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Honorável leitor, se você está a procura de uma animação para fugir um pouco deste mundo caótico em que vivemos, Kotaro Vai Morar Sozinho, anime original Netflix, é uma ótima escolha. Já alinhando expectativas, apesar de ter um design simples e agradável, sua narrativa está repleta de temas delicados. Então, ao mesmo tempo em que serve como produto de diversão, também vai funcionar muito bem como material reflexivo, onde é possível ponderar a respeito de vários temas e se impactar com cada um de igual forma.
Caso não conheça esta obra, fique até o final desta crítica, porque vale muito a pena dar uma conferida neste título sensacional.
Um breve resumo de Kotaro Vai Morar Sozinho
Acompanhamos a jornada cheia de aventuras de um garoto de apenas quatro anos chamado Kotaro Sato. Eu não pretendo entrar no campo das possibilidades aqui, argumentando que é humanamente impossível um menino de quatro anos viver e pensar da mesma forma que o Kotaro. Aqui entra um pacto ficcional para dar credibilidade a história, talvez.
Mas o fato é que Kotaro, apenas de possuir apenas quatro anos, age de uma maneira totalmente inesperada para sua idade. Seu modo de falar, de pensar e de agir se equivalem ao de um adulto. Aliás, é possível que, mesmo sendo uma criança, ele seja mais maduro do que muito adultos ao seu redor.
Todavia, a magia disso tudo está em denotar que, mesmo sendo “responsável” e aparentando ser uma pessoa desenvolvida demais para sua idade, ele ainda é uma criança. Com traumas, medos, angustias e inseguranças. O cerne está justamente nessas características e na maneira que o anime irá trabalhá-las.
Certo dia, ele acaba encontrando-se com Shin Karino, um vizinho que ele passa a chamar de “honorável vizinho”. Daí o começo deste texto. Foi uma brincadeirinha referencial para os que já assistiram o anime. Essa relação é quase como a de um pai e filho, e é extremamente interessante de se acompanhar.
Mas talvez você possa estar se perguntando onde estão os pais dessa criança. Você precisará assistir se quiser mesmo descobrir esta resposta.
Solidão, traumas e máscaras
Como supracitado no tópico anterior, a máxima de Kotaro Vai Morar Sozinho está nos tópicos delicados que a obra discute.
Por meio de uma animação suave, bonita e repleta de elementos coloridos e fofos, estes assuntos são abordados de uma maneira impactante e até mesmo intempestiva, sem que você esteja preparado para recebê-los.
Eu já fiz menção desta teoria uma vez antes aqui na Cúpula, mas não me recordo o texto que fiz isso, mas o psicólogo Augusto Cury discorre sobre as chamadas “Janelas Killer”, que são, basicamente memórias que possuem conteúdo emocional angustiante, fóbico, tenso, depressivo e por aí vai. Se quiser saber mais, leia este trecho do livro “Mulheres Inteligentes, Relações Saudáveis”, do Augusto, sobre o tema.
É fácil perceber que Kotaro sofre destes problema por conta de seus antigos relacionamentos. Principalmente no tocante aos seus pais. Aqueles que deveriam ser os seus heróis e dar forças para viver em um mundo cruel, foram os que tiraram o brilho do pequenino.
Mas tudo isto muda quando Kotaro passa seus dias com o “honorável vizinho”. Ele oferece ao Kotaro uma nova percepção acerca da vida e de que o passado deve ficar no passado. A partir dessa interação, Kotaro vai conhecendo pessoas e fazendo novas amizades, aumentando seu círculo cada vez mais. E são pessoas sinceras e autênticas.
Isto é uma prova de que, com pessoas certas ao nosso lado, podemos superar todas as coisas. Afinal, antes o Kotaro se via em uma posição onde achava preciso fingir seus sentimentos, escondendo o que realmente sentia. Mas tudo isso mudou quando entendeu que as pessoas ao seu lado queriam o seu bem.
É clichê, mas é este o poder da amizade. É comovente.
O problema de estereotipar alguém
Além dos pontos trabalhados inerentes aos Kotaro, a animação também discorre sobre outra propriedade de suma importância: o estereótipo.
Estereótipo é o conceito ou imagem preconcebida, padronizada e generalizada estabelecida pelo senso comum, sem conhecimento profundo, sobre algo ou alguém.
Vemos isto acontecer com o personagem chamado Isamu Tamaru. Pelo seu modo de agir e suas vestimentas, as pessoas o associam à Yakusa. Enquanto anda ao lado de Kotaro em alguns episódios, as pessoas ficam encarando. Até mesmo um segurança chega a questionar o relacionamento dos dois.
No final, Tamaru é um homem honesto, íntegro e cheio de boas intenções que apenas gosta da companhia do garoto. Isso remete a outro título que discorre basicamente sobre esta mesma questão: Gokushufudou: Tatsu Imortal.
Mesmo o protagonista tendo largado a vida de Yakuza, ele ainda continua sendo ligado à máfia por conta de sua personalidade.
Por fim, eu gravei um vídeo sobre Gokushufudou: Tatsu Imortal. E ao contrário do que muitos dizem a respeito da animação, eu curti demais e recomendo que assista, caso não tenha visto.
Finalizando a crítica sobre Kotaro Vai Morar Sozinho
O anime é excelente. Acho que vale uma leve comparação com Ousama Ranking, também. A história de duas crianças que sofreram na vida, mas que buscam superar seus traumas e alcançar um novo dia, com direito a conquistas e felicidade. Se você assistiu Ousama Ranking e gostou, Kotaro Vai Morar Sozinho pode ser o anime que você está procurando.
Em conclusão, assista. É certo que não haverá decepção. A não ser que você seja uma pessoa muito amargurada pela vida, claro.
Kotaro Vai Morar Sozinho é lindo, divertido, fofo e impactante. Apesar do visual delicado, a narrativa é bastante adulta e tocante, detalhando sobre solidão, resiliência e superação.
Ademais, se você não conhecia Kotaro, assim como uma porrada de outros animes interessantes no catálogo da Netflix, o pessoal do CúpulaCast gravou um episódio listando esses títulos. Confere aí.
