Um shoujo diferente, com superpoderes, suspense e personagens cheios de personalidade. Koi to Producer é o anime de romance que falta na sua lista!
Há sempre certa resistência quanto a animes com o famoso “harém reverso”. Da mesma maneira, há quem diga que são todos iguais e que todos os personagens são irreais. Quando a isso se misturam suspense e superpoderes, pode gerar certa aversão.
Entretanto, digo a você, estimado(a) leitor(a), que seu preconceito pode ser infundado. O rótulo de “anime de menininha” pode cair aqui e agora. Modéstias à parte, será possível que você saia deste artigo reconsiderando sua decisão.
Pessoalmente, meu mundo de animes começou com o shounen, como quase todo mundo. Claro, claro: sabemos que ver uns socos e personagens imbatíveis é super legal. Contudo, não há porque continuar assistindo a um só gênero durante toda a sua vida.
Durante toda a minha vida, sempre tentei colocar um rótulo de “menina-moleque” nas coisas que eu fazia ou assistia; queria ser como os personagens dos animes.
Em meus delírios, queria ser forte e inigualável, assim as pessoas não ririam dos meus cento e cinquenta (e um!) centímetros de altura. Seja uma virtude ou não, parei de sentir esta necessidade depois, e também me permiti mergulhar no mundo dos “animes de menininha”. Ou shoujo, para os íntimos.
Ocasionalmente, entendi que a ideia de “harém reverso” não se aplicava tanto assim, e embaixo eu te explico o porquê disso. Koi to Producer talvez não seja o seu shoujo, mas outros podem ganhar seu coração.
Vamos em frente!
Sobre a história
2020 nos trouxe poucas boas surpresas, e, para alguns, Koi to Producer foi uma delas. O anime é produzido pelo estúdio MAPPA, que já surpreende por diversos títulos recentes e pelo belo trabalho com a arte e animação.
Em Koi to Producer, nos deparamos com uma protagonista cheia de sonhos e planos de manter a produtora do pai. Ela é atual chefe do programa chamado “Descobertas Milagrosas”, que lhe foi dado como herança, e veio perdendo força com os anos pela falta de identidade. Desde que seu pai falecera, ela teve dificuldades em manter o programa de pé.
Ponto positivo para a protagonista: Loveland, a cidade em que ela mora, é um lugar cheio de ocorrências misteriosas.
Em contrapartida, há um ponto negativo. Ela não parece ter a personalidade de chefe de uma produtora. Isso não é um grande problema. Quantas pessoas tímidas nós temos por aí que são chefes? Se você disser que nenhuma, está atrapalhando a linha de raciocínio do meu texto.
Por ironia do destino, a MC (main character, protagonista) cruza caminhos com quatro diferentes personagens (Lucien, Kiro, Victor e Gavin), e todos eles têm um fator em comum: Evol.
Simplificadamente, o Evol é o gene que concede a alguns seres humanos capacidade específica de desenvolver superpoderes. No entanto, não são adquiridos do nada. Não surpreendentemente, nossa personagem principal acaba se envolvendo em inúmeras conspirações relacionadas ao programa Evol, e sua vida está sempre em constante perigo.
Vamos combinar, não parece nem um pouco plausível que QUATRO pessoas se apaixonem pela protagonista e os QUATRO tenham poderes. Se o Hirohiko Araki escrevesse esta história, ele com certeza diria que todos são usuários de stand.
Os verdadeiros protagonistas de Koi to Producer
Não é novidade que, nos ditos “haréns”, normalmente os interesses românticos são mais desenvolvidos do que o protagonista. Aqui não é diferente, pois nossos heróis são apaixonantes. Não podemos falar o mesmo da MC.
Evidentemente, ela não é como o Kazuya, de Rent-a-Girlfriend (veja as primeiras impressões sobre o anime, escritas pelo Hugo!). Todavia, carece um pouco de personalidade. Abrindo o MyAnimeList, você poderá analisar que ela foi favoritada por apenas onze pessoas (até agora!).
Pode parecer que estou falando mal do anime, mas juro que a parte boa começa agora.
Se você assistiu ao anime, deve ter percebido que os nomes dos heróis podem soar um pouco diferentes quando falados em japonês, mas é porque são mesmo.
E isso é porque no otome game (Mr. Love: Queen’s Choice, desenvolvido pela Papergames) temos dois “pacotes” de voz diferentes, um em inglês e outro em japonês. Logo, a tradução para o anime, em português, veio com os nomes do pacote em inglês.
Aqui estão os nossos heróis, no jogo e no anime.
Lucien
Lucien é um neurocientista brilhante da cidade de Loveland. Atencioso e pronto a ouvir, é a primeira pessoa a explicar como o Evol funciona à protagonista. Parece ter um sério problema com cores.
Kiro
Kiro é um idol super talentoso que encanta a todos com sua aparência e gentileza. Depois, descobre-se que tem talentos de “super hacker” escondidos.
Victor
Victor é CEO do Loveland Financial Group, do qual a protagonista vai precisar de fundos para manter o programa. Inicialmente, parece extremamente desagradável.
Acaba se tornando uma mãe que faz pudim na temperatura correta. Inicialmente, eu o detestei, e depois acabou por ser um dos meus favoritos (o segundo depois do Lucien).
Gavin
Gavin era veterano da protagonista na escola. Parecia ser um valentão que roubava dinheiro de pessoas mais velhas. É claro que não era. É um policial ligado diretamente ao caso do Evol, e se preocupa muito com a segurança da MC.
