Seishun Buta Yarō wa Bunny Girl Senpai no Yume o Minai (Rascal Does Not Dream of Bunny Girl Senpai) é uma série animada produzida pelo estúdio japonês CloverWorks, dirigida por Soichi Maisui.
O roteiro, por sua vez, foi produzido por Masahiro Yokotani – baseado na série de light novels escrita por Hajime Kamoshida (mesmo criador de Sakurasou no Pet na Kanojo).
Primeiramente, para não ficar repetindo este nome gigantesco ao longo do review, vamos apelidar o anime de “Bunny girl”.
Quanto aos gêneros mais marcantes desta obra, acredito que seriam algo como: um belo romance, típico slice of life e um sobrenatural bem mal explicado ou uma ficção nem tão científica.
Já aviso de antemão que eu gostei muito do anime, em sua maioria. Porém, eu considerei ele extremamente overrated (superestimado). Ao longo da análise irei debater esses pontos.
Por que overrated? Porque durante a exibição semanal de Bunny Girl as pessoas estavam colocando-o em um pedestal. Idolatrando-o, basicamente. Entretanto, repito: eu gostei. Mas vi alguns problemas que não me deixaram contente.
Agora, vamos ao porquê! Porém antes uma “contextualizaçãozinha”, porque sou desses.
[ESTA ANÁLISE TEM SPOILERS]
A tal Síndrome em Bunny Girl
A Síndrome da Adolescência (ou da Puberdade, como preferir) é o fenômeno especial de Bunny Girl. É ele que faz o anime ter um plot que foge dos padrões de animes de colegiais desocupados.
Basicamente, essa Síndrome amplifica de maneira sobrenatural (ou não, sei lá, é confuso de verdade) os sentimentos que seres humanos costumam ter durante a fase adolescente. Os mais comuns: ansiedade, insegurança, solidão, entre outros.
Com isso retificado, podemos ir ao ponto mais forte da obra: os personagens!
O protagonista patife de Bunny Girl
Em Bunny Girl, acompanhamos Sakuta Azusagawa, um colegial que adora ironia e tem um olhar meio morto para vida. Sakuta vive resolvendo os problemas de garotas que sofrem com a Síndrome da Adolescência. Garotas estas que vão caindo no seu colo a medida que os episódios vão se passando.
A personalidade dele lembra muito a de Hachiman, o protagonista de Oregairu.
Quero dizer que, mesmo que o Sakuta nos entregue diálogos irônicos e engraçados, mas que beiram até o desagradável às vezes, ele ainda ajuda quem precisa.
Tudo graças ao “estilo de vida gentil” que ele tomou para si após um encontro misterioso com uma garota na praia, durante seu primeiro ano do ensino médio.
À fim de exemplo, ele diz com a mais pura sinceridade para uma das garotas que ele acaba ajudando: “É, provavelmente se você não fosse bonitinha eu não estaria tão empenhado em te salvar”.
Outras horas ele é simplesmente um otário. Como quando a namorada rabugenta de seu melhor amigo vem tirar algumas satisfações com ele. Ele refuta apenas com: “Caramba, que chata meu Deus. Você está menstruada por acaso? ”.
Sim, esse é nosso protagonista! Um compilado de: um garoto que faz o que quer, que trata discussões com ironia sempre que possível e nem sempre agrada todos. Mas pelo menos é gentil com os próximos a ele.
Acredito que ele botaria a mão no fogo por quase qualquer rostinho bonitinho que aparece na sua frente. Fugiu dos padrões de animes do gênero? Sim. Babaca demais? Talvez.
A formação do casal perfeito
Quando a “capa” do anime traz uma colegial vestida com uma fantasia sexy de coelhinha você já precisa rever seus conceitos.
Além disso, analisando os gêneros do anime e lendo a sinopse, é normal você pensar: “Mais um harém colegial, mas que droga”. Bom, é aí que você se engana.
De fato, há um harém envolvendo Sakuta. Entretanto, as outras garotas não contavam com a fidelidade do nosso herói para com sua amada, que é realmente algo notável para um patife.
O desenvolvimento do romance com a protagonista, Sakurajima Mai, se dá já no primeiro arco da história. Ela é a tal colegial que se veste com uma fantasia sexy de coelhinha. O encontro se dá quando o protagonista estava ajudando-a a enfrentar sua síndrome paranormal.
