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Análise

My Hero Academia: Two Heroes é bom? Vale a pena ver o filme? | Crítica

Tudo igual em My Hero Academia: Two Heroes, só que sem sal
20 minutos para leitura

É fato que o primeiro filme da série Boku no Hero, intitulado Boku no Hero Academia: Futari no Hero (My Hero Academia: Two Heroes) passou já faz um tempo nos cinemas japoneses. Mais precisamente, chegou no dia 3 de agosto de 2018. 

Para nós brasileiros, aqui do outro lado do globo, chegou somente agora no dia 8 de agosto de 2019. Mais de 1 ano depois! Mas como eu já assisti (fui no Japão ou em SP ver, obviamente), resolvi trazer aqui uma breve análise desse filme que ao mesmo tempo que aquece meu coração, me decepciona. 

Vale ressaltar que o longa foi o segundo filme de animação que mais capitalizou dentro do país de comedores de sushi. Pelo menos até o dia que eu consultei o Box Office Mojo para escrever essa crítica. Além disso, o lucro foi cerca de 5,7 milhões de dólares.

À termos de comparação, chegou até passar o grande marco de 5 milhões de dólares do sucesso de Your Name. Contudo, continua longe de Dragon Ball: A Ressureição de Freeza, que trouxe para o bolso da produtora aproximadamente $8 milhões.

My Hero Academia: Two Heroes, elenco do filme voando

Acredito que o título de segundo lugar foi conquistado principalmente através da elevadíssima popularidade do mangá e do anime, porque o filme por si só não é lá essas coisas (apesar de não ser ruim).

Após terminar de ver My Hero Academia: Two Heroes eu percebi que eu talvez seja um pouco hater de filmes de shounens num geral. Mas meu desgosto é justificado, juro! Só continuar lendo para ver se concorda ou não com meus motivos rs

Um plot consistente, porém isento de inovação

Por si só a história não é um problema.

Na verdade, o plot acaba por ser o clássico que já costumamos ver em diversas obras. Os protagonistas vão para um lugar desconhecido da audiência (ou seja, um local que não é mencionado no material original) e, coincidentemente, é bem nessa hora e local que vilões decidem cometer atos maléficos.

O filme começa com uma visita de nosso queridíssimo herdeiro do One For All, Midoriya Izuku, e de seu mestre, All Might, à uma ilha chamada I-Island. Nesta ilha, os cientistas mais inteligentes do planeta desenvolvem as tecnologias mais avançadas quando o assunto é auxílio para heróis chutarem a bunda de criminosos.

My Hero Academia: Two Heroes, I Island
“A famosa ilha que talvez nunca mais irá ser mencionada”

Obviamente, se a visita a ilha fosse apenas em uma visita mesmo, o filme não teria garça, né? Estaríamos apenas vendo um episódio de, sei lá, One Piece, onde nada acontece.

Então, é claro, a chegada de nossos heróis coincide com a invasão sorrateira de alguns vilões na I-Island. Ainda não se sabia as intenções dos caras malvados. Todavia, fica bem evidente que eles não estão ali para muita brincadeira não. 

A partir desse momento já tinha ficado claro que vai dar merda. A salvação, por sua vez, terá de vir de nossos dois heróis que estavam coincidentemente por ali. 

O filme se passa entre o final da segunda temporada e o começo da terceira temporada do anime. Só para contextualizar.

Por enquanto, apesar de cliché, não tive problemas reais com essas escolhas. Afinal, mesmo que eu ame muito a série Boku no Hero, seria injusto exigir algo muito revolucionário de um anime parece usar “Sky High”, da Disney, como inspiração. 

O primeiro problema

Brincadeiras a parte, os filmes de shounens de batalha geralmente nos apresentam plots “fracos”. Em suma, eles não adicionam nada de verdade à história principal

Pegue como exemplo Bleach, Naruto ou One Piece, tanto faz. Qualquer um deles tem muitos filmes, entretanto quantos deles são fillers? Até onde eu sei, pelo menos 99%. 

