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Análise

Kaguya-sama: Love is War é bom? Vale a pena ver o anime? | Crítica

Uma batalha amorosa, hilária a beça e com um casalzão: conheça Kaguya-sama: Love is War
20 minutos para leitura

Existem obras que trabalham com grandes batalhas e atos heroicos super relevantes. Isso chama a atenção e prende o público.

Existem obras que utilizam diversos cenários bonitos e backgrounds diversificados e detalhados. Isso chama a atenção e prende o público.

Existem ainda obras que usam plot twists que trazem um novo ponto de vista para a história. Isso também chama a atenção e prende o público.

Agora, você sabe o que mais chama a atenção e prende em Kaguya-sama: Love is War? Não foi nenhuma das opções acima. Afinal, comédias românticas não costumam ter as características antes citadas mesmo, né?

Você deve estar pensando: ah, então o que foi bom de verdade foram os personagens, né? Ou melhor, o relacionamento deles! Certo?

Não nego que o elenco em Kaguya-sama é realmente ótimo e suas interações são interessantíssimas e hilárias. Entretanto, não foi essa a característica que mais marcou nesse anime. O mais marcante foi o fato de a direção do anime ser impecável.

Porque o meu destaque vai para a direção? Pois bem, o que você esperaria de um anime que trabalha, basicamente, apenas 4 personagens conversando em um único ambiente? No meu caso, me pareceu de cara que seria algo extremamente maçante de assistir. 

Eu estava errado. Bem errado. A palavra maçante ofende Kaguya-sama: Love is War, e nesse review vou tentar te convencer do porquê.

Elenco de Kaguya Sama Love is War na sala do conselho

Os líderes da escola

Em Kaguya-sama acompanhamos os exemplares e admiráveis presidente e vice-presidente do conselho estudantil, Shirogane Miyuki e Shinomiya Kaguya, respectivamente. Acompanhamos eles na guerra diária para conquistar o parceiro romântico.

Kaguya sama protagonistas Shinomiya e Shirogane se olhando
“Admiração e amor mútuo, porém desconhecido entre as partes”

O herói!

Shirogane é o presidente do conselho de uma escola de elite japonesa, a Shuchiin. Apesar de frequentar a escola de elite, o presidente não é pertencente da alta sociedade, mas ele definitivamente é um estudante de elite. 

Não é um milionário ou herdeiro importante de uma família rica. Ele é só um adolescente trabalhador e ambicioso. Ele deu muito duro para conquistar sua entrada na escola. Além disso, ele chegou ao respeitoso cargo de presidente do conselho estudantil. 

O cansaço de tanto estudar, trabalhar e comandar o conselho da escola é notável por meio das suas gritantes olheiras.

Ah, e claro, as olheiras não vem só de seus afazeres. Elas vem também de enfrentar batalhas psicológicas diárias para fazer com que sua estimada e amada rival, Shinomiya (a vice-presidente) se confesse. Ele a ama do fundo do coração. 

A heroína!

Shinomiya é uma garota da nobreza, ao contrário do presidente-kun. Bela, inteligente e rica, a protagonista não demonstra esforço algum em suas tarefas diárias de vice-presidente do conselho estudantil.

Ela possui uma aura de “estou no controle” e consegue fazer um olhar intimidador quando quer. Por fora ela age como uma pessoa controlada e calma, porém, por dentro, ela mal consegue segurar seus sentimentos secretos por seu amado, o presidente. Pois é, eles se gostam! ~chocante

Essas características é que tornam muito mais engraçado quando nós, a audiência, podemos ver o que ela realmente está pensando. O melhor é que ela não é aquelas personagens tsundere chatas, clássicas desse tipo de obra. 

Com o passar dos episódios é possível perceber que a Shinomiya tem planos muito mais mirabolantes e geniais do que o Shirogane. O objetivo é o mesmo, claro: tentar conquistar seu crush.

Kaguya-sama, protagonistas com armas
“Preparados para a batalha”

Conquistar sim, confessar não!

