A adaptação em anime de Tokyo Revengers chegou ao fim! Será que existem diferenças entre o anime e o mangá dessa história? Onde será que o anime parou de adaptar?
Ao longo de 24 episódios acompanhamos a difícil e trágica vida de Takemichi Hanagaki. Como comentado no nosso podcast sobre Tokyo Revengers, o anime surgiu um tanto desconhecido por muitos, mas bem visado por outros. Enquanto uma parcela esperava vivenciar fortes emoções com a adaptação, mas sem saber o que esperar, a outra já sabia o que esperar e depositava muita fé na história.
E não deu outra! É muito provável que Tokyo Revengers seja um dos melhores animes da temporada de primavera de 2021, quiçá do ano. Contudo, talvez não por sua animação, mas sim por sua história. Mesmo não sendo exatamente perfeito, ele se vende de uma maneira muito boa. E facilmente compramos.
Entretanto, como dito antes, existem diferenças entre o anime e o mangá de Tokyo Revengers. E eu, como um bom leitor de Tokyo Revengers desde meados de 2019, percebi essas nuances. Mais do que perceber, eu também pude sentir. E este é um ponto importante aqui.
Por fim, também irei comentar sobre o final do anime. Não exatamente o que acontece, mas em qual capítulo finalizou a adaptação (clique aqui para pular pro final do texto e ver o capítulo que parou o anime).
Agora sim, se deseja entender melhor sobre as diferenças entre o anime e o mangá de Tokyo Revengers, vem comigo.
Um breve resumo de Tokyo Revengers
Talvez já esteja saturado comentar sobre a narrativa do protagonista que chora em todo episódio. Todavia, podem haver casos em que haja pessoas que ainda não tenham conhecimento da obra.
Dessa forma, em síntese, acompanhamos a vida de Takemichi Hanagaki. Ele é um adulto de 26 anos que vive uma vida medíocre. Ele trabalha em uma locadora de filmes e possui uma condição financeira limitada.
Em um determinado dia, Takemichi, assistindo ao noticiário, se depara com uma notícia que informava que a gangue Tokyo Manji havia causado uma bagunça e matado algumas pessoas. Dentre essas pessoas estava Hinata Tachibana. Hinata foi sua namorada nos tempos de escola.
Ao ver isto, Takemichi sente-se abatido e frustrado com sua própria vida e com suas escolhas no passado que o levaram a estagnar-se no lugar onde se encontra no presente.
Ainda com um turbilhão de pensamentos na cabeça, Hanagaki volta para sua rotina diária. Quando está prestes e embarcar no trem, um “acidente” acontece, e o garoto cai nos trilhos. E lá vem o trem. Segundos antes do que parecia ser sua morte, ele volta no tempo. Mais precisamente, 12 anos no passado.
Agora, Takemichi tem a chance de fazer tudo de novo, mas com atitudes diferentes. E sobretudo, tendo como foco salvar a vida da pessoa que ama, Hinata Tachibana.
A polêmica na qual Tokyo Revengers se envolveu
Este é um ponto muito importante de ser salientado aqui. Tanto para difundir uma informação, como para iniciarmos a ideia das comparações.
No início da produção do anime, ele logo recebeu uma censura. Mais tarde acabou saindo a versão sem censura, mas ainda assim ficou aquela incógnita: afinal, o que rolou aqui?
Tudo girou em torno do símbolo da gangue principal da série.
O símbolo, chamado de “Manji”, se parece com a suástica nazista. Já dá para imaginar o tamanho da confusão. E aqui está a primeira diferença entre o anime e o mangá. Imagine que Tokyo Revengers, enquanto mangá, estivesse em uma “bolha”. Presume-se que os leitores já estivessem familiarizados com tudo.
Porém, a partir do momento que Tokyo Revengers sai dessa “bolha” ganhando uma animação, tudo muda, uma vez que o alcance de público de um anime é bem maior.
