Se você achou Banished from the Hero’s Party (e seguintes) um grande título para um anime, é porque você ainda não viu o título em japonês: Shin no Nakama ja Nai to Yuusha no Party wo Oidasareta node, Henkyou de Slow Life suru Koto ni Shimashita. Resumo: senta e chora, mon amour. Aliás, eu, não é? Já que eu preciso escrever esse texto, e, de alguma forma, diminuir esse título gigante.
Por ora, vamos ficar com as primeiras cinco palavras, e seguir do jeito que dá, porque é o que temos. Para essas primeiras impressões, vamos falar desse anime que tem toda a ambientação de um isekai, MAS NÃO É.
Sim, é isso mesmo. Apesar do título ser altamente indutivo (e de a gente jurar de pés juntos que seria um isekai de farmácia), não é.
Esse texto provavelmente vai ser muito difícil para mim, por dois motivos: primeiramente, porque precisarei escrever o nome do anime algumas vezes; posteriormente, porque precisarei falar sobre o conteúdo dele (que não existe). Antes de jogar pedra em alguma coisa, que venha a ficha técnica!
- Gênero: Aventura, Fantasia, Slice of Life
- Estúdio: Studio Flad, Wolfsbane
- Material: Light Novel
- Onde assistir: Funimation
- Novos episódios: Terças
Sobre o que fala Banished from the Hero’s Party?
Aqui temos a história de um cavaleiro que fazia parte de um grupo importante de heróis, e o nome dele é Gideon. Mas, como o próprio título diz (em tradução livre, “Banido da Guilda do Herói, Eu Decidi Viver uma Vida Rural Tranquila), ele foi sumariamente chutado do grupo.
Na verdade, na verdade, ele meio que decidiu sair. Um dos caras importantes deu uma ameaçada, falou que ele era um bosta e que só servia de peso morto para todo mundo. Então, ele decidiu que iria de fato deixar a guilda lá, na qual a heroína mais importante é a irmã dele, e viver uma vida rural tranquila como apotecário, mudando o nome dele para Red.
Para quem não conhece a palavra, apotecário, boticário e farmacêutico significam a mesma coisa. Então, é isso aí: ele decidiu viver a vida dele na farmácia. Como? Apesar de ser do grupo da heroína, cada ser humano nesse mundo é abençoado com uma “dádiva”, que seria algo mais ou menos como um talento. No caso do protagonista, sua dádiva é de guia.
Assim, ele havia se tornado o guia da heroína, identificando os caminhos, não se perdendo, achando plantas medicinais importantes etc. É um suporte do grupo, na real. Só que, novamente, como diz o texto, decidiu meter o pé e virar farmacêutico. Com isso, my friends, temos o xeque-mate: ninguém morre e vai para outro mundo. O mundo já está ali e o protagonista também. Logo, quem achou que era um isekai: achou errado.
O que não significa que seja bom.
O que foi que eu vi em três episódios?
Essa foi a minha reação depois de terminar. E, falando da maneira mais sincera possível com você, leitor, quebrando esta parede enorme que nos impede de conversar pessoalmente, posso dizer com todas as palavras que esse meu texto descuidado e despretensioso é mais agregador do que os três episódios que eu assisti.
O que vi foi uma cópia de camelô muito malfeita do Kirito e da Asuna. Essa menina aí de cabelos loiros e tranças exatamente iguais às da espadachim pioneira dos isekais se chama Rit.
Além da versão pirateada do casal já mencionado, eles fazem questão de, com dois episódios, fazer a menina morar com ele. Ok, ela já o conhecia, mas a gente não conhece ninguém, então todas as interações parecem extremamente forçadas. E, apesar de não ser frequente, também rola um ecchi:
Nada que incomode muito, no entanto (e eu costumo ser bem chata com isso). Em linhas gerais, o que temos? Vamos a um checklist:
- Guildas? Ok.
- Kiritoverso? Ok.
- Interesse romântico? Ok.
- Desprezo da sociedade? Ok.
