Sabe aquele momento em que você está procurando um anime e se depara com algo diferenciado? Tipo, um isekai de uma garota aranha? Pois é, a sensação é de que não sairá algo bom de “So I’m a Spider, So What ?”. Mas, para a minha surpresa, o negocio é bom pra caramba!
Um pouco sobre o estúdio de So I’m a Spider, So What?
Antes de começar esse artigo, quero fazer um pequeno desclaimer:
Você conhece o estúdio Millepensee? Provavelmente não. Até porque, estúdio ruim é para ser esquecido.
Tal estúdio nada mais é do que a responsável pela animação de Berserk de 2016. Pois é, desse anime você com certeza já ouviu falar pois essa adaptação de é conhecida por ser um desastre total.
Na época, o diretor havia dito que tentaram renderizar o 3D mas nunca ficavam bom , o prazo era curto demais, havia intenção de amenizar a violência, bla bla bla.
A verdade é que Millepensee é um estúdio ruim mesmo. Reforço isso dizendo que assisti COP CRAFT somente pelo fato do enredo ser maravilhoso, mas arrisco dizer que a animação é tão ruim ou pior do que a de Berserk.
Em COP CRAFT, todas às cenas de ação são incrivelmente horríveis. O diretor às vezes faz elas em alguns quadros, parecendo apresentação de Power Point ou foca a câmera em ângulos onde não precisa ter animação muito detalhada ou prolonga de mais alguma cena enquadrando apenas o rosto dos personagens por mais de um minuto!.
Meu amigo, que sofrência foi ver aquele anime… Desculpem despejar ódio assim. Tem um bom motivo para eu ter dito essas coisas. Mas vamos voltar ao que interessa.
O começo clichê de So I’m a Spider, So What?
Tudo se inicia com uma sala de aula do ensino médio no japão. Onde os alunos estavam tendo mais um dia normal de seu ano letivo. Quando de repente acontece uma explosão em que todo mundo morre. (e acabou).
E assim reencarna nossa protagonista. No corpo de uma pequena aranha dentro de uma dungeon extremamente perigosa. Agora, ela tem que se esforçar ao máximo para sair de lá com vida. Lutando contra centenas de monstros que são mais poderosos que ela.
Ah, tem os outros alunos que reencarnaram, como humanos ou semelhantes. Eles deram sorte de reencarnar no meio de um reino onde tudo é fácil e seguro. Mas a gente não se interessa muito por eles (brincadeira).
A abertura de So I’m a Spider, So What?
Agora com a introdução feita, uma rápida pausa para falar dessa incrível abertura de So I’m a Spider, So What?.
Com uma música bem agitada feita especialmente para o anime (“keep weaving your spider way“) e vários quadros rápidos, essa abertura é um exemplo perfeito de como você pode colocar boa parte da trama da obra, sem dar spoiler e em apenas 1:30 minutos de tela.
Sabe aquelas aberturas que toda vez que você a vê parece que tem uma informação nova? Pois então, assista uma vez agora e talvez no final desse artigo, quando você for ver ela novamente, perceberá coisas novas.
Eu já falei sobre a importância de uma boa abertura aqui na página. Dê uma olhada.
Como é a progressão em So I’m a Spider, So What?
Sejamos francos, a grande maioria dos isekais tem esse gênero apenas para facilitar a narrativa, poupando o trabalho de worldbuilding e utilizando-se de um personagem que está disposto explicar como aquele mundo mágico e medieval funciona para (nós) o protagonista. (ufa, respirei).
Outra coisa que me incomoda bastante é o fato de toda a vida passado do protagonista ser esquecida ou não ter nem uma relevância na história. O que reforça o meu primeiro argumento.
Entretanto, “So I’m a Spider, So What?” não segue por esse caminho.
Surpreendentemente, a obra coloca a protagonista sozinha com na companhia dela mesma para discutir e tentar descobrir o que está acontecendo. Eu acreditava que uma “vozinha” na cabeça da Kumoko diria tudo o que ela precisaria saber.
