Eu gosto muito de Overlord. E sim, nem me preocupei em dar várias voltas antes de entregar meu veredito, porque com certeza existem pessoas erradas por aí que vão dizer que este isekai não é um puta dum anime legal. Aposto uma surra do Sebas que pessoas que falam isso nunca assistiram o anime por um simples (e talvez justo) motivo: é isekai.
Afinal, ser isekai hoje em dia (mesmo que Overlord seja antiguinho) já é motivo para demérito. Pelo menos é assim com a maioria das pessoas que conheço que assistem animes. Talvez eu e meus conhecidos sejamos chatos? Nós somos. Também existem muitos desconhecidos meus que evitam esse subgênero por conta de más experiências passadas…
A parte boa é que AFIRMO para você que Overlord não é, de maneira alguma, um isekai com trama clichê. Digo, ele até pode ter diversos elementos clichê, mas sua essência, seu foco e narrativa, torna o conjunto bastante original. Some isso à uma qualidade técnica dos tempos de glória do estúdio Madhouse e, vualá, conseguimos sim ter um isekai bom!
Não convenci você ainda? Bem, vamos lá…
Do que se trata o anime de Overlord, afinal?
Momonga é o nickname de um jogador de um daqueles MMORPG de imersão total a la Sword Art Online. Em Overlord, o jogo se chama Yggdrasil. Poooorém, o jogo está sendo descontinuado, e por conta disso, os servidores fecharão. Logo, Yggdrasil não será mais jogável.
Contudo, Momonga, a fim de aproveitar até o último segundo dentro do jogo, resolve ficar até o final logado. Afinal, ele tem muita história com aquele game, tendo atingido o nível máximo e ainda sendo o líder de uma das guildas mais fortes – talvez a mais forte de todas. Ele junto de seus outros 40 colegas de jogo criaram a Tumba de Nazarick, a tal guilda.
E bem, o óbvio acontece: ao invés de os servidores serem encerrados e Momonga ser chutado para fora do jogo, na verdade, nosso protagonista fica preso dentro do jogo. Agora, preso, ele traça como objetivo encontrar outros jogadores que possam ter ficado na mesma situação que ele.
Mas. Yggdrasil parece ter mudado. Portanto, a história se desenvolverá em cima desse redescobrimento do mundo, ao mesmo tempo que Ainz Ooal Gown (o novo nome adotado por Momonga), junto de seus fiéis servos, que são NPC’s criados por ele e seus colegas de guilda, fazem de tudo para expandir seu domínio, mas sempre com um objetivo em mente: o bem da Tumba de Nazarick.
- Gênero: Ação, Aventura, Fantasia, Magia, Isekai
- Estúdios: Madhouse
- Material fonte: Light novel
- Episódios: 3 temporadas, em breve a quarta vem! (esperamos!)
Beleza. Mas e o diferencial de Overlord?
Sei que até agora pareceu um plot simples de isekai, né? Acho que é porque não mencionei que o avatar de Momonga, agora Ainz, é um esqueletaço puto e ridiculamente forte, ainda com um baita dum character design maneiro. Além disso, todos os seus novos servos são também seres não-humanos, quase tão fortes quanto seu senhor.
Ou seja, em Overlord, você acompanha a narrativa não do ponto de vista dos mocinhos, mas sim, dos “vilões”, do pessoal que geralmente é “do mal” em outros isekais.
E isso por si só é um diferencial super relevante? Em outras palavras, valeria a pena ver apenas por conta disso? Para alguns, talvez sim. Mas, na verdade, o diferencial mesmo está, para mim, na narrativa. Ou seja, na maneira que a história de Overlord é contada.
Diversos núcleos, diversos pontos de vista
Lembra que Ainz-sama está agora redescobrindo esta “nova Yggdrasil”? Bem, para isso, ele decide virar um aventureiro disfarçado, e vai se aventurar por aí. Mas a parte interessante é que a história não vira apenas isso. Muito pelo contrário, este é apenas mais um dos diversos futuros núcleos que o anime irá desenvolver. E desenvolver muito bem para o número de episódios disponíveis.