O fenômeno afetou a garota de forma que fazia com que sua existência fosse literalmente esquecida pelas outras pessoas. Esquecida no ponto de nem enxergarem ela, por assim dizer.
O primeiro arco de Bunny Girl se resumiu em conversas divertidas entre o futuro casal, discussões sobre uma Síndrome maluca, um pouco de drama e ainda uma confissão extremamente constrangedora.
A superação do trauma gerou um relacionamento maduro
Graças ao Sakuta, a Mai resolve voltar as telas e enfrentar a causa dos seus problemas. Fator este que fortalece ainda mais a relação dos dois.
Além disso, a protagonista ser uma pseudo-tsundere. Porém, ela deixa claro que tem interesse romântico no nosso patife preferido. Ponto para o anime! Se tem romance, e faz bem, já ganha pontos comigo. Sou fácil de se ganhar quanto o assunto é vida amorosa de personagens 2D.
A relação dos protagonistas possui uma característica que costuma ser pouco presente em animes deste gênero. Maturidade.
O casal trata sua relação de uma maneira muito adulta. Agem como namorados realmente deveriam agir: tendo muito diálogo!
Assim aqueles mal-entendidos imbecis, clássicos nesse tipo de anime, passam longe de Bunny Girl. Até ocorre, mas a maturidade do casal prevaleceu.
Se eles gostam um do outro, eles falam. É para discordar? Discordam. Se é para fazer, fazem. Ambos se provocam e brincam um com o outro de uma maneira muito gostosa de assistir.
Na minha opinião, os protagonistas levam a obra nas costas. Desfrutar da divertida e carismática relação entre o patife e a coelhinha é o grande prazer em Bunny Girl.
O desenvolver padrão de animes colegiais
Comentando de maneira superficial, o anime traz constantemente novas garotas que precisam ser salvas da Síndrome da Adolescência. Isso torna impossível não assimilar à série Monogatari para quem já assistiu. Ah, se não assistiu, fica a recomendação.
Caso for assistir, recomendo que utilize o nosso guia de como assistir a série Monogatari, postado aqui no blog da Cúpula. Certamente vai te ajudar!
Voltando para Bunny Girl, o protagonista ajuda as garotas a resolver estes problemas relacionados à Síndrome e ainda aprofunda seu relacionamento com a Mai.
Todavia, infelizmente, essa fórmula segue ao longo do anime inteiro. Alguns arcos mais legais que outros, porém sempre com o mesmo padrão. Por fim, acabei achando que ficou um pouco repetitivo.
As outras garotas foram afetadas pela Síndrome de maneiras diferentes de como afetou nossa estimada protagonista. Uma prisão temporal (tipo um time loop), troca física de corpos e divisão de um ser humano em dois. Estes são alguns dos fenômenos ocorridos devido à temível Síndrome.
As ideias propostas são legais e de fato interessantes. O problema vem à tona quando o autor começa a tentar explicar como esses fenômenos ocorrem. O problema está literalmente no “tentar”. Porque de fato não explica nada.
As “ficções-nem-tão-científicas” de Bunny Girl
Começo o tópico afirmando que uma explicação sobrenatural como as utilizadas na série Monogatari anteriormente citada seriam bem mais fáceis de engolir do que as justificativas utilizadas em Bunny Girl.
Sempre que o Sakuta precisava de ajuda para entender os fenômenos, ele ia até sua amiga cientista e rolava sempre uma discussão sobre o caso.
Discussões estas que eram passadas de maneira rápida e com muita informação confusa sobre física quântica – acompanhadas de algumas teorias cientista-filosóficas como o Gato de Schrodinger e o Demônio de Laplace.
As explicações são dialogadas com muita pressa. Não há pausas plausíveis entre as falas dos personagens, tornando assim o fenômeno em debate completamente não-entendível.
Será que o autor/diretor/roteirista (não sei de quem veio a brilhante ideia de fazer diálogos tão rápidos) teve preguiça de tentar desenvolver uma lógica para a mitologia do anime?
Ou será que ele simplesmente preferiu tratar seus espectadores como “idiotas aceitadores de qualquer coisa”? Sabe, aqueles que não se importam com explicações com nexo?