Mais do que isso, a protagonista passa a questionar a própria existência. Afinal, se aquilo tudo é um “jogo”, será que tem alguém jogando ele? Se sim, então você é só um personagem com memórias falsas? Assustador, não é?
So I’m a Spider, So What? tem desafios e recompensas
Kumoko tem um raso conhecimento de jogos. Então, ela não está totalmente despreparada. Mesmo assim, esse mundo tem suas próprias regras e utilizar magias não é uma coisa fácil.
É como se tudo fosse tentativa e acerto. A cada monstro, um novo desafio. A cada novo nível, uma nova habilidade. E assim por diante, trilhando seu caminho para fora daquela masmorra.
De fato, nada é muito fácil quando sua própria vida está em jogo. Basta um erro para você ficar em uma situação bem ruim. Ainda por cima, aqui vemos nossa protagonista quase morrendo várias vezes. E um amigo meu disse que no mangá, ela sofre muito mais. Isso é o suficiente para causar medo em quase todos.
Com tudo, “So I’m a Spider, So What?” trata também de superar esses medos e continuar progredindo.
A animação de So I’m a Spider, So What?
No geral, estúdio é muito bom com essa obra. Tem várias coisas que são bem animadas. Até mesmo o 3D das partes com a Kumoko são mais do que decentes. Mas eu não sei se é falta de habilidade, de tempo ou se é mesmo preguiça por parte dos animadores quando se trata de cena de luta dos humanos.
Além disso, vemos aqui muito 3D bizarro, movimentação travada ou tão rápida que não da para entender nada, enquadramento em movimento é tão estranho que da para perceber até mesmo nos 23 segundos da abertura. Sei lá, o jeito que eles fazem essas partes é “diferenciado”.
Além disso, a narrativa também não ajuda. Ao mesmo tempo que personagens estão aprendendo a usar a magia, segundos depois, eles combinam essas mesmas habilidades para derrotar o monstro. Ou quando um mago invoca várias criaturas e tudo o que acontece a seguir é tão… Deslocado e sem ritmo, o que fica estranho de assistir.
Às cenas de luta aqui são tipo três vezes melhores do que em COP CRAFT, mas isso não significa que são boas. Tipo, se em uma escala 1 a 10, COP CRAFT fosse 1, 3×1 seria 3. Então ainda é ruim, entendem?
Sem falar que o estúdio Millepensee tem um grave problema com sincronia de fala. Basta observar os personagens durante a trama ou mesmo a ending.
Considerando o passado do estúdio, percebi uma grande evolução de produção em “So I’m a Spider, So What?” em relação às outras duas obras. Contudo, tem muito o que melhorar para ainda ser considerada boa.
Um protagonista secundário
Conforme vemos o andamento do anime, acompanhamos Schlain “Shun” Zagan, uma, uma espécie de protagonista secundário da obra. A história foca nele quando não se está falando da Kumoko e de seus desafios na masmorra. Dessa forma, mostrando o outro lado da obra; o lado de fora da daquela caverna.
Além disso ele também é o irmão de Julius, o grande herói daquele mundo e possivelmente sendo o humano mais forte que existe. Ele decidiu viver a sombra do irmão, por livre e espontânea vontade, seguindo-o apenas por inspiração, mas almejando um dia ser igual a ele.
Alguns fatos me levam a acreditar que o segundo arco do anime irá focar ainda mais no Shun e em seus amigos. Por esse motivo eu o classifiquei como “protagonista secundário”.
O possível antagonista de So I’m a Spider, So What?
Hugo Baint é o típico personagem que tem tudo para ser o protagonista do isekai. Ele nasceu filho do imperador. Sendo assim, ele será o herdeiro de boa parte daquele mundo. Além disso, ele é naturalmente poderoso e tem algumas habilidades únicas muito fortes graças a sua posição hierárquica.