Desde a época que comecei a ler Tokyo Revengers, raramente ouvi algum burburinho acerca do tal famigerado símbolo. E quando ouvia, logo uma explicação surgia e a vida continuava.
Mas foi por meio do anime que essa discussão ficou mais acalorada e tomou uma proporção muito maior, levando o anime a ser censurado.
O que é, e o que não é
O símbolo, que é referente ao budismo, representa uma mensagem religiosa e está presente em inúmeras esculturas e prédios que são considerados tradicionais no Japão.
Contudo, desde a Segunda Guerra Mundial, o símbolo acabou sendo deturpado pela ideologia do partido nazista de Adolf Hitler. A partir disto, o partido apoderou-se da suástica e a inverteu, transformando-a em um novo símbolo para representar uma superioridade racial.
Mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial o símbolo ganhou uma forte conotação contrária no ocidente. Foram essas semelhanças entre os símbolos que trouxeram muitos problemas. E, claro, muitos problemas para Tokyo Revengers também.
Mas, reiterando: uma coisa não tem nada a ver com a outra. A obra de Ken Wakui não tem nenhuma finalidade de propagar ideologias a crimes de ódio e extremismos.
Porém…
É fato que a similaridade estética é bem parecida. Então, para quem vê de fora, ao ver vários rapazes loiros com roupas que muito se parecem com roupas militares… bem, se existe o ditado “juntar o útil ao agradável”, podemos dizer que essa junção é o extremo oposto. Pelo menos em termos de primeiras impressões, é claro. Afinal, pesquisando um pouco é possível chegar a conclusão que não possuem correlação.
Algumas pessoas, influenciadas pelo anime e por não pesquisarem, achavam que realmente era o símbolo nazista, e também por falta de pesquisa (ou bom senso), acabavam procurando e usando imagens de suástica por aí, achando ser o símbolo do anime.
Existem teorias de que o autor usou isso de maneira intencional, justamente para chamar atenção e gerar esse tipo de discussão. Mas aí já é ir longe demais e nunca saberemos a real verdade.
Separei um vídeo bastante informante sobre o assunto:
E para fechar: esse tópico está aqui como “diferenças entre o anime e mangá” porque, como supracitado, quando não tínhamos anime ainda de Tokyo Revengers, mal se fala dessa polêmica, e quando ele saiu, estourou.
Portanto, algo “diferente” que só o anime proporcionou (fora que as censuras foram bem agressivas, diferente do que aconteceu no mangá no Japão, onde não há censura).
Alguns exemplos da censura:
Jogo dos 7 erros! Essa acontecia demais ao longo dos episódios. Algumas cenas ficavam até estranhas
E quanto ao ritmo?
Saindo de um tópico exaltado para um mais ameno, outra diferença absurda entre o anime e o mangá de Tokyo Revengers é sua produção. É indubitável afirmar que existem muitas divergências entre a forma que a narrativa é conduzida em um anime e em um mangá. E aqui falamos sobre ritmo.
Às vezes, o anime nos leva a ter uma interpretação lenta dos fatos. Parece que não desenvolve, é sempre a mesma coisa. Não há muita fluidez nos eventos. Ademais, também parece, outrora, que as coisas passaram depressa demais em comparação ao mangá.
Por exemplo, quando chega o arco de Valhalla, que acredito que foi chamado na adaptação de Halloween Sangrento, achei que tinha perdido metade dos eventos, pois foi muito rápido. Porém, ao mesmo tempo, passou a sensação de estar meio “arrastado”, por conta da produção mais fraquinha do anime.
Este é um exemplo de vários momentos que achei que tinha perdido alguma coisa. No mangá, pareceu haver bem mais coisas para construir aquele determinado momento.
O impacto também é importante
E, enfim, temos o impacto que uma obra causa em nós. Afinal, enquanto um se desenvolve de maneira estática, no papel, o outro acontece de forma dinâmica, em animações. E não é porque algo é dinâmico que irá superar o estático. Deveria, mas às vezes não acontece. Vide Shuumatsu no Valkyrie.
