The Reason Why Raeliana Ended up at the Duke’s Mansion (ou, PELO AMOR DE DEUS, só Raeliana), é uma adaptação interessante dessa temporada. Não exatamente por seu conteúdo, mas sim porque veio de um webmangá, formato que tem se tornado extremamente bem-sucedido nos últimos anos por sua facilidade de leitura.
Kanojo ga Koushaku-tei ni Itta Riyuu (tentando inovar com o nome em japonês) não é a primeira adaptação de uma obra coreana. No entanto, algumas adaptações não têm sido exitosas. Um dos exemplos de decepções foi Lookism, que não chegou nem perto do que o webmangá é.
Apesar disso, eu vou te decepcionar em te dizer que NÃO, eu não tenho como comparar Raeliana com o material original, porque eu não li. Tudo o que eu posso dizer sobre a obra se resume aos três primeiros episódios.
Contudo, independentemente da minha opinião, é relevante demais vermos obras coreanas recebendo adaptações de maior público. No momento, o anime conta com mais de 58 mil membros no MAL, o que é um número muito bom para a demografia, gênero e material-fonte.
Sem mais delongas, às primeiras impressões de Raeliana!
- Gêneros: Fantasia, Romance
- Estúdio: Typhoon Graphics
- Diretor: Junichi Yamamoto
- Material fonte: Webmangá
- Onde assistir: Crunchyroll
- Novos Episódios: Segunda
Raeliana poderia parecer original, mas chegou atrasado
Podemos dizer que quando seu material original foi lançado, Raeliana até seria uma história inovadora. Hoje, em 2023, já não se pode falar o mesmo, após trocentos lançamentos de isekais de reencarnação da protagonista em outro mundo.
A diferença entre os isekais femininos e masculinos é que os masculinos costumam entregar um nível absurdo de poder (mágico ou físico) ao protagonista. Os femininos, por sua vez, costumam colocar suas protagonistas em posição de nobreza imperial.
É o caso, por exemplo, de Otome Game no Hametsu Flag, cujo anime saiu em 2020 (já tem isso tudo?) e a light novel lançada em 2015. É basicamente a mesma história: a heroína morre e chega em outro mundo. Ela já conhece esse mundo por meio de alguma mídia do mundo anterior (jogo, livro) e sabe qual vai ser o seu final: ela irá morrer.
No caso de Hamefura, a Catarina é uma vilã que irá morrer. Aqui, em Raeliana, Raeliana McMillan é a personagem cujo corpo é tomado por Rinko Hanasaki. Ela não é uma vilã, mas Rinko sabe muito bem que Raeliana morre no livro.
Então, ela fará tudo para que possa ter a chance de viver uma segunda vida – e evitar a morte a qualquer custo naquele mundo desconhecido. Para fazer isso, ela irá mudar o curso da história rompendo o noivado com o homem que pretende matá-la.
Mas não é tão fácil, já que suas famílias haviam acordado sobre o noivado. Ela decide, por isso, barganhar um segredo com alguém de patente mais alta: o duque bonitão Noah Volstaire Wynknight (que nome, hem?). Ela guarda o segredo dele, ele fica noivo dela. Simples, não é?
Raeliana começa com os dois pés na porta – e não tão bem quanto poderia
Eu poderia falar da precariedade da animação, todavia isso não seria novidade. Sabemos como animes deste gênero são prejudicados por falta de público, e está tudo certo.
Entretanto, não é exatamente isso o que me incomoda nesse anime em específico. Assim que Hanasaki morre no seu mundo original, e passa a estar no corpo de Raeliana, tudo é muito explicado. Em detalhes.
Ela, em um corpo estranho e em condições diferentes, já aparece completamente acostumada, como se nada tivesse acontecido. Como se ela não tivesse morrido e aparecido em um local diverso. É como se ela sempre houvesse estado ali, como Raeliana. Não há nenhum tipo de estranhamento.
Das muitas críticas que temos a isekais, temos que reconhecer os bons dentre o gênero. Re:Zero é um exemplar primoroso da sensação de estranhamento do acordar em outro mundo (no caso do Subaru, para o melhor). Seja de forma ruim ou de forma boa, PASSAR o que o personagem sente é primordial.
Do contrário, ele só vai parecer um boneco.
Então, eu não sei se o problema foi especificamente da direção do Junichi Yamamoto ou se isso faz parte do material original. Seja como for, eu considero essa uma problemática importante. Porque se só vamos tratar de Raeliana, não precisaria haver Hanasaki. Entende?
A Raeliana poderia ver o futuro dela por meio de uma vidente, ou qualquer outro fenômeno sobrenatural. Por que ser transportada a outro mundo? Por que justamente o livro que lia? Várias perguntas são cortadas, e não há nenhuma sensação de estranhamento ou luto pela própria morte.
A fábrica de isekais: qual é o mistério detrás das mesmas histórias?
No caso das femininas, eu posso muito bem te explicar o porquê: isekais com protagonistas masculinos tomaram espaço anteriormente. Foram uma febre, tanto no Japão quanto fora dele, nos quais garotos comuns se reconheciam nos personagens e gostavam da experiência de se imaginar estar em um mundo diferente.
As mulheres também queriam o mesmo. Só que dessa vez, adivinhe, com protagonistas femininas. Mas a verdade é que uma história genérica será sempre genérica, sendo ela protagonizada por um homem ou por uma mulher. O que mede o êxito dessas histórias é justamente a sua originalidade. Ou, ainda, se tiverem sido precursoras do estilo.
Raeliana, apesar de divertido, infelizmente parece mais do mesmo. Caras bonitões rodeando uma protagonista selvagem que vai lutar a qualquer custo pela própria vida, mas que vai se apaixonar por um bonitão. O female gaze sempre se encontra em ser bajulada por vários homens e ter sucesso na jornada da vida.
E não há problema nisso, mas existem várias histórias assim. Se você nunca viu nenhuma delas, há probabilidade de que você vá gostar. Mas depois de um tempo, acaba ficando repetitivo demais e enfadonho de continuar assistindo se não há nada novo.
Finalizando as primeiras impressões de Raeliana
Apesar de tudo o que eu falei, Raeliana não é exatamente ruim. Ele deixa um gancho interessante para saber como a história vai desenrolar, e até o momento só há dois interesses românticos para a protagonista. Mas você e eu sabemos que não deve parar por aí.
Haréns invertidos são difíceis, porque alcançam um público específico e raramente desenvolvem com profundidade seus personagens (inclusive, temos uma lista aqui de animes legais do gênero!). Além disso, como já dito, Raeliana está cavando um espaço que já foi ocupado por obras que vieram anteriormente. Logo, é difícil dizer que será um anime popular.
O meu medo é sempre o mesmo: ver tudo, e no final, não chegar a lugar algum. Parece que Hamefura cai no mesmo problema, e não desenvolve muito o fato de que alguém morreu e reencarnou no corpo de outra pessoa.
Re:Zero, voltando em um dos isekais mais famoso de todos, é perito em criar um enredo misterioso, cativante e não-expositivo, que se destaca entre seus pares. Para mim, não é o caso de Raeliana. É parecido demais com outros do mesmo gênero, e ainda não possui um ponto de destaque.
Dito isso, acredito que continuarei assistindo pelo sucesso do webmangá e esperando (MUITO) para que seja diferente de tudo o que já vi. Como uma leitora voraz de webmangás, fico extremamente feliz em ver mais obras do gênero sendo adaptadas, e Raeliana, apesar de tudo, estimula nos leitores de webmangás de romance a esperança de que outros sejam adaptados com maior afinco.