Como é difícil escrever sobre um anime que você tem certeza que não foi feito para você… Caramba. Bem, mais difícil do que escrever, é assistir, talvez. Nossa, como foi dolorido. Sem dúvidas, uma das RD3 mais bem escolhidas quando a intenção foi claramente me deixar atormentado com o anime (obrigado, Jonatas). Mas, vamos nessa… ONIMAI: I’m Now Your Sister é mesmo tão abominável quanto fiz parecer nesse começo de texto, ou estou apenas sendo dramático?
A resposta é um grande DEPENDE. Vou tentar explicar, prometo.
- Gêneros: Comédia, Escolar, CGDCT
- Estúdio: Studio Bind (Mushoku Tensei)
- Diretor: Fujii, Shingo (muitos trabalhos com animação-chave)
- Material fonte: Mangá
- Onde assistir: Crunchyroll
- Novos episódios: Quinta-feira
ONIMAI e sua premissa evidentemente esquisita
Lembro-me quando fui atrás da sinopse desse anime para colocar no nosso guia da temporada, e me deparei com uma sinopse super-Netflix. Adorei. Olha só:
“Uma jovem cientista maluca transforma seu irmão gamer numa garota!“
E bem, a história é literalmente isso.
O irmão (que não me lembro o nome) acorda e agora ele é uma menina. Simplesmente porque sim. Mas esse é o menor dos problemas do anime, sendo sincero. Suspensão de descrença é necessária, é claro. Os caras mais exigentes talvez não gostem por “falta de lógica”.
Mas irmão… O anime não é sobre isso, sabe? É até engraçado o fato de ele simplesmente ter virado uma loli e aceitar “numa boa” e simplesmente continuar vivendo a vida. Porém, claro, a vida dele muda bastante (dã), mas não do jeito óbvio.
Ele era um neet, aquele clássico cara que não interage socialmente com as pessoas, não estuda, não trabalha, não faz nada. Você com certeza já esbarrou num desses em animes por aí, então nem vou dedicar muitas palavras para descrever mais.
Após a Magical Sex Shift (isso é um dos TEMAS oficiais do anime do MAL, adorei), o irmão agora passará a viver como uma garotinha e nós, como audiência, vamos acompanhar esse dia a dia. Afinal, é um anime CGDCT, “garotas fofas fazendo coisas fofas”.
Não é uma trama lá tão interessante assim, mas, bem, se é um anime engraçadinho com cenas de deixar o coração quentinho, pode funcionar.
Pelo menos foi isso que eu pensei, até me deparar com cenas assim em exatos 10 minutos do primeiro episódio:
ONIMAI entregou o que prometeu, mas eu não percebi
Estava tudo ali, eu que não vi.
É troca de sexo com irmão e irmã na sinopse, na capa tem uma menina mais velha e uma loli, o anime tem nome abreviado, estúdio de Mushoku Tensei… Vários indícios de PE-RI-GO! Mas mesmo assim, fui de guarda baixa.
Se não ficou óbvio, o que me deixou extremamente desapontado foi essa sensualização e TENTATIVA de gerar tensão sexual com a porra de uma CRIANÇA. Complicado, viu.
E o anime te engana. A produção do Studio Bind é caprichada demais e te hipnotiza, de certa forma. As cores são vivas e divertidas, o design dos personagens é bacana e a animação é bastante fluida, bem acima da média para animes de dia a dia cujo foco não é em ação. Não é nada nível Jujutsu, Demon Slayer ou Chainsaw Man em termos de impressionar, mas certamente é bela e tem mérito. Me lembrou bastante No Game no Life, com cores chamativas e muitas cores na tela e bastante brilho.
Mas aí, BUM! Quem já sabia o que viria, beleza. A narrativa do episódio realmente nos leva a já estar meio preparado, mas ainda assim gera muito desconforto. Quer ver se você está assistindo com outra pessoa (eu estava).
