Chame esse anime de A Place Further than the Universe, de Sora yori mo Tooi Basho ou de Um Lugar Além do Universo… tanto faz! Desde que esteja acompanhado de “…é um dos melhores animes do gênero que EXISTE”!
Sem exagero, essa obra é, sem sombra de dúvidas, um dos animes mais bem dirigidos, mais “de aquecer o coração” e mais emocionantes que eu já vi na minha vida.
Com certeza a minha tendência ao clicar no primeiro episódio já era de gostar de A Place Further than the Universe quando o pessoal me recomendou lá pelo twitter, principalmente porque respeito muito a opinião de quem me recomendou (aliás, me segue lá se ainda não segue rs).
Mas indo direto ao ponto, afirmo que esse anime é incrível porque, dentro do que ele se propõe, ele supre (e também quebra) todas as expectativas. Porém, na verdade, vai muito além disso.
Ele pega suas expectativas, e de tão bom que é, parece que ele te bota num avião direto para ver a belíssima aurora na Antártida (“Antartida“, não a marca de cerveja, ok?).
A Place Further than the Universe entrega personagens carismáticos, marcantes e críveis. Completamente reais, palpáveis e divertidos.
Além disso, entrega um tema completamente inusitado, afinal, não é todo dia que temos um anime de 4 garotas do colegial indo direto para a Antártida, não é mesmo?
E, ainda por cima, entrega uma animação e uma direção de fotografia de invejar a maioria esmagadora dos animes. Fora a trilha sonora completamente emocionante, que apesar de repetitiva, funciona.
Tô escutando enquanto escrevo isso, e já to quase chorando, falando nisso.
As 4 garotas: o motivo de A Place Further than the Universe ser bom
Antes de entrar em maiores detalhes sobre Sora yori mo Tooi Basho, acho interessante deixar um pouco mais claro do que se trata esse anime.
Nessa história, nós começamos acompanhando Tamaki Mari, ou, Kimari (para os mais chegados), em sua busca incansável pelo que ela chama de “viver a juventude”, aproveitar a vida. Fazer algo significativo.
Ela quer poder viver antes de ter de entrar no complexo período de vestibulandos do Japão, que para quem não tá ligado, é bem exigente, depressivo e desgastante. Talvez ela nem tenha pensado tão longe, mas ela certamente queria mudar sua vida. Ou pelo menos o ritmo dela.
Kimari sempre foi uma garota mais simples, meio cabeça de vento, e meio sem ambição. Porém, tudo mudou quando ela começa a se aproximar de Kobuchizawa Shirase, a garota que carrega consigo o objetivo da obra: a vontade de chegar a Antártida.
O motivo para Shirase querer ir para o continente congelado é, no mínimo, tocante. A garota quer encontrar sua mãe que está desaparecida após uma expedição mal sucedida.
A Kimari, no começo, planejava somente ajudar a Shirase, porém, à medida que a relação das garotas foi se estreitando, Shirase chega à conclusão que quer que a Kimari vá junto dela para essa aventura.
Lembra o que a Kimari mais queria? Uma aventura! Mudar tudo! Virar a vida de cabeça para baixo!
Então não, apesar de essa obra parecer vir direto daquela cestinha de animes moe com uma pegada K-ON, ela não é um moe sobre garotas bonitinhas fazendo coisas bonitinhas e sendo bonitinhas, apenas.
É um anime de garotas bonitinhas fazendo coisas incríveis e saindo da zona de conforto (com algumas cenas bonitinhas).
As outras duas protagonistas de Sora yori mo Tooi Basho…
Coisas acontecem, e agora nossas garotas se juntam de mais duas meninas igualmente carismáticas e divertidas à seu modo, Shiraishi Yuzuki, a idol famosa, e Miyake Hinata a garota que largou o ensino médio por motivos que você terá de ver o anime para entender.
Não detalhei como todas se conheceram e se juntaram porque esse nível de detalhe poderia vir a arruinar a experiência de um anime de aventura.
Afinal, lembre-se: neste gênero, a graça geralmente está em como as coisas acontecem, e não no que acontece. Em outras palavras, em animes como A Place Further than the Universe, correr a maratona é infinitamente mais importante do que chegar na linha de chegada (mesmo que nesse aqui em especial, a chegada é simplesmente magnífica também).
Em One Piece, a graça é a jornada, não a chegada. Pegou a ideia?
Juntas, agora em 4, e compartilhando de um mesmo objeitvo, as garotas precisam se esforçar para conseguirem a permissão para que adolescentes do ensino médio realmente consigam ir para a Antártida. E também para superar suas próprias dificuldades internas.
Mas será que elas conseguem realizar o feito num navio duvidoso e numa expedição onde os recursos estão praticamente escassos?
“Vai mesmo dar tudo certo?”
“Elas vão conseguir?”
“O que vai ter na Antártida?”
Apesar de “drama” e “tragédia” não estarem nos gêneros, Um Lugar Além do Universo faz você pensar coisas como essa o tempo inteiro. Principalmente em momentos onde as motivações das protagonistas são postas à prova.
E não falo aqui de momentos de grandes perigos ou coisa do tipo, porque esse anime é, basicamente, sobre relações humanas.
Sobre amizade, e sobre objetivos. Quem sabe, sobre inspirar os outros. Sobre mostrar para as pessoas que o impossível, é possível.
