Levius é um anime CGI exclusivo da Netflix, com sua história que se passa num mundo steampunk alternativo no século XIX, com um trabalho deslumbrante de ambientação feita pelo Estúdio Polygon Pictures.
A animação resolve não focar no ambiente em si, mas sim, nos provocar com a história e enredo que envolve os personagens.
Na minha opinião, foi uma jogada de mestre do diretor e da produção, afinal, com um mundo tão rico como este, seria “mais fácil” cativar o público exaltando aquilo que mais salta aos nossos olhos de inicio, não é?
Antes de eu continuar com a recomendação deste anime, vamos à ficha técnica da obra.
Em 2012 foi lançado o mangá de mesmo nome, escrito por Haruhisa Nakata, que posteriormente daria origem ao anime Levius.
A qualidade do CGI e coreografia das cenas de ação são coisas de encher os olhos, com uma qualidade ímpar.
A dublagem brasileira também não deixa nada a desejar, feita pela Vox Mundi, mesma equipe que dublou Aggretsuko. Vale ressaltar que as obras originais Netflix possuem uma dublagem com certa fama de não serem tão boas, então ponto para Levius.
Porém, desde 2018, a Vox Mundi se tornou “a casa da dublagem de produtos originais Netflix”, ou seja, obras a partir desta data possuem um cuidado especial no trabalho de adaptação para nossa língua.
E Levius é um destes exemplos: vozes marcantes, condizentes com cada personagem, trazendo um peso de seriedade que a obra merece.
A primeira temporada de 12 episódios lançada em 2019, obviamente, se encontra disponível por inteira na Netflix.
Agora sim: onde estamos nos metendo?
O anime nos traz uma reconstrução do século XIX, onde a Europa acaba de passar por uma guerra, mas neste primeiro momento não é revelado quem saiu ganhador do embate.
Contudo, sabemos que o motivo da guerra é o domínio dos equíferos da água de Agartha, substância essa, descoberta no ano de 1724 da Nova Era.
Essa substância é nos apresentada no mundo de Levius como uma água de de fósseis incrustados na terra. A água de Agartha, quando vinculada às moléculas do sangue, acaba realizando um processo químico, que digamos, “explode” em uma grande quantidade de vapor.
Ou seja, infinitamente melhor e mais eficaz do que esquentar a água. Além de que o vapor pode ser manipulado pelo dono do sangue a seu bel prazer.
Ou seja, o vapor conhecido como“super vapor”, possui muito mais poder e energia que o sangue normal entrega para as células. Porém, ainda possuímos a limitação do músculo humano correto?
Aí então que surge o Boxe Metal.
Briga..briga…briga…!
Mas por que Boxe Metal?
Simples, como a água de Agartha é injetada no sangue das pessoas para liberar o gás que é infinitamente mais energético que o sangue normal, por que não arrancar os braços, colocar próteses de metal e ter membros mecânicos a combustão super poderosos para lutar?
Um ponto muito importante, historicamente falando, é que no mundo real o boxe também foi criado na Europa na época vitoriana, mas a história do anime não se assemelha só nisso com a realidade.
Primeiramente, no sentido das primeiras lutas serem clandestinas, pois estas não eram aceitas pelo governo, mas mesmo assim eram muito difundidas nos becos das cidades.
Em Levius este momento da história não é mostrado, mas é comentado em algumas partes.
Do mesmo modo que na realidade, o governo sabendo da existência dessas “rinhas“ descobre que existe muito dinheiro envolvido e pretende ganhar algo com isso.
Assim, surge o Comitê do Boxe Metal, criando regras, que ditavam coisas como que tipo de armadura os competidores devem usar, qual o máximo de potência de água de Agartha pode ser liberada para os braços, entre outros aspectos.
Outra curiosidade, no mundo real com a formalização do esporte é que foi criado a separação da luta em rounds e a contagem de 10 segundos caso algum competidor esteja sem condições de continuar, obviamente imitado no anime.
Acho que me empolguei em tentar trazer em minhas palavras toda a ambientação deste mundo criado pelo autor. Enfim, vamos a história.
Seguindo a história (ou começando)
O início do primeiro episódio já é uma luta de Boxe Metal entre nosso protagonista, Levius Cromwell, e um competidor qualquer.
Na luta, considerei a trilha sonora como impecável, e vi também uma coreografia excepcional de movimentos. Ou seja, neste momento sabia que os combates deste anime seriam um espetáculo a parte.
E não só o combate é evidenciado nestes primeiros momentos de animação, mas também a personalidade de Levius.
Sem conhecer a história, parece apenas ser um jovem prodígio no esporte que não segue recomendações de ninguém, inclusive de seu técnico e tio, Zacks Cromwell.
Levius obviamente vence a luta de apresentação usando um golpe que seu tio e também o engenheiro Bill Weinberg já avisaram ser perigoso, pois o seu braço robótico não é de primeira linha.
Aliás, você não leu errado, escrevi “seu braço”, no singular, pois Levius é o único competidor que possui apenas um braço mecânico.
Badass? Ou idiota? Veremos…
Então nos primeiros episódios é contado um pouco da história de Levius Cromwell antes de conhecer o Boxe Metal e como ele ficou deslumbrando com estes combates.
Momentos antes….
As cenas em que Levius está no meio da guerra é nos apresentadas em pensamentos do protagonista relembrando destes momentos.
