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Análise

Santuário do sumô é bom? Vale a pena ver a série | Crítica

Santuário do sumô: a melhor adaptação de anime, sem ser uma adaptção de anime
Tempo não definido

Santuário do Sumô é uma série da Netflix, que a princípio parece algo meio besta, mas que na real empolga muito e diverte.

Após assistir tantos filmes, séries e animes, tendemos a ficar mais críticos. Afinal, depois de tantos títulos, é difícil algo parecer autêntico ou inovar. No entanto, algo ser “genérico” não o torna automaticamente ruim.

E é exatamente nesta situação que Santuário do Sumô se encaixa. Uma história extremamente genérica, mas muito bem feita. A estrutura narrativa dessa série é coesa, quase que seguindo uma estrutura da jornada do herói. Por sinal temos um texto maravilhoso sobre esse assunto escrito pelo @andre-uggioni.

Porém, há uma diferença aqui, pois o protagonista é o foda-se quase um “anti-protagonista” (se é que isso existe) – abordarei essa característa mais adiante.

Mas afinal, por que Santuário do Sumô é a melhor adaptação de anime, sem ser uma adaptação de anime!?

Primeiro e mais óbvio: é porque a série não é uma adaptação nem de anime nem de mangá.

Segundo porque ele é provavelmente o melhor shounen desse ano.

Essa série tem tudo que um bom anime shounen tem: um protagonista carismático, um objetivo quase inalcançável, um amigo/rival brabissímo, antagonista interessante, e o mais importante, um episódio inteiro dedicado a uma preparação para um campeonato que ele tem praticamente zero chances de vencer.

Oze de Santuário do sumô roubando uns delinquentes.
Um típico adolescente do Japão de 16 anos de idade.

Tá, agora que vendi o peixe, do que se trata essa série da Netflix?

Santuário do Sumô: ficha técnica

Criada por Tomoki Kanazawa e dirigida por Kan Eguchi (nunca ouvi falar de nem um dos dois), conta a história do Oze Koji, um jovem delinquente, mas muito bom de briga que busca se tornar um Yokozuna (equivalente a rei dos piratas, só que do sumô).

Zuera…essa seria a típica sinopse de um anime shounen genérico. Na verdade Oze só entra no sumô porque os lutadores de elite tem altos salários. Ele não liga para o esporte, sua real intenção é ganhar um dinheiro “fácil”.

Com seu jeito marrento de ser e sem respeito às regras e tradições, as coisas não serão fáceis e ao longo do caminho faz muitos inimigos e admiradores.

Oze é o oposto de um protagonista digno. Na luta, ele joga areia na cara do aversário, dá chute no saco, faz dancinha do Fortinite e não reverencia nada nem ninguém. Porém, aqueles lutadores que verdadeiramente entendem de sumô veêm que lá no fundo existe um Yokozuna.

Mas a história vai além do Oze, trazendo para nós, ocidentais, um pouco dos bastidores desse esporte que é praticamente desconhecido para boa parte do público. Antes de aprofundarmos na série, é fundamental compreender o contexto geral do sumô.

Caso você não queira ler sobre, basta clicar aqui para pular esse tópico. Mas ele se faz importante, pois a série não pára e explica como funciona o sumô.

Não tem o amigo burro do protagonista que não sabe nem como se toma um copo de água para ser nosso avatar e tudo ser explicado tim-tim por tim-tim.

O sumô

O sumô é um esporte milenar com quase 2 mil anos de história e ainda hoje possui muitos rituais e tradições. No Japão, o sumô não é apenas mais um esporte, ele é visto como uma cerimônia que remete à uma era mais tradicional e reflete a essência do que é ser japonês.

Porém, para aqueles que acham que a vida de mangaká é dificil, é porque não conheceram a vida de um lutador de sumô.

Para além de um treino desumano, os lutadores de sumô devem seguir uma série de condutas extra treino.

Lutadores mais jovens devem usar traje de tecido de algodão fino, mesmo no auge do inverno. Não é permitido: dirigir, celulares e tecnicamente não é permitido ter namoradas abaixo das duas primeiras divisões, ainda que se faça vista grossa quanto a isso.

Além disso, os lutadores moram no ginásio, não sendo permitido morar em outro local ou possuir famílias até chegar às 2 primeiras divisões. Caso caiam de divisão, devem abandonar sua família e voltar a viver no ginásio.

E isso nem é o pior…

Espacamentos são frequentes, há relatos de atletas de elite em que as surras chegavam a durar 45 minutos. Como relato o campeão Hakuho em uma de suas experiências:

“Os primeiros 20 minutos são muito dolorosos, mas depois, fica mais fácil, porque mesmo que você esteja apanhando, começa a sentir menos dor. Claro que chorei e, quando meu ancião disse que isso era para meu próprio bem, chorei de novo.”

E porque estou levantando essa bola aqui?!

