Shokei Shoujo no Virgin Road. Passando o olho nesse título, alguma luz vermelha acendeu (ou luz verde, dependendo dos seus gostos, rs). No meu caso, foi vermelha, e ela piscava! O motivo é besta, mas provavelmente é o que você está pensando. A palavra “virgem”. Batendo o olho no pôster e só vendo mulheres, fiquei ainda mais preocupado com o conteúdo do anime…
Mas, graças à Deus, eu e quem pensou besteira, erramos. Shokei Shoujo no Virgin Road, ou no inglês, The Executioner and Her Way of Life, não é nada do que você está pensando. Talvez “nada” seja um termo forte demais, mas uma coisa é certa: não é ecchi, não é clichêzão e, para minha surpresa e de muitos, não é ruim.
Adianto que parte da experiência do primeiro episódio desse anime pode ser comprometida se você ler minha RD3. Então, se você estava em cima do muro e só precisava ouvir um “não é ruim”, vá na fé, você já consegue tomar sua decisão.
Agora, quem ainda precisa entender melhor minhas primeiras impressões para escolher um lado do muro, vem comigo!
- Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
- Diretor: Kawasaki Yoshiki (assistente de diretor em Honzuki no Gekokujou)
- Estúdio: J.C.Staff (Toradora!, Golden Time)
- Material: Light novel
- Onde assistir: Não disponível oficialmente.
- Novos episódios: Sábados
O isekai anti-isekai
Começamos da maneira mais clichê possível (calma). Um garoto é invocado em outro mundo. Nesse mundo, aparenta ter tudo aquilo que esperamos: reinos, magia, clero, monarcas, plebeus, dungeons, garotas, etc, etc, etc.
Algo que chama atenção é que o próprio garoto brinca com a ideia de estar vivendo uma história isekai, mas logo suas expectativas são quebradas.
Aqueles que o invocaram o despejam na rua, como se fosse uma espécie de “falha”. Sem muita perspectiva, o garoto se refugia em baixo de uma ponte, sozinho e triste. De repente, uma linda garota o encontra, e diz que pode ajudá-lo.
E assim, começa mais um isekai genérico!
Brincadeira. Shokei Shoujo no Virgin Road parece saber bem onde quer chegar, e esse começo clichê é construído de um ótimo jeito, por sinal.
É clichê, e o anime sabe que está sendo clichê, mas não brinca o suficiente para ficar escrachado que haverá algum acontecimento surpreendente.
Em outras palavras, é um começo que dá uma pitada de “eu não vou ser um isekai genérico”, mas ao mesmo tempo não força a barra, então parece de fato que será um isekai genérico. Com certeza a maioria das pessoas não esperava um plot twist.
Achei um bom começo. Tanto que caí no bait, e fui bastante surpreendido quando a menina bonita enfia uma FACA MILITAR na CABEÇA do garoto, e ele cai duro no chão igual um saco de merda.
Descobrimos aí que ela é a protagonista, e não ele. Seu nome: Menou.
A assassina de “Kiritos”
Antes do trágico final do rapaz, Menou, a executora/assassina, passou boa parte de seu dia conversando com ele, e por tabela, explicando para nós, espectadores, mais ou menos como aquele mundo funciona.
Existe todo um sistema de classes e uma hierarquia bem definida. Aquela coisa de “nobres”, “clero”, “plebe”, só que com nomes mais edgys e chamativos. Nada decorável, porém parece feito com cuidado.
Na verdade, boa parte dos elementos que constroem o mundo de Virgin Road são introduzidos orgânica e lentamente ao longo desses episódios iniciais. O que eu gostei é que o anime não simplesmente cospe todas as explicações e espera que você decore tudo (até porque você não iria).
O que entendi até então é que os adolescentes isekaizados para este mundo possuem um certo poder, um “Conceito Puro” (daí o “virgem”). À medida que esse pessoal é invocado nesse mundo, seus poderes e cultura influenciaram de tal forma que o mundo fantástico virou uma mistura de Europa com Japão, só que com magia e se passando nos anos 70. É bacana.
Menou pertence à classe Faust, e é uma assassina especializada em eliminar os Kiritos e Kiritas que são invocados. O motivo real disso ainda é obscuro, mas isso por si só é original e interessante.
Um worldbuilding que promete (se bem explicado)
Antes fiz pouco caso das classes, mas não me entendam mal, é possível perceber que o negócio é feito com carinho. A introdução das camadas desse mundo acontece aos poucos, e acho que é muito mérito do autor saber dosar isso bem.
Afinal, a maioria esmagadora dos animes do gênero simplesmente nos enfia goela abaixo um milhão de explicações expositivas sobre o funcionamento daquele mundo. Shokei Shoujo no Virgin Road não faz isso, o que por si só é suficiente para despertar certo interesse no espectador.
Além disso, devido ao número de personagens já apresentados, fiquei com uma forte primeira impressão de que temos um mundo ainda mais complexo, cheio de segundas intenções e motivações cinzentas. Fiquei legitimamente curioso.
A parte técnica não fica para trás
Fiquei surpreso, ainda nessas primeiras impressões, com a qualidade técnica da animação. As lutas são bem caprichadas, e os efeitos especiais das magias são legais. Tudo ficou bem fluido e empolgante, e tivemos diversos momentos de ação ao longos desses primeiros episódios.
Após assistir fui ver o estúdio, e para meu espanto me deparo com J.C.Staff no comando da parte técnica. Esse estúdio não tem um portfólio muito grande com animes de ação, sendo animes de romance, slice-of-life e coisas do tipo seu foco. Porém, mordi a língua se alguma vez já falei mal do J.C.Staff (mentira, continuaram fazendo um trabalho bem meh na segunda temporada de One Punch-man).
Ah, menos a abertura. Achei a música horrível e sem ritmo. Pelo menos o conteúdo visual é bacana. Estou errado?
Finalizando as primeiras impressões de Shokei Shoujo no Virgin Road
Apesar do que pensei antes de dar play no episódio 1, gostei do que vi em Virgin Road. Fiquei interessado em conhecer mais daquele mundo e daqueles personagens. Se a qualidade técnica se mantiver até o final e não cagarem no pau na escrita daqui para frente, vejo alto potencial para ser um bom isekai que subverte o gênero.
Vi vários fãs do Kirito reclamando do anime nos comentários do site duvidoso que precisei usar para assistir. As principais reclamações aconteciam porque a protagonista era mulher, ou porque preferiam ver um “romance” entre o cara e a menina (mentira, queriam mesmo era harém, fala a verdade…).
Mas, assim… na boa que algumas pessoas queriam MAIS UM isekai padrão, cara? Jesus, já saem mais de 20 por ano… Inacreditável. Só pode ser meme.
Para fechar, vale ressaltar que a história é contada num ritmo bacana, mas preocupante dependendo do quanto vão querer contar em 1 temporada de apenas 12 epis.
Várias coisas foram introduzidas, como comentei acima. Doze episódios me parecem pouco para desenvolver tudo que já foi introduzido num ritmo que siga bacana e envolvente. Tenho medo de rusharem mais ao final e estragarem a experiência. A segunda temporada de Neverland fez algo parecido, e sabemos no que deu…
Enfim, as primeiras impressões que ficam é que Shokei Shoujo no Virgin Road, ou The Executioner and Her Way of Life, é um isekai anti-isekai protagonizado por uma garota de muita personalidade e carismática, que se passa num mundo interessante e com potencial para ser bacana se bem explorado.
Espero continuar sendo surpreendido!