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Análise

Rei de Lata é bom? Vale a pena ler a webtoon? | Crítica

Rei de Lata: sem dúvidas um dos melhores webtoons brasileiros!
12 minutos para a leitura

Rei de Lata é um webtoon totalmente nacional da mais alta qualidade e que conquista quem a lê.

É comum que nós brasileiros tenhamos o tal complexo de vira-latas, que é aquele “fato” de que nossos produtos (do Brasil) são inferiores a produtos do exterior. Inclusive em histórias em quadrinhos.

Porém, Rei da Lata está ai para provar de uma vez por todas que nosso conteúdo nacional pode ser tão bom quanto qualquer outra obra, sendo principalmente autoral e com a cara do Brasil, mesmo tendo uma roupagem mais estilizada. Ou seja, nada de nomes japoneses ou americanos nos personagens!

Aqui é José VS Chico!

José levantando uns carros e o chico em posição de luta aguardando, Rei de Lata

E isso é extremamente foda!

Nada de Kiritos na história ou personagens genéricos e padrões.

Rei de Lata tem a cara do Brasil, com uma boa diversificação das raças e étnicas dentre os personagens.

Diversos personagens de Rei de Lata

Rei de Lata já está oficialmente em “publicação” desde janeiro de 2018. E você pode ler essa obra de forma 100% gratuita e legal pelo site ou app do Tapas.

Além disso, Rei de lata já apareceu em outro artigo aqui da Cúpula do Trovão sobre bons mangás brasileiros. Lá, comentei que essa obra merecia um artigo próprio…

Bem, aqui estamos!

Mas adianto que Rei de Lata não está completo, e a história parece ter muito chão pela frente. Porém, com o material que temos disponível até então, é possível fazer uma análise parcial dessa história fantástica.

Sendo assim, a pergunta que quero responder com esse artigo é: Rei de Lata é bom como um todo, ou só tem uma estética interessante?

A história de Rei de lata

Ilustrado e escrito por Jefferson Ferreira, também conhecido como “Panda de Capa“, quadrinista independente do sul de Minas Gerais, Rei de Lata é uma joia brasileira.

Jeff tem uma boa e próxima relação com seu público, e procura responder/interagir nos comentários do Tapas (o cara é muito gente boa).

É possível encontra-ló nas seguintes redes sociais:

Mesmo com uma cara brasileira, Rei de Lata não é uma história brasileira. Pelo menos não do ponto de vista dos estereótipos: cangaceiros, favelas, futebol ou qualquer outra coisa que seja facilmente associada a nós.

Rei de Lata se passa em um mundo que, após várias guerras, teve seu pior desastre: uma arma biológica foi lançada e praticamente causou a extinção de todo um país.

O que não esperavam é que, após o ataque, toda criança nascida seria propícia a ter uma espécie de anormalidade.

Fato é que eventualmente essas crianças manifestavam algum tipo de poder gerado por seu instinto de sobrevivência, trauma ou situação extrema.

Por serem os únicos imunes ao ar, muitos adultos as odeiam e temem. As super crianças então, lutam pela sobrevivência em um país pós-guerra.

À primeira vista, essa história pode parecer apenas mais uma história clichê com crianças super poderosas. Mas não é.

Chegaremos lá!

A incrível arte de Rei de Lata

É fato que 99.9% das pessoas que batem o olho em Rei de Lata são atraídas por sua arte.

A arte do Panda de Capa é facilmente associada com alguns títulos recentes de animações da Cartoon Network. Contudo, possui uma estética diatópica de filmes dos anos 80/90 como Blade Runner, Akira, Ghost in the Shell, etc.

Mesmo tendo esse visual um pouco mais agradável e “simpático”, não se engane, Rei de Lata não é uma história infantil.

Trecho sombrio de Rei de Lata

Há uma grande gama de cores nessa webcomic, o que deixa tudo mais “vivo”; intuitivamente, seria uma a ideia contrária do que vemos por aí de um visual pós-guerra.

Porém, essas cores dão um design steam punk, algo retrô, mas tecnológico.

Sem contar que essas cores dão qualidade aos personagens como exemplo o José: suas roupas vermelhas, muito associadas a anti-heróis, como Kratos, Hellboy, Gaara e mais recentemente Deadpool.

Coincidência? Talvez…

Outro detalhe importante é o design de personagens, uma vez que cada um possui um design próprio e único.

Por mais que seja possível ver inspirações em vários dos personagens, em momento nenhum os vemos como uma cópia.

Jeff conseguiu empregar uma identidade única ao desenhar Rei de Lata. Sua arte é facilmente identificável para aqueles que a conhecem.

