Há muito tempo, enquanto eu fazia uma live no meu canal do Youtube, um inscrito me recomendou o mangá Beck, de Harold Sakuishi. Eu havia deixado na lista e, com o passar do tempo, acabou caindo no limbo do esquecimento. Contudo, ano passado eu finalmente me lembrei dele e o peguei para ler. Foram 34 volumes intensos e repletos de muita emoção.
Por se tratar de um mangá sobre música, é válido aquele questionamento: “como sabe como são as músicas ou mesmo conseguir sentir alguma coisa se é apenas papel?”. Por incrível que pareça, e eu sei que é um tanto absurdo, é possível sentir o feeling por meio das emoções dos personagens. E, claro, ainda é papel, mas transmite uma emoção bastante significativa.
Além do mais, Beck teve uma adaptação em anime, então dá para ouvir algumas das músicas que a banda toca no início da narrativa, sendo “Moon On The Water” a minha favorita. Vou deixar um vídeo da canção aqui embaixo, caso você queira ouvir:
No entanto, eu não assisti o anime completo. Vi apenas alguns episódios para fazer pequenos paralelos com o mangá e, até onde eu assisti, está bem fiel. Todavia, por mais que não tenha absoluta certeza sobre a informação a seguir, aparentemente o anime não adaptou todo o material original. Sendo assim, se você for dar uma chance para Beck, leia o mangá.
A música transforma
A narrativa de Beck inicia-se e termina com Koyuki, um jovem que se sente perdido na vida, sem um grande propósito definido. As identificações já começam aí, com o protagonista. Qual jovem, ou mesmo adulto, dependendo da fase em que se encontra, já não se sentiu perdido?!
O legal de acompanhar a jornada do Koyuki é apreciar sua evolução e seus propósitos. Tudo começa por ele e, de certa forma, reiterando, também se conclui com sua participação. É engraçado notar esse contraste. Alguém que, no início, se julgava um ninguém, se torna um baita protagonista, não somente da sua própria história, mas também da de outras pessoas.
Aliás, a priori, Koyuki possui uma relação limitada com a música, até conhecer um tal de Ryusuke. A partir desse encontro, a vida de ambos mudará drasticamente para sempre. Ademais, o Ryusuke é outro personagem bastante interessante de Beck, sendo o mais enigmático de todos. Seu background é repleto de mistério e eventos inusitados.
A interação entre Koyuki e Ryusuke vai desencadear uma série de acontecimentos e vivências antes inimagináveis para os dois personagens, como, por exemplo, a criação de uma banda, o Beck, que também é o nome do cachorro do Ryusuke. Aliás, um cachorro, no mínimo, esquisito, mas que também possui uma história muito emocionante. O resto é história.
Beck: uma banda tentando emplacar dentro e fora do Japão
Aqui começa a história do mangá, com a instauração de fato da banda e a apresentação de todos os integrantes que irão compô-la. Temos também os primeiros contatos sérios com a música da parte do Koyuki, aprendendo e se estabelecendo como o guitarrista e vocalista do Beck. Uma evolução sensacional e muito gostosa de ser apreciada ao longo dos vários volumes.
O processo de formação do grupo e o desenvolvimento dos personagens ao longo do mangá é algo notável, uma vez que o Sakuishi desenvolve para cada um deles seus próprios valores e objetivos. Por mais que todos estejam reunidos por um desígnio em comum, eles são singulares em suas maneiras de pensar e agir. O Beck é um microcosmo onde existem várias mentes pensantes, cada um com suas histórias de vida e desenvolvimento.
Entretanto, uma das melhores partes do mangá Beck é quando o autor decide abordar e criticar a indústria musical, narrando fatos e tecendo argumentos. Neste ponto, somos levados a conhecer e vivenciar os altos e baixos da banda e, consequentemente, dos personagens. Um mix de drama, comédia, desespero, vitória e, claro, superação dos obstáculos.
Beck e suas críticas à indústria musical e o que realmente importa
Por fim, porém não menos importante, os dramas da indústria musical são denotados por meio de críticas sobre como a indústria tem se tornado uma máquina de fazer dinheiro com músicas pop sem valor. O autor enfatiza, por meia de sua obra, a ideologia de que deve haver sentimentos autênticos nas letras das músicas.
O anime Bocchi the Rock! também trabalha essa ideia, uma vez que afirma que a música precisa ser sincera e escrita com o que deve ser dito e não o que querem ouvir. Sendo assim, por mais que não atinja a todos, quando acertar alguém, acertará em cheio e será sublime. A música é algo muito sério e possui um poder transformador.
Finalizando a crítica sobre o mangá Beck
O veredito final é LEIA BECK! É um mangá excepcional que, com certeza, te trará uma perspectiva diferente acerca do mundo da música. Nada é um mar de rosas e nem tudo é fácil. Mas quando se tem um sonho e você o torna um objetivo, verá que, mesmo com as intempéries na jornada da vida, no fim, valerá a pena toda o esforço empregado nele.
Além do mais, eu gravei um vídeo sobre o mangá Beck para o meu canal do Youtube. Lá eu comentei alguns outros pontos que não mencionei aqui, então, se quiser saber mais, assista o vídeo que vou disponibilizar logo abaixo e deixe aí nos comentários o que você achou desse mangá.