No máximo Boruto: Naruto the Movie, já que é uma introdução ao anime homônimo, mas ele nem conta. Boruto não é anime, Boruto é só uma exploração sem controle de um universo ninja inteiro mesmo.

Fazendo a autópsia

Voltando ao assunto, o problema talvez nem esteja um filme ser filler. O problema talvez esteja na dificuldade de entregar um filme memorável

Como comentei no review do primeiro filme de Nanatsu no Taizai, eu entendo completamente a escolha de os roteiristas e diretores do longa não poderem trabalhar mitologias diferentes da do material original. 

Entendo também que eles não poderiam simplesmente matar um personagem que faça parte do enredo da história principal, tipo o Bakugo ou a Uraraka. Seria insano fazer algo assim. Afinal, no anime e no mangá tais personagens estão vivos. Como eu já disse, filmes de anime costumam serem fillers. Um extra. 

Analisando tais pontos fica bem difícil da equipe de produção entregar um plot que tenha algum tipo de climáx dramático. Os responsáveis pela produção do longa não podem fazer coisas que podem causar discrepâncias com o material original.

Sendo assim, o filme precisou trilhar dentro do que era totalmente esperado. Foi completamente previsível até praticamente seus momentos finais, que apesar de apresentar um plot twist, não é algo que realmente te deixa atordoado. É mais algo tipo: “Ah, então era você o real vilãozinho? Hm, ok”.

O bracelete salvador que nunca mais voltará

My Hero Academia: Two Heroes até tenta gerar impacto com a introdução de um artefato chamado “Full Gauntlet”. Tal artefato permitia que o protagonista conseguisse utilizar seu poder máximo três vezes sem se estourar todo. 

My Hero Academia: Two Heroes, Midoriya com o Full Gauntlet
“O design ficou bem maneiro, parece umas bandagens”

Midoriya o utiliza durante o filme, porém é algo que meio que passa despercebido e não gera muita comoção, porque todos já sabemos que no fim das contas a luva vai quebrar depois que o antagonista sem carisma estiver derrotado e, posteriormente, nunca mais será mencionado (o artefato) fora desse filme.

Reforço que eu compreendo o motivo de terem que trabalhar em cima de um plot insonso, mas isso não quer dizer que eu tenha que gostar rs

Dissecando o plot sem sal

Como qualquer outro filme de anime, um núcleo de personagens novos é introduzido: Dave e Melissa Shield, dois cientistas que são pai e filha.

My Hero Academia: Two Heroes, Dave e Melissa Shield
“Tal pai tal filha”

Dave é um grande amigo que All Might fez durante seu período de estágio nos EUA. Eles viraram uma dupla dinâmica, e, no fim, Dave acabou por idolatrar All Might, pois o jovem cientista acreditava que seu colega tinha potencial para virar o pilar da paz mundial (e de fato virou anos depois).

Dave não possui individualidade (ou quirk, do inglês). Porém, ainda faz o bem à sua maneira, produzindo tecnologias de combate ao crime. A admiração do pai de Melissa por All MIght é sincera e bela. Na verdade, o relacionamento dos dois é algo a ser respeitado.

My Hero Academia: Two Heroes, All Might e Dave no passado
“O olhar de admiração nasceu tempos atrás…”

Melissa, por sua vez, é uma jovem garota que segue os passos do pai. Por sua vez, ela idolatra o pai. A garota gosta muito do seu “tio” (ela chama o All Might de tio), mas o amor por seu pai é algo em outro patamar.

Ama-o tanto que apesar de não possuir individualidade e ter seu sonho de ser heroína arruinado por isso, ela ainda quer ser impactante no mundo. 

O espelhamento dessas duplas, Melissa e Midoriya com All Might e Dave, é bem interessante. Interessante o suficiente para se ter na história principal de Boku no Hero, na minha opinião. Pena que é filme filler e provavelmente nunca mais ouviremos falar deles.

O que você sugere, André? Seu chato.