- “Classes”, como em RPG? Ok.
- Espadachim? Ok.
- Flashback triste? Ok.
- Rei demônio? Ok.
E temos o combo cliché! Mas, Helena, isso é necessariamente ruim? Claro que não, jovem gafanhoto. Jamais. Inclusive, se eu puder dizer algo, diria que sou é fã dos clichês. O problema está na execução deles, e já lhes digo como isso poderia ser refeito, de certa forma.
Um ponto fora da curva: como sair do clichê?
Bem, ainda que não estejamos falando especificamente de isekais, Banished from the Hero’s Party tem toda a ambientação de um isekai, e, por isso, vou compará-lo ao queridinho da Cúpula, que é Re:Zero. Nem todos nós gostamos, mas grande parte da Cúpula aprova (9 em cada 10 dentistas; ops, autores).
A Heroína, irmã do protagonista de Banished from the Hero’s Party, é quem nasceu com a Dádiva do Herói, e que tem o poder e a força para trazer paz ao mundo deles. Enquanto isso, sabemos, nosso protagonista só nasceu como Guia. E, caramba, é um clichê o protagonista ser um bosta rejeitado? É. Mas podia ser bem explorado? Com certeza!
Não vamos comparar aqui, de forma alguma, o sofrimento todo do Subaru, em Re:Zero (até porque a situação é completamente diferente). Mas existe uma carga muito grande em todos os momentos e sentimentos do Subaru, enquanto personagem, mesmo em conflitos que pareceriam “pequenos”. O personagem é tão vivo e tão real que você tem vontade de tirá-lo de cena e abraçá-lo por alguns segundos.
E, por outro lado, o Red é um pedaço de madeira. O fato de ter nascido com uma dádiva “menor” do que a irmã poderia ser um ponto de aproveitamento à história, e seria o que eu desenvolveria, se pudesse. “Ah, mas é slice of life“. E quem disse que slice of life não tem desenvolvimento de personagem?
Alternativamente, poderia se desenvolver a narrativa quebrando o sistema de castas existente no mundo deles, desmistificando a ideia de que existe uma dádiva divina. É outra situação possível e que, apesar de “batida”, pode ser bem executada.
São três episódios, e nada efetivamente relevante acontece, nem em termos de narrativa, nem em termos de desenvolvimento pessoal do protagonista, o que me faz ter ZERO vontade de continuar.
Finalizando as primeiras impressões de Banished from the Hero’s Party
Francamente, estou aliviada por estar terminando essas primeiras impressões. Passei o texto inteiro apenas dando CTRL + V para colar o nome do anime, e gostaria de não ter que passar por essa experiência traumática novamente. Gosto de digitar os títulos por inteiro. Além disso, também me alivio em parar o anime por aqui.
Em um podcast recente da Cúpula, no qual o pessoal comentou sobre ser adulto e assistir animes (e foi muito legal, ouça!), uma das questões discutidas foi: nós temos que saber quando parar. Muitos dos leitores da Cúpula já são adultos, têm os próprios trabalhos e não dispõem de muitas horas por dia para assistir animes.
Antes, quando tínhamos muito tempo, e não conhecíamos muita coisa, assistir Banished from the Hero’s Party pareceria interessante. Hoje, não mais. Saber selecionar o que a gente vê faz parte da vida adulta. E, com isso, não quero dizer que é uma completa perda de tempo (quero sim), mas que não vai agregar em nada.
Para resumir, não parece que teremos alguma mensagem a passar, e nem uma grande narrativa a ser contada. É um slice of life de um farmacêutico que antes ajudava pessoas a caçarem o Rei Demônio.
Muito provavelmente vão tentar fazê-lo voltar, e ele vai querer manter a vida de farmacêutico. Fim. Com esses três episódios, já deu para ver que ele não vale o meu tempo. E muito provavelmente também não vale o seu. Mas se você quiser discordar, assiste, comenta aí e me explica o porquê! Hasta la vista, baby.