Sabe aquele primeiro episódio formoso, lindo e impressionante? Daquele tipo que te faz sentir que esse tem potencial para ser o melhor anime do mundo, de tão hypado que você fica? É claro, esse tipo de pensamento sai da cabeça logo depois de você passar a raciocinar direito por uns segundos, porém, sem dúvidas, o que o primeiro episódio de Zom 100 faz de melhor é desnortear você. Ele bagunça, de verdade, seu senso comum. Você termina ele só querendo mais e mais episódios. Pelo menos, foi minha experiência com Zom 100: Bucket List of the Dead.
Depois de uma intro assim, ficará fácil você ir pro anime com expectativas altas demais e acabar se decepcionar amargamente, somente para depois voltar aqui para me xingar, né não?
Mas acredite em mim: seu retorno será para me agradecer, não para me bater!
- Gêneros: Isekai, Comédia, Fantasia
- Estúdio: Studio Gokumi, AXsiZ
- Diretor: Akitaya Noriaki (mesmo de Bakuman!!!)
- Material fonte: Mangá
- Onde assistir: Crunchyroll
- Novos Episódios: Quartas
Zom 100 inova dentro da não inovação! Chegarei lá
Não sou cinéfilo. Tem muito, muito filme clássico por aí que eu nunca assisti. Titanic é só um deles (é, esse é o nível). Porém, até mesmo eu sei que o tema “zumbi” é super batido, de modo geral.
Galera tentando sobreviver… Aquele medo constante de entrar numa lojinha pegar sobras de comida e acabar ficando preso… Se fudendo para conseguir água… Ter que usar barulho para distrair os monstros… Ir ao banheiro parece uma tarefa desafiadora! Esse kit todo existe em Zom 100.
Então… Meio que todo mundo já sabe o que se esperar de desse anime genérico trama de zumbis, certo?
ERRADO!!!
É na surpresa que, para mim, Zom 100 brilha em sua mais resplandecente forma. Afinal, apesar de, sim, termos um tema batido de zumbis, na história, temos uma discussão e estética um tanto quanto diferentes.
📢 ALERTA! Se você ainda não assistiu, já aviso que, apesar de não conter spoilers relevantes, minhas primeiras impressões falarão o que acontece, principalmente, no episódio 01. Recomendo fortemente você assistir sem ler minhas impressões, ainda mais se ainda não sabe nada sobre Zom 100.
Recado dado…
Iniciamos a história assistindo, junto à nosso protagonista, um filme genérico de zumbis na TV. A galera correndo, morrendo, sangue, fogo… Aquela coisa toda. Porém, Akira, está abatido, comendo um macarrão instantâneo e lamentando por ter que ir trabalhar dalí a pouco.
O jovem estava exausto, desperdiçando suas poucas horas de sono com um filme boboca de zumbis e com macarrão de quinta categoria.
Logo nos vemos conhecendo o passado de Akira. O jovem havia ingressado no mercado de trabalho japonês, e tinha sonhos e ambições, como qualquer pessoa que acaba de começar sua vida profissional.
As empresas negras
Sem demora, já em seu primeiro dia, Akira descobre a dura realidade na qual se meteu.
Sua empresa era uma “empresa negra”, ou “burakku“, que é o termo utilizado para classificar uma empresa que não respeita leis trabalhistas e não está preocupada com o bem-estar de seus contratados.
O que mais impressiona é que existem muitas companhias assim por lá. Algumas já estão na lista negra do governo e outras seguem atuando sem muita fiscalização… Existem relatos sinistros sobre essa parada pela internet.
E bem, é aí que Akira se meteu. Durante 3 anos suados e sofridos, conseguiu tolerar e encarar essa rotina avacalhada de trabalho. Horas extras abusivas e não pagas, agressão verbal e assédios sexuais faziam parte de seu dia. O apocalipse parecia já estar acontecendo, mesmo antes do primeiro zumbi aparecer.
Eis que um dia Akira acorda para ir ao trabalho, e ao sair de sua porta, se depara com algo diferente e inusitado: o mundo mudou. Porém, desnorteado de depressivo, o rapaz nem nota.
Ao procurar o síndico para pagar o aluguel do estacionamento de bicileta (e caralho, tem isso por lá????), Akira se depara com um zumbizão devorando o cara. A ficha demora para cair, mas logo cai, e o jovem começa a correr desesperadamente.
E é aí que o anime prende você!
A criatividade artística de Zom 100 e a surpresa
A animação e qualidade nos detalhes já chama atenção desde o primeiro segundo em Zom 100, mas é no momento que Akira encontra o síndico e o primeiro zumbi que o negócio te pega.
Até este momento, o mundo era cinza, não víamos muitas cores.
O único momento que isso acontece é quando vemos o passado do jovem assim que ingressa na empresa, porém, com o passar do episódio, vemos tons cada vez mais cinzas sendo utilizados, até ficar tudo completamente cinza. Mas, naquele momento, ao ver o síndico se esperneando e um monstro olhando no fundo de seus olhos, Akira enxerga uma cor: um vermelho vivo.
