Se interessa por Rhazen!? Nós também! Ouça nossa conversa com o autor dessa obra e a sua jornada pra fazer ela chegar até você.
Cedo ou tarde eu estaria aqui falando do mangá RHAZEN. Não é todo dia que temos a oportunidade de ler um mangá brasileiro de um autor que, além de fã do CúpulaCast, já esteve dentro das maiores editoras de mangá do mundo, lá no Japão. Fernando Huega é o nome da fera, nosso amigo e mangaká, autor desse shonenzão mais “dark” e misterioso que é RHAZEN.
No episódio do nosso podcast que ele participou ele brincou que “foi pro lanche e acabou dentro do estúdio Ghibli”, porém, quando estava lá, várias pessoas se impressionaram com sua arte. Logo, um dos profissionais lá presentes deu um cartãozinho para o Fernando. Um cartãozinho de um dos editores da Shueisha. Pois é, daquela Shueisha. E desde então, a vida de Fernando mudou.
Assim como seu criador, RHAZEN também mudou. Afinal, segundo ele, este mangá é a obra da vida dele. A vida dele, como ele coloca.
E, bem, eu só posso dizer que eu estou MEGA curioso para ver a continuação dessa história. Porém, hoje, vou falar um pouco do que achei do volume 1, que é o que tenho em mãos até o momento.
- Autor: Fernando Huega
- Instagram oficial: @rhazen_oficial
- Ano de publicação:
- Capítulos: 5 (1 volume, mas teremos mais!)
- Gêneros: Ação, Aventura, Drama, Superpoderes, Sci-Fi, Artes Marciais, Investigação
Um mundo que se constrói de um jeito orgânico e interessante
Sendo sincero, é impossível você saber do que se trata RHAZEN sem antes ler uma sinopse. Digo, o nome “RHAZEN” por si só não diz nada, e tirando o traço meio “shounenzão” do Fernando, nada indica que será um mangá de lutas ou coisa do tipo.
Porém é ai que já começa interessante. Além das lutas que eu já sabia que teria porque o Fernando me falou, a história começa apresentando Takuto Horaiji, um jovem que vive numa sociedade que em muito se parece com a nossa, porém, aparenta ser mais futurística.
Takuto faz parte de uma organização que está atrás de combater alguma coisa (ainda não sei exatamente o quê), e ele tem um objetivo principal, que basicamente é “viver a vida dele como ele quer”.
Não entendi exatamente se isso tem a ver com a vontade dele de subir de esquadrão dentro dessa tal organização, mas esse também é um objetivo dele, tendo em vista que superar as expectativas de seu irmão, Markus, também é um de seus focos.
A parte que mais me chama atenção nesse começo é a forma como Fernando usa apenas diálogos e o ambiente para descrever o necessário para o leitor conseguir compreender o funcionamento daquele mundo, até que, finalmente, chegaremos no Black Market, que é provavelmente o ponto de maior interesse em RHAZEN.
Esse Black Market é basicamente um torneio de lutas até a morte, onde diversos personagens irão lutar uns contra os outros. Ou seja, “o arco de torneio clássico, mas com consequências reais e sem clichês”, nas palavras de Fernando.
O protagonista, a organização, a relação entre essas partes mediante à um possível “antagonista” – tudo é construído de uma maneira bastante orgânica, palpável e interessante.
Perguntas, perguntas, perguntas!
Como esse mundo funciona? Como assim o Takuto não sonha mais? Quem é RHAZEN? É um mundo com poderes mirabolantes, ou não? Como vamos acabar no tal do Black Market, que faz parte da sinopse oficial da história?
Toda a narrativa contribui para que você fique cada vez mais interessado em entender como todos esses pontos vão se conectar no futuro.
Porém, apesar de bastante rica e econômica, em certas partes a narrativa é até orgânica demais, tendo em vista que me vi precisando voltar e ler novamente algumas páginas para entender o que estava acontecendo, mas pode ser apenas eu sendo meio lerdo para entender as coisas e não um demérito do mangá.
Ademais, Fernando sabiamente vai construindo um mundo com vários personagens e possíveis núcleos, tudo para que todas as peças estejam no tabuleiro desde o começo e a história não precise recorrer a deus ex machinas para resolver os problemas futuros.
Em outras palavras, a calma com a qual ele conduz a história é bastante surpreendente. Afinal, o volume 1 inteiro só apresenta coisas novas e praticamente não explica nada, porém terminamos na porta de entrada para onde RHAZEN provavelmente brilhará muito mais, o tal do Black Market.
Além de tudo que comentei, saber que o final de RHAZEN já está pronto faz muito tempo é reconfortante, pois isso indica um shonenzão de porrada que sabe onde quer chegar e que “não vai viver o suficiente para se tornar Bleach“, como brinca o Dudi nos nossos podcasts.
Um diferencial: um shonenzão de porrada com… mortes!?