Para mim, a coisa que me incomoda nessa série, é o fato de que os dois primeiros episódios são focados fortemente no bullying. Apesar de importante, pois realmente é algo inerente à esse universo, acho que passou do ponto. Um episódio seria mais do que o suficiente para entender como esse mundo funciona.

Oze levando uma surra

E o pior que isso é tratado meio que de maneira superficial, ficando só nessa da surra e depois que fica bom, todo mundo vira amiguinho. Então, claramente os idealizadores não pretendiam abordar essa assunto de maneira mais dramática e expor o mundo “podre” do sumô.

Inegavelmente, no balanço final, a série tem mais um ar de “shounen” que algo pesado e dramático, apesar de retratar esse lado. Então, eu fui no intuito de ver algo leve e divertido. Confesso que quase “dropei” de tão incomodado que fiquei, parecia que o protagonista nunca ia sair daquele buraco.

Enfim…

O bom é que isso são apenas nos dois primeiros episódios, depois as coisas ficam mais leves e divertidas de assistir.

Os néveis do sumo

Obviamente, Santuário do sumô, é uma série sobre sumô. Porém, ela subentende que quem está assistindo manja tudo de sumô. Ou seja, ela não pára em nenhum momento para explicar como funciona aquele universo.

Apesar de eu ser um leigo no assunto, dei uma pesquisada em como funciona as divisões/níveis do sumô para trazer aqui nesse artigo.

Com isso fica mais fácil entender o objetivo do protagonista Oze em chegar ao “nível” de Yokozuna.

ilutração dos niveis do sumo. Santuário do sumô

Com essa ilustração fica bem auto explicativo como são as divisões do sumô. Nosso protagonista começa na divisão Jonokuchi e à medida que vai vencendo os campeonatos em sua categoria, ele vai subindo de ranking.

Mas, tem algo de errado nessa ilustração. Onde está o nível Yokozuna?!

Então, não existe essa divisão, na verdade é tipo um “status“, algo como “O grande campeão“. Desde que foi estebelecido esse titulo em 1950, existiram apenas 69 Yokozunas.

Raiden Tameenon – considerado um dos maiores lutadores de sumô de todos os tempos

Não existe uma regra, por exemplo, de que só pode haver um Yokozuna por vez, e quem quiser esse título deve desafiar o Yokozuna atual.

É um pouco confusa a forma de se tornar um Yokozuna, pois na primeira divisão ainda há uma subdivisão. Mas tentando simplificar, existem 3 campeões ou detentores de título, chamados san’yaku. Em ordem crescente, komosubi, sekiwake e ozeki. Então, para se tornar um Yokozuna, um ozeki precisa vencer um campeonato por dois torneios consecutivos.

Na teoria não parece dificil, mas visto que em mais de 70 anos de torneio só existiram 69 Yokozunas, parece algo para poucos.

Outro detalhe é que não existe divisão da categoria por peso. Ou seja, se o cara tem 100kg, ele com certeza lutará com lutadores mais pesados que ele.

Então, esse é o caminho que o protagonista de Santuário do sumô terá que percorrer.

Bem shounen, não?!

O que tem de bom em Santuário do Sumô

Em vários podcasts da Cupula do Trovão, já comentamos sobre a importância da narrativa. Aqui, em Santuário do sumô, a narrativa não é perfeita, por ter alguns problemas com o ritmo e tramas paralelas que não são muito interessantes, mas ela é extremamente competente.

Oze é um protagonista falho, burro, trapaceiro e quase desprezível, mas o diretor, por meio da história, consegue nos fazer ter empatia por ele. Sua determinação e afronta às tradições são o que nos mantem torcendo por ele, mas se ele ficasse só nessa o tempo todo, mostrando o dedo pra todo mundo e querendo bular as regras, dificilmente isso nos manteria engajado na história.

O que eu quero dizer com isso?!

O Oze tem uma das melhores “viradas de chave” que já vi em uma história desse tipo, ou seja, ele foi um personagem que deu um passo a frente em seu arco e se manteve nesse lugar.

O que me incomoda em muitos animes, é o fato do protagonista dar um passo pra frente e cinco pra trás. Parece que o autor se arrepende de deixar o personagem mais maduro ou mais inteligente e esquece de tudo que o mesmo passou e o transforma em um “pastel” novamente.

De verdade, só por esse ponto positivo já vale seu tempo.

Mas outro ponto que achei incrível é seu rival.

Sem dar spoilers, mas Oze sofre muito bullying em seu ginásio, então muitas vezes ele treina em uma praça. Porém, nesse local, tem um cara gigantesco, com uma cicatriz horrivel na cara que está sempre olhando para uma cerejeira com seus pensamentos longe. No entanto, ao mesmo tempo, ele aparenta ser bozinho e transparece muita tristeza em seu olhar.

Rival de Oze, santuário do sumô.