O gore aparece, e gera impacto, porém ao correr do primeiro monstro, outros aparecem. Akira começa a correr, correr, e correr!
Mas… Com um sorriso no canto da boca, como se aquilo animasse ele. Como se aquela correria, aquela emoção, aquelas cores o fizessem se sentir vivo.
A escolha estética de fazer todo o sangue ser colorido é simplesmente genial, pois, além de simbolizar a “vida” voltando ao personagem, ao mesmo tempo, dá uma amenizada legal no tom do anime (talvez até drible a censura). Em outras palavras, ele fica mais vibrante, mais divertido, mesmo que estejamos no meio de um fucking apocalipse zumbi.
Gosto dessa escolha porque é assim que Akira se sente. Estamos, agora, sentindo o que o prota sentiu naquela hora. E o melhor é sua conclusão depois de correr que nem louco de um banco de zumbis: não irá precisar trabalhar!!! Agora tem todo o tempo do mundo para fazer as coisas que queria fazer e não fez por conta de seu trabalho e sua empresa.
E daí vem o título: Bucket List of the Dead, ou, no português, 100 Coisas para Fazer Antes de Virar Zumbi.
Um anime de zumbi que, como antes dito, inova dentro da não inovação
Ninguém mais quer assistir um apocalipse zumbi, afinal, todos já vimos vários, não!? (apesar de que, pessoalmente, só me lembro de ver zumbis em High School of the Dead e, bem, digamos que o anime não era bem sobre zumbis…).
Agora, eu duvido que você já viu um apocalipse zumbi com uma paleta de cores tão viva, com um tom tão leve.
Além disso, é um anime, que, pelo menos até onde me lembro, não explora tanto assim a temática dessa forma. Ver isso na mídia anime, e muito bem feito, é interessante! E para fechar com chave de ouro: é um anime que quer discutir algo.
Zom 100 e a crítica ao capitalismo
Você precisa de 1, ou talvez 2 neurônios para entender que Zom 100 não é, também, pura e exclusivamente a história de um jovem que quer “se divertir” em meio à um apocalipse zumbi.
O anime traz, constantemente, discursos sobre como o capitalismo pode ser falho e como não deveríamos precisar passar pelos sufocos que passamos em sociedade. Não entrarei na pauta de concordar ou discordar, pois nunca fui muito à fundo para estudar o assunto e poderia falar besteira aqui.
Vivo o capitalismo, mas entendo parte dos problemas de ambos os sistemas (e existem muitos mais do que apenas capitalismo e comunismo).
Em outras palavras, reconheço que existem uma porrada de pontos negativos na maneira como nossoa sociedade hoje funciona. Zom 100 grita, berra essa discussão, e você só não enxergará se não quiser. Entretanto, o mais impressionante é que é um anime super possível de ser assistido enquanto se ignora essa discussão.
Parece contraditório, não? Mas confia, assista e entenderá o que quero dizer.
Para fechar o tópico: se você é o chato do “tira política do meu anime!!!”, você conseguirá assistir ainda assim. O problema, ao meu ver, é que essa discussão é, com certeza, a principal reflexão que o anime quer fazer. Você não precisa concordar, mas ignorar ela é simplesmente ignorar boa parte (ou toda ela) da mensagem que o autor Kotaro Takata (Haro Aso) está querendo passar.
Fun fact: é o mesmo autor do mangá Alice in Borderland, cujo live-action já tem crítica aqui na Cúpula, que, de certa forma, brinca com essa ideia de modificar a forma como a sociedade e as relações economicas e sociais funcionam. Eu curto!
Finalizando as primeiras impressões de Zom 100: Bucket List of the Dead
Zom 100 estreou com um dos melhores primeiros episódios que já vi na minha vida! (emocionadíssimo!)
O episódio é tão bom que poderia ser facilmente um curta-metragem que, com muita criatividade artística, te prende numa narrativa surpreendente, divertida e que, de quebra , faz uma bela duma crítica social que fará você refletir, quer você seja à favor ou contra o capitalismo.
Os demais episódios são interessantes também, pois temos mais personagens sendo introduzidos ao que parece ser o núcleo principal da série. A opening deixa claro que teremos um quarteto, e sendo sincero, parecem todos carismáticos e interessantes! O design dos personagens é legal demais.
Não sei dizer exatamente para onde o anime irá, mas acredito que não focará em ficar tentando explicar o apocalipse e seu epicentro. Penso que o foco será mais sobre os laços que esses personagens farão, e em como eles decidem encarar essa nova realidade. Seria para onde eu gostaria de ver essa história ir, pelo menos.
Zom 100: Bucket List of the Dead ficou eleito como uma de nossas três escolhas trovejantes da temporada, e acredito que você deveria considerar uma RegraDe3 dele.
Mas, me conta aí, quais foram as suas primeiras impressões deste anime?