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Análise

Super Crooks, da Netflix: é bom? Vale a pena ver o anime? | Crítica

Vilania e heroísmo em Super Crooks; esquecido, mas merece uma olhada
11 minutos para leitura

Super Crooks é mais um dos originais que foram lançados de uma vez só pela Netflix. E, mais uma vez, eu entrei de cabeça: não li sinopse, não procurei primeiras impressões e nem sabia do que se tratava. Olhei para o meu irmão, em casa; ele olhou para mim, e, em uma silenciosa concordância, resolvemos maratonar o anime.

Não pretendo aqui atrapalhar sua jornada de iluminação, então evitarei qualquer tipo de spoiler por aqui. Apesar de, como sempre, eu achar que dar spoiler não faz diferença.

Para quem não me conhece, eu sou a metralhadora de spoilers da Cúpula, mas não porque gosto de dar; sim porque gosto de receber. Às vezes me deixa animada saber o que vai acontecer no futuro…

Sem mais delongas, vamos à Super Crooks!

Super Crooks gangue

Super Crooks é maratonável

Até porque foi feito para isso. Em um recente episódio do CúpulaCast, no qual conversamos sobre o fatídico “maratonar ou não”, eis a questão, falamos muito sobre essa dúvida mortal.

Além disso, também comentamos sobre como a Netflix joga com essa ideia de maratona para deixar as pessoas viciadas, ansiosas e ligadíssimas no aplicativo (fear of missing out). É um ciclo eterno de ir ao próximo episódio (e, por vezes, ignorar a abertura e tudo o mais que tem por ali).

Independentemente de ser BOM ou RUIM, o que já vamos conversar mais abaixo, Super Crooks é para maratonar. E ponto. Primeiramente porque os treze episódios foram lançados de uma só vez. Em segundo plano, porque ele te segura sempre ao final dos episódios.

Às vezes o episódio não começa muito bem, nem tem um meio tão agradável assim, mas sempre deixa aquela pontinha, no final, de “hum, o que aconteceu?”. E, bem, Super Crooks é isso. E vale a pena, porque não existe nada tão profundo que vá te fazer sentir que você PERDEU alguma informação por maratonar.

O nascimento de um vilão

QUAL É a história, afinal de contas? Johnny Bolt, um jovem menino cheio de energia e habitante de um mundo complexo no qual pessoas podem adquirir poderes, de repente ganha na loteria: ele consegue controlar energia elétrica.

Um dos pontos legais é que logo no começo eles identificam que nem todo mundo é capaz de usar seus poderes, e que Johnny Bolt tem de fato algo muito poderoso nas mãos. Só que como nem tudo são flores… o que poderia rolar de um menino receber um superpoder?

Quer dizer, imagine-se com quinze ou dezesseis anos. O que você mais iria querer nessa época? Quais seriam suas ambições? O nosso protagonista quer ser um grande herói, porque tem referências para isso, mas não apenas isso. Ele quer conquistar uma menina que gosta e mostrar que não é um grande fracassado.

Coisas de adolescente.

E não o culpo. O primeiro episódio é, na verdade, incrível. Mostra como o garoto foi criado por uma mãe solo e como isso veio a fazer diferença nos seus métodos e no seu pensamento com o uso do poder. Bem, a real é que ele bolou um plano para fazer seu debut, ou seja, sua primeira grande aparição, em uma festa na piscina.

Eletricidade… piscina… É. Deu realmente tudo errado. O garoto se atrapalhou, e o resultado acabou por ser nada heroico. É aí que nasce o vilão.

Heróis e vilões: como Super Crooks pretende tratar isso?

Recentemente, ouvi um episódio muito bom de um podcast (que não é o nosso CúpulaCast, que, na verdade, é o MELHOR DE TODOS os podcasts), que falava sobre heróis e vilões.

Tem muita coisa informativa, então eu vou anexá-lo aqui, porque acho que vale a pena a todos os amantes de heróis clássicos e sobre como essa construção cultural da jornada do herói se constrói com a mudança humana.

E o que isso tem a ver com Super Crooks? Bem, Super Crooks é uma história de vilões, mas também é uma história de heróis. Apesar de não ter focado tanto nessa dualidade, e nem ter se aprofundado a nível filosófico, a discussão está ali, de uma forma ou de outra.