Temos, até agora, 3 temporadas em Overlord.
Na primeira, temos esse “desbravamento” do novo mundo, ao mesmo tempo que nós, como espectadores, vamos aprendendo mais sobre os personagens, e principalmente: sobre a grandiosidade de Ainz. Também temos contato com diversos de seus servos mais poderosos, e os habitantes do mundo começam também a terem presença.
Gosto muito de como Overlord perde, não, desculpa, investe tempo em desenvolver personagens secundários. Tipo o pessoal da pequena vila da Enri que Ainz ajuda no começo, ou o guerreiro-mor do reino, Gazef. Mas a série também dedica tempo em construir toda uma conexão entre nós, Ainz e seus servos.
Porém, é na segunda e terceira temporadas que o bicho pega, pois esse aprofundamento em personagens secundários é elevado ao máximo, e o anime dedica cerca de 3 ou 4 de seus preciosos 12 episódios para desenvolver um novo núcleo; um que ainda nem conhecíamos (e talvez nem gostássemos!). Decisão ousadíssima. Vi muita gente reclamando na sessão de comentários da Crunchyroll… “Quero é ver o Ainz, dane-se esses lagartão aí…”.
Só que estes mesmos comentários foram mudando, até virarem coisas como “Nossa, não creio que tô me importando com esses lagartos.”, para então, ao final da temporada, se transformarem em “Meu Deus, quero uma nova temporada!”.
A partir da segunda temporada, Ainz vira basicamente uma entidade, que “influencia”, mas não “participa” tanto assim
E pasmem: nessa segunda temporada Ainz praticamente é um espectador, uma entidade, cuja presença faz toda diferença para a tomada de decisão os personagens secundários, mas ao mesmo tempo ele não participa ativamente do que estamos assistindo.
Acho incrível como Overlord é bem sucedido em nos fazer nos importarmos, em poucos episódios, com personagens que antes nunca nem conhecíamos. Você pode até não “se importar de verdade” com eles, mas você consegue reconhecer o peso para a trama daquele respectivo núcleo, ou mais: você se diverte tentando entender como aquele novo núcleo irá interagir com “quem realmente importa”, ou seja, com Ainz e o pessoal de Nazarick.
A terceira temporada vem para finalizar tudo aquilo que já tínhamos certeza: Ainz é, de fato, um ser supremo. Além disso, todos os habitantes daquele mundo precisam e devem reconhecê-lo, e talvez devam até combatê-lo. Afinal, não é porque é bom para Nazarick que é bom para todo mundo.
Na verdade, a lógica é muito mais de “dane-se o mundo, quero o melhor para minha guilda”. O player que controlava Momonga, o personagem, já não é mais um “player”. Ele se tornou agora um só com “Momonga”, com “Ainz”, e sua humanidade se esvai cada vez mais com o passar dos episódios.
A parte técnica é, também, um diferencial
Como comentado lá em cima, a parte técnica da série também não deixa a desejar, nos entregando animações muitíssimo legais e bem executadas. A maioria das lutas é interessante, e o diretor junto aos animadores tiveram bastante liberdade para elaborar as coreografias, eu imagino, já que o material original de Overlord é uma light novel, não um mangá. Ou seja, não havia um “roteiro de imagens” a ser seguido.
Esse é, inclusive, outro ponto interessante da parte técnica, pois eu julgo que a direção foi muito bem sucedida em contar essa história em “anime”. Afinal, o Patrick até leu a novel e contou pra gente num dos episódios do CúpulaCast que ela possui mais informações e tal, porém o anime não peca em nada na passada de informações e na construção do mundo.
A trilha sonora (bem como as openings e endings) são muito marcantes, principalmente as openings. Seguindo a teoria do Pedrão, “todo anime bom tem abertura boa”. Justo. Foi o caso aqui também.
Mas tudo é tão super incrível assim em Overlord?
Bom, aí depende.
Temos algumas coisas um tanto quanto duvidosas, como, por exemplo, diversas “maids” lindas e gostosas a serviço de Nazarick, mesmo sendo uma “tumba de monstros e mortos-vivos”. Gostaria de vê-las um pouco mais… monstruosas. Uma das maids até é um bichão, o que é bem legal, mas o resto é só o estereótipo de gostosa mesmo (pelo menos por fora).
