CÁ ESTOU EU, logo eu, escrevendo sobre as primeiras impressões de Edens Zero nesta temporada de abril. Muito dos ouvintes do CúpulaCast já esperavam por este fatídico momento pois já sabem quão grande é meu agridoce amor por Fairy Tail (que é do mesmo autor de Edens). Pena que Edens começou me lembrando de tudo que eu não gosto de Fairy, e infelizmente é impossível para mim assistir o anime sem trazer o contexto que já me rodeia acerca desta obra.
Mas, bem, será que ela poderá agradar você? Veremos.
- Gênero: Ação, Aventura, Comédia, Sci-Fi
- Estúdio: J.C.Staff (Shokugeki no Souma, One Punch Man 2nd Season)
- Material: Mangá
- Episódios: 24
- Novos episódios: Domingo
- Página do anime na Cúpula e no MAL
Uma premissa (surpreendentemente) diferenciada
Eu nunca vi muitos animes que se passam no espaço.
E vi ainda menos shonens de porrada que se passam no espaço.
E é nesse ambiente que a história de Edens Zero se passará: no espaço sideral, com diversas constelações, povos diferentes, planetas interessantes e galáxias inexploradas… Ou, pelo menos era o que eu esperava.
Nestes 3 primeiros episódios nossos heróis passam por 2 planetas, que não é tanto, mas um deles era um ponto de encontro de diversos outros aventureiros do espaço, mas todos que aparecem são humanos (ou pelo menos possuem uma aparência bem humanoide).
Neste ponto eu já comecei a desconfiar que Hiro Mashima, o autor que é meu nêmesis, iria se manter dentro do óbvio, assim como já fez em suas obras anteriores. Não li o mangá, mas aposto que sim.
Mas, quem são nossos heróis que estão passeando pela galáxia?
Rebecca, uma b-cuber gostosa (leia-se youtuber), Happy (sim, o mesmo gato de Fairy Tail) e Shiki (Natsu e Gray quando encontraram os brincos potara e resolveram testar).
A moça gostosa e o gato encontram o rapaz num planeta chamado Granbell, que é inabitado por humanos.
Lá, apenas robôs estão “vivos”, e Shiki cuida deles sendo o “mecânico” do rolê. Rebecca (a gostosa) e Happy chegam para conhecer o planeta com a intenção de fazer um vídeo que renda visualizações e likes. Afinal, não muita gente passa por Granbell.
Coisas acontecem, e Shiki agora sai de seu planeta natal junto da menina gostosa e de seu gato com um objetivo claro em mente: ele quer fazer amigos.
E é isso.
Uma trama simples é necessariamente ruim?
Eu sei que Edens Zero não se tratará apenas disso, né?. O final do episódio três já deixou isso bem claro, eu espero. Porém, tudo o que motiva o Shiki me incomoda, porque, para mim, ele é um personagem mal escrito.
Ele consegue lidar com humanos, fala com as mesmas gírias, tem interações quase normais e tem um senso de humor que, sinceramente, seria impossível alguém que viveu fora da sociedade ter. Isso sem nem mencionar a velocidade com a qual ele supera o “trauma” estupidamente deixado nele por seus amigos robôs é de cair o cu da bunda. Leva, literalmente, 1 episódio para ele abandonar tudo e todos sem nem olhar para trás.
Não existe peso. Não comprei.
Mas isso não significa que uma trama que comece se movendo de maneira tão simples, como “querer fazer amigos”, seja algo ruim. Edens Zero é, evidentemente, um shounen. Mas se a faixa etária de shounen é de 12 até 18 anos, eu diria que o alvo aqui são os garotos mais jovens. Talvez até com menos de 12 anos.
E existe coisa mais importante que buscar amizades que valem a pena? Acho que não.
Então apesar de desgostar demais do personagem, a motivação em si é palpável e digna. Mas não demora muito para Hiro Mashima me perder mais uma vez.