Eu prefiro ficar com a primeira opção – já que é menos agressiva. Mas ambas as opções acabaram me passando um ar de trabalho mal feito, relaxado. Que atire a primeira pedra aquele que entendeu 100% das explicações da Futaba.
Sou chato com essas coisas pois sou fã de carteirinha de obras como Steins;Gate. Ao assistir e entender de verdade Steins (e talvez pesquisar um pouco para entender melhor ainda hehe), você percebe o trabalho que o autor teve para tentar explicar tudo aquilo de uma maneira convincente e inteligente.
É responsabilidade dos produtores (ou autor) explicar a mitologia dentro do universo do anime/mangá produzido. Isso deveria ser senso comum, mas não ocorreu em Bunny Girl.
Quanto a parte técnica
Tanto a arte quanto a sonorização foi medianas para acima da média para animes do gênero. Eu achei o character design do anime ficou suavemente menos “shoujo” que o da light novel.
A escolha das cores me agradou porque me passou muito o ar de cotidiano caloroso, através de cores que chamam a atenção porém não tiram o foco dos personagens (que são as estrelas do anime).
A trilha sonora é bem suave e intensifica bem os sentimentos que os produtores queriam te passar. Não chega perto de uma trilha sonora realmente envolvente como a de Bleach ou de Made in Abyss, mas também não é fraca como a de Domestic Kanojo (sim, eu não canso de de cultivar o ódio por esse anime).
Finalizando…
Preciso ser justo com meus sentimentos aqui. Afinal, os personagens de Bunny Girl e os laços que eles criam e aprofundam entre si tem um peso enorme na obra.
Reforço que a proposta do anime era tratar sobre os problemas e incertezas que cercam os adolescentes no dia-a-dia no nosso cruel mundo.
Além disso, desenvolver os relacionamentos entre os personagens de maneira mais madura e real, principalmente quando comparados ao que é feito em outros animes. Esse elemento trouxe uma cara de “inovação” para Bunny Girl.
O desenvolvimento romântico entre o casal protagonista é realmente gratificante de acompanhar.
Ainda mais se você está cansado de protagonistas masculinos bundões que não fazem nada e ficam corados sempre que veem uma menina bonitinha e de protagonistas femininas com personalidades tão fracas quanto a de uma garota de 10 anos de idade.
Bunny Girl quebra o padrão shoujo chato. Quebra a “safezone”, mencionada pelo Goga num outro artigo aqui da Cúpula.
Isso me deixa muito feliz! Contudo, aquela baboseira científica largada como explicação para os fenômenos ocasionados pela Síndrome da Adolescencia realmente não me convenceu. Realmente uma pena.
Acredito que soluções sobrenaturais ou justificativas que puxassem para um tom mais clínico seriam melhor empregadas. Tipo as que foram dadas para a irmãzinha do Sakuta.
Se você teve uma ótima experiência com o anime e conseguiu entender que o objetivo da obra era trabalhar uma crítica social, não explicar física quântica, porém não consegue deixar de lado explicações confusas, talvez concorde com a minha nota.
Bunny Girl acabou sendo para mim uma mistura confusa, porém agradável pra caramba da série Monogatari com Oregairu.
Concluindo, como sou chato com algumas escolhas de elementos narrativos (menos que o Dudi) mas amo romance bem feito, acredito que minha nota acabaria por ser um justo…
Nota
/10
E você, também achou as explicações dos fenômenos confusas? Ou o intenso brilho do casal principal conseguiu ofuscar tal defeito? Comenta aí, deixa a Cúpula saber sua opinião!
Continuação?
FIZ UMA ANÁLISE SOBRE O FILME TAMBÉM!
O site oficial de Bunny Girl anunciou um filme que será lançado em junho ou julho de 2019 (daqui a pouco então?). Vale lembrar que o anime adaptou somente os 5 primeiros volumes dos 9 já escritos por Hajime Kamoshida.
O filme adaptará os volumes 6 e 7 da light novel, sendo assim uma continuação direta do anime.
Explicarão as teorias de formas menos complexas? Darão ainda mais profundidade ao romance dos protagonistas? Deixarão claro como a Síndrome afetou o Sakuta? E aquela misteriosa garota da praia e sua versão do fundamental? Eu não perco por esperar!
A Crunchyroll trouxe a primeira temporada do anime. Espero que tragam o filme também rs