Overtake! vai ser a minha volta suprema. Eu espero que sim, porque o meu último texto aqui na Cúpula saiu dia 29/07, ou seja, estou há quase três meses sem escrever nada! Perdão, time. Contudo, não posso prometer nada tão intensamente. Afinal de contas, me tornei aquilo que mais temia: concurseira.
Talvez você não entenda muito bem o porquê dessa informação estar logo no começo do seu texto sobre um anime de fórmula 4, mas eu vou te dizer o que uma coisa tem a ver com a outra.
Nós aqui da Cúpula sempre nos esforçamos para entregar um conteúdo de qualidade, e enquanto alguns estão mais atarefados, outros seguram as pontas. Exceto, é claro, o Welerson, que é uma máquina de criar conteúdo (e de produtividade).
Pensamentos aleatórios à parte, dessa vez fui eu mesma que escolhi a Rd3 que queria fazer. Em uma temporada um pouco mais recheada de possibilidades, eu escolhi dois animes diferentes para assistir (era o que eu podia).
E com o meu histórico de ver – e escolher – animes diferentões para assistir, desta vez não poderia ser diferente! Overtake talvez possa ser uma pequena mudança na SUA vida; sim, você, que provavelmente está cansado de animes.
- Gêneros: Drama
- Estúdio: TROYCA (Aldnoah.Zero)
- Diretor: Ei Aoki (Fate/Zero, Angel Beats!)
- Material fonte: Original
- Onde assistir: Crunchyroll
- Novos episódios: Domingo
O que é a Fórmula 4?
O meu excelentíssimo namorado definiu como “a série D” do automobilismo. Para um país de tradições com o futebol, não é qualquer um que conhece o termo. Na verdade, entre os adolescentes do Brasil, F1 significa até outra coisa…
Mas Fórmula 4 é, sim, uma série inferior em que há um processo facilitado para pilotos que saem das pistas de kart e almejam um lugarzinho na Fórmula 1. Se você der uma olhada no site da Fórmula 4 no Brasil, só vai ver rostinhos muito novos, que ficam em torno dos dezoito. E isso não é acaso, porque na verdade a F4 é porta de entrada para os torneios superiores.
O regulamento da FIA (Federação Internacional do Automobilismo) agora de 2023 tem regras claras:
A categoria foi criada em 2013 pela FIA (ou seja, é bem recente!), mas aqui no Brasil mesmo só passou a ser regularizada em 2022. As regulações dispõem que os carros competidores não podem ultrapassar o valor de 30 mil euros, o que equivale a cerca de R$159.874,15 (diretamente convertido do google neste exato momento). Ou seja, mais ou menos uns cento e sessenta mil.
A categoria é hoje uma porta de entrada “mais barata” para os pilotos que não tenham tantos recursos financeiros, mas que tenham potencial automobilístico. Mas a gente sabe que só o carro não é tudo. Nesse artigo aqui, estima-se que o custo médio para uma temporada de F4 gire em torno de 1 milhão de reais.
Parece muita informação aleatória? Calma, que a gente já entra no que é importante.
Overtake! inaugura junto ao crescimento da F4
Overtake, em tradução livre, significa ultrapassagem. Bem literal, não é? A princípio, a gente não coloca muita fé em um anime de carro. Mas, cá para nós, futebol tem onze homens correndo de cada lado atrás de uma bola… e todo mundo adora!
Eu sou um pouco suspeita: desde a minha infância, meu pai ligava a TV aos domingos especialmente para assistir a Fórmula 1. Saudoso pelos tempos do Ayrton Senna, só não comprava a papete do Senninha para mim porque era masculina demais. Meu pai sempre amou esporte, e fórmula 1 era só mais uma de suas paixões.
Por isso, consegui entender quando o fotógrafo Kouya Madoka entra em cena e mergulha naquele mundo completamente desconhecido. Entendi ainda mais quando ele se animou todo e sua alma foi envolvida pela torcida de um jovem atleta.