Isso acontece quando ele mostra sua principal arma: reaproveitar personagens de um jeito completamente preguiçoso e desenhar muitas e muitas gostosas!
Você já passou por Rave Master?
É bizarro quando você descobre que o mangaká Hiro está sempre reaproveitando seus personagens.
Isso não é necessariamente um problemão, afinal, quem consome somente aquela obra em específico nem fica sabendo e tal. O problema é quando você já está ciente disso, e nota que ele não só reaproveita os designs, mas também a própria personalidade.
Você pode pegar quase qualquer personagem de Rave Master, de Fairy Tail e de Edens Zero (dos que já apareceram, é claro) e sorteá-los, trocando-os de anime. Cara, é impressionante como eles vão funcionar em qualquer um de tão genéricos que são.
O cara esquentadão meio burrão. O personagem edgy que fica mais de canto. O mascote animado que faz piadinhas. A heroína gostosa que tem que cuidar do esquentadão. A personagem malvadona gostosa que aparece e tem um certo mistério. Outra garota, figurante, gostosa, que aparece também para explicar algumas coisas e dar andamento com a história. Gostosas! É disso que o Hiro gosta…
MAS, PELO MENOS, Edens Zero até então não errou com o ecchi avacalhado, comerical e gratuito presente em Fairy Tail. Sabe, aquele ecchi nível Tenkuu Shipan, que em momentos de tensão você, do nada, esbarra em tetas e bundas o tempo inteiro. Espero que Edens Zero siga assim, fora de tal nível de quebra de tensão.
A parte técnica merece ser mencionada?
Acredito que não.
Pessoalmente, não curto os animes do J.C. Staff pois sou bastante admirador da arte da animação, e este estúdio está sempre dentro do ruim/mediano no meu critério não-profissional de avaliação de animações.
Em Edens Zero temos algumas cenas bem animadas sim, mas beeeem abaixo da média. Ainda mais quando estamos ficando mal acostumados por conta de coisas como Jujutsu Kaisen.
O design de personagens + construção de mundo, como antes mencionado, é deveras “ok” e decepciona quando vemos que todo mundo é humano pra cacete. Afinal, estamos no espaço não estamos? TODO MUNDO ser um ser humano é um tanto quanto forçado. Ainda mais quando, além de humano, são personagens que já vimos em outras obras do autor (literalmente o Natsu e a Lucy aparecem).
Afinal, se passa no mesmo mundo? Ou isso é só um fan-service sem propósito narrativo mesmo?
Aposto na segunda opção, o que me deixa ainda mais desmotivado com Edens Zero.
Uma possível reviravolta na trama de Edens Zero?
O final do episódio 3 me intrigou, sou obrigado a admitir.
Fiquei um tanto quanto confuso, mas acredito que foi um vislumbre de um futuro não tão feliz assim. Como isso tudo aconteceu? A aventura não será tão calma quanto parece? Teremos… Tensão? Perigo?
Essas perguntas passaram pela minha cabeça. Porém, como comentei na introdução, eu não consigo esquecer o contexto: meu histórico pessoal com Hiro Mashima.
Já li parte de Rave Master e Fairy Tail completo. Eu SEI que Edens Zero NÃO VAI entregar essa tensão, essa aflição que eu, André, busco. Algo que prenda, que deixe a história interessante e traga peso para as decisões dos personagens.
Não falo aqui de algo nível Goblin Slayer ou Akame ga Kill, gente. Eu não quero apenas “ver morte”. Eu quero que a tensão criada seja levada a sério dentro da própria narrativa.
Exemplo prático do abuso narrativo
Sempre trago esse exemplo, mas é ótimo para entenderem meu ponto. Hiro, em Fairy Tail, liga dois personagens por um elo poderosíssimo, e ambos não podem usar magia enquanto o outro estiver vivo. Temos um capítulo (ou mais!) inteiro de drama e tensão sendo criado, e um dos personagens SE MATA para o outro conseguir sair daquela vivo.