E aqui em Tokyo Revengers também podemos sentir que o estático parece ser melhor. A animação não é horrível como dizem por aí. Na minha opinião, ela é boa para o que se propõe, aliás. Não obstante, o mangá denota uma sensação mais envolvente e atrativa.
Parafraseando o que disse o André no podcast sobre Tokyo Revengers:
“Quando tu lê um mangá e parece um anime, é bom. Agora quando tu assiste um anime e parece mangá, aí não dá.”
Resumindo, no mangá, cenas de ação, momentos em que há um close em um personagem ou quando uma fala é externada para determinar um momento marcante, toda essa atmosfera evoca uma altivez bem mais significativa que a apresentada no anime.
Além de tudo, apesar de eu não ter achado de todo mal, existem pessoas que não curtiram a animação (André e Dudi inclusos). No vídeo abaixo, o Michi, do Sakuga Brasil, fala um pouco sobre a produção do anime:
Se curtir a análise dele, você pode dar um pulo no nosso episódio com o SakuBra para aprender mais.
O design dos personagens de Tokyo Revengers
Outra característica que difere muito uma produção da outra são os personagens. Há quem acredite que o anime passou melhor a identidade deles, mas ainda me mantenho cético quanto a isto. Um dos pontos mais legais dos personagens de Tokyo Revengers é o estilo.
São altos, magrelos e com roupas largas cheias de cores e listras. Basta analisar as capas do mangá que logo fica perceptível isto que estou falando. E este traço, por mais que seja uma opinião totalmente subjetiva, funciona bem melhor no mangá.
A sensação que o mangá passa é bem mais obscura. E se tratando do preto e branco, isso se intensifica. Ao meu ver, o anime atenua essa lógica. Porém, a redução de listras e detalhes num geral é principalmente devido a produção. Animar tudo isso daria muito mais trabalho, e complicaria a vida do estúdio LIDENFILMS, responsável pela adaptação.
Porém, sem dúvidas, uma das principais diferenças entre o anime e o mangá.
Pequenas mudanças que podem fazer muita diferença
Para fechar, estavam rodando por aí algumas cenas do mangá que não foram colocadas na adaptação do anime. Para algumas pessoas isso não fez muita diferença. Eu sou uma delas. Mas é fato que elas mudam um pouco a construção do protagonista, tendo em vista que ele pode sim ser “arruaceiro”, o que condiz com seu passado.
No anime, contudo, pela ausência, ele pode parecer menos problemático do que é, dando uma sensação de ser bonzinho demais, ou que, agora como adulto, não é capaz de fazer coisas que fazia quando mais jovem.
Finalizando as diferenças principais entre o anime e o mangá de Tokyo Revengers
Em suma, o intuito deste artigo não é dizer qual é o melhor e qual é o pior. Muito pelo contrário. Ainda mais se tratando da MINHA percepção sobre a obra. O foco aqui foi discriminar as diferenças principais entre um e outro.
Por fim, se você gostou mais do anime do que do mangá, ok. Se foi o oposto, ok também.
Agora, algo importante é você, que ainda não leu o mangá, ler. Esse texto faz bem mais sentido quando se tem os dois prismas da obra.
Como supracitado, o ritmo, o impacto, os personagens, tudo é retratado de uma forma diferente em ambas as mídias. E eu, como um fã desse mangá dos delinquentes, recomendo fortemente que dê uma chance ao mangá. É uma experiência totalmente diferente.
E aqui, finalmente, ficam duas sugestões: ler o mangá desde o primeiro capítulo (o que eu acho preferível) e ler de onde a adaptação parou. E para quem quiser dar seguimento à história, o término do anime acontece exatamente no capítulo 73 do mangá. Ou seja, continue a partir do 74.
Enfim, fica a teu critério o que você vai consumir.
Mas uma coisa é certa: não deixe, de forma alguma, de conhecer esta história incrível.