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Análise

Josee the Tiger and the Fish é bom? Vale a pena ver o filme? | Crítica

Josee the Tiger and the Fish: você conseguiria se levantar se suas pernas não ajudassem?
14 minutos para leitura

Josee the Tiger and the Fish é um filme que atende os três questionamentos seguintes:

Uma história que trabalha a realidade sendo vista de um posto de vista diferente, cheia de reviravoltas, à ponto de você de verdade não saber o que vai acontecer na sequência?

Uma história que entrega um casal incrivelmente carismático e que tem o devido foco ao longo das 1h30min de filme. Um longa objetivo, direto ao ponto, mas com uma mensagem muito clara?

Por fim, uma história com teor técnico de tirar o chapéu. Trilha sonora agradável, um ritmo que te prende, somado um roteiro sem pontas soltas? Além de, claro, uma animação fora de série?

Reforço, Josee the Tiger and the Fish, ou no japonês Josee to Tora to Sakana-tachi, é a resposta. Sem dúvidas um filme que bate de frente com Koe no Katachi ou Your Name. Juro. Zero defeitos. E ponto final.

Cabe à minha crítica convencer você à assistir, caso você ainda não o tenha feito – que provavelmente é o caso, já que o filme não popularizou, já que só nos mares desbravados da internet você o encontrará.

Alô, Netflix? Crunchyroll? Estão moscando!

protagonistas do filme sorrindo enquanto passeiam no parque
  • Gênero: Slice-of-life, Romance, Drama, Comédia
  • Duração: 1h38min
  • Estúdio: Bones (mesmo de FMAB e Boku no Hero Academia!)
  • Data de lançamento: 25 de dezembro de 2020
  • Material original: Novel

Um filme que logo de cara prende sua atenção

Josee the Tiger and the Fish já estava no meu radar faz um bom tempo. Mais especificamente, desde que lancei uma postagem na falecida ala de notícias aqui da Cúpula. Tudo no trailer me chamou atenção. Tudo.

Tudo é lindo. Os personagens, o ambiente, a música…

E além da beleza que já chama atenção, é impossível não dar atenção à premissa dessa história.

Afinal, em Josee the Tiger and the Fish, nós acompanharemos a história de dois jovens adultos (sim, não de adolescentes colegiais, pasmem) enquanto vivem suas realidades um ao lado do outro, mas que, ao mesmo tempo, são realidades completamente distintas.

Tsuneo, o rapaz, é uma pessoa sadia, que tem o sonho de ir para o exterior aprofundar seus estudos na vida marinha. Desde criança ele tem essa paixão pelo mar, e também pelos peixes. Trabalha numa loja de trajes de mergulho e, considerando sua paixão, o hobbie dele não poderia ser outro além de mergulhar no oceano com seus dois amigos e colegas de trabalho.

Porém, como ir para o exterior à estudo não é algo trivial. Ele precisou viver até então economizando muita grana. Se privou de diversas coisas que pessoas “comuns” da sua idade fariam, tudo em prol de seu sonho.

Um dia, contudo, a “sorte” brilhou para ele, mas ela veio em forma de uma delicada e bela menina que caiu, literalmente, em seus braços numa velocidade não muito saudável.

Kumiko, a garota, quase sofreu um terrível acidente. Ela estava passeando com sua avó, quando, aparentemente, alguém ou alguma coisa a empurrou ladeira abaixo. Sem ter como se segurar, a garota acelera em direção à um destino que poderia não ser muito bonito de se ver. Mas, felizmente, era ali que Tsuneo estava.

kumiko caindo nos braços de tsuneo
É aqui que tudo começa…

Grande retorno, grande responsabilidade

Por ter salvo a bela menina da queda, a vó convida o garoto para jantar na casa das duas. Felizmente, no dia seguinte, Tsuneo recebe algo que mudaria sua vida para sempre: uma proposta de emprego. Dos difíceis, mas bem pago.

Pagava bem, então, por que não? Tudo que ele precisaria fazer dali para frente seria “apenas” cuidar de Kumiko, pois, ainda não deixei 100% claro, mas ela sofre de deficiência nas pernas. A moça é cadeirante, e, portanto, vive uma realidade distinta de Tsuneo, mesmo que, agora, ambos passem muito tempo juntos, compartilhando suas realidades.

tsuneo com cara de irritado no bar
“Apenas fazer o que a menina pedir, disse a vó…”

Mal sabiam os dois, mas depois de muitas coisas vivenciadas juntos, com muitas (muitas mesmo) reviravoltas, só o destino já sabia o que estava preparado para eles.

E é sobre isso que Josee the Tiger and the Fish conta. Uma história de desenvolvimento pessoal, de busca de sonhos e, para minha felicidade máxima, de romance. E dos bons.

casal se olhando apaixonadamente em filme Josee the Tiger and the Fish
!!!

Realidades compartilhadas, mas 100% distintas

Como dito acima, Kumiko vive uma vida diferente. Uma vida que não é capaz de ser entendida 100% por qualquer pessoa que não tenha tal condição. Porém, apesar de eu não possuir deficiências físicas, Josee to Tora to Sakana-tachi é muito bem sucedido em nos colocar no lugar da protagonista.

josee no trem
Ela é meio tsundere, mas sem ser chato

Conseguimos sentir todo o medo, angústia e frustração de Kumiko por não conseguir fazer até coisas consideradas simples, como passear na rua, andar de trem ou sentir o gosto da água do mar. Até consegue, mas de um jeito complexo, difícil. Às vezes, doloroso. O rapaz chega a “forçar” o espectador a se colocar, ativamente, no lugar da menina com essa frase:

tsuneo falando com josee no trem

Tsuneo, que representa o “outro lado da realidade”, também tem seus dramas. Ele possui um sonho, afinal.