Fernando se orgulha bastante de afirmar que sua história passará longe dos clichês mais conhecidos da indústria dos mangás. Sabe aquele lance do poder da amizade, personagens que vivem mesmo tendo, literalmente, morrido em alguns casos? Então, isso não acontecerá em RHAZEN.
De acordo com ele, em RHAZEN, mortes irão rolar – e muitas vezes quando leitores menos esperarem. Por conta disso, ele julga até que sua história poderia estar com demografia acertada para “seinen”, e não para “shonen”, apesar de haverem muitos traços do segundo no mangá. Uma coisa não anula a outra, e Fernando aposta em explorar o melhor desses “gêneros”.
Uma arte acima da média, mas que foi afetada por imprevistos externos
Você sabe o trabalho REAL que dá desenhar mangá? Talvez você não saiba. Mas, bem, resumindo, mangakás não possuem vida. Os caras respiram mangá de TANTO que precisam ficar em cima dos rascunhos, names e storyboards que precisam fazer. Quem trabalha na Weekly Shonen Jump é insano. Muita gente acha que o Oda, de One Piece, é um robô. O que eu quero dizer é: dá muito trabalho.
E bem, desde que vi a arte do Fernando, ela me chamou muito a atenção por ser bastante única. Ele usa muitos traços mais “retos” e mais… triangulares? Não sei dizer por não ser da área e posso estar falando besteira, mas me refiro ao design dos personagens.
Como dito, não manjo da parte técnica de arte num geral, mas até onde sei, isso contribui para a pegada sci-fi que RHAZEN possui, e também para a narrativa mais “dark e séria” que o autor já disse que quer entregar. Afinal, se fosse um monte de gente com cara redonda ia parecer os Backyardigans, tirando bastante do potencial “seinen” do negócio, se é que me entende.
Os cenários são bastante realísticos, apesar de se passar num mundo fictício. Provavelmente é mais do autor buscando passar uma narrativa para o leitor se conectar mais fácil com tudo que ele quer contar. Bem sucedido, inclusive.
Mas, nem tudo são rosas…
Seria possível fazer um volume inteiro em 4 fucking dias? Bem, ele conseguiu, mas com complicações…
Considero a arte de RHAZEN acima da média. Porém, preciso ser justo aqui e ressaltar algo que o próprio Fernando, com muita tristeza, nos contou no CúpulaCast… Algumas das cenas do volume 1 acabaram ficando comprometidas devido ao adiantamento do evento de lançamento do mangá.
Ele estava se programando para desenhar o mangá inteiro em 30 dias (ou até mais, até onde lembro), o que seria tempo suficiente para ficar perfeitinho, porém os organizadores do local onde seria o lançamento o obrigaram a antecipar seu evento, reduzindo esse prazo para menos de 5 dias. Foi de acabar com a moral, porém, isso não impediu Fernando de dar esse primeiro passo de seu sonho.
Para dar conta de conseguir de fato lançar o mangá de sua vida, ele precisou contratar assistentes dispostos a virar noites de trabalho exaustivo. Por conta disso, alguns quadros não ficaram da maneira que o autor gostaria que ficassem, baixando assim o teor geral da arte do volume 1.
Nada que comprometa a experiência com o mangá, mesmo que, contudo, pese em alguns pontos.
Finalizando minhas primeiras impressões de RHAZEN
Definitivamente estou interessado em ler o restante dessa história. O mundo é interessante, e mesmo que alguns possam achar o alto volume de informações já introduzidas nesses 5 primeiros capítulos um problema de saturação, Fernando já falou em pessoa para nós que existe um motivo para tudo, e eu confio nele. Por isso, não me incomodou.
A condução da narrativa é orgânica e calma. O mangaká parece não ter pressa alguma para chegar “onde interessa”, que é o tal do Black Market. Não sei se isso acontecerá ao longo do mangá todo, mas acho bastante admirável essa segurança. É tipo “olha só, eu vou entregar o torneio de lutas dark que vocês querem e tal, MAS ANTES, eu vou armar o tabuleiro da maneira correta, ok?”.
A arte é, assim como a história, interessante. Traços bem “triangulares” fecham bem com a estética geral da obra. Pelo menos na minha opinião. É uma pena que alguns quadros ficaram comprometidos por imprevistos externos, mas, faz parte da vida.
Por fim, espero ansiosamente pelo volume 2 de RHAZEN que já foi anunciado para 2022. Quero ver os diversos tipos de personagens que Fernando Huega apresentará para nós ao longo desse torneio 1vs1 mortal, ao mesmo tempo que interligará a história de Rhazen (sim, é um personagem!) com Hao (que aparentemente é o grande vilão da série).
No mais, se quiser conhecer um pouco mais da incrível história do Fernando e de como ele recebeu 80.000 mil reais diretamente dos DEUSES para realizar o começo desse sonho, ouça o nosso episódio do CúpulaCast com ele clicando aqui!
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