Sacrificial Princess and the king of Beasts (Niehime to Kemono no Ou) é uma versão repaginada do famoso conto “A Bela e a Fera”. Para quem não sabe, o conto original que virou hit da Disney saiu em 1740, na França, por meio de uma publicação com autoria de Gabrielle-Suzanne Barbot de Villeneuve.
O enredo da besta-humana ficou tão popular que gerou todo tipo de mídia, inclusive nipônicas. Podemos citar obras posteriores como Belle, filme do Mamoru Hosoda e The Ancient Magus Bride (que, inclusive, está ganhando sua segunda temporada).
Na própria crítica do Welerson sobre The Ancient Magus Bride, ele informa que a fórmula do anime já está batida. Compara, ainda, com Somali, que também tem pontos em comum. O que nos resta, após tudo isso, é perguntar: o que Sacrificial Princess tem de diferente dos demais e como ele pode se destacar desde 1740 neste gênero?
- Gêneros: Fantasia, Romance
- Estúdio: J.C. Staff (Toradora!; One Punch Man 2nd season)
- Diretor: Chiaki Kon (Naruto: Shippuuden; Gokushufudou)
- Material fonte: Mangá
- Onde assistir: Crunchyroll
- Novos Episódios: Quarta
Sacrificial Princess conta a história de dois mundos
Sariphi, uma menina de cabelos brancos, olhos azuis e pálida como cera, aparece logo de início, a fim de ser devorada pelo rei de uma nação de monstros. Neste mundo, os seres humanos e os monstros não se relacionam, porque há uma rivalidade e uma promessa a ser cumprida pelo rei.
O rei das feras, devido ao seu poder e ritual, deve sempre sacrificar um humano periodicamente. Assim, a tradição será mantida e os humanos ficarão longe das feras e vice-versa. Pelo menos, esse é o plano. Contudo, Sariphi, ao conhecer o rei, percebe algo que outros não perceberam.
Ela vê, naqueles olhos de fera, extrema compaixão. Logo, não sente medo. Além de expor isso ao rei, passa a falar com ele de forma carinhosa, porque diz estar pronta para o sacrifício.
Conta, além disso, que quando nasceu, ganhou o nome de Sariphi, que significaria “sacrifício”, para ser dada em lugar da sua irmã. E que isso, de fato, causou-lhe medo, já que seus pais deveriam ser pessoas que cuidariam dela, mas planejavam sua morte.
Preparada para morrer, Sariphi vai ao local do sacrifício. Entretanto, não morre. Ela descobre que o rei vinha deixando todos os sacrifícios fugirem, e que tinha um segredo que guardava de todo mundo: ele tem sangue humano, e eventualmente acaba assumindo a forma humana.
Sariphi e o rei têm um momento íntimo e vulnerável, e com isso ele decide transformá-la em sua rainha. Mas não seria fácil: as feras jamais aceitariam uma rainha humana.
A direção do anime talvez peque no andamento
Primeiramente, é difícil adaptar obras já existentes. Para os diretores, então, nem se fale. Pairam várias dúvidas: vou manter a mesma sensação que a obra original passa? Vou dar toques pessoais? O que fazer com o andamento desta série?
Apesar da dificuldade, muitos se saem bem neste projeto. As atividades de direção envolvem constante imaginação, análise e edição de projetos. Até mesmo o character design pode ser refeito pelo diretor caso ele conclua que não ficou legal.
Por isso, o diretor tem papel fundamental no anime. Principalmente no que tange ao andamento da obra. Ao falar, em específico, de Sacrificial Princess, parece que tudo acontece MUITO rápido – e se resolve na mesma rapidez.
De início, ela se envolve com ele já no primeiro episódio. Os dois já parecem apaixonados. No terceiro episódio, ela percebe que o miasma (que envolve as feras), afeta o seu corpo – e cai doente. A doença já é também rapidamente resolvida no terceiro episódio mesmo.
Parece que todos os problemas levantados são rapidamente resolvidos, e, devido a isso, a história fica um tanto quanto superficial e difícil de continuar. Algo que muitas novelas fazem muito bem (e também os doramas), é deixar aquele “gancho” cheio de dúvida e expectativa para o próximo episódio.
O nome disso é “cliffhanger“, e é um famoso recurso narrativo para manter os espectadores grudados na telinha. E exatamente por que eu acho que isso é um problema aqui? Bem, o anime terá 24 episódios, de acordo com o MyAnimeList. Passar 24 episódios sem saber qual é o objetivo do plot, ou sem algo que te prenda, é difícil.
Apesar disso, não deixa de ser fofo
Assim como os outros animes que tratam do tema. Eu sou fã de romances demais da conta, então posso dizer que amo clichês de paixão. Quando começo um romance fofinho, é difícil de eu largar, a não ser que realmente não me interesse.
Eu estou muito em cima do muro com Sacrificial Princess, porque, apesar de não ter um plot claro, e parecer não ir a lugar nenhum, eu gosto da premissa. Repetir os clássicos pode ser uma boa ideia se você reformulá-los para se adequar aos seus espectadores e aos anseios atuais relacionados à arte.
Pessoalmente, acredito que Belle é exitoso nesse ponto, mas não posso falar sobre The Ancient Magus Bride (já que nunca vi).
Mas estamos falando de uma regra de TRÊS episódios. Eu não posso assistir quatro e te dizer que algo melhorou e que vai ser uma das joias escondidas da temporada. O nosso compromisso aqui é assistir três episódios e dizer o que há de excelente na temporada, para economizar o tempo de todo mundo.
Ainda que não seja um anime de excelência, Sacrificial Princess é a formula shoujo repetida da protagonista frágil que se apaixona por uma fera, e pode ser o que você gosta de ver. Mas é bom deixar claro: até agora não apresentou nada de novo.
Finalizando as primeiras impressões de Sacrificial Princess
Infelizmente, eu mesma estou chateada com as primeiras impressões que escrevi, talvez porque esperasse demais e acabei me enganando.
Todavia, fui dar uma pesquisada para não ficar só na ideia do anime: o mangá tem 89 capítulos, está finalizado e parece ser bem avaliado. Teve uma boa repercussão e muita gente comentou o quanto esperava a adaptação para anime.
Por isso, EU, Helena, vou largar o anime e ir para o mangá. Devido a tudo que falei, não entendo a correria para adaptar um mangá que é, aparentemente, curto. Acredito que a experiência da leitura possa ser diferente, porque nós controlamos o nosso ritmo e podemos apreciar a história na velocidade que nos interessa.
Até então, Sacrificial Princess repete uma fórmula já conhecida e acaba correndo demais, sem te envolver em uma história que tem muito potencial para ser boa. Afinal, por que mais “A Bela e a Fera” seria um hit internacional?
Como diz a minha mãe, há jeitos e jeitos de se contar uma história, e é possível que este não tenha sido o melhor. Caso você queira olhar outros animes com potencial desta temporada, dê uma lida aqui no guia das escolhas trovejantes de abril!
Arrivederci!