Voltron: Legendary Defender, ou no português “Voltron: O Defensor Lendário”, é uma série americana de desenho animado para web produzida pela DreamWorks Animation e World Events Productions, e animada pelo Studio Mir.
Voltron é um reboot tanto do anime Beast King GoLion quanto da franquia Voltron: O Defensor do Universo, e a animação mistura um estilo de arte murikanime para os personagens e CGI para as cenas de ação com o Voltron.
A primeira temporada estreou na Netflix em 2016, e a última temporada em 2018, totalizando 78 episódios.
A série acompanha as aventuras de um grupo de garotos: Shiro, Keith, Hunk, Pidge e Lance. Os cinco foram escolhidos pelos lendários leões do Voltron para serem os “Defensores do Universo” e combater o maligno Império Galra liderado pelo Imperador Zarkon.
Os paladinos também contam com a ajuda da Princesa Allura do Planeta Altea e de seu servo e companheiro Coran. Eles viajam pelo espaço lutando contra os Galra e almejando unir todos os planetas para serem libertos do domínio de Zarkon.
Sendo assim, neste artigo pretendo fazer uma análise completa dessa animação, simplesmente porque ela merece!
[ESSE TEXTO NÃO POSSUI SPOILERS]
Antes, um pouco sobre o Estúdio Mir
O estúdio Mir Foi fundado por Jae-Myung Yu, na Coreia do Sul, que foi um dos diretores de Avatar: a Lenda de Aang na época em que ele trabalhava no estúdio Dr Movie, que é responsável por diversas animações americanas.
Após criar seu estúdio em 2010, seu primeiro trabalho foi com Avatar: A Lenda de Korra.
Entre vários outros trabalhos conhecidos desse estúdio, estão duas curta metragem para a Riot Games (Road to the Cup-2013 e Bard: Montain-2015), The Death of Superman (2018) e The Witcher: Nightmare of the Wolf, da Netflix.
O que é o Voltron?
Voltron é um Robô Gigante formado pela fusão de cinco leões e seus respectivos pilotos. Tal máquina foi criada há mais de dez mil anos atrás por engenheiros Alteanos.
Essa raça já extinta possuía um avançado conhecimento em tecnologia e em magia. A partir de um meteoro com propriedades até então nunca vistas, os Alteanos foram capazes de criar a arma definitiva.
Indestrutível, com energia praticamente inacabável, sempre evoluindo, o poder Voltron era sem igual. Sendo tratado algumas vezes como uma divindade, com sua lenda sendo espalhada por todas as galáxias.
Entretanto, algo aconteceu. Os leões foram separados. Os Alteanos foram extintos e nesse meio tempo, o universo ficou a mercê de Zarkon, o imperador Galra, que tem ciência de que se há alguma coisa que possa impedir ele de dominar o universo, essa coisa era o Voltron.
Implacável em sua busca, Zarkon escravizou e destruiu sistemas estelares inteiros na procura dos leões para que apenas assim, ele fosse capaz de deixar todo o universo em suas mãos.
Mas, não se engane. Não é simples pilotar a arma mais poderosa do universo.
Primeiramente, o leão é quem escolhe quem irá pilotá-lo. Sendo assim, mesmo que Zarkon capture eles, não há garantia que ele irá usá-los.
Não só é difícil encontra-los, como também são extremamente difíceis de atingir o total potencial de cada leão. Sendo necessário haver uma conexão que vai além da vontade e da alma de cada indivíduo. Dessa forma, unindo máquina e piloto numa coisa só.
O universo de Voltron
O universo em que os personagens percorrem é extremamente vasto. Tendo planetas únicos em seu formato e em sua ambientação. Raças de alienígenas com sua própria identidade e habilidades.
E até às vezes, eventos cósmicos que me fizeram questionar se a obra era realmente para um público infantil.
Surpreendentemente, foram abordados temas como espaço/tempo e seus efeitos, realidades alternativas, teoria das probabilidades, diferenças de culturas, todos são assuntos bastante presentes na obra.
Logicamente, os autores tiveram que dosar corretamente o quanto eles iram se aprofundar em cada tema. Uma vez que precisa ter um certo nível de conhecimento para entender exatamente o que cada assunto aborda.
Devagar e sempre
De fato, às coisas em Voltron acontecem ao seu tempo. Muitas vezes, situações que ocorrem na primeira temporada ou na segunda, repercutem na quarta ou quinta.
De tal forma que os personagens que aparecem brevemente voltam e até acontecimentos inexplicáveis lá pra frente tem seu desfecho. E o mais importante: cada personagem tem seu tempo para evoluir.
É inegavelmente difícil desenvolver seis personagens que, de modo geral, são todos protagonistas da série. Dessa forma, em cada episódio descobrimos um pouco mais de cada um.
Mas mais do que