A palavra “war” (guerra) do título pode até parecer muito forte para descrever a situação deles, mas o ambiente da sala do conselho estudantil se assemelha muito a um campo de batalha. Uma batalha psicológica. Uma batalha de orgulho!

Por que orgulho? Porque os dois na verdade se gostam. Só que nenhum deles quer dar o braço a torcer e se confessar. A real pretensão deles é fazer o outro se declarar, pois, na cabeça deles, quem fizer primeiro estará “abaixo” do outro.

Fazendo uma rápida analogia ao mundo real, tem muita gente que, quando nessa situação de querer se confessar a alguém, hesita. Acredita-se que o ato de se confessar de fato traz certa vulnerabilidade a quem faz a confissão.

Vulnerabilidade essa que provém do fato de a pessoa a quem você se confessou agora ter “poder” sobre você. Por gostar dela, você se torna “refém” dela. Claro, isso se tratando de amor adolescente e tal, onde não há muita maturidade ou experiencia de vida. Ou será que até mesmo adultos se sentem assim? Difícil dizer se tal afirmação seria exagero…

“The things we do for love…” – Jamie Lannister, Game of Thrones, 1ª temporada. 

Na guerra de Kaguya-sama: Love is War você deve conquistar o amor do seu inimigo, mas de maneira que não fique claro que você está querendo o amor dele! É a condição perfeita para desenvolver uma narrativa cheia de humor.

O ponto chave de Kaguya-sama ser tão incrível

Kaguya-sama é bem diferente de animes de comédia romântica tradicionais, onde muitas vezes os personagens se gostam, mas a história só traz situações inconvenientes ou mal-entendidos forçados para que o relacionamento do casal principal nunca passe para a segunda base (as vezes nem chega na primeira).

Na verdade, Kaguya-sama não trouxe clichés. Melhor colocando: a obra trouxe clichés, porém a maioria de maneira intencional. A ideia foi ironizar algumas das situações de comédias românticas. Ainda, o anime encontrou espaço para utilizar esses clichés em situações que cativam quem assiste. 

Os romances japonêses (principalmente os escolares) costumam funcionar com dois tipos diferentes de “nada acontece”. Vou usar aqui uma citação do vídeo de um canal do YouTube, chamado Engine Lobo: 

  • Nada acontece comum: o anime promete um desenvolvimento desde o começo da obra, mas, no fim, ou desenvolve mal, ou nem desenvolve o relacionamento do casal;
  • Nada acontece de Kaguya-sama: o anime não promete desenvolvimento algum, pois a proposta é justamente fazer tempestades em copos d’agua, através de táticas malucas para fazer o parceiro romântico se confessar. Sendo assim, qualquer desenvolvimento do casal é lucro para a audiência. ~e pasmem, de fato há progressão na relação dos dois.

Os coadjuvantes majestosos

Os personagens secundários não ficam para traz quando o assunto é “ser marcante”. Fazia tempo que eu não via personagens de suporte tão legais e diferentes quanto a energética Fujiwara Chika e o depressivo Ishigami Yuu. 

Chika é a secretária do conselho estudantil, e provavelmente é uma das personagens mais overrated do ano (eu não achei ela tão genial quanto a repercussão que ela teve na internet, me julguem). 

Não posso (e nem pretendo) negar que ela é muito animada e tem umas tiradas sensacionais. Se ela está na cena provavelmente acontecerá algo engraçado, isso é fato.

Há ainda alguns indícios de que ela é totalmente entendida de tudo. Talvez, na verdade, ela está mediando o romance do casal principal, tentando ajudar da maneira que é possível. 

Só que em outros momentos, ela parece só uma personagem cabeça de vento mesmo, o que torna um pouco confuso para eu descobrir se ela é um genial guru do amor ou só uma personagem fofa e bobinha.

Chika brava de Kaguya-sama
“Desculpa Chika, você é fofa, mas você não é tudo isso”

Por sua vez, Ishigami, o competente tesoureiro da escola Shuchiin, atua como um personagem passível a ser descartado no começo do anime, já que ele acaba por ser somente o “saco de pancada” das garotas do conselho.

