Sempre fui muito adepto a histórias clichês de romance. A típica história do casal que se apaixona ainda quando crianças, no jardim de infância e, com o tempo, perdem contato, mas voltam a se reencontrar depois de tantos anos. E o amor permanece intacto. É sobre isso que se trata o mangá Ao Haru Ride, escrito e ilustrado por Io Sakisaka.
O mangá é consideravelmente curto, tendo ali por volta de 49 capítulos, compilados em 13 volumes. Além do produto original, Ao Haru Ride também recebeu uma adaptação para anime e um filme live-action. Ambos não tive a oportunidade de assistir ainda. Logo, essa analise se tratará apenas dos eventos apresentados no mangá.
Conhecendo a trama e os personagens de Ao Haru Ride
Nesta narrativa, seguimos a vida de Futaba, uma estudante do ensino médio. O legal de Ao Haru Ride é o fato de conseguir trabalhar camadas mais profundas enquanto apresenta uma série de eventos bobos de romance entre os personagens da trama. E se tratando da Futaba, ela tem alguns problemas com sua imagem, de modo que tenta adequar para que os meninos não a vejam como “feminina” demais.
Não somente isto, Futaba também sofre de problemas de relacionamento. Aqui, neste caso, refere-se mais a relacionamento interpessoal. Suas antigas amigas não eram o que poderiam ser chamadas, verdadeiramente, de amigas. E ao longo dos volumes, vemos o quanto Futaba amadurece e enxergar quem são as pessoas que ela realmente precisa ao seu lado.
Entretanto, a grande problemática central está no relacionamento amoroso de Futaba e Kou, um garoto pelo qual ela possui fortes sentimentos deste o fundamental. Todavia, eles perderam contato após o Kou se mudar devido alguns traumas pessoais. Estes traumas são outro enfoque do mangá que, aliás, é muito interessante. Mas caso você queira saber quais são esses problemas, terá que ler o mangá para descobrir.
O fato é que isto culmina no afastamento dos dois pombinhos e, futuramente, após se reencontrarem, tornar todo o processo lento e doloroso para ambas as partes. Kou muda drasticamente. A pessoa que Futaba conheceu não existe mais. E ainda que o sentimento seja o mesmo e, sobretudo, mútuo, muitas barreiras e percalços separam os dois de declararem seu amor um ao outro.
O conceito “Manic Pixie Dream Girl” em Ao Haru Ride
Eu já utilizei este conceito em outro momento aqui no site da Cúpula, no texto que analiso o anime Shigatsu wa Kimi no Uso (Your Lie in April) que, a propósito, é um excelente anime. Então, caso você queira saber em detalhes o significado e também a minha opinião sobre a história do casal musicista, dê uma olhada no artigo.
Em síntese, trazendo o conceito aqui para Ao Haru Ride, nada mais é do que uma necessidade do protagonista masculino de encontrar a si mesmo e seguir sua vida dando a volta por cima. Eu comentei, superficialmente, acerca do grande problema que muda por completo a vida e a personalidade do Kou.
E quando ele surge novamente na vida da Futaba, a garota mais serve como uma ferramenta do que qualquer outra coisa. É claro que ela tem seus momentos de glória, porém, ao final da narrativa, ela acaba se rendendo novamente. Em suma, toda a construção da Futaba gira em torno de reconstruir a imagem do Kou.
Fica claro que o “Manic Pixie Dream Girl” não é visto com bons olhos narrativamente falando, uma vez que isto tipifica a personagem feminina apenas como uma ponte para a realização de algo maior envolvendo o personagem masculino. Porém, isto é apenas uma interpretação dos fatos. Um pequeno comentário que é possível analisar lendo o mangá.
Se isso interfere e estraga a história como um todo? Absolutamente não. O romance adolescente repleto de paixão, seus altos e baixos e tudo que engloba esta esfera é muito prazeroso de acompanhar. Também muito irritante, de um modo positivo.
Logo, a experiência de ler Ao Haru Ride não se resume somente neste ponto que pode ser considerado, de forma narrativa, ruim, mas no aglomerado de ótimos momentos entre os personagens.
Amadurecer é preciso para seguir em frente
Uma das camadas mais significativas de Ao Haru Ride é o desenvolvimento dos personagens. A maneira como eles se desenvolvem e passam a enxergar a vida com uma nova lente, torna todas as complexidades mais manuseáveis. O que antes era motivo de desespero e algo sem solução, passa a ser mais simples e com recursos disponíveis para a resolução.
Claro que o foco maior está na Futaba e no Kou, que amadurecem muito juntos e denotam um comportamento final completamente diferente do apresentado no início da obra. Contudo, há outros personagens importantes para a história, que possuem seus próprios dilemas e soluções para seguir adiante.
Acompanhar esta jornada é estimulante. Ao mesmo tempo que vemos os personagens ficcionais evoluírem, sentimos que evoluímos junto com eles como pessoas, também.
Finalizando a crítica sobre o mangá Ao Haru Ride
Se você, assim como eu, também é um apaixonado por histórias de romance adolescente, ainda mais aquelas triviais e estereotipadas, e mais que isso, narrativas que focam diretamente nos personagens e em seus desenvolvimentos, Ao Haru Ride é uma leitura altamente recomendável para ti. É uma experiência sensacional e divertida.
E claro, como já supracitado, o mangá recebeu várias adaptações. Então, se ler mangá não é muito a sua praia, você pode optar por acompanhar a história em outras mídias. O importante aqui é salientar o quão legal vai ser a sua experiência com a história complicada e amorosa desses jovens apaixonados.
Por fim, para os amantes do gênero, dê uma conferida nesta lista com os 17 melhores mangás de romance para derreter o seu coração. Garanto que irá valer a pena o investimento de tempo.