13 minutos para leitura
Scissor Seven é mais um dos títulos que compõe esta “enxurrada” de obras orientais que a Netflix está trazendo para seu catálogo. A obra certamente superou minhas expectativas de uma forma muito satisfatória, e por isso acho que vale essa recomendação que estou a escrever.
Se tratando de um anime chinês feito por um estúdio de apenas um trabalho, essa animação não é tão conhecida assim. Porém, ao entrar no página do Sharefun Studio, notamos que o anime conquistou muitos prêmios entre 2018 e 2019.
Com Scissor Seven,tenho certeza que o diretor He Xiaomad chamou atenção da indústria e, consequentemente, da Netflix.
Bem, como já explicado, Scissor Seven é o único trabalho do estúdio, sendo assim as noticias sobre tal título são muito contraditórias.
Afinal, em alguns sites temos informação de que a segunda temporada ainda não foi licenciada (edit: agora já temos!). Porém, já no Youtube, você encontra vídeos com titulo “Scissor Seven Season 2“, e por fim, no próprio site do Sharefun Studio, temos a obra com 2 nomes, Killer Seven e Scissor Seven, porém com a mesma sinopse.
Em outras palavras, no fim acaba sendo um pouco difícil trazer alguma notícia sobre a obra. Portanto, a recomendação que segue, terá como base a primeira temporada e os OVA’s que já temos disponível na Netflix Brasil.
Onde estamos nos metendo em Scissor Seven?
O início do anime somos apresentados a Seven, um garoto que possui problemas de memória, não lembrando de absolutamente nada antes do início da história.
Contudo, percebemos que o mesmo possui uma história, no mínimo, intrigante, pois nos primeiros minutos do desenho vimos que o mesmo possui um poder especial para controlar sua tesoura com o poder da mente.
Porém, com intuito de arrecadar dinheiro para, talvez, encontrar uma maneira de recuperar suas lembranças, o garoto possui uma barraca de caldo de miúdos.
Não vendo muito sucesso nas vendas, seu amigo, Dai Bo (que é um frango azul de fazenda) traz à tona a ideia de que Seven pode se tornar um Assassino de Aluguel, para então lucrar ainda mais.
Além de explicar ao garoto que, com a quantia de 1 milhão de iuanes, a empresa de tecnologia do anime, conhecida como Stan, que seria quase uma Google da vida real, poderia recuperar sua memória.
E a história da animação é basicamente isso: Seven virando um assassino de aluguel para arrecadar dinheiro, para então conseguir pagar o tratamento de recuperação de memória.
Em um primeiro momento a história parece rasa demais, e que não irá trazer nenhuma reviravolta. E, realmente, o plot do anime é simples.
Entretanto Scissor Seven consegue expôr toda a simplicidade com piadas muito cômicas, e personagens verdadeiramente únicos.
As piadas vão desde um peixe se afogando, a uma velhinha ser dominatrix.
Além do ar cômico em alguns momentos, onde os personagens, sabendo que estão em um desenho, acabam até cantarolando a trilha sonora, por exemplo.
Ainda assim, acredito que daria para melhorar Scissor Seven…
Talvez o ponto negativo que mais me incomodou na obra é a duração dos episódios, com cerca de 14 minutos cada – com a abertura e os créditos. Isso faz com que os 10 episódios acabem sem que percebemos o fim da temporada.
Diferente do anime Aggretsuko, que a duração menor dos episódios do que estamos habituados casa bem com a temática slice of life da vida adulta.
Por mais que seja um ponto negativo, eu até consigo entender a duração dos episódios, pois imagino que Scissor Seven segue o mesmo estilo do primeiro filme de Deadpool.
Onde a crítica dizia que, o filme só foi ótimo pelo fato de que, em meio a filmes de mais de 2 horas de duração, Deadpool teve aproximadamente 1 e 49min, com os créditos.
E todos falaram isso, pois se passasse de 2h, o “besteirol” do filme atrapalharia e se tornaria massante, enjoativo.
Trazendo esta lógica a Scissor Seven, talvez episódios maiores atrapalhariam pelo mesmo motivo, porém eu ainda apostaria em uma duração maior ou mais episódios.
Mas calma, isso não interfere na narrativa ou deixando pontas soltas na história. Pelo contrário, o enredo e os conflitos em que o protagonista se envolve são bem redondos e bem concluídos.
Graficamente falando, o anime é básico, mas com a filosofia do “menos é mais”, ou seja bem cartunesco, as vezes sem detalhe algum, e, em outras, muito bem detalhado.
Ficou perfeito para acompanhar o formato “besteirol” com desenvolvimento de roteiro extremo.
Entrando mais afundo no mundo de Scizor Seven…
Agora que já foi contextualizado um pouco do enredo e como o anime se desenvolve, vale um alerta que a partir de agora teremos alguns spoilers da obra. Mas claro, com todo cuidado para que estes detalhes não atrapalhem sua experiência com a animação.