Ei. Voltando ao tópico: como corrigir isso então? Como gerar um climáx em um filme que não pode alterar a obra original?

Bom, eu não sou escritor, nem roteirista e muito menos diretor. Mas não me parece algo tão impossível assim de se fazer.

Vamos supor, se imagine sendo diretor de um anime. Você introduz personagens legais (Melissa e Dave). Desenvolve ambos o suficiente para deixar a audiência pelo menos levemente apegada a eles. Depois, no ato final do filme, escolhe um deles para matar ou gerar um trauma pesadíssimo.

Eu aposto o que quiser que esse fator faria muita gente ficar chocada. Até mesmo chorar. Além disso, o “assassinato” viraria uma motivação foda para os heróis darem um cacete com vontade no vilão. 

Não me leve a mal, não é que eu quero chorar ou algo assim (ou matar personagens a torto e a direita).

Eu só queria algo que me deixasse pelo menos apreensivo, sabe? A hora que “aquele personagem” leva um tiro, e ele simplesmente não caiu morto ali, eu já tinha certeza que ele não morreria mais. Independentemente do que o vilão fizesse com ele.

O cara levou um tiro, ficou sendo arremessado de um lado para o outro, quase é esmagado em meio a toneladas de metal, mas não morre.

Era a janela perfeita para uma morte bem orquestrada. Pensa comigo: um personagem que não é “herói”, se sacrificando num ato completamente heróico! Ainda mais na frente de outros personagens que o amam. Vai dizer que não ficaria dramático? Até então não houvera, de fato, um climáx em My Hero Academia: Two Heroes. Ali era o momento. Porém, é claro, o efeito “shounen genérico” falou mais alto.

Porém, tenha em mente

As sugestões aqui se aplicariam no caso de o filme ser de fato um filler, como fora anunciado até a data que eu escrevi a análise.

Se o filme for na verdade um filme “canon”, então obviamente matar aquele personagem não faria sentido. Seria como matar o Vegeta em Dragon Ball Super: Broly (no meu review sobre o último filme do DB, eu comento que ele foi um filme que é continuação direta do anime).

Matar um personagem, causar um grande trauma, ou pelo menos um vilão carismático como os da série principal… qualquer coisa assim teria tornado My Hero Academia: Two Heroes memorável, com certeza.

My Hero Academia: Two Heroes, vilão que eu nao lembro o nome usando uma mascara
“Ótima voz, carisma péssimo”

Combatendo patologias externas

Em meio a toda a confusão do “climáx”, envolvendo o vilão final e alguns dos personagens principais, outros alunos da classe 1-A dá U.A. estão travando suas próprias batalhas.

Aliás, péssima escolha em simplesmente trazer TODOS os colegas de classe do Midoriya ali para a I-Island.

Uns até tiveram motivos bem justificados, mas, assim como Boku no Hero faz em seu material original, os personagens que põem a mão na massa são sempre os mesmos. Não sei para que trazer o cara do açúcar ou a menina invisível junto. Completamente desnecessário.

My Hero Academia: Two Heroes, nucleo principal da UA
“Eu sei que não se deve pausar frames, mas olha a cara da Jirou kkkkk”

Contudo, preciso admitir que é sempre interessante ver a forma como a amizade do Bakugo e do Kirishima brilha através da rivalidade ou a união da dupla Kaminari e Mineta também, que são sempre dois zé ninguém, porém acabam ajudando bastante no final das contas. A Yaomomo sempre inteligente e surpresa com o Todoroki e o Iida com o jeitão de líder da sala. Todos muito característicos e carismáticos. Eu legitimamente amo esse pessoal.

As personalidades e individualidades dos personagens secundários se manteve muito fiel ao material original, não havendo um aumento súbito de poder por parte de algum personagem para resolver alguma situação inusitada.

As soluções para os problemas continuaram sendo engenhosas e sagazes, igual vêm sendo ao longo de toda a série de Kōhei Horikoshi, e isso me deixou bem feliz.

