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Análise

Millennium Actress: é bom? Vale a pena ver o filme? | Crítica

Millennium Actress é o mais cotidiano trabalho de Satoshi Kon, e nem por isso é menos incrível
10 minutos para leitura

Millennium Actress, ou Sennen Joyuu, é o meu último filme do quarteto fantástico do diretor Satoshi Kon. Já falei aqui três vezes (ou mais) sobre como o diretor é talentoso e como os trabalhos dele são incríveis.

Inclusive, vou deixar no final dessa crítica alguns links para os demais textos que fiz a respeito dos outros filmes dele. Enquanto isso, vamos a Millennium Actress!

Uma das maiores discussões hoje é sobre ser “cult” ou não. Ou seja, apreciar filmes com significado escondido, simbologias normalmente não acessadas e muita retórica. Portanto, a discussão é precisamente esta: aquilo que é difícil de compreender é melhor, artisticamente falando?

De minha parte, posso dizer que existe certo equilíbrio entre a simbologia e a exposição; e que, apesar de não ser o melhor caminho ter diálogos (ou monólogos) 100% expositivos, também não é frutífero engajar o filme todo em filosofias e simbologias.

E digo isso em uma espécie de visualização do público: a mescla perfeita entre o abstrato e o expositivo consegue captar públicos de ambas as espécies, e, por fim, agradar a todo mundo. Sempre tem os chatos, é claro.

Satoshi Kon, contudo, faz isso com tanta perfeição que nem consigo colocar em palavras. Perfect Blue, que é o meu favorito do quarteto, faz exatamente isso. E Milennium Actress não foge à regra.

protagonista correndo na neve em millennium actress
  • Estúdio: Madhouse
  • Data de lançamento: 14 de setembro de 2002
  • Gêneros: ação, aventura, drama, fantasia, romance
  • Direção: Satoshi Kon
  • Duração: 86m

Uma história sobre uma atriz

O que é um tanto quanto óbvio, considerando o nome do filme. Evidente que parece uma temática que o Kon gosta de explorar, porque Perfect Blue também fala sobre uma atriz, e de maneiras parecidas, de certa forma. O diretor gosta de explorar conceitos psicológicos, e aqui, ele os usa menos, mas acredito que a dose é bem acertada para o tema.

Fujiwara é uma atriz aposentada que está sendo entrevistada por um estúdio famoso em comemoração aos seus anos de indústria. A grande atriz aposentada, todavia, sumiu da indústria por longos anos, e não parecia ser fácil contatá-la.

fujiwara mais velha

Contudo, dois dos filmmakers vão atrás da atriz para saber sobre sua vida e sua história, a fim de construir um documentário. O filme, em si, é o próprio documentário, que vai tratando da vida de Fujiwara e de um encontro importante que a modificou.

Nascida em 1923, durante o grande terremoto de Kanto (que existiu mesmo, podem pesquisar), Fujiwara era pressionada por sua mãe, nos anos de sua jovialidade, ao casamento. O que faz bastante sentido, considerando a época.

mãe da fujiwara

No entanto, a menina foi visada por uma empresa que observou a beleza e o potencial que tinha para se tornar atriz. Dividida entre os dois mundos, ela não sabia o que fazer, mas certamente não queria se casar com qualquer um. Nessa situação é que encontra um cara que, fortemente ferido, é protegido por ela e conversa durante uma noite inteira.

Ela descobre que o cara é pintor. E só. Mas aquela noite e as impressões que teve foram tão fortes que ela decide encontrá-lo a qualquer custo. Para isso, tornar-se-ia uma atriz de sucesso, com o intuito de viajar e encontrar aquele homem daquela noite fria.

Millennium Actress tem ótimos cortes de cena

Porque em algum ponto, você não sabe (MESMO) se o que está se passando na tela é o filme que estão fazendo, a conversa entre eles e a Fujiwara ou a vida dela, de fato. E o propósito é esse mesmo: às vezes, a cena passa de uma situação em que ela está com a espada na mão para ela imitando o gesto de espada (já mais velha) durante a conversa com o pessoal do estúdio.

gravação do filme

E o filme vai se alternando entre todos esses momentos, montando uma rede temporal que precisa de um pouco mais de atenção para ser seguida, mas, no fim, passando uma mensagem bem simples.