Que diga-se de passagem é um dos melhores “besteirol” que já vi até hoje, recomendado ao extremo.
Como dito no resumo do anime, Dai Bo apresenta a ideia de transformar Seven em um assassino de aluguel, para então arrecadar mais rápido o dinheiro.
Para isso, além de um treinamento a lá montagem de filme hollywoodiano com montagens de cena, o frango azul presenteia nosso protagonista com duas “armas” que o ajudarão em sua empreitada.
Coloquei “armas” entre aspas, pois uma evidentemente é um objeto, o Ovo Gaiba, que ao estourá-lo no chão você se transformará no que estiver pensando.
Transformação essa que permite ao protagonista se tornar absolutamente qualquer ser vivo ou objeto. Contudo, ele não recebe nenhuma habilidade daquilo que está se transformando. É apenas uma mudança visual.
Já a segunda “arma”, é o Xiao Fei, um frango voador que quando necessário é chamado para auxiliar Seven na fuga de determinado perrengue que esteja passando. Seria isso um Deus Ex Machina? Nem ligo. É engraçado.
A metamorfose do anime chinês
E é neste momento que posso dividir o anime em duas partes, mais os OVA’s (que também estão disponíveis na Netflix).
A primeira parte do anime, que dura cerca de 4 a 5 episódios, é mais cômica, nos apresentado Seven em sua jornada enquanto esbarra em vários personagens cativantes (alguns continuam na série, outros apenas aparecem em um episódio).
E a segunda parte tem um tom mais “cinza”, onde, junto com Seven, descobrimos coisas sobre seu passado e o anime se torna mais sério, com uma batalha final muito empolgante.
Ouso dizer que a transformação de comédia em algo mais sério é tão sutil, que você nem percebe acontecer. Você só sente que o anime se torna mais denso sem perder sua genialidade cômica.
E, por fim, falo dos OVA’s que contam a história sensacional de 3 personagens especiais dentro da obra.
Bem, no título do artigo utilizei a palavra “lore”, que significa nada mais que a história por traz da obra.
Em jogos eletrônicos, são encontrados traços da lore “escondidos” para fortalecer ainda mais a história principal. Um bom exemplo disso é o jogo Destiny.
Para Scissor Seven, eu usei esta mesma palavra pois para cada personagem ou acontecimento existe um contexto por trás. Até mesmo das situação e pessoas que aparecem em apenas um episódio.
E ainda, existem coisas que não estão na história principal que você só terá conhecimento assistindo aos OVA’s e, pasmem, assistindo os créditos.
Exatamente, as endings dos episódios nem sempre são as mesmas, trazendo um conteúdo extra do acontecimento ou do personagem que apareceu no episódio em questão.
E o melhor de Scissor Seven: os personagens!
Como já dito, os personagens deste anime são extremamente cativantes, incluídos os personagens que aparecem em apenas um episódio.
Poderia ficar divagando sobre todos eles, mas para tirar como exemplo, elenquei os 4 principais que, ao meu ver, que são indispensáveis para a animação.
Começando com o próprio Seven, que segue o estereótipo do protagonista que não sabe direito o que está fazendo. Bobalhão, porém percebemos que possui um algo a mais…
Em segundo lugar trago Dai Bo, seu amigo frango azul que seria, digamos, seu “guru”, que tenta dar um rumo e ajuda na vida de Seven. Quase o quarto passo da Jornada do Herói.
O terceiro é a “arma” de Seven, Xiao Fei, um frango que pode voar, mas que também, quando necessário, se transforma num bodybuilder com músculos de aço para ajudar nas batalhas. Sim, é um frango bem conveniente.
E em ultimo desta lista é a “donzela” da animação, que também é uma assassina de aluguel conhecida como “13”.
Conhecida assim pois é a 13ª filha do espadachin “flor de ameixa”. Tudo no anime tem um porquê, e eu admirei isso. Não há pontas soltas na construção de mundo de Scissor Seven.
Além disso, os OVA’s contam exatamente a história da “13” e dos dois frangos citados acima.
Ainda, um exemplo de personagem que aparece em apenas um episódio, porém é muito bem trabalhada é a velha dominatrix, que consegue cativar demais em tão pouco tempo.
Finalizando…
Em resumo, nem parece que estou falando de um anime tão curto, pois Scissor Seven possui uma densidade enorme na história, mesmo com um plot tão simples.
Um anime que te faz rir e até te emociona em determinados momentos, fazendo você se perguntar “Eu estou ainda vendo o mesmo desenho?”.
Personagens únicos e batalhas, que, mesmo com um estilo cartunesco simples, conseguem nos tirar o fôlego, com gostinho de quero mais. MUITO mais.
Recomendo fortemente esta obra que traz o melhor do “menos é mais”, elevando essa expressão para um outro patamar.
E aí, ficou curioso para assistir? Duvido que você já tenha assistido!