Numa destas lembranças, somos levado ao momento principal da guerra para Levius, num local totalmente destruído em chamas procurando sua mãe.
Neste momento passa ao lado dele um robô levando uma menina chorando em seus braços, Levius até pensou em ajudar, porém resolve se esconder e esperar a máquina passar.
Num determinado momentos os olhos da garota encontram os olhos de Levius, ela desesperada grita por ajuda, mas ele está paralisado de medo.
O robô segue seu caminho e Levius encontra sua mãe, porém neste momento um estouro acontece e a mãe de Levius joga o seu corpo por cima do menino, o salvando.
Porém, neste momento Levius perde um de seus braços e desmaia. Acaba acordando na cama de um hospital sozinho.
Ele se perde de sua mãe e é mandado para a cidade de seu tio que a partir de então, deverá cuidar do menino.
Tempos depois, sua mãe foi encontrada e enviada há mesma cidade onde Levius se encontra, mas ela está em coma, e o menino, agora jovem, sempre que possível visita ela no hospital.
Foi quase uma light novel escrita este pedaço? Sim! Mas acreditem, é apenas a primeira faísca da história.
E é neste ponto que o anime se “desabrocha”, em um mundo onde a guerra parece (ou não) ter acabado, temos um garoto meio desequilibrado em suas lembranças da guerra, tentando salvar sua mãe buscando refúgio no Boxe Metal.
Como disse no início da recomendação que aquilo que Levius (anime) resolve se focar são os personagens, por isso vou listar o “quarteto fantástico” que constrói toda a história.
Levius Cromwell
O protagonista, um jovem magro sem muita expressão, num primeiro momento antipático e querendo ser o dono da razão, porém, com o passar do anime, descobrimos seu passado e entendemos seus motivos. E digo mais, comprei MUITO a história dele.
A evolução do personagem é notável e ao mesmo tempo natural, fora que a forma como amadurece e reconhece a necessidade de ajuda de outros é ótima.
Zacks Cromwell
Parece muito o “tio do pavê”, sempre tentando conquistar a confiança de Levius. Além disso, parece um pouco troglodita, porém com um coração enorme. Encontrou no Boxe Metal um elo forte com seu sobrinho.
Era um boxeador no passado, quando as próteses de metal não existiam. Contudo, houve um problema em seu olho e precisou se aposentar mais cedo do que queria.
Bill Weinberg
Normalmente numa luta de Boxe ou MMA, juntamente com seu técnico, os lutadores possuem um preparador físico.
Mas, como em Boxe Metal o mais importante são suas próteses mecanizadas, cada lutador possui um engenheiro ao seu lado.
Bill tem toda o esteriótipo de nerd, porém com uma personalidade forte. A todo momento possui colocações incisivas que fazem o protagonista repensar o próximo passo.
Determinado e sempre disposto a fazer o melhor, o famoso “o bom não é suficiente”.
Natalia Garnet
Talvez seja um pouco o alívio cômico do anime, garota que demonstra ser irresponsável e também lutadora de Boxe Metal.
Sua primeira aparição na animação é em uma luta com Levius, subiu no ringue toda formosa desdenhando de seu adversário.
Depois da luta foi atrás do protagonista e se mudou para a academia de boxe de Zacks. Possui um afeto por Levius (que dúvida) que faz com que o anime, em certos momentos, fique sem muita tensão.
Outro personagem importante para contar essa história é a Empresa Amethyst, exatamente, um personagem importante é uma empresa!
Faço esta afirmação, pois a Amethyst é uma empresa que possui rumores de sequestrar crianças na época da guerra para utiliza-las em experimentos com a água de Agartha.
Reza a lenda que depois da guerra essa empresa havia fechado. Mas será?
Outros personagens que merecem menções honrosas são os outros participantes do boxe metal, onde cada lutador possuindo uma característica única.
A forma como cada lutador interfere na história de Levius é importante para o enredo. Eu diria que somente a luta de apresentação não possui uma certa importância para a obra.
Tirando o elefante da sala em Levius
Bom, com tudo isso dito, é inevitável que a animação Levius (ou o anime em si) seja comparada a Megalobox.
Afinal, temos protagonistas introvertidos, se achando dono da razão, e o mais semelhante: luta de boxe com braços mecanizados.
Porém digo com todas as letras que a semelhança acaba por ai: o fato da batalha ser em um ringue de boxe com lutadores com braços mecanizados.
Todo o resto, história, plot, personagens, evolução dos personagem, coreografia de lutas, ambientação, trilha sonora, entre outros pontos, são totalmente diferentes.
E isso é ótimo, afinal temos dois animes com pretensões diferentes, executando de forma ótima suas vontades.
Afinal, Call Of Duty é igual Battlefield?
Finalizando…
Não tive a oportunidade de ler o mangá da obra, mas pelo pouco que vi em noticias na internet, o anime se modifica um pouco de seu material original, trazendo os personagens para mais perto dos telespectadores.
Uma ótima história, personagens cativantes ao extremo e uma jornada do herói construída com cuidado para não parecer escrachado.
Além disso, o uso da computação gráfica ficou ótimo, e, somado com uma coreografia de luta excepcional e dublagem brasileira acima da média, eu fiquei muito preso ao anime. Preso o suficiente para vir aqui recomendá-lo à você, leitor(a).
Recomendo muito assistir essa animação curta, porém concisa e com uma virada muito bacana surpreendente no fim.
Depois de assistir vem me dizer o que achou!