A simplicidade está no que ocorre com a nossa protagonista, que é a busca por um amor escondido. E sei que muitas das mulheres vão se levantar e falar: mas o que é isso, filme pra correr atrás de homem? Calma, minha jovem parceira. Não é bem sobre isso.

Quem assistiu irá entender o que falo aqui agora, e quem não assistiu, sugiro que o faça, mas o filme pretende dizer que nossas escolhas fazem de nós o que somos. Fujiwara fala algumas vezes durante o filme que ela sempre foi envolvida por terremotos em momentos importantes da vida dela, e vejo isso como uma simbologia.

Existem muitos momentos de mudança em nossas vidas. Podemos escolher abraçar, jogar fora, recomeçar, hesitar; a escolha está nas nossas mãos. E, como o bater das asas de uma borboleta, uma decisão que fazemos pode, sem dúvidas, ocasionar um terremoto. Não necessariamente fisicamente.

O caminho é mais importante do que a chegada.

Qual é o papel de Millennium Actress como filme?

Falando em termos de antecessores e predecessores, vejo Millennium Actress um pouco mais como vejo Tokyo Godfathers. São dois filmes que trazem mensagens importantes sendo simples em sua premissa e execução. Aliás, simples, no que falo, é a respeito da história em si (e não da execução da animação).

Até porque o filme foi feito pelo gigante Madhouse (The Girl Who Leapt Through Time, Redline, Summer Wars e muitos outros), já acostumado a projetos de grande escala, principalmente no que tange a filmes. Não há o que se retocar tecnicamente, não para amadores como eu. Quando se tem um trabalho tão bom, você só fica imerso na história.

Acho que o filme veio mesmo para, além de revolucionar o trabalho do próprio Satoshi, tentando conciliar seu público a um olhar mais cotidiano, reforçar o papel do protagonismo feminino nos filmes japoneses. Em todos os seus quatro grandes filmes, mulheres são protagonistas.

E em Millennium Actress, em especial, que trata de muitas características históricas, e mostra períodos de guerra, a luta de uma mulher pelo próprio caminho é não só emblemática como também inspiradora. O filme é de 2002, mas há que se falar que essa tendência japonesa a colocar mulheres em destaque nos longas-metragens vem de antes disso.

Finalizando a crítica sobre Millennium Actress

fujiwara cercada por sakuras

Os cortes de câmera e as transições, a riqueza de detalhes e a virada de chave nos momentos certos fazem com que o trabalho de Kon seja o mesmo em todos os quatro: inconfundível. Posso estar sendo a maior fangirl agora, mas se eu visse um filme sem saber que é dele, eu certamente reconheceria.

E é essa individualidade que torna Millennium Actress um trabalho ainda mais gigante em sua simplicidade. A jornada pela qual a atriz passa serve também como um espelho às nossas próprias vidas, algo como: o que estou fazendo? Vale a pena viver da maneira que vivo agora?

E a maior pergunta do próprio enredo do filme é se ela vai encontrar essa pessoa por quem procurou durante muito tempo. Para isso, você vai precisar assistir.

Por isso, apesar de ser conhecido por seus famosos jogos psicológicos, Kon é inovador ao balancear Millennium Actress como uma história da vida real da qual se pode extrair várias mensagens. Qual foi a que você tirou dela?

E, como prometido, deixo aqui os links para os demais filmes já vistos por mim: Perfect Blue, Paprika e Tokyo Godfathers (que coloquei como recomendação em um de nossos listões). A seguir, penso muito sobre ver Paranoia Agent (que o Pedrão já viu e até recomendou em uma lista maneira) um dia. É mandatório para uma fã recém-chegada, não é? Vejo vocês em breve.

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Escrito por

Helena Nunes

Advogada | Professora | Concurseira triste

Máquina de spoiler | Jojofag

Campos - RJ

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