Como resultado, Hugo acredita que aquele mundo existe só para ele e que todos devem se ajoelhar perante seu poder. Não o culpo. Se eu fosse isekado nessas condições eu também pensaria assim.
Mas ser um otário cria inimigos naturais. Não é inteligente da parte de ninguém sair criando confusão sem saber com quem você está mexendo. E Hugo não parece ser um personagem com muitos pontos de inteligência.
Minhas impressões finais sobre o anime
Por fim, o enredo da obra é excelente. A protagonista facilmente me prendeu desde o primeiro episódio. Acima de tudo, o anime é bem engraçado.
Só para ilustrar, a protagonista, com suas reflexões, faz diversas referências a outras obras do ocidente ao oriente.
Sendo assim, Acredito que eu possa recomendar So I’m a Spider, So What? para qualquer um que se interessa por animes.
Caso você tenha lido até aqui, não precisa descer mais que isso. Se gostou, vá assistir. Se já assistiu, ou eu ainda não tenha te convencido a dar uma chance a obra, então venha matutar comigo.
…
…
Okay.
Agora vem o questionamento (vai ter spoilers)
Devo ressaltar que, desde o começo de “So I’m a Spider, So What?“, eu já estava com um leve desconforto com o fato da Kumoko ter acabado de nascer enquanto os outros reencarnados já tinham seus 16 anos.
Afinal, por se tratar de um isekai e de um estúdio de baixa qualidade, eu inevitavelmente fiquei com o preconceito de que isso era definitivamente um furo no roteiro. Pois é, não era.
Na verdade, tudo que vemos da protagonista acontece com 15 anos de diferença de tudo que vemos com o Shun e os outros. Isso fica evidente no episódio 10.
Além disso, Kumoko não é como nós a vemos, e sim o terror de todos que tem aracnofobia. Um capiroto com 8 patas que, enquanto os outros reencarnados ainda usavam fraldas, ela já era considerada um monstro aterrorizante.
Considerando tudo isso, chegamos ao questionamento: Kumoko se tornará o “Rei demônio” e posteriormente o grande vilão da obra? Ou será que os verdadeiros vilões são aqueles que se opõe a ela? Isso seria algo que um vilão diria…
Porque, convenhamos: se ela conseguiu tanto poder em alguns anos, imagina em mais de uma década!
A minha reposta ainda é difícil. Eu diria que 50/50. E irei explicar o por quê.
Então, o que será do futuro dessa obra?
A Filimøs (Elfa, professora deles no mundo passado. Sobretudo, ela também é a reencarnada com maior conhecimento desse mundo) havia dito que a Wakaba (possivelmente a Kumoko) estava morta.
Se voltarmos alguns episódios, vemos que o Herói Julius a “derrotou” antes dela conseguir sair da masmorra. Entretanto, o episódio final mostrou algo diferente. Mesmo que não tenha exatamente um desfecho.
Voltando mais ainda, para abertura, vemos que o Rei Demônio “puxa” Kumoko com sua “teia”. Ou seja, tem chances de que talvez ela controla Kumoko e que às duas são personagens diferentes (ou eu estou viajando).
Sendo assim, só me resta duas hipóteses: ou Kumoko realmente é o Rei demônio e Filimøs mentiu apenas para os outros não sentirem remorso quando forem derrotar ela. Ou, então, a protagonista e o grande vilão da obra não são a mesma pessoa e , de alguma forma, ela conseguiu forjar a própria morte.
Lembrando que o Rei Demonio matou o irmão de Shun. Não da para a protagonista chegar no Shun e Dizer “foi mal por matar seu irmão, o herói que você tanto idolatra. Bora esquecer isso e sermos amigos?”. Então, seu destino como “vilão” foi selado naquele momento.
Tudo isso é uma suposição. Afinal, aparentemente falta alguma peça nesse quebra-cabeça. Talvez eu tenha deixado algum detalhe passar…