A regra é clara: se você tem vergonha de ver com alguém, tem coisa aí KKKK’
Enfim, começou OK, aos 10min pisou com o pé esquerdo e já torceu o tornozelo PESADO. Fiquei bastante desanimado em continuar, tanto que dropei e até fui me manifestar no nosso grupo de apoiadores do Telegram…
Infelizmente, não melhora.
Mas pelo menos não piora.
No fim, ONIMAI segue dentro do que é visto no primeiro episódio
Criei forças e voltei para terminar o episódio 1 e ver os outros dois para honrar com meus compromissos com a Cúpula. A parte boa é que, como supracitado, não piora, apesar de também não melhorar.
Continuamos vendo o dia a dia e a interação dos irmãos evoluindo pouco a pouco. Acredito que se seguir assim, provavelmente a “mensagem” do anime será em cima da jornada de um neet até voltar a se integrar na sociedade. Por si só, essa mensagem é interessante, apesar de já batida na indústria. Dentro de um anime de meninas fofas, seria a primeira vez que eu acompanharia.
A produção segue entregando algo de alta qualidade, então para os fãs da parte técnica dos animes, ONIMAI: I’m Now Your Sister provavelmente seguirá nesse nível.
O problema é que a mensagem desaparece e sai de foco quando temos cenas como as que trouxe acima. Inclusive, sai de foco o suficiente para o cansaço de discutir sobre os problemas desse anime apareça (que é o mesmo de vários outros por aí).
Finalizando as primeiras impressões de ONIMAI: I’m Now Your Sister!
Essas primeiras impressões não ficaram longas, eu sei. Porém, discutir sobre este anime é algo que eu desgostaria demais em fazer pois já fiz isso muitas, muitas vezes no nosso CúpulaCast, e até mesmo em outros diversos artigos aqui pelo site.
ONIMAI poderia ser um anime de garotas fofas, mas corria o risco de ser “só mais um”. Logo, o autor decidiu que como diferencial ele traria alguns takes mais sensuais e tentaria criar algo diferente. Não li o mangá, porém o problema é que a produção optou por pegar esses takes e elevar a seu extremo, ao ponto de ficar desconfortável.
Mais do que desconfortável, fica desnecessário, porque para mim a “mensagem” (que já era batida) do anime simplesmente se perde.
Afinal, qual a “intenção” de ONIMAI?
Contar uma história de um neet que volta para a sociedade? Mostrar a relação de irmão e irmã evoluindo e se desenvolvendo? Simplesmente mostrar garotas fofas fazendo coisas fofas? Ser engraçado? Ou deixar o pipi e marmanjo duro?
Apesar de impossível, escolheram todas opções ao mesmo tempo. E a comédia nem é engraçada de verdade. A intenção do anime se perde… Não fica claro onde querem chegar, e aí os pontos negativos se ressaltam e fica cansativo de assistir, mesmo com uma produção belíssima.
Veredito
Para mim foi uma dropada FÁCIL. Não vou me aprofundar no quão podre é a intenção de um anime que sexualiza crianças para satisfazer os gostos doentios de uma parcela de homens meio fora da caixinha, mas mesmo sem entrar nesse mérito, com certeza existem outros animes que valerão mais a sua atenção.
Existe uma porrada de animes CGDCT mais legais por aí, como K-ON, Bocchi the Rock, Akebi-chan, Yuru Camp e vários, vários outros. Digo, mesmo que alguém consiga assistir e “ignorar” (igual muita gente diz conseguir fazer com ecchi), ainda não há nada de muito interessante em ONIMAI.
E para mim, esse poder especial do “ignorar” não funciona mais.
Hoje, ao esbarrar nesse tipo de produção, só consigo pensar num bando de homem de 40 anos olhando para o storyboard numa reunião de ideação de um episódio e jogando na roda ideias do tipo: “Aumenta as teta dessa menina aí pra nego tocar uma com vontade e a gente vender muita figure sensual de crianças!” ou “Dá um close na loli, bem na bunda. E dá um jeito de desenhar todos os detalhes, ok!?”.
Dá não.