Qualidade técnica digna de “Boku no Hero”

A parte técnica é de deixar o queixo caído, como sempre. 

O nível da animação é muito acima da média. A trilha sonora utilizada é a mesma do anime, então não tinha como ser ruim. O character design ficou bem fiel ao anime, então não há muito para ressaltar aqui. 

Eu não tenho certeza, mas acredito ter lido que a maioria dos bons animadores do estúdio Bones (aqueles que participam da produção da série principal Boku no Hero) estavam trabalhando no filme.

Provavelmente foi por isso que o longa ficou bem feito e com animações tão fluidas em 2D. Enquanto isso, a qualidade técnica da terceira temporada do anime decaiu levemente. 

Um possível problema na categoria técnica seria quanto a narrativa adotada. Além do problemão dos clichés antes mencionados, a decisão de incluir diversas cenas já antes vistas na série animada, que funciona meio que como um apanhado geral, para dar um “resumão” para quem não tem contato direto com Boku no Hero, não beneficiou o filme.

Talvez a ideia de colocar todos os participantes da turma 1-A tenha sido pelo mesmo motivo de “resumão”. Mas de qualquer maneira não me agradou muito. 

Caso você seja uma pessoa que não consumiu assiduamente os outros materiais de Boku no Hero, isso provavelmente não foi um problema para você. Entretanto, para mim, um fã de carteirinha da série, (menos que o Túlio, claro) acabou ficou repetitivo.

Finalizando…

Não é que eu não tenha gostado do filme, longe disso. Eu só achei que ele deixou a desejar em alguns pontos, como vim mencionando até agora.  

Algo que com certeza não contribuiu também foi porque as notícias click bait da época da estreia japonesa do filme diziam que seria um filme que ia tratar sobre o passado do All Might e cosias do tipo. O que, na verdade, foi só alguns flashbacks do herói em seus dias no território norte americano. 

Eu fui esperando um filme focado no All Might e no passado dele, não num filme gerido principalmente pela fórmula padrão de shounen clássico, onde a problemática consistiu em um vilão sem graça (porém com a voz fodástica do Rikiya Koyama, vale dizer) que só virou mais um obstáculo a ser superado pelos protagonistas, em uma luta que apesar de muito bem animada e sonorizada, foi bem sem sal e sem clímax. 

My Hero Academia: Two Heroes, All Might brilhando ao sol
“Homão da porra”

Diferente da aberração que foi Nanatsu no Taizai: Prisioners of the Sky, o filme de Boku no Hero não sujou a mitologia proposta no material original e não utilizou de clichés imbecis.

É sério, se o antagonista fosse um cara igual ao All Might ou um sósia do Midoriya, simplesmente “porque sim”, eu acho que eu pausava e parava de assistir. Eu devia ter feito isso em Prisioners of the Sky (sério, eu detestei o filme do Nanatsu). 

Sintetizando, Boku no Hero: Futari no Hero (My Hero Academia: Two Heroes) não é um filme ruim, ele só é mais um daqueles filmes que quando em uma roda de amigos, você acabar por comentar “Ah, eu não vi esse filme ainda”, alguém que já assistiu vai falar “Ah, você não viu ainda? Não tem problema, não perdeu nada”.

Segue o veredito…

Nota
6.5

/10

Não dei 7,0 porque pra mim sete é média - e esse filme foi abaixo dela. E para você? Aliás, aproveita e comenta também o que achou da minha solução para o climáx. Achou pífia? Ou ainda pior do que como foi? 🙁

EXTRAS

Dave com cara de maluco em My Hero Academia: Two Heroes
“Minha cara ao terminar o filme. Não sabia se tava feliz, confuso ou triste”
Godzilla em My Hero Academia: Two Heroes
“KKKKKK GENIAL”
My Hero Academia: Two Heroes, Bakugo e Todoroki torcendo
“Eu acho que o Bakugou estava torcendo pro Midoriya nessa cena. É filler mesmo…”
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Escrito por

André Uggioni

Co-Fundador

Host do CúpulaCast

Criciúma - SC

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