Por isso, o impacto aqui vem do diálogo. E vem forte.
Um Lugar Longe Pra Caramba, mas bem escrito e dirigido
O grande diferencial de A Place Further than the Universe é que seu roteiro, feito por Hanada Jukki, é todo amarradinho (como esperado pelo seu portfólio).
Enquanto ele mostra uma aventura, ele também liga os pontos para que esse roteiro não fique apressado, nem bagunçado, nem conveniente.
Na verdade, bem pelo contrário. Jukki entrega soluções completamente plausíveis para os problemas, de modo que você chega a considerar ir para a Antártica também.
Além disso, enquanto entrega uma linha praticamente perfeita de acontecimentos, o anime desenvolve as 4 protagonistas de igual maneira.
Todas as garotas possuem algum tipo de problema.
Uma, precisa superar o trauma da perda e seguir em frente. Outra, quer “viver a vida” enquanto pode, enquanto uma terceira simplesmente faz muito na sua vida, e por isso nunca teve nem mesmo 1 única verdadeira amizade. Por fim, a quarta precisa superar também um trauma, o horror de não poder confiar nas pessoas e o julgamento alheio.
E surpreenda-se: o roteiro dá conta de resolver todas essas problemáticas, apresentar a tal da aventura de maneira coesa e ainda fazer você acreditar que a jornada das garotas, antes, durante e após visitar o continente congelado, é realmente crível e possível.
Mas claro que mesmo um ótimo roteiro pode ser arruinado nas mãos de um diretor incompetente, mas felizmente não foi o caso aqui.
Ishizuka Atsuko nos entrega uma direção focada na fotografia e no dinamismo nas cenas, onde ela quer que fiquemos na ponta da cadeira, aproveitando ainda muito bem o cenário para externalizar os sentimos das personagens.
Além disso, faz um ótimo uso das ferramentas à sua disposição, como o ótimo uso das trilhas sonoras nos climáx (climáxes?) do anime.
Fotografia e trilha sonora de respeito em A Place Further than the Universe
Quando escrevi sobre Rainbow acabei externando o sentimento que me bate quando uma obra faz o cliché chato de toda cena dramática precisa seguir a fórmula clássica do “pôr-do-sol” ou “chuva”. E não é um bom sentimento, porque acaba ficando repetitivo e não-criativo. Preguiçoso.
Porém, Sora yori mo Tooi Basho entrega momentos lindíssimos, onde a paisagem e o enquadramento das cenas faz toda a diferença para podermos sentir exatamente o que a diretora queria que sentíssemos.
Existem momentos de extrema melancolia, onde as personagens vão seguindo em frente, porém ainda sem resolver seus problemas. Guardando tudo para dentro de si, mas ainda assim, se mantendo firmes. Resilientes.
Mas uma hora, todo mundo estoura.
E é nesses momentos que a trilha sonora brilha, fazendo você derramar lágrimas sem nem mesmo perceber.
Até mesmo nos momentos mais simples e cotidianos, como numa conversa antes de dormir ou numa mesa de almoço, os diálogos favorecem uma visão complexa de como cada pessoa é única. Como nossos problemas são únicos e somente nossos.
Mas também deixa claro que amigos estão ali para ajudar. Estão ali para ouvir, para apoiar, e também para manter distância quando necessário.
E novamente, assim como Rainbow, a obra A Place Further than the Universe trata, sobretudo, de amizade. A amizade mais pura, bela e completa de todas.
Aquela onde todo mundo se entende, se respeita, e acima de tudo: quer o melhor um do outro. Aquela amizade que é até difícil de descrever.
Do tipo que você “só sente”.
Finalizando…
Eu adoraria falar especificamente de cada uma das problemáticas que as meninas enfrentam, da dor que algumas delas sentem e, ainda, sobre como eu achei super incrível a maneira como a produção retratou a Antártica.
Além disso, poderia prolongar elogiando cada ainda mais a parte técnica de A Place Further than the Universe, porque é uma das mais completas que eu já tive o prazer de ver.
Mas eu quero que você assista. E por mais que eu esteja falando muito bem, é fato que esse anime não ficou muito conhecido. Então a chance de você ter assistido é relativamente baixa.
Enfim… Roteiro, fotografia, dublagem, design de personagens… tudo conversou tão bem, mas tão bem, que sinceramente, você tem que ver para entender.
As personagens são muito humanas. Muito. Sério, não sei se é porque estou muito acostumado com aquele jeitão duro japonês de ser (ou pelo menos como é retratado em animes na maioria das vezes), mas a naturalidade dos diálogos, das brincadeiras e da interação num geral das garotas é de abrir um sorriso de orelha a orelha.
Isso tudo somado a uma direção magnífica feita pela Ishizuka Atsuko (sim, uma mulher, coisa rara na indústria dos animes), que soube como fazer o espectador sentir exatamente o sentimento certo, na hora certa.
Mais na reta final do anime, meu olho simplesmente lacrimejava do nada, simplesmente por uma fala especifica encaixada num diálogo importante, e aí trilha intensifica…. e BUM! Você tá chorando.
A Place Further than the Universe vai fazer seu coração ficar quentinho, te divertir e, provavelmente, te fazer chorar (muito).
Você assistirá um anime memorável. Conte com isso.
EXTRA
Eu duvido você ter assistido o anime e não se emocionar com isso: