Id: Invaded foi um dos primeiros animes originais do ano de 2020. Mas sua aparição na temporada de inverno foi discreta, portante, não foi tão marcante quando deveria ser.
Contudo, é difícil saber qual foi a recepção do público a esse anime no Japão, mas é certo que o estúdio NAZ (Captain Tsubasa 2018) tinha grandes expectativas.
A começar pela equipe técnica do anime que conta com o diretor Ei Aoki (Angel Beats!, Blood +, Fate/Zero), o escritor Outarou Maijou, que já escreveu outros animes originais como Ryuu no Haisha, e o cantor e compositor Miyavi que fez parte da trilha sonora do anime além de ser o responsável pela abertura e encerramento do mesmo.
Mas, a questão é: será que uma equipe competente foi o suficiente para desenvolver um anime que empolgue?
Sendo assim, o objetivo aqui é fazer uma analise da primeira temporada de Id: Invaded, diferentemente da RegraDe3 que foi o de avaliar apenas os três primeiros episódios.
Eu queria ser um detetive brilhante!
Para mim, o grande ponto negativo e positivo de Id: Invaded é sua história/premissa e vou justificar o porquê.
A história de Id: Invaded segue Sakaido, um detetive que encontra-se em um mundo virtual estranho, onde decide investigar o assassinato de uma garota chamada “Kaeru-chan”.
Sem entrar muito no terreno dos spoilers, com o intuito de não estragar a trama, adianto que a história do anime é bem confusa.
Esse com certeza é um anime para se assistir mais de uma vez (o que não foi meu caso).
Uma das dúvidas que o João levantou na RegraDe3 foi se o anime terminaria nos dando as respostas que precisávamos, ou se morreríamos com as dúvidas.
Porém, infelizmente, eu terminei o anime com mais dúvidas que respostas.
Comecemos então pelo ponto negativo da história.
Como dito antes, ID: Invaded é um anime de investigação, a ideia é resolver os mais diversos assassinatos, porém a forma como a narrativa trabalha nos dá 0% de chance de desvendar os mistérios junto dos detetives.
Desse modo, acredito que uma boa história de detetive é aquela que te convida a resolver os mistérios junto do protagonista, envolvendo o espectador na trama e o tornando um personagem ”oculto” no meio da história. O verdadeiro detetive brilhante por trás dos bastidores.
Claro, isso não é uma regra, mas a impressão que ID: Invaded nos passa é que eles tentam ser uma trama ”cabeçuda” mas que no final consegue ser apenas confusa.
É provavel que alguns podem argumentar que “Mas Pedro, eu consegui descobrir quem era o Jhon Walker antes dele ser revelado”.
E eu te digo que isso foi apenas intuição baseada em experiências passadas com histórias parecidas. Afinal, Id: Invaded não dá nenhuma pista de que aquele personagem poderia ser o famoso Walker.
Id: Invaded é um Incepton, ou ao menos tentou ser
Pegue Matrix acrescente alguns elementos de Inception (A Origem) e jogue tudo isso no meio da trama de Psycho Pass, eis que temos Id: Invaded.
Falando agora do ponto positivo da história, Id: Invaded acerta em cheio na questão plot twist. O anime consegue ligar (dentro do seu universo) algumas pontas soltas que foram deixadas lá nos primeiros episódios, conseguindo transformar a narrativa em algo coeso, apesar de confusa.
Diferente do que eu possa ter feito parecer, Id:Invaded tem uma história muito boa e envolvente, que tem uma crescente incrível e com uma guinada magistral em um certo episódio que faz com que você fique grudado na tela querendo mais daquilo.
Id: Invaded e a controvérsia do protagonismo
Resumindo parte da premissa de Id: Invaded, a história basicamente é sobre serial killers investigando serial killers. Logo, é fácil cair no terreno da controvérsia ética.
Para os mais ”liberalistas” vão achar que oque vou falar é ”mimimi” ou algo do tipo. E tambem vão ter aqueles que vão falar que eu estou politizando um anime, que anime é ”apenas entretenimento” e blá, blá, blá.
A questão é que toda obra audiovisual é passível de análise. O que eu eu digo aqui não é uma verdade absoluta e você tem total direito de discordar de mim.
Fique a vontade para expor seu ponto de vista nos comentários. Terei todo o prazer em responder.
Eis o que eu acho sobre nosso elenco:
Akihito Narihisago
Também conhecido como “Sakaido” é o personagem principal e protagonista da maioria dos episódios. Narihisago tem um certo carisma e seu background é o que mantém nosso interesse em boa parte da trama.
Sakaido é extremamente inteligente e persuasivo, um verdadeiro monstro com a capacidade de entrar na mente das pessoas e manipulá-las ao seu bel prazer.
Seu crime: matar um serial killer.
Koharu Hondomachi
Assistente do detetive de campo Hondomachi, após entrar em vários incidentes envolvendo alguns serial killers, é recrutada para tornar-se a detetive brilhante “Miyo Hijiriido” dentro do mundo virtual.
É tão quanto ou mais inteligente que Sakaido. Sua capacidade de dedução extremamente apurada somada a sua falta de empatia a torna a pessoa ideal para trabalhar como uma caçadora de serial killers.
Tamotsu Fukuda
Fukuda é um serial killer conhecido como ”O Perfurador”. Ele mata suas vítimas perfurando buracos em suas cabeças, acreditando que as está ajudando a alcançar um novo e melhor estado de espírito.
Aqui entramos na controvérsia do protagonismo, pois, apesar de Fukuda não ser um dos protagonistas, ele é claramente uma peça fundamental na trama.
A polêmica aqui é a mesma que surgiu com o filme Joker (2019), sobre romantizar um criminoso, mas diferentemente do filme do Coringa, Id: Invaded cai na relativização e faz nos apegarmos ao personagem pelos motivos errados.
Fukuda, apesar de ter cometido ao menos 7 crimes, é representado como um personagem ”descolado” e ”mal compreendida” e que no final, se sacrifica para salvar seus amigos chegando a arrancar uma lágrima de um dos protagonistas.
O erro aqui, ao meu ver, é não abordar durante os episódios o confrontamento que a equipe poderia ter com Fukuda. Porque, diferente do Narihisago e da Hondoumachi, os crimes do Perfurador são bem menos justificáveis.
O preço que Fukuda paga por seu crimes é bem aquém daquilo que ele realmente merecia…
Design de personagens em Id: Invaded
Id: Invaded não é nenhum Psycho Pass no quesito design, porém com certeza tem um design agradável sendo uma das primeiras coisas que chama a atenção ao bater o olho no anime.
Apesar dos protagonistas terem claramente “cabelo de protagonistas” é algo que não incomoda e combina com a estética de todo o resto do anime.
Mas o que realmente chama a atenção é a roupagem dos detetives brilhantes, com destaque para a Miyo Hijiriido, com sua roupa que faz alusão a um dos maiores detetives fictícios de todos os tempos: Sherlock Holmes.
Outro ponto alto no design de personagem é o vilão. Pegaram o conceito da caracterização do Johnnie Walker (Whisky) e criaram o Jhon Walker. Além de atribuir um valor ao ”Walker” (andador) para o mesmo.
Trilha sonora que marca
Parte dos méritos de Id: Invaded se deve a sua trilha sonora.
Apesar do anime não ter um diretor de som (ao menos essa informação não consta no MyAnimeList), é incrível como algumas músicas tornaram-se marcante em alguns episódios.
Id: Invaded é um dos casos que tem abertura e encerramentos são sensacionais.
A abertura Mr. Fixer do músico Sou representa muito bem a atmosfera do anime.
Mas, na minha opinião o destaque fica mesmo é para a música Other Side do músico e compositor Miyavi. Esse encerramento sem dúvidas vai figurar entre os melhores do ano de 2020 no Cúpula Awards.
Entretanto, não é só de abertura e encerramento que uma trilha sonora é composta, apesar das mesmas fazerem parte.
Outro grande destaque é para as músicas de episódios que casam perfeitamente com o que está acontecendo.
Apesar de eu não gostar do uso da música para explicitar o sentimento daquilo que está acontecendo, o episódio nove de Id: Invaded se torna a exceção desse recurso.
Para ilustrar melhor o que eu falei, é como em uma cena feliz de algum personagem o diretor colocar uma música que canta sobre como alguém que está muito feliz, para nos mostrar o quanto ele está feliz.
A música ”Revenge” é a transcrição dos sentimentos do Narihisago em forma de palavras. Sua raiva reprimida e a vontade de vingar-se daquele que causou seu mal é o que move todo o episódio e a música.
Com certeza essa vai ser uma das cenas de luta mais icônicas de 2020.
Outro episódio incrível, em que a trilha sonora é crucial para o clímax do episódio, foi o de numero 10.
Sobre o final de ID: Invaded
Certamente, se você leu até aqui, é porque muito provavelmente busca respostas sobre as inúmeras questões levantadas durante Id: Invaded.
Até o momento evitei dar spoilers para aqueles que não leram ter uma visão geral sobre como foi a temporada do anime. Porém, a partir de agora essa seção vai apenas tratar de teorias, funcionamento dos equipamentos e, é claro, sobre o final de ID: Invaded.
Então, fique avisado, A PARTIR DE AGORA, SPOILERS NA ÁREA!
Caso você não queira ler, basta pular a seção clicando aqui.
Wakamusubi
Wakamusubi é um dispositivo que auxilia nas investigações criminais de ID: Invaded, esse equipamento é usado para complementar o sistema Mizuhanome.
Este dispositivo detecta as partículas de cognição que vêm do desejo inconsciente de um indivíduo em matar.
Se um padrão corresponde a um suspeito, as partículas são convertidas e carregadas no Sistema Mizuhanome, e um ID (poço) é baseado no estado de espírito do indivíduo definido pelas partículas.
Embora o Wakumusubi detecte partículas de cognição, um longo período de tempo e também logo após ocorrer um impulso assassino, o dispositivo não é perfeito.
Koharu Hondomachi relembra casos em que partículas de cognição eram carregadas pelo vento em cenas de crimes, de modo que é possível haver manipulação física, causando assim falsos alarmes do dispositivo.
Algo que incomoda um pouco, mas não chega a ser um ponto negativo, é como a tecnologia em Id: Invaded funciona.
Não lembro de haver alguma explicação de como o Wakumusubi foi desenvolvido ao algo do tipo. A ideia de existir um dispositivo que capta intenções assassinas é muito vaga e de difícil aceitação.
Claro, não precisa nem tudo precisa de explicação, porém uma obra que se denomina sci-fi, devia tender mais pra a questão da tecnologia do que da fantasia.
Sendo assim, do meu ponto de vista, o anime carece de mais informações técnicas para o espectador ter a possibilidade de vislumbrar algo assim no ”mundo real”.
Mizuhanome
O sistema Mizuhanome é usado pela Kura, que é uma organização política independente, porém com relações estreitas com a polícia, dedicada a investigações de casos de homicidios.
O Mizuhamone analisa partículas de cognição deixadas por uma pessoa e reunidas pelo Wakumusubi, depois constrói um ID baseado na intenção de matar do indivíduo.
Criado o ID (poço), é enviado um detetive brilhante para encontrar a identidade do dono daquelas partículas.
No entanto, as especificidades exatas e todas as operações desse sistema são desconhecidas – até mesmo para aqueles que a operam.
O inventor desse sistema foi Nishio Shirakoma. É descoberto mais tarde que o sistema Mizuhanome na verdade é na verdade uma forma de usar os poderes de Kiki Asukai.
E esse é um ponto bem delicado na história. Somos levados a acreditar, durante boa parte do anime, que a tecnologia desse sistema trata-se de algo mais pé no chão.
Porém, bastou apenas um episódio para percebermos que na verdade a trama toda é uma prequel de X-Men fantasia, e que na verdade são os poderes de alguém, que faz as coisas funcionarem.
Talvez, se nós como espectadores estivessemos sido preparados para esse possivel plot twist, o choque dessa quebra de expectativa teria sido menor, e conseguiríamos comprar melhor essa ideia.
O final de Id: Invaded
Apesar da mudança do tom de Sci-Fi para fantasia, é inegável que o plot twist foi incrível.
Ao ser revelado que a Kaeru-chan na verdade não é uma ferramenta criada apenas servir de motivação/ponto de partida para os detetives brilhante desenvolver os assassinatos dentro do Mizuhanome foi incrível.
Na verdade, Kaeru-Chan havia sido morta de verdade em todos aqueles universos criados pelo sistema Mizuhanome.
Os poderes dessa personagem ainda foram pouco elucidados, porém o que sabemos é que a Kiki Asukai (Kaeru-Chan) tem algumas habilidades como transmitir seus pensamentos e sentimentos além de compartilhar seus sonhos com algumas pessoas.
Entretanto, as habilidades dela estão se tornando cada vez mais fortes, ao ponto dela estar conseguindo compartilhar seu sonho com inúmeras pessoas simultaneamente.
Ainda não se sabe as consequência desses poderes, mas acredita-se que uma pessoa que morra durante o sonho da Kaeru-chan, nunca mais acorde.
O sentimento de melancolia é o que define o final de Id: Invaded. Podemos achar que a organização Kura foi inescrupulosa ao continuar usando a Kiki como uma ferramenta, porém, pensando de maneira sensata, dificilmente haveria uma forma naquele momento de ajudar a Kaeru-Chan.
Minha teoria é que a Kaeru-chan ainda vai ser usada por um bom tempo e vai viver o suficiente para provar aquele velho ditado:
”Morra como um herói, ou viva o suficiente para tornar-se um vilão”
Acredito também, que a tendência do anime é ficar cada vez menos Sci-Fi, e cada vez mais fantasioso, chegando ao ponto de os personagens irão transcender e não precisarão mais do Mizuhanome para invadir IDs alheios.
Finalizando…
Id: Invaded é certamente um anime que merece sua atenção, mas com ressalvas.
A história apesar de ser considerada um Sci-Fi, espere algo mais voltado para a fantasia do que a ciência. Ao menos por enquanto, em que ao final da 1ª temporada temos mais dúvidas que certezas.
Seu objetivo também não é o de fazer nos espectadores refletirmos sobre o que é certo ou errado, longe disso.
Desse modo, Id: Invaded está mais para um entretenimento com alguns mistérios que ora são confusos, ora são interessantes.
Porém, é fato que Id: Invaded ainda não mostrou o seu potencial (assim espero), pois a história apenas começou e muito provavelmente teremos uma continuação.
E você que assistiu o anime, gostou de ID: Invaded? Concorda que temos mais perguntas que respostas ao final dessa primeira temporada?
Nota
/10
Apesar da minha nota não ser das melhores, fica aqui minha forte recomendação para você assistir esse anime e tirar suas próprias conclusões.