Foi o amor. O amor levou a tal extrema decisão. Foi empolgante, foi um clímax, foi triste. Eu chorei.
E aí, no capítulo seguinte (literalmente), a menina que faz umas magia de cura cruzou sem querer com o acontecido e conseguiu salvar a personagem que “se matou”. (insira aqui o emoji do palhaço)
O que aconteceu com toda a tensão construída? O que acontece com o André que chorou por aquele personagem?
Quebra de expectativa em cima de tensão (do jeito ruim) e de gostosas. É disso que Hiro gosta.
Eu quero tensão real. Eu quero ficar na dúvida de que tudo dará certo.
Entretanto, uma história que se sustenta na vontade de “fazer amigos” e pelas mãos de Hiro Mashima vai entregar isso? Façam suas apostas.
“Mas não é a intenção de Edens Zero, André! e qual seu problema com peitos!?”
Talvez não seja. Mas é o que eu busco dentro dessa narrativa shounen que tanto já me saturou. É por isso que gosto tanto de Jujutsu e de One Piece.
“Mas One Piece não tem muitas mortes!”. Mas existem consequências. Tem uma mensagem que não é só poder da amizade (apesar de ter). Existe narrativa boa. Existe worldbuilding.
Se você se contenta com um anime tão leve assim, onde tudo dá certo no final e eles com certeza sempre tirarão poderes do nada para superar os obstáculos e ainda tem muitas gostosas (porque é isso que as mulheres são aqui: gostosas).
“Mas One Piece tem peitos pra cacete também!”. Tem sim. Mas, apesar de o Oda vacilar na roupagem, não vejo tantas “cenas de comédia” envolvendo abuso das meninas. Em Edens Zero, literalmente no episódio 1, o Shiki vai em baixo da saia da Rebecca e brinca com os peitos dela.
Mas enfim, se as meninas pelo menos forem tão badasses como algumas são em Fairy Tail, menos mal. Lá elas tocam o terror nos vilões. Contudo, ainda me entristece demais a forma como Hiro usa o corpo feminino. Um “prêmio” para o espectador. Deixar o pingulin duro do jovem punheteiro em cenas onde a tristeza, a tensão e a aflição deveriam predominar. Todas as mulheres perdem a roupa em toda luta. É triste.
Espero, do fundo do coração, que Edens Zero passe muito longe disso. Por enquanto, está só longe. Não muito.
Mas, enfim, finalizando minhas primeiras impressões de Edens Zero
EU VOU CONTINUAR ASSISTINDO EDENS ZERO!! Plot twist.
E não é meme.
Eu de fato quero ver como essa obra de 24 episódios vai se sustentar. Até onde chegaremos, e como chegaremos. Quero ver também como a “equipe” Rebecca, Happy e Shiki irá se expandir. O anime é leve demais, como eu comentei. Então assistir não será um “peso”. Mas só se eu conseguir ver semanalmente… Se acumular, acho que já era. Nunca mais voltarei.
Todo o meu texto foi um desabafo com Hiro Mashima e com sua incrível capacidade de cortar meu hype, tornando suas obras algo muito menos do que poderiam ser. Mas, ainda é inegável que o cara sabe emplacar um shonen que vende bem no Japão. Já é o terceiro dele. Doidera total. Muitos mangakás morrem sem nem conseguir uma serialização duradoura. Disso não posso duvidar (apesar de ser um ponto bem mercadológico, e não é sinônimo de serem obras boas… são só… populares?).
Enfim, muito aqui explicitado foi como um “alinhamento de expectativa”. Faço muito isso em vendas, no meu trabalho normal. É importante alinhar com o cliente o que virá daqui para frente. Eu procurei alinhar com você por onde provavelmente Edens Zero acabará indo caso Hiro Mashima insista em manter seu jeito de fazer histórias: isentas de tensões reais, abusando da sua suspensão de descrença e com muitas, muitas tetas e bundas gratuitas.
Espero estar errado. E vou continuar assistindo para conferir.