Todavia, não muitos episódios depois de sua primeira aparição, ele se mostra um personagem que é bem mais do que aparenta ser. Ele tem uma interação muito divertida com a Shinomiya. Além disso, acho que pode ser considerado um “melhor amigo” bem diferente dos “melhores amigos” presentes em comédias românticas, já que estes costumam ser aquele cara meio abestalhado ou o maníaco dos esportes.

Ishigami de Kaguya-sama tremendo
“Ishigami morre de medo da Shinomiya, mas convenhamos, é cada bola fora que ele dá…”

Quanto à parte técnica…

Os traços são bonitos, mas não são mirabolantes. Comparando com os animes do gênero, eu diria que Kaguya-sama se encontra acima da média.

O design dos personagens é muito bem feito. Só gostaria que o Shirogane tivesse usado outra roupa além do uniforme o anime todo rs

A paleta de cores adotada pela equipe de arte é interessante. Ela é recheada de cores vivas e características, que dão um up na cena. O anime não possui cenas muito dramáticas ou tristes, mas nas que possui, as cores se adaptam muito bem para passar o sentimento certo ao telespectador.

A animação não entra muito em debate aqui. Kaguya-sama não é um anime de ação, sendo assim as cenas mais “estáticas” predominam. Contudo, comparando a outros animes com temáticas e gêneros parecidos, está também acima da média.

A trilha sonora é genuinamente simples, mas chama atenção quando quer. Nos momentos de euforia ela se anima, e também se entristece quando necessário.

O crédito proveniente da qualidade acima da média de Kaguya-sama vai para o estúdio A-1 Pictures, que possuí grande fama através de renomadas obras do mercado, tais como Shigatsu, SAO, Ano Hana, Ao no Exorcist, Magi… são muitas obras muito bem feitas. Esse estúdio merecia estar na escola Shuchiin, porque ele é definitivamente “de elite”.

O Galvão Bueno dos animes!

Ainda sobre a parte técnica, é impossíovel deixar passar em branco o narrador de Love is War.

Ao meu ver, o elemento narrador costuma atuar quando a staff chega a uma conclusão assim: “não conseguimos fazer um roteiro/animação autoexplicativo nessa cena, logo, vamos por um cara com voz grossa falando o que obviamente deveria ser transmitido por diálogos ou feições”.

Eu não gosto muito de narradores. Na maior parte dos casos eu acho um pouco forçado ou desnecessário, pois ficam explicando coisas que já estão claras para qualquer pessoa que tenha um cérebro (tipo em Hunter x Hunter, eu particularmente detesto aquele narrador).

Por outro lado, temos casos como o de Kaguya-sama, que sim, conta com um narrador, mas um bem animado e carismático, o que dá um toque especial para o anime. Em Kaguya, apesar de o narrador comentar o que realmente deveria ser óbvio, ele dá muita emoção e energia para suas colocações, tornando suas sentenças muito cômicas e elevando o teor irônico do anime à outro patamar.

A direção impecável

Ao pesquisar um pouco (ou assistindo e analisando animes como Shirobako), você passa a entender um pouco mais do funcionamento da indústria dos animes e sobre quão forte é a palavra do diretor dentro de um projeto. 

O diretor geralmente é quem monta o storyboard, e o storyboard é o que vai ditar o rumo dos acontecimentos. Até mesmo o roteiro é construído através do estudo do storyboard

Ou seja, o diretor foi responsável pelo timing cômico perfeito em Kaguya-sama, já que o timing consta no storyboard. Ele foi quem escolheu quando e como seriam as cenas de humor e todas aquelas onde tínhamos algumas animações malucas como o fundo mudando de cor ou ficando psicodélico.

Shirogane e Shinomiya de Kaguya-sama se olhando com uma aura
“Kaguya-sama caprichou na utilização de efeitos para aumentar o impacto das cenas! ”

Naturalmente, até mesmo quando os personagens mudavam o comportamento e faziam algo inesperado, foi o diretor quem sugeriu – ou pelo menos foi quem deu a palavra final.

Palmas para os diretores de episódio, mas mais palmas ainda para o diretor: Omata Shinichi (que também atende pelo nome de Mamoru Hatakeyama). 

