Ijiranaide Nagatoro San é um anime que nos traz uma proposta bastante peculiar. Como contrário a todo o senso comum, Nagatoro passa o dia inteiro implicando (de forma física e verbal) com Naoto, o garoto que ela gosta. Só que, acreditem ou não, acho que esse relacionamento tem uma “química” bem legal.
Antes de mais nada, adianto que gostei da obra como um todo. Tanto que pesquisei um pouco a respeito do autor, Nanachi, e me deparei com algo que fez eu entender algumas coisas. Nanachi é um artista “hentai triplo x” e essa é a primeira obra dele fora desse gênero.
Sendo assim, meu trabalho aqui será literalmente ser o advogado do diabo: Defender o jeito da Nagatoro tratar o senpai dela.
La vai eu encomendar 10 metros de pano…
Sinopse
- Gênero: Slice off Life, Comédia, Romance, Ecchi
- Estúdio: Telecom Animation Film
- Material: Manga
- Episódios: 12
- Novos episódios: Sábado
- Página do anime: Na (Cupula) no (MAL)
Ijiranaide, Nagatoro San e o carinha pacífico
Em resumo, Naoto é um rapaz do colegial que passou a vida toda evitando qualquer tipo de confusão. Sendo assim, ele se tornou uma pessoa fechada e solitária. Aparentemente sem amigos ou pretensão de um dia ter um.
Mas esse comportamento não é a toa. Conforme o anime avança, vemos que o protagonista já sofria bullying durante sua infância. Desse modo, ele desenvolveu um mecanismo de defesa para si mesmo que eu classifico como “se fingir de morto”.
Semelhantemente aos animais que usam essa tática para evitar os predadores, Naoto não reage às provocações. De forma que ele não encara, não retruca e às vezes nem se move. Na esperança de que o agressor vá embora e o deixe em paz.
Infelizmente essa tática não só foi ineficaz com Nagatoro, como também despertou ainda mais a curiosidade dela nele, e assim se deu inicio a uma bela “amizade”.
Naoto tem uma visão distorcida de si mesmo
Como já era o esperado, Naoto não tem muitas habilidades sociais. O problema é que ele não fazia ideia disso e esse defeito ficou claro somente quando ele conheceu Nagatoro.
Às vezes, é normal pessoas com o histórico do protagonista criarem válvulas de escape para aliviar os traumas do dia a dia. Nesse caso, Naoto desenha mangás se colocando como o protagonista de suas histórias.
O problema aqui está em sua autoconfiança. Ele quer ser maneiro, só não confia em si mesmo.
No momento em que Nagatoro descobre que Naoto é um mangaka (e isso é nos primeiros minutos da obra), ela o elogia. No entanto, vendo às reações dele, ela propõe um rápido e simples teste onde ele tem que imitar o personagem que ele criou e Naoto falha.
Logo após Nagatoro dizer cosias que até o Devilman se ofenderia, Naoto chora. Ela para de maltratar ele (naquele momento) e o deixa em paz para retornar no outro dia.
Nagatoro San: heroína, antagonista e personagem principal!
Ok, ok, depois de malharmos o protagonista falando de seus problemas e de quanto o anime mostrou sobre ele em apenas um episódio (sim, tudo que eu escrevi anteriormente era do episódio 1) está na hora de falarmos dela.
Afinal de contas, Ijiranaide, Nagatoro San (pelo menos nesse primeiro arco) é sobre a Nagatoro. Nesse caso, a RegraDe3 coube perfeitamente nesse anime. Já que no primeiro episódio vemos o quanto ela é maléfica, no segundo, que aparentemente ela só trata o senpai dela assim, e no terceiro, que na verdade ela é alguém quase legal.
Se eu fosse descrever a personagem, para quem viu Re:Zero, eu diria que ela é uma bruxa. Já para os jogadores de RPG, eu diria que Nagatoro é uma personagem com alinhamento “Caótica e Bom”.
Um assunto recorrente aqui na cúpula é sobre a diferença entre Vilões e Antagonistas. Por exemplo: Vilão é o cara mau que faz coisas más do ponto de vista do protagonista. Porém não necessariamente ele é o antagonista da obra; simplificando, pode ser um personagem ou simplesmente uma “força” que age contra o objetivo ou desejo do protagonista. Sendo assim, ele obriga o protagonista a dar o melhor de si, dificultando e desafiando ele o tempo todo, fazendo-o progredir e se tornar mais forte.
Nagatoro age como uma antagonista!
Por mais que isso seja verdade, ela também é a heroína e também a personagem principal da obra. Já que às coisas acontecem apenas por que ela aparece. Caso o contrário, Naoto estaria apenas desenhando sozinho na sala de artes o anime todo, ou seja, ela move a história.
Nagatoro não é o que parece.
No fim do segundo episódio e durante o terceiro, vemos ações inesperadamente positivas de Nagaotoro. Mostrando que ela não é o tempo todo uma cretina pessoa que se diverte apenas perturbando os outros.
Para a infelicidade do protagonista, os dois moram na mesma direção e vão embora pelo mesmo caminho. Quando começa a chover, Nagatoro convida ele para ir na casa dela, já que ele mora um pouco mais longe. Ainda que relutante, imaginando que aquilo seria uma armadilha, ele aceita. E no fim das contas, eles passam a tarde jogando vídeo game.
Além disso, Naoto tem a oportunidade de ver como ela reage a caras que ela realmente não gosta. Sendo uma pau no c* fria e calculista com suas palavras ao ponto de fazer às pessoas desistirem dela.
Entretanto, o que mais surpreende é como ela o defendeu de suas próprias amigas. Do que antes era uma brincadeira de insultar o Naoto, uma das amigas de Nagatoro disse que ele “é menos do que um escravo por se submeter aquilo. Ele é um inseto”. E o clima ficou bem pesado a partir daí.
Minhas considerações finais de Ijiranaide, Nagatoro San
Enfim, gostei muito do que eu vi aqui. A RegraDe3 também caiu como uma luva.
Em termos técnicos, Ijiranaide, Nagatoro San se sai muito bem. Com destaque para a trilha sonora que casou surpreendentemente bem com a obra.
Assim como o comportamento de Nagatoro, a trilha sonora tem um tom “vilanesco” e entra em ação na maioria das vezes quando ela está perturbando Naoto. E a tradução da música de abertura é muito boa. Confia!
Além disso, a animação é meio diferente aqui. Tudo parece ocorrer em 2 ou 3 quadros. É complicado eu explicar, mas é como se os personagens ficassem parados na maior parte do tempo, enquanto às expressões faciais compensassem essa falta de movimento. Não acredito que seja incopetencia de um estúdio que animou Tower of God, e Lupin III.
Também posso destacar o ecchi que, em poucas palavras, é sexy sem ser vulgar. Embora o autor só tenha trabalhado com aqueles tipos de doujinshi.
De ponto negativo, temos um worldbuilding bem pobre. Como se isso fosse culpa dos trabalhos anteriores do autor, o mundo de Ijiranaide, Nagatoro San não tem quase nem um ser vivo e tão pouco profundidade. Sendo assim, os dois personagens estão quase sempre sozinhos e os outros personagens menos relevantes se quer tem rosto.
Por fim, termino dizendo que irei acompanhar mais dessa obra torcendo para que o desenvolvimento dos dois continue me surpreendendo. Além disso, se me perguntarem “você gostaria de uma Nagatoro em sua vida?”
Eu responderia: “Deus me livre. Mas, quem me dera”.