Kemono Jihen tem tudo para ser a clássica jornada do herói de um bom shounen, mas sem o clássico protagonista.
Digo isso, pois Kabane Kusaka é um personagem nada convencional em suas características, já já você entenderá o porque.
- Gênero: Ação, Mistério, Demônios, Sobrenatural, Shounen
- Estúdio: Ajia-Do
- Material fonte: Mangá
- Episódios: 12
- Novos episódios: Domingo
- Página do anime (na Cúpula) (no MAL)
Quando pensamos em um shounen, parece que mistérios, demônios e sobrenatural, serão só a base da história, já que o anime em si não pode ir muito afundo nestes temas para não se tornar muito pesado. Afinal, a classificação seria shounen, e não seinen.
Mas o autor e a equipe do estúdio conseguiram fazer com que essa animação caminhe entre os dois mundos de forma sutil e muito bem feita.
Os mistérios de Kemono Jihen
A história começa em uma região mais isolada do Japão, num vilarejo onde em uma pousada vive nosso protagonista Kabane Kusaka. O empreendimento em questão é de sua tia, que o trata quase como um escravo.
Num belo dia chega a cidade o detetive de causas sobrenaturais, Kohachi Inugami. Profissional este, contratado pela tia de Kabane, para desvendar o mistério do aparecimento de animais mortos pela região.
Kohachi acaba solicitando que Kabane seja seu auxiliar em tempo integral durante sua estádia na pousada. Durante este tempo, o detetive revela algumas informações para Kabane. Como resultado, o garoto descobre verdadeiramente quem, e o que, ele é.
Uma dessas revelações é que Kabane é um Hanyou, isto é, filho de humano com um Ghoul (demônio sem sangue). Posteriormente ainda é esclarecido que o amuleto que Kabane carrega consigo é uma “Pedra da Vida”.
Este artefato serve para acalmar a sede que um Hanyou sente por sangue humano, ou seja, enquanto estiver em seu pescoço, Kabane não sentirá vontade de matar humanos.
E isso é tudo que irei contar da história, fiquem tranquilos, tudo que acabei de contar foi apenas para contextualizar o enredo.
Um pouco além de um shounen
Anteriormente comentei que este título é um pouco mais profundo em mistérios do que os shounen que conhecemos, digo isso pois alguns momentos as cenas do anime causam até calafrios.
Além disso, o autor se preocupa em detalhes que fazem com que você interaja ainda mais com este mundo.
O primeiro detalhe é o apelido que os moradores da vila deram para Kabane, apelidado de Doratabo, que em japonês é uma referencia ao espírito da lama. Esta alcunha foi dada porque o garoto possui um cheiro peculiar (agora sabemos que o motivo é que ele não é um humano).
E em segundo lugar, é a própria opening do anime que possui um ritmo diferenciado, até lembra um pouco o samba brasileiro.
Essa escolha de tema, ao meu ver, quebra um pouco o “normal” de uma opening de um shounen.
O garoto sem sal, mas cativante!
Outro ponto extremamente positivo da animação é o próprio Kabane. Veja bem, estamos acostumados com protagonistas brincalhões, extrovertidos com emoções a flor da pele. Por exemplo, Naruto, Goku ou Asta, porém em Kemono Jihen acompanhamos um garoto totalmente sem emoções!
Isto acontece pois ele é filho de um demônio sem sangue, ou seja, não sente dor, compaixão, nem nada por tudo e todos ao seu redor.
Isso explica o fato de sua tia o tratar como um escravo e ele não ligar, afinal não sente o calor de trabalhar e nem as dores no corpo.
E o mais divertido nisto tudo é que nós, telespectadores, mesmo assim conseguimos criar empatia por ele! Como isso? Não sei, mas acontece!
Outro ponto é a evolução como personagem, mesmo não sentindo emoções ele descobre coisas novas, tanto simples quanto complexas.
O fato que falei acima que o garoto aprende novas emoções e sentidos, por incrível que pareça, não faz com que Kabane “amoleça”, ele continua sendo ele, porém um pouco mais curioso.
Uma boa história nunca é contada sozinha!
Já que nosso protagonista não possui muitas emoções, o anime conta com a ajuda de outros personagens para fazer isto. Afinal, alguém tem que jogar pimenta na comida né!
Por isso temos Shiki Tademaru, que também é um Hanyou, um garoto pavio curto. Shiki sente por Kabane a mesma coisa que Vegeta sente por Goku: uma inveja misturada com admiração.
O trio ainda conta com Akira, um garoto andrógino ligado em redes sociais. Sempre feliz e disposto a ajudar todos. Seu verdadeiro poder até o final do terceiro episódio não foi revelado.
E para cuidar de todos temos o detetive Kohachi Inugami, ele parece muito o Jiraiya de Naruto, do tipo que trata com muito zelo seus pupilos, mas cobrando sempre o melhor de cada um.
Finalizando as primeiras impressões de Kemono Jihen
Enfim, num geral o anime é muito bom em entregar aquilo que se propõe, uma história coesa que se aprofunda com o tempo.
Pretendo continuar assistindo o anime, mas o vejo sem expectativas muito altas.
Por mais que eu tenha exaltado algo a mais de um shounen que possui nessa mistura, o sentimento que sinto com Kemono Jihen é o mesmo que sentia assistindo Dragon Ball pela primeira vez: não espero nada fora da curva, como uma morte de algum dos personagens principais ou abordagem de temas muito complexos. Parece que será uma aventura que gosta de chegar ao limite da bizarrice e suspense para jovens e ponto.
E isso não é ruim! Afinal, sempre é bom ter um bom anime para se ver sem precisar ligar o cérebro né? Algo casual e doce.