E da mesma forma que Josee the Tiger and the Fish consegue mostrar uma realidade tão distinta da maioria das pessoas, ele mostra que mesmo dentro das pessoas comuns os sonhos podem parecer inalcançáveis, mesmo com duas pernas não debilitadas. Mas isso se você deixar o acaso que é a vida vencer as asas do seu coração, porque essas sim são as responsáveis por levar você até seu sonho. Nada mais, nada menos.

É simples: não desistir. Se levantar, mesmo quando tudo e todos parecem estar contra você. Até mesmo quando a natureza parece estar contra você. Até mesmo quando suas pernas não colaborarem.

Se levante.

Para mim a grande mensagem da obra é: apoie-se em quem quer seu bem, que ambos se ajudarão à andar até seus sonhos, da maneira que for possível.

Uma narrativa com muitas reviravoltas resume bem a fórmula de Josee the Tiger and the Fish

Enquanto me deliciava com o longa, me senti na obrigação de rever os gêneros da obra, porque acontece tanta coisa ao longo dessas 1h30min que me peguei perplexo, vidrado e assustado enquanto assistia.

Eu realmente não fazia ideia do que o roteiro me entregaria. Uma história feliz? Triste? Dramão? Romance puro? Sério, eu não fazia ideia, e acho que esse é um dos principais trunfos de Josee the Tiger and the Fish: você simplesmente não faz ideia do que vai acontecer, por mais “óbvio” que pareça (mas não parece).

Graças à sábia decisão da direção de Tamura Koutarou (que dirigiu Noragami) de focar quase que exclusivamente nos protagonistas, o ritmo do filme fica muito gostoso de se deixar levar. Você simplesmente não vê o tempo passar. E mesmo que tenham vários altos e baixos na trama, não fica nada cansativo de acompanhar. Muito pelo contrário. Você quer cada vez mais.

A animação merece destaque aqui, porque assim como em obras de ambientação no mundo real e que são praticamente “slice-of-life”, como Horimiya e Hyouka, em Josee the Tiger and the Fish a beleza e fluidez de todas as cenas faz você se sentir cada vez mais dentro daquele mundo.

Ou seja, cada vez enxerga os personagens de maneira mais palpável, mais real. E pra quê melhor que isso quando a ideia é justamente fazer você se conectar com os personagens?

Mérito do estúdio Bones, que já entrega obras de altíssima qualidade há muitos anos.

Uma mensagem clara, objetiva e marcante

Apesar de eu trazer Koe no Katachi na introdução, não acho legal comparar demais esses filmes. Digo, é bem claro que ambos possuem uma narrativa envolta em discussão social, empatia e romance, mas o foco alterna muito dentro dos longas.

Em Koe no Katachi, o foco é quase 100% na discussão social. A história foca completamente em desenvolver os dois protagonistas, os dois lados do bullying, ao mesmo tempo que trabalha (e MUITO bem) a discussão complexa que é a deficiência auditiva. É sobre empatia. Tem romance aqui? Tem, mas passa longe de ser o foco.

Agora, em Josee the Tiger and the Fish, há sim o mesmo tipo de trabalho em cima da empatia. Sobre colocar-se no lugar do outro, e entender que mesmo estando tão perto das pessoas que sofrem dessas condições, ainda é bastante diferente entender, entender mesmo, como são diferentes as realidades. Porém, ao mesmo tempo que Josee trabalha isso, o filme não foca 100% nessa discussão.

Portanto, em Josee, eu diria que o foco é sem dúvidas no romance, mas que tem elementos narrativos que discutem o tema acerca da condição de Kumiko.

Em outras palavras, em Koe no Katachi o foco é 100% sobre a mensagem sobre empatia e discussão da condição da Shouko e do Shouya, tudo envolto em muito drama, não no possível romance do casal.

Já em Josee the Tiger and the Fish a história é muito mais sobre o romance dos protagonistas e em como um é apoio para outro. Ou seja, possui sim a empatia como tema, mas não como tema único. A imprevisibilidade aqui é mais presente do que o dramão, o que torna o filme mais leve de assistir.

Ambos os filmes com mensagens incríveis, que fique claro. Porém, com propostas diferentes.

tsuneo segurando kumiko em filme Josee the Tiger and the Fish

Finalizando minha crítica de Josee the Tiger and the Fish

Sem dúvidas este foi um dos melhores filmes que já me dei o prazer de assistir.

Tudo conversa bem demais. A parte técnica permite que a relação dos protagonistas seja mais palpável e emocionante, ao mesmo tempo que o foco no casal torna o ritmo do filme agradável à beça. O longa definitivamente não perde tempo com o que não é necessário.

Ao mesmo tempo, a imprevisibilidade dos pontos principais da trama geram reviravoltas interessantíssimas, que com certeza te deixaram (ou deixarão) na ponta da cadeira. Pode confiar.

Por fim, mas não menos importante, Josee the Tiger and the Fish é sobre como dois, juntos, podem apoiar um ao outro, para o que der e vier.

Não é sobre usar as outras pessoas como muletas, mas sim sobre cada um ser uma asa do par que levarão ambos para seus sonhos.

kumiko feliz na praia durante filme Josee the Tiger and the Fish
“No fim, o mundo lá fora não era tão assustador assim, vovó.” – Kumiko para sua avó, após descobrir que mesmo sem poder usar suas pernas, ela poderia viver normalmente e ser feliz fora de seu quarto.
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Escrito por

André Uggioni

Co-Fundador

Host do CúpulaCast

Criciúma - SC

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