Temos também um CGI criminoso em partes específicas da obra, o que dá uma quebrada na imersão que o mundo de Overlord gera. Sendo sincero, dei gargalhadas quando vi aqueles cabritos do inferno que Ainz solta na terceira temporada – e gargalhadas é uma reação um tanto quanto ruim para um genocídio, né?
A narrativa, apesar de ser um baita ponto forte para mim, para você pode acabar sendo lenta. Afinal, como comentei, o anime não economiza tempo de tela para personagens secundários. Então, caso você não compre a ideia de que “todos esses núcleos serão interligados eventualmente”, talvez você ache muitos personagens meio rasos e, portanto, acabe achando aquela parte chata.
Então, se acontecer com uns 2 ou 3 núcleos, a experiência do anime pode estar comprometida. Minha dica é: não assista querendo apenas ver o Ainz-sama sendo fodalhão, porque isso acontece, mas não acontece o tempo todo, como é em Solo Leveling, por exemplo.
Finalizando minha crítica ao anime de Overlord
Concluindo: Overlord é um baita isekai e você deveria assistir se nunca deu a chance.
Tenho certeza que seu worldbuilding chamará sua atenção e seu gigantesco leque de personagens interessantes e com potencial sustentam muito bem uma história num mundo tão vasto.
Além disso, todos os personagens do núcleo principal, o de Nazarick, são muito carismáticos e interessantes. Você realmente começa a entender melhor as convicções de cada um e começa a vê-los amadurecerem, saindo do estado de NPC’s para “pensantes”. Até onde isso chegará? Fico intrigado de pensar.
Por fim, mas não menos importante, a grandiosidade de Ainz Ooal Gown sustenta todas as mini-tramas de todos os núcleos, ao mesmo tempo que sustenta a trama principal de Overlord. Seu carisma é gigantesco, e vê-lo se tornar cada vez mais um esqueletão brabo é, no mínimo, uma ótima experiência para quem admirou essa subversão narrativa.
Ver a ascensão do maior do “vilões” é tão satisfatório quanto a do maior dos heróis.
Talvez seja até mais interessante.
O que esperar da eventual quarta temporada de Overlord?
Bem, acho que Overlord já tem tudo que precisa para continuar se consagrando como um dos melhores animes isekai já feitos. Então, caso a produção continue seguindo fielmente o material original, acredito que não teremos problemas no que tange a história e construção de mundo. Além disso, caso continue nas mãos do Madhouse, penso que a qualidade técnica também não deixará a desejar (mesmo que saibamos que os tempos de ouro do estúdio já passaram, ou pelo menos é assim que parece).
Por fim, se tivesse algo que eu “queria que acontecesse”, seria a introdução de algum desafio real para Ainz e sua trupe de Nazarick. Afinal, até agora, tudo foi bastante pensado para que Nazarick se tornasse, enfim, um “país”, para que a “dominação global” começasse.
Só que, sinceramente, tudo me pareceu bastante fácil. E claro que seria, porque todos são fortes de demais e os recursos da guilda, aparentemente, são infinitos. Então, resgato que a ideia de um “desafio real”, seja de poder ou de administração, apareça para aumentar a tensão para Ainz e também, para nós espectadores, que estamos nessa junto com ele.
Outra coisa que eu gostaria que acontecesse com um pouco menos de frequência seriam as cenas bem vergonha alheia da Albedo ou da Shalltear se esfregando e ficando praticamente em êxtase só por estar na presença do Ser Supremo, Ainz. Sei lá, acho meio cringe (na definição correta da palavra, ok?).
Contudo, em síntese, se manterem algo na pegada do que foi a terceira temporada, mas com um desafio real, eu vou me apaixonar ainda mais pelo anime. Quem sabe resgatar aquele mistério envolvendo o controle mental da Shalltear do final da primeira temporada possa ser o gatilho para o tal “desafio real” que tanto busco… Veremos!