E é exatamente a mesma de outras obras que a gente já conversou por aqui, como, por exemplo, Akudama Drive. Há muitas pessoas que acham isso um tema super batido, mas eu, pessoalmente, ainda acredito que não. Homem-aranha não seria todo o sucesso que foi se as pessoas não tivessem alguma fixação ou algum prazer em filmes de heróis.

O herói é um exemplo; é a personificação das nossas metas e do nosso ideal de honradez, bravura e justiça. Contudo, o que acontece quando, como na vida real, as pessoas são diferentes e possuem percepções diferentes a respeito dessas boas qualidades?

E quando o personagem leal, forte e corajoso é um vilão?

O que acontece, ainda, quando um vilão mostra todas essas qualidades às quais queremos tanto nos agarrar? Para mim, quando vilões mostram características às quais queremos nos agarrar, eles podem se tornar heróis.

Evidentemente, ele se torna um personagem carismático, apesar de não ser consensual. Já ouvi mais de uma vez pessoas dizendo: “e o Thanos estava errado, por acaso?”

Ou, ainda, muitos que dizem: “Eu passo pano para o Askeladd (Vinland Saga), mesmo”.

Além desses, poderíamos citar muitos outros vilões que são amados, não por seus maus feitos, mas porque possuem essas características admiráveis que todos queríamos ter. Leais a seus ideais, fortes a seu modo e inexoravelmente corajosos.

(Claro, um disclaimer: nem sempre o antagonista será um vilão. De maneira bem rasa, um vilão é aquele que faz “coisas ruins”. No caso de Super Crooks, por exemplo, o nosso protagonista é que é o vilão). Também já discutimos isso mais a fundo em um CúpulaCast antigo.

Estar “certo” e estar “errado” são afirmações que pressupõem um background. Sua cultura, sua história, sua criação antropológica e você são os formadores do seu certo e do seu errado. E, para mim, essa é a maior e mais incrível discussão em Super Crooks.

O primeiro episódio é sensacional, mas o barco vai afundando…

Super Crooks é incrível do início ao fim em termos de animação: é espetacular mesmo. Eu tive vontade de fazer diversos cortes enquanto via e postar tudo para as pessoas verem o quão bonito era.

Mas em termos de enredo, não sei muito bem. Os personagens são legais, a gente se envolve com eles, mas não me parece uma crescente. É mais como uma rampinha de skate, e você está em cima no primeiro episódio; vai descendo aos poucos.

Não que não seja bom, porque é! Tem muitas coisas super aproveitáveis. Gostei bastante da trilha sonora e do desenvolvimento de alguns personagens secundários. Ver heróis se tornando vilões, por exemplo, é um dos bônus positivos demais de Super Crooks.

Contudo, senti que desperdiçaram algum potencial ali focando excessivamente na ação. Você pode ver tudo isso que eu vi ali acima, mas pode só assistir e pensar “UAU, QUE MANEIRA ESSA LUTA”, e está tudo bem também. Eu esperava mais impacto. Esperava uma virada de chave magnífica. Assumo a mea culpa.

Por isso, não quero aumentar o seu hype e falar que é uma das coisas mais incríveis a respeito de heróis que eu já vi, porque não é. É bem americanizado, então destoa bastante da narrativa nipônica de sempre. Na verdade, até me lembrou um pouquinho Great Pretender, mas de outro jeito.

Finalizando a crítica sobre Super Crooks

Para finalizar, quero dizer que nenhum herói está imune a errar e nenhum vilão está imune a acertar. Meu pensamento pessoal é de que, em nós, meros mortais, existe tanto o mal quanto o bem. Por isso, ver obras como Super Crooks, que não tratam a situação como preto no branco, mas de forma mais cinzenta, sempre cai bem.

Num geral, a avaliação é muito positiva, porque as cenas de ação são bem animadas, os personagens são cativantes e a premissa tem potencial. E se você gosta de caras roubando bancos por aí com planos elaborados, deve se divertir também.

Um dos argumentos que pode ser infalível para assistir Super Crooks: o Tsudaken (que dubla o Tatsu, de Gokushufudou; o Joker, de Fire Force; o Nanami, de Jujutsu, e muitos outros…) dubla o Bolt. Que voz…

Espero que você se divirta tanto quanto eu! E não se esqueça: com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades! Para o alto e avante! Fiquem com essa opening estilosíssima.

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Escrito por

Helena Nunes

Advogada | Professora | Concurseira triste

Máquina de spoiler | Jojofag

Campos - RJ

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