmulas de roteiro”, até mesmo na construção dos personagens. 

Abordagem muito realista

Outro aspecto que um megahit nunca terá é muita realidade. 

É natural do ser humano buscar algo diferente em seus momentos de lazer. Principalmente nós otakus, que já estamos assistindo animes porque provavelmente temos um interesse maior pelo ficcional. 

Logo, um pouco de exagero e imaginação como titãs, monstros e superpoderes, são coisas que tendem a despertar o interesse. 

Dragon Ball Evolution
“Não era bem disso que eu estava falando… mas isso aqui é a prova concreta que o realismo exagerado não funciona rs”

E quais são os aspectos mais utilizados nos megahits, então?

Agora vou para o outro lado. Vou falar sobre itens que quase sempre existem em megahits.

Claro que existem outras características que poderiam entrar nos “aspectos nunca vistos em megahits”. Mas acho que já deu para pegar a essência, né?

Agora tenho certeza que quando você começar a assistir um novo anime, já vai identificar se ele será ou não um megahit. Sim, eu garanto. 

Mitologias e temáticas

Os megahtis tem sua própria formação de universo, dificilmente se passando em um mundo muito análogo ao real. 

Geralmente envolve algum tipo de mitologia ou temática como base. Isso por si só já conquista muitos fãs que gostam dessa tal mitologia ou temática.  

Um exemplo clássico é o anime Saint Seiya (Cavaleiros do Zodíaco). Uma pessoa que gosta de mitologia grega ou história, já dará automaticamente um ponto na média para a obra. 

Cavaleiros de Ouro

O anime Sword Art Online já ganharia pontos com os gamers, por sua temática ser uma espécie de RPG, independente do jogo que esteja sendo jogado na série. 

Shurato, por sua vez, foi um megahit dos anos 90, exibido na famosa e falecida TV Manchete. O anime trabalha em cima da mitologia indiana! Muita gente podia não saber muito sobre os indianos, mas era interessante aprender sobre essa desconhecida cultura.  

Shurato, poster
“Esse título definitivamente marcou minha infância…”

Sistema de ranqueamento e/ou níveis 

Essa parte é especialidade dos shounen: conceituar bem um sistema de ranqueamento, para fazer os telespectadores ficarem 50 episódios aguardando para ver aquele personagem badass (introduzido bem no começo do anime) finalmente entrar em ação.  

Essa é certamente umas das técnicas mais empregadas em shounen e isso aparece em todo megahit do gênero. 

Só a curiosidade de ver aquele personagem de rank alto em ação já gera uma atratividade tamanha que nos prende por muitos episódios. 

Lembro-me que ficava ansioso para ver o comandante Yamamoto Genryuusai (de Bleach), simplesmente porque no começo da obra falaram que ele estava no cargo mais alto do Gotei 13: o de comandante.  

O mesmo se repete com vários megahits. Eles tendem a apresentar toda uma cadeia de ranqueamento ou níveis, e aí, vão mostrar quem está no topo e fazer você ficar muitos episódios aguardando para ver eles efetivamente fazendo algo. 

Ranqueamento utilizado em Naruto, em fluxograma
“Um dos mais clássicos ranqueamentos!”

Vou citar mais alguns exemplos:  

Em Hunter x Hunter, logo que a Associação Hunter é explorada, Netero já é anunciado como um dos 3 homens mais fortes do mundo, e que em outrora já foi o mais forte do mundo.  

Preciso lembrar o HYPE que foi aguardar a luta dele com o Meruem?  

Em One-Punch Man nós temos um sistema de posicionamento em um ranking de classes, onde a classe S é a dita mais poderosa. O número 1 dessa classe, seria o herói mais poderoso em combate dentro da mais alta classe (teoricamente, né Saitama-san hahaha). 

Inclusive, temos um review aqui na Cúpula sobre esta série satírica que certamente se tornou um megahit mundial. Clique aqui para dar uma olhada na análise feita pelo André! (eu acho que ele exagerou na nota, mas tudo bem).

Poderes mensuráveis

Às vezes, vemos casos em que a introdução de poderes de luta mensurados por números é feita bem antecipadamente nos animes, como em Dragon Ball. 

Após alguns arcos, deu para perceber que o Akira Toriyama chegou à conclusão de ter sido uma má escolha o uso de poderes de luta. Fica evidente já que, em certo ponto do anime, os poderes dos personagens nem são mais mensuráveis e esse elemento é descartado. 

Dragon Ball poderes de luta 1
Dragon Ball poderes de luta 2
“A escala de poder começou a beirar o ridículo depois de um tempo”

Com a imagem acima eu deixo uma pergunta em aberto para você responder nos comentários:

Qual seria o poder de luta do Goku Super Sayajin Blue, seguindo essas proporções malucas? Hahaha 

Os ranqueamentos também servem para dar uma estrutura de crescimento lógico para os personagens. Em Code Geass temos um sistema de ranqueamento diferente, não baseado no poder, mas sim no nível de sucessão ao trono.  

A diversão nesse caso é ver nosso amado protagonista, Lelouch Lamperouge, superando as pessoas que deveriam ter lugar ao trono a priori. 

Pode até ser descartada ao longo da obra, mas o fato é: o ranqueamento estava lá! 

