Vagueando por essa terra sem lei chamada internet, mais uma vez me deparo com um mangá, no mínimo, insólito: Himenospia. Dessa vez, a experiência não foi tão agradável quanto da última vez com Musume Janakute, que também encontrei por um simples acaso. Porém, Himenospia possui uma temática curiosa.
Himenospia é o mangá da garota que é ferroada por uma vespa e a partir deste incidente adquire a capacidade de mudar seu mundo e o mundo das pessoas a sua volta. A história, até certo ponto, possui um conceito original. Embora a construção de sua narrativa arruíne essa originalidade, ainda assim a obra consegue ser interessante o suficiente para te fazer querer entender um pouco mais.
Entretanto, antes de iniciar de fato a dissertação sobre este título, algumas informações necessárias. Himenospia aponta-se como para +18. Não exclusivamente por conter um conteúdo de cunho sexual ou xingamentos. Existem, estão ali. Mas, sobretudo, por denotar fortes momentos envolvendo bullying, abusos e por aí vai. A mensagem inicial que ele passa, psicologicamente falando, é forte.
Outro ponto que é interessante ressaltar aqui é o fato da narrativa ser direta. Aquilo que se lê na sinopse é exatamente aquilo que se expõe logo nas primeiras páginas. O mangá não enrola para entregar aquilo que precisa.
O que para uns pode ser um ponto positivo, esse rushamento pode atrapalhar um pouco a experiência para outros. Ademais, esta crítica é embasada apenas no primeiro volume do mangá. Enfim, dadas essas informações iniciais, que tal conhecer um pouco mais a história de Himenospia?!
- Autor: Shinya Murata (Story), Nobuhiko Yanai (Art)
- Ano de publicação: 1 de março de 2017 até 16 de Abril de 2021
- Capítulos: 41 (completo)
- Gêneros: Action, Drama, Sci-Fi, Supernatural, Seinen
Fui picada por uma vespa e…
Já ficou bem nítido que o clímax desta história é a garota sendo picada por uma vespa e tudo ao seu redor sendo modificado. Contudo, vamos fazer uma contextualização para entender como exatamente tudo isto aconteceu.
Em Himenospia acompanhamos a vida monótona e extremamente execrável de Himeno. A jovem é constantemente humilhada por suas colegas de escola. Ela sofre bullying, agressões verbais e até físicas. E não sendo suficiente, a garota também é espancada em sua própria casa, por sua mãe.
A lógica da mãe em bater em Himeno se baseia no fato do marido ter tido atração pela filha e ter abusado dela na infância. Enfim, nota-se que este início é por demais perturbador. Além do mais, um recurso que é usado na narrativa quando o objetivo é fazer com que o leitor sinta algo pelo personagem, é colocá-lo em situações desagradáveis.
A partir dessas inúmeras situações, passamos a sentir uma espécie de empatia e o apelo emocional é maior, uma vez que compactuamos ou sentimos algo mais forte pelo sofrimento do personagem. E embora isto seja um ótimo recurso, comigo não funcionou. Pelo menos não em Himenospia. Mas está ali.
Por fim, o fatídico dia chega e Himeno é picada por uma vespa (aparentemente modificada) e tudo muda. Essa mudança começa inicialmente em seu corpo, que cria um enorme ferrão. A partir da picada desse ferrão, Himeno consegue “manipular” as pessoas, fazendo com que ela seja amada incondicionalmente.
Sendo assim, logo as garotas que a humilhavam passam a protege-la e sua mãe agora se desculpa por todo mal que um dia causou a ela. As grandes mudanças começam a acontecer na vida de Himeno.
O complexo de Kira
Um fato que achei deveras nada a ver foi a lógica de como Himeno entendeu seus poderes. A primeira pessoa que foi infectada surge um dia depois da picada para “ensinar” Himeno a usar o poder do qual a mesma garota foi infectada sem mais nem menos. Não fez muito sentido para mim, mas enfim.
Também, surge um grande debate dentro da história. Por mais que não tenha sido uma iniciativa propriamente dita da protagonista, em muito momentos ela entende que ela é a causadora de tudo.
Por meio dessas infecções que vão influenciando cada vez mais pessoas, e detalhe, funciona apenas em mulheres, emerge uma fagulha de “revolução”. A grosso modo, objetivar um mundo ideal onde Himeno não é tradada mal.
Já vimos isto acontecer em Death Note. Kira tentou estabelecer um mundo ideal, sem máculas. Entretanto, acabou não vingando e o desfecho não foi dos melhores. Aqui entra a ideia de que Himenospia até é original, mas acaba entrando em uma lógica já vista em outras histórias. Mais para frente tem mais alusões a outras obras.
O fanservice em Himenospia
Você sabe o que é função em narrativa? Basicamente, tudo o que está presente em uma determinada obra, em algum momento ela terá utilidade. Simples assim. A forma como o ferrão de Himeno é utilizado na história apela bastante para o cunho sexual. E afinal, para quê?
Sabe-se que ela tem um ferrão e sabe-se também a função desse ferrão. Contudo, o método de como se executa tudo isso é extremamente desnecessário. Fica no ar aqui, mas deve ser um tanto óbvio. Caso tenhas curiosidade, procure o mangá e descubra por si mesmo.
Flecha vermelha vs Ferrão da Himeno
Mais uma vez temos resquícios de outras obras em Himenospia. Desta vez é Platinum End, de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata (mesmos de Death Note). Na história de Platinum há uma flecha vermelha que serve, basicamente, para controlar pessoas. Embora haja uma série de regras, a finalidade é, em suma, a mesma do ferrão da protagonista.
Isso respalda ainda mais a lógica de que Himenospia acaba enveredando-se para uma história mais do mesmo. O que não é algo ruim. Afinal, mesmo com todo este comparativo, o mangá ainda possui sua parcela de originalidade.
As pseudo ligações criadas por meio da habilidade
Por meio dessas manipulações de Himeno em suas colegas, que passam a ser chamadas de “soldados” em um determinado ponto da história, gera-se ligações não genuínas. Entretanto, elas funcionam para amenizar a solidão da protagonista.
Quando ela começa a entender o funcionamento de seu poder e como aquilo é bom, ela não quer mais viver uma vida diferente. Também, é mais do que compreensível. Imagina viver uma vida isolado de tudo e todos, sendo odiado e, intempestivamente, ser amado por todos. Difícil querer retroceder para a antiga vida.
Todavia, essas relações, uma vez que manipuláveis, não são saudáveis. Por mais que Himeno e suas “soldados” digam que é real, ainda assim fica no ar aquele questionamento “será mesmo?”.
Finalizando as primeiras impressões do mangá Himenospia
O ponto alto é quando ocorre um assassinato envolvendo Himeno e suas “melhores amigas”. As autoridades de Tokyo entram na história, já sabendo da vespa, de que há uma pessoa com essa habilidade e com o objetivo de contê-la.
Enfim, muita suspeita envolvida, mortes e o grande avanço do que aparenta ser uma “revolução”.
O primeiro volume finaliza com uma grande tensão do que será dali para frente e quais serão as atitudes tomadas por ambas as partes.
Por fim, Himenospia não é um mangá excelente. Também, não é de todo mal. Himenospia é um mangá mediado que, de alguma forma, consegue chamar a atenção. Em síntese, é uma leitura que vale pelo menos para conhecimento.