Então, meio que eles desenvolvem uma “amizade” ao modo deles. Mas o que o Oze não sabe é que ele é um lutador de sumô implacável, e que quando entra no “modo luta” o cara vira uma fera indomável.

E adivinha?!

Acertou misserávi!!

Eles vão se enfrentar no campeonato.

O episdódio de treinamento

E claro, como disse anteriormente, há um episódio inteiro dedicado ao treinamento e evolução de todo o ginásio de Oze. Só isso já vale seu “play“. Porque puta que pariu, que episódio empolgante. Terminei ele querendo lutar sumô.

A forma como o diretor construiu esse episódio permitiu que eu me sentisse imerso na jornada de aprimoramento do protagonista e de todo o ginásio. A determinação de Oze não só o afeta, como cativa à todos no ginásio.

As cenas de treinamento, repletas de esforço e dedicação, transmitiram uma sensação real de progresso e crescimento pessoal. Foi gratificante testemunhar o protagonista superar seus obstáculos e adquirir novas habilidades ao longo do episódio.

Somando a evolução do personagem + o episódio de treinamento, temos um segundo protagonista que se destaca nesse baláio.

O sumô!

A gente começa vendo o sumô como algo sujo, injusto, cruel, desnecessário dentre outras coisas. Mas assim como Oze, a cada episódio que passa, começamos a ver o sumô com outros olhos e enteder e respeitar suas tradições. Claro, os abusos não se justificam e é algo que é perpetuado por um motivo banal, mas tirando isso, o sumô é um esporte incrível e digno de uma série só pra ele.

Obrigado Netflix, por nos trazer uma série tão incrível sobre sumô.

Triviazinha…

As lutas da série Santuário do Sumô são extremanete bem feitas. E não é pra menos, já que o elenco passou por uma intensa preparação de aproximadamente um ano, para evitar o uso de dublês.

E olha…isso funciou muito bem. As lutas são muito intensas e não me surprenderia se alguém me dissese que eles estavam lutando de verdade.

Nem tudo são flores…

Como disse, os dois primeiros episódios são pessadíssimos em relação ao bullying. Mas, não é só isso que vejo como negativo em Santuário do sumô.

Há tramas paralelas muito desinteressantes e que não agregram em quase nada à história principal, mesmo que elas sejam breves. Quando elas ocorrem o único pensamento que temos é “Porra! Quero ver o sumô”.

A mãe do Oze e seu namorado são o pior do pior tipo do esteriótipo de mãe alcoólatra e negligente que maltrata seu filho. É um tropeço na construção da narrativa. Toda vez que ela surgia em cena eu me desconectava da série.

Embora a intenção possa ter sido retratar um ambiente familiar problemático e desafiador para o protagonista, a forma como a mãe é apresentada deixa a desejar. A falta de profundidade em sua caracterização e a tendência de retratá-la de maneira unidimensional afeta a qualidade da série.

Esses personagens estereotipados não apenas prejudicam a representação realista de relações familiares complexas, mas também reduzem a empatia que poderíamos sentir pelo protagonista e seu ambiente.

Sério mesmo, é péssimo!

Outra questão é o fato de algumas coisas parecerem que vão ter uma consequência gigante, mas no final não dão em nada. É algo que acontece com uma frequência até considerável. O protagonista se mete em uma puta enrrascada, que parece que vai acabar com a vida dele, mas que de uma hora para outra, os roteristas mudam de ideia e a coisa acaba de uma maneira até anticlimática.

É nítido que essas coisas foram inseridas no roteiro no intuito de “rechear” a história para ter ao menos 8 episódios de 50 minutos cada.

Não é nada que estrague a experiência, mas é evidente que são histórias que estão “sobrando”.

O último ponto que vejo como negativo é a forma como alguns personagens são apresentados. Do nada surge a esposa de alguém ou um amigo, ou o quer que seja, e você fica “Ué, de onde saiu essa pessoa?”. Não é algo que atrapalha, mas realmente causa uma sensação estranha.

Finalizando minha visão sobre Santuário do Sumô da Netflix

Não é segredo para ninguém que eu fiquei apaixonado por essa série. Passei um dia todo falando em nosso grupo da Cupúla do Trovão (apoaia-nóis) o quanto eu achei essa série incrivel.

Acho que ela é um frescor para as pessoas que estão um pouco cansadas daquela velha fórmula dos animes shounens, mas que assim como eu, ainda gostam de animes shounens.

Santuário do sumô vai preencher esse espaço de um clássico de porrada e te entregar uma das séries mais empolgantes de 2023.

Como dissse, ela não é perfeita. Mas mesmo com seus erros, o seu saldo é mais do que positivo para me manter animado para uma segunda temporada.

Então, vai lá assistir e dar IBOPE para que a dona Netflix não cancele e nos traga uma segunda temporada o quanto antes.

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Escrito por

Pedro Bernardes

Profissional de Educação Física

Cult | Atleta | Leitor compulsivo

Belo Horizonte - MG

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