Personagens

Na minha limitada experiência com obras nacionais, o que eu pude perceber de comum a elas é o pouco desenvolvimento de personagens secundários à história.

Há uma série de fatores que podem envolver esse acontecimento, e só quem é autor talvez consiga responder a essa questão de forma mais assertiva.

É difícil criar uma história cativante, personagens complexos e com um universo rico, sendo independente e tendo que desenhar tudo sozinho.

Mas enfim!

Rei de Lata consegue criar diversos personagens cativantes e com backgrounds sem tornar a história expositiva ou fugir da trama principal.

Pirata tirando seu tapa olho e mostrando seu poder

Todo personagem tem seu momento, apesar do José ser o personagem principal e protagonista, aquele que move a trama.

Jeff realiza diversos concursos de popularidade para saber qual personagem o público mais gosta.

E pasmem, o José nunca ganhou.

Não há demérito por parte do José. Pelo contrário, na verdade, é mérito dos outros personagens.

O universo distópico de Rei de Lata

A ideia de um futuro no qual as atuais convenções sociais e limites são extrapolados ao máximo é algo muito recorrente não só nos cinemas, mas também nos animes.

Bom exemplos são: Megalo Box, Blame!, Psychol-Pass, Ergo Proxy, dentre infinitos outros.

Mas o que é uma distopia?!

A caracterização de distopia é basicamente o inverso de uma utopia, ou seja, uma sociedade que vive sob condições de opressão, desespero ou privação sendo caracterizadas por um sistema totalitário ou autoritário.

Juntamente com um acompanhamento por um avanço tecnológico, normalmente com acesso limitado a instituições ou corporações.

Rei de Lata é preenche todos os requisitos para ser uma história distópica.

Mesmo com um universo bem estabelecido, Rei de Lata tem um pequeno defeito. A extensão geográfica e distâncias entre um lugar e outro não é clara. É difícil saber o tamanho do local onde a história se passa, ou onde está o quê, ou quanto tempo um personagem leva para ir de um lugar X para o Y.

Em contra partida, algo muito bem estabelecido é a organização inimiga, os antagonistas/vilões da história.

A organização anti-criança

Como já disse em outro artigo meu, uma boa história precisa ter aquelas famosas ”guildas”, ou organizações, facções (até hoje não sei o nome) ou qualquer coisa do gênero.

Esquadrões-em-animes, tipo os Arpoadores
“Akatsuki, Apitos Brancos, Shichibukais e Tropa de Exploração são bons exemplos”

A história se passa em universo no qual as crianças que sobreviveram a esse ataque biológico acabaram desenvolvendo poderes para se adaptar a esse ambiente.

Por outro lado, os adultos tiveram que fazer inúmeros sacrifícios e viver com uma série de restrições para sobreviverem a esse novo mundo.

Nesse cenário surge uma organização que visa capturar as crianças, no intuito de estudá-las para entender como elas conseguem sobreviver.

Arthur segurando um bronche com um simbolo anti criança

E não só isso, na verdade, o objetivo principal dessa organização é roubar os poderes dessas crianças e criar adultos aprimorados.

Como qualquer grupo extremista, esses adultos criaram uma verdadeira aversão a qualquer criança, e mata-las não é um problema.

O mais legal, é que Jeff estabeleceu um padrão ”hierárquico” muito interessante, e que com certeza é um dos pontos altos dessa história.

Explicação dos niveis de poderes da organização anti criança

Além disso, há classificações com níveis de poderes por parte do grupo das crianças também. Porém, esses critérios ainda não foram explorados.

Finalizando…

Como disse no inicio desse texto, Rei de Lata não está finalizado e essa é uma análise parcial.

Mas, ao meu ver, Rei de Lata só tende a crescer e melhorar quanto mais capítulos saírem.

Com uma história e arte criativa, Rei de Lata tem tudo para ser um grande sucesso.

Para nós, leitores, sobra a tarefa mais fácil: ler e apreciar. E se gostar, o que não é algo difícil, divulgar e fazer com que o máximo de pessoas conheçam essa história incrível.

Rei de Lata tem inúmeros pontos positivos e apenas um negativo, que é a tal da noção geográfica desse universo criado pelo Jeff.

Eu simplesmente adoro essa história e com certeza ela está facilmente no meu TOP10 melhores ”shounen”.

E você, conhecia essa história? Gosta de Rei de Lata?

Fala ai nos comentários qual o aspecto dessa obra que você mais gosta, e qual o melhor personagem e porque é o Arthur?

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Escrito por

Pedro Bernardes

Profissional de Educação Física

Cult | Atleta | Leitor compulsivo

Belo Horizonte - MG

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