A história começa desse ponto de vista: de alguém que não tem relação nenhuma com o automobilismo, que foi parar ali por engano. Um fotógrafo com um problema em fotografar pessoas (cujo motivo ainda não foi desvendado) se encontra com um jovem (e pobre) menino promissor do automobilismo.
Esse primeiro encontro é dominado por uma sensação vibrante que se aproxima da vitória, mas que acaba em derrota. Mesmo com sua corrida excepcional, Haruka Asahina se frustra de novo na colocação da corrida. Esse momento de frustração completa, e de angústia, acaba sendo visto pelo fotógrafo recém-chegado. Veja o take retirado do SakugaBooru:
O que é se esforçar?
Essa é uma pergunta que não é muito fácil de ser respondida. Em um mundo de tantos coaches de estilo de vida, palavras de incentivo tornam-se banalizadas e acaba sendo fácil desprezar qualquer tipo de informação de cunho positivo.
Falo isso por mim: sempre fui da ideia de que se eu esperar o pior, então não ficarei chateada caso ele aconteça.
Contudo, esse condicionamento não funciona. Nós esperamos por bons frutos, ansiamos pela vitória e desejamos incondicionalmente a felicidade. Ao ver Asahina chorando, o fotógrafo sentiu o que nós sentimos: um momento de vulnerabilidade, de frustração por um esforço.
Overtake! tem muito a oferecer: se você for assistir ao anime (o que eu espero que você faça), vai encontrar um roteiro bem legal e também vai encontrar maneiras muito inteligentes de introdução ao mundo da fórmula 4 para quem não conhece NADA!
Eles vão explicar conceitos simples, como o “vácuo”, em que um carro se aproxima drasticamente de outro para diminuir o atrito, formar um ponto de baixa pressão e aumentar a velocidade para a ultrapassagem.
Mas eu acho que não era bem sobre isso que eu gostaria de falar aqui. Em meio a tantos animes, acho que estava muito difícil me reconectar com as mídias que eu gosto e sentir alguma profundidade.
Os nossos protagonistas geraram em mim esse sentimento de identificação, de frustração, de esforço. No fim das contas, acho que, para mim, esforço é continuar. Persistir, mesmo que pareça que tudo está contra você. Embora seja bem simples, tudo se define na primeira frase que o Asahina fala: eu não preciso que torçam por mim.
E isso não se trata de orgulho desmedido. Na verdade, a frase poderia ser traduzida como “eu vou torcer por mim, e vou continuar independentemente do que os outros pensem”.
Finalizando as primeiras impressões de Overtake!
Eu não falei todos os pontos positivos que eu vi em Overtake aqui, e nem pretendo esgotar o assunto. Aliás, talvez eu deixe propositalmente espaços por aqui porque sei que alguém vai gostar tanto quanto eu para fazer uma análise após o fim do anime.
Como ele ficou na categoria dos “diferentões” do nosso guia da Cúpula, não recebeu tanta atenção, mas eu definitivamente poderia colocá-lo como um dos melhores da temporada.
Talvez ele tenha me tocado em um nível muito mais pessoal. Como uma pessoa que se entende constantemente em mudança, a persistência é algo difícil. Para atingir um objetivo, e sair do conforto do ócio, a frustração é uma emoção que encontramos com frequência.
Atualmente há quase um ano em casa, já chorei como o Asahina algumas vezes. Por querer desistir, por sentir que tudo estava dando errado e por achar que eu não teria capacidade para continuar. Mas também, como ele, encontrei pessoas que acreditam nos meus sonhos.
Apesar de ser pobretão, o garoto tem potencial. E só estamos nos três primeiros episódios: vamos torcer muito por ele!
E, se você ainda não confia em mim, Overtake tem a mesma direção de Fate/Zero, Id:Invaded e Aldnoah.Zero, que foram grandes nomes em seu lançamento e se destacaram por uma direção incomum. Overtake não prometeu nada, e entregou tudo! Por fim, fica aí o trailer:
Foi dada a largada, agora só falta você. O que achou dos três primeiros episódios? Comenta aí!