Ele tem muitos serviços em seu portfólio, mas garanto que a experiência que ele adquiriu quando trabalhou em um antigo anime de comédia non-sense, chamado Arakawa Under the Bridge, foi de extremo valor para atingir o nível que atingiu em Kaguya-sama wa Kokurasetai: Tensai-tachi no Renai Zunousen (o título em japonês completo é bem assustador).

O gênero “comédia” explorado com maestria

Em animes de romance escolar como Kaguya-sama wa Kokurasetai (Kaguya-sama: Love is War), geralmente têm-se duas opções de gêneros para desenvolver a história, juntamente com o relacionamento dos personagens. A comédia, ou o drama.

O drama costuma ser utilizado quando se que tem uma narrativa mais densa e pesada, que se voltem para o clássico caso de o protagonista ou a heroína terem sofrido algum tipo de trauma (na infância ou recente), e aí se fecham para o mundo. 

E quem vai salvar essa pobre dramática alma traumatizada? O seu par romântico e seus amigos, através de diálogos filosóficos e muita choradeira. Muitos animes trabalham algo parecido com isso, por isso dei o exemplo, mas é claro que existem outras alternativas dentro do “drama”. 

Já em animes de comédia, a história costuma progredir de uma maneira lenta e quase não tão perceptível. Você estará ocupado rindo (ou deveria estar) e não presta muita atenção nos detalhes . Às vezes, nem há uma “história” real nas comédias, quando são mais non-sense, tipo Saiki Kusuo no Psi-nan.

No caso da comédia, a evolução dos personagens ora é nula, ora parece que o elenco sempre teve uma intimidade avançada. Além disso, o passar dos episódios faz parecer que não houve progresso na relação deles.

Kaguya-sama, por sua vez, optou por trabalhar a “comédia” como o seu meio principal de entretenimento, só que trabalhou muito bem. Tão bem que provavelmente está no meu top 10 de animes desse gênero.

Finalizando…

Concluindo, acredito que Kaguya-sama: Love is War é uma ótima chamada caso você queira ter uma experiência única com um anime que aborda muito bem o gênero “comédia romântica”. 

Tudo flui muito bem e, apesar da pouca variedade de ambientes, não é nem um pouco chato ou cansativo de assistir. Na verdade, quanto mais você vê, mais você quer.

Pelo menos até certo ponto, porque animes que tem “mini-episódios” dentro de um episódio normal de 20min podem ser algo bem difícil de maratonar. Senti muito isso em Saiki Kusuo no Psi-nan, tanto que nem terminei de assistir ainda.

Em Kaguya-sama a história não é memorável, porque é basicamente a rotina dos personagens. Porém a comédia com certeza vai cativar você, e os personagens, diferentes da história, são memoráveis à beça! Principalmente a Shinomiya e a Chika (ah, e por falar nisso, Shinomiya >>>>> Chika).

A parte técnica não deixa a desejar. O padrão do anime pode ser classificado como bem acima da média quando comparado a obras do mesmo âmbito que tem a mesma proposta.

Além disso, o diretor fez um excelente trabalho. Eu sou ruim para dar risadas assistindo qualquer coisa sozinho, mas confesso que Kaguya-sama não teve dificuldade para me fazer rir – fora que o carisma dos personagens é tão marcante que você se sente na vontade de estar sentado com eles nas cadeiras do conselho estudantil, só para poder ver suas interações bem de pertinho.

Sintetizando, o desenho mostrou que mesmo que com só um ambiente e um elenco de praticamente só 4 personagens pode dar muito certo quando bem produzido!

Kaguya-sama não vai virar um megahit, mesmo que ele não siga a “safezone” mencionada pelo Goga num outro artigo aqui da Cúpula, mas eu gostei muito da obra, então, fico com um…

Nota
9.0

/10

Esse anime me cativou muito e me fez rir demais. Tudo funcionou bem, mas, na minha opinião, os personagens merecem o destaque. E para você?

EXTRAS

Shirogane e Kaguya tiltados
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Escrito por

André Uggioni

Co-Fundador

Host do CúpulaCast

Criciúma - SC

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