O que tem de bom nesses caras bonitões?
Isto é extremamente fácil de responder: os quatro são os personagens que dão vida à personagem principal. Por vezes, ela parece agir de maneira ativa, mas só acontece porque eles estão por perto. Então, entra a questão do “harém reverso”.
Na mão contrária, não concordo muito com a expressão porque nenhum deles é sexualizado, como acontece em diversos animes que têm haréns. São valorizados, na verdade, por quem são.
E, de fato, eles são cheios de personalidade e não são apáticos uns aos outros. Mostra-se bem pouco disso durante o anime, em uma conversa cheia de fagulhas entre o Victor e o Lucien. Seria muito esquisito se eles, sabendo que competem pelo amor da mesma pessoa, não trocassem farpas de vez em quando.
Eles são poderosos, fortes e gentis, por isso, você nunca imagina que eles possam causar qualquer tipo de mal a ela. Não é? Enganados.
Existe um mistério muito maior quanto à evolução desses humanos com poderes sobrenaturais, e um dos nossos heróis parece estar envolvido na conspiração. Isso significa que ele quer matá-la? Talvez sim, talvez não. Quem sabe?
O fato é que, ainda que você não costume assistir a animes shoujo, Koi to Producer traz um elemento x, que é o suspense e a força de cada um dos heróis.
O anime NÃO vai te enrolar, porque ele não foi feito para isso. Se você está de saco cheio porque não aguenta a enrolação de animes de romance e que focam só no romance, Koi to Producer pode ser o ideal para você.
O anime tem cara de ser muito mais promocional, para te levar a jogar o jogo. E foi o que eu fiz.
Sobre o jogo e suas semelhanças com o anime
Como já dito acima, esse anime é a isca perfeita para quem gosta de otome games. Podemos ver algumas semelhanças entre jogos como Mr. Love e Mystic Messenger (Cheritz). Devo assumir que jogos de escolha são bem divertidos, principalmente quando têm uma boa história.
E, tenho que confessar: eu gostei bastante do jogo! O Victor sisudo e impassível do anime se torna em alguém afável, que pergunta, por vezes, se ele é mesmo tão frio quanto as pessoas dizem que ele é.
Quanto aos heróis, todos têm motivos fortes para querer protegê-la, porque a conhecem desde a infância.
Igualmente, a arte pueril e cheia de tons pastéis do jogo foram um deleite visual porque se conectaram à história.
Ela não é nomeada no anime, o que é proposital: no jogo mobile, você insere o nome e faz as escolhas por ela. Desse jeito, você consegue se colocar no lugar da protagonista e se relacionar diretamente com cada um dos quatro, atingindo diferentes níveis de afinidade.
O jogo está disponível para Android e iOS, gratuitamente!
De certo que, se você já está acostumado com otome games, verá que alguns estereótipos nunca mudam (e não necessariamente isso é ruim).
Para quem já jogava, deve ter sido uma surpresa ver animado; mantiveram o design dos personagens com atenção e riqueza de detalhes.
No entanto, para alguns, o anime deixou a desejar porque correu demais com alguns detalhes que foram mais explorados no jogo.
Não concordo com a afirmação, porque me diverti igualmente em ambos! Consumam os dois e tirem suas conclusões.
Minhas impressões finais
É fato que, talvez, Koi to Producer não tenha sido o melhor anime da última temporada, pelo menos para mim, já que Deca-Dence roubou o meu coração por inteiro. Contudo, não posso dizer que não foi divertido! Pesquisei um pouco sobre o anime no começo, e acabei jogando simultaneamente.
Depois de um tempo, fiquei para trás no jogo, porque precisava de alguns itens para passar de fase. Só que a história do anime continuou, para minha tristeza, visto que acabei me confundindo em algum momento (rs).
É possível que alguns pontos importantes da história tenham sido deixados de lado com a adaptação; todavia, eu esperava ansiosamente pelos capítulos, porque eram um alívio no meu cotidiano estressado.
Às vezes você não quer ver lutas; às vezes, você só quer ver caras bonitões lutando para salvar a vida de uma menina legal e fofa.
Finalizando a crítica de Koi to Producer
Em suma, posso dizer que Koi to Producer (Mr Love: Queen’s Choice) foi uma surpresa agradável e leve, sem perder sua individualidade com relação à história e ao suspense que envolve a pesquisa do Evol.
Fizeram a adaptação com carinho, similarmente ao jogo, levando em consideração muitas frases repetidas exatamente da maneira que estão colocadas no jogo.
Provavelmente, não será a melhor obra do mundo; pode, contudo, ser aquele anime que você assiste quando sua cabeça está vazia.
Koi to Producer foi, portanto, uma experiência com cara de outono. Agradável e suave, mas que com certeza vou me esquecer, porque prefiro os extremos do inverno.
Acho que, apesar de toda a resistência que a comunidade de animes tem com o shoujo, podemos nos surpreender. Penso que deveríamos dar um pouco mais de atenção a essas histórias bobinhas, que podem, eventualmente, angariar um público diferente ao nosso mundo.
Por vezes, as pessoas não encontram o gênero que gostam pela ideia de que “é coisa de criança”.
Recentemente, o shoujo foi o meio que encontrei para que minha mãe assistisse aos animes, e agora somos todos felizes.
Ao final, fiquei com aquele gostinho de “quero mais”. Eles, contudo, também deixaram a possibilidade de produzir uma nova temporada. O que você achou? Compartilhe com a gente!