História principal e secundária

Para fins de profundidade da obra, é preciso mostrar histórias e desenvolvimento para os personagens secundários.

Isto faz que o telespectador se sinta mais dentro do universo proposto, pois parece que você “conhece” a obra melhor, dando a sensação de aproximação e conforto. É uma técnica básica da psicologia.  

Em um famoso livro de psicologia intitulado “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie, é dito que uma forma de fazer as pessoas gostarem de você é deixando-as te conhecerem.  

Não é diferente para um anime. Os megahits que costumam utilizar de elementos narrativos para dar maior profundidade ao plot e ao elenco geram mais apego do telespectador para com a história.  

Quanto mais o autor deixar os fãs por dentro de seu trabalho, mais amado ele será. Tanto o autor, quanto a obra. 

Existem uma infinidade de exemplos de histórias secundárias bem trabalhadas que poderiam ser citadas. Vou com as mais clássicas:  

Evangellion foi o divisor de águas quando o assunto foi desenvolver os personagens secundários. O anime ensinou que trabalhar bem o elenco inteiro, não dando foco somente ao protagonista, pode trazer incríveis benefícios à obra.  

Lembra da treta entre os irmãos do clã Uchiha, Sasuke e Itachi, em Naruto? Por mais que essa parte da história tenha tomado maiores dimensões ao longo dos anos, o plot principal sempre foi o loirinho camarada em busca do título de chefe do morro! Ops, Hokage.

Transmitir uma mensagem

Midoriya, de Boku no Hero já nos primeiros episódios passa a mensagem de nunca desistir de um sonho. Todavia, ele sai em poucos episódios de um nível nulo de poder e insatisfação consigo mesmo, para sucessor do homem mais forte do mundo, seu herói All might. 

Tal mensagem de superação é passada em muitas obras, chegando até a ser meio enjoativa. Entretanto, sempre causa impacto por mexer diretamente com o ego interno de quem assiste.  

O bom é que estas mensagens motivam as pessoas a tentarem dar seu melhor no dia a dia (ou quem sabe se sentirem mal por nem tentarem rsrs). 

Essa é outra estratégia da psicologia, inclusive. Você já ouviu o provérbio: “A grama do vizinho é sempre mais verde”? Não importa o quão bem-sucedido você é, sempre vai ter algo no qual você não é bom.  

Sintetizando: é melhor não se sentir atingido pelos outros, trabalhe duro e atingir seus objetivos não será só um sonho. Você certamente vai desfrutar de uma dose motivacional com esses personagens não-desistentes. 

Kuroko (de Kuroko no Basket) traz a mensagem de que você não precisa ser “o popularzão” para ser verdadeiramente feliz. Não importa o nicho em que está inserido, seja ele de trabalho, social ou esportivo. 

Em suma, kuroko vive nas sombras, geralmente sequer é lembrado, mas é um personagem que termina a série feliz com suas conquistas, apenas ajudando seus amigos a brilharem. 

Sombra do Kuroko segurando uma bola
“Ele é a sombra de seus amigos, só que no bom sentido”

Reflexão ou dilema 

Particularmente, essa é o aspecto que mais me agrada.  

É quando autor introduz uma problemática que geralmente não tem uma definição de “certo ou errado”. Tal problemática se desenvolve ao decorrer da série, geralmente com dois personagens ou equipes em lados bem opostos, e a audiência se divide. 

“Quem está certo?”, “Quem é o verdadeiro vilão?”. Esses tipos de perguntas que adoro fazer para mim mesmo depois de ver um episódio de uma trama bem trabalhada através de relativismo.

Em Death Note, temos o protagonista, Kira, que deseja fazer justiça com as próprias mãos. Kira agiu contra a lei em muitas horas, mas eu conheço muitas pessoas que genuinamente acreditam que essa seria a melhor forma de acabar com a escória da humanidade. Destaco que com “escória” me refiro a estupradores, assassinos e terroristas, que no começo do anime, eram os alvos dele. 

Inclusive conheço mais gente que gosta do Kira do que do L, mas não é o meu caso hehe

Light Yagami escrevendo no Death Note
“O verdadeiro poder do canetão”

One Piece traz uma reflexão muito interessante também. O megahit deixa claro que o “certo ou errado” é subjetivo, já que é definido por quem está no poder.

Para nós, telespectadores, a marinha e o governo mundial são desmascarados e se mostram mais cruéis que os próprios piratas, mas, por serem o poder principal do mundo, são colocados na posição do “bem”. 

Concluindo…

Finalizando, estes foram alguns aspectos e padrões que eu, um apaixonado por psicologia e antropologia que já assistiu mais de 400 animes, conseguiu perceber, analisar e listar para você quando falamos sobre os aclamados megahits.

A história dos animes é longa, então acredito que existam outros pontos que contribuam para a fórmula “megahit”.  

Fique a vontade para usar a sessão de comentários para adicionar qualquer aspecto que eu tenha deixado passar, ou levantar qualquer tipo de discussão sobre os itens que eu elenquei aqui!

Diversos protagonistas de renome da Shonen Jump
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Escrito por

André Uggioni

Co-Fundador

Host do CúpulaCast

Criciúma - SC

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