Mahoutsukai no Yome (The Ancient Magus’ Bride) foi um anime exibido em 2017. A animação foi de responsabilidade do Wit Studio, que está a cargo do belíssimo Vivy: Fluorite Eye’s Song, anime desta temporada de abril 2021. Ao total, Mahoutsukai teve 24 episódios.
A premissa da animação é muito interessante. Aliás, não de forma exclusiva a ideia é legal, como a arte e a trilha sonora também sofrem enaltecimento. A presença e mescla desses elementos torna e experiência de assistir a The Ancient Magus’ Bride bem mais divertida.
Sobretudo, nem tudo são flores. A animação é boa, as músicas são belas, a história agrada, porém somente até certo ponto. Como disse o Pedro: “chega um ponto que a história é contada e contada e não chega a lugar nenhum.”.
Mas, de antemão, é importante avisar que vale a pena assistir este título, caso nunca tenha tido a oportunidade de ver. E por fim, este texto não conterá spoilers acerca do anime.
A premissa nada original, mas agradável de Mahoutsukai no Yome
Que The Ancient Magus’ Bride é um lindo anime, isto é indubitável. Todavia, ele parte de uma ideia que já fora vista em outras obras, pelo menos por mim. Cronologicamente, ele pode ter impulsionado esta narrativa, mas foi a obra mais recente que assisti sobre o tema, logo já estava habituado com o teor da história. Mas, claro, isto não impede a obra de inovar e ter sua parcela de originalidade para mim.
Sobre estas obras, provavelmente já tenham ciência, mas caso não, são Somali to Mori no Kamisama e A Menina do Outro Lado.
Sobre Somali, QUE É UM DOS MELHORES ANIMES DE 2020 (a propósito, dê uma conferida no nosso Cúpula Awards 2021), acompanhamos a jornada de uma garota perdida no mundo dos monstros em busca de encontrar os humanos. A partir deste ponto, surge um ser não humano que ajudará a garota nesta longa e encantadora viagem.
Com A Menina do Outro Lado também não é diferente. Parte do mesmo pressuposto supracitado. A narrativa de uma garota perdida em um mundo que não é o seu e, contando com o auxílio de um ser também não humano, vivencia uma jornada de descobertas sobre a vida.
Claro que não é exatamente a mesma coisa. Há divergências, pontos que são mais explorados em um do que em outro, porém permanece a essência ali. E isto é até bom, afinal fica aquela comparação de crítica ou mesmo um possível respaldo para complementar uma ideia.
A história
O anime se desenvolve a partir da protagonista Chise Hatori, que é uma escrava. Um início um tanto quanto surpreendente. Ademais, ela está sendo leiloada em um evento. E é a partir deste momento que conhecemos Elias Ainsworth, que carinhosamente chamo de “Caveirudo”.
Elias é o “ser não humano” da história que guiará a protagonista pelo caminho certo ou qualquer coisa do gênero. Por fim, ele compra a garota. Posteriormente, Elias revela que é um mago é que os planos para Chise é transformá-la em aprendiz de mago e, futuramente, sua esposa.
Particularmente, neste ponto, achei um pouco estranho tudo isto. Até dei uma vasculhada pela internet a fim de encontrar algo sobre esta minha suspeita, mas não achei nada. Talvez eu estivesse tentando problematizar algo desnecessariamente.
Mas, enfim, a história tem o foco principal no desenvolvimento de Chise. Ao longo dos 24 episódios levados somos a compreendê-la. Principalmente seu passado, elemento de vital importância para a história. Afinal, tudo se trata de sentimentos em The Ancient Magus’ Bride.
Chise Hatori, a garota problema
Logo nos primeiros episódios revela-se que Chise não é uma humana comum. Muito pelo contrário. A menina possui habilidades especiais raras. Contudo, essas habilidades têm um alto preço: a morte precoce do portador.
Chise pode ser considerada uma garota depressiva, porque seus inúmeros pensamentos acerca de seu passado a atormentam e a deixa desolada. Tanto que ela criou um determinado bloqueio a interações sociais ou de externar seus sentimentos.
Quando Elias a recebe como discípula/noiva e apresenta para ela um mundo no qual ela não mais era escrava dele ou mesmo de seus pensamentos, é uma nova fase para Chise.
Quando a jovem descobre seus poderes e como a consideram sortuda, ela comenta que esta sorte é uma maldição, pois levou ela ao estado atual que ela se encontrava.
E este é um ponto muito interessante. Nos episódios finais, revela-se o motivo dela ter esta percepção acerca dos poderes dela. Esta construção narrativa do passado da Chise é simplesmente fenomenal.
Por fim, no processo dos acontecimentos de cada episódio, são jogados na tela alguns fragmentos do passado da personagem, causando aquela ideia de mistério. E funciona muito bem. Logo, um dos objetivos ali se torna tentar entender porque a Chise é da forma que é.
Algumas problemáticas inerentes à animação
Também nos primeiros episódios de Mahoutsukai no Yome, já encontrei alguns pontos ali que me estressaram um tanto. O fato de a protagonista ser, quase todo o momento, sequestrada.
Entretanto, a história dava um jeito, de todas às vezes, contornar a situação de uma forma sedutora ou como se dissesse: “ela foi sequestrada mais uma vez, mas calma, isso faz parte do show.”. E o fato é que estes momentos serviam como uma grande experiência catártica para ela.
Foram a partir desses momentos de insegurança que Chise começou a trabalhar a questão de seus sentimentos e a desbloquear seus poderes. Cada situação corroborava para ela romper com a visão aterrorizante de seu passado. Dessa forma, a menina abria caminho para algo melhor que estava a sua frente.
E, basicamente, tudo era uma lição de vida que ela precisava enfrentar sozinha, mesmo a todo o momento tendo Elias como uma espécie de válvula de escape.
Aliás, outro ponto também abordado pelo anime, mas que não se tornou foco, foi o fato da problemática desses seres sobrenaturais com os humanos. Em Somali to Mori no Kamisama essa visão é bem mais notória e explorada. Em A Menina do Outro Lado também há a citação deste problema. Aliás, caso queira saber um pouco mais sobre Somali, dê uma olhada na RegraDe3 do André sobre o anime.
Aqui também se faz presente. Minimalista, mas está ali. E um dos que sofreu bastante com isto foi Elias, o Caveirudo. Na metade da produção, alguns episódios incumbem-se de flashbacks, que salientam a história do ser misterioso. Além do mais, o enredo gosta bastante de trabalhar com flashbacks, recurso usado com vários personagens da trama.
O anime é bom, mas…
Como nem tudo são flores, chegamos ao momento crítico da história. É aqui que as coisas começam a desandar e ficar chatas. Claro que isto é uma opinião pessoal. Não significa que o anime de fato fica ruim ou perde o sentido. É bastante subjetivo.
Porém, a segunda metade do anime é extremamente maçante. Enquanto que, no início, tínhamos uma história linear, com eventos interessantes e com uma proposta de crescimento gradativo, na segunda parte isto é esquecido. O anime envereda para uma lógica mais episódica. E depende muito da animação para esse estilo desvinculado funcionar.
Mahoutsukai acabou não tendo um caimento muito agradável. Talvez pelo fato de, no início, ter tido uma exposição diferente. Mas, claro, ainda assim há uma ligação com o todo.
Sobretudo, esses episódios serviram mais para enaltecer a questão dos sentimentos dos personagens. Apresentar como as relações podem mudar pessoas e, quiçá, o mundo. Ou pelo menos a forma de enxergá-lo.
Finalizando a crítica de Mahoutsukai no Yome
A sugestão que fica aqui é “assista Mahoutsukai no Yome”. Em síntese, a obra é muito agradável, fofa e sentimental. É um daqueles animes para aliviar “ressacas” de obras um tanto mais pesadas.
Por fim, também gravei um vídeo comentando sobre The Ancient Magus’ Bride. Nele expresso um pouco melhor o que foi denotado aqui neste texto. Caso tenha gostado do anime e queira saber um pouco mais, confira o vídeo que está logo abaixo.
Deixa aí nos comentários o que achou de Mahoutsukai e, caso não tenha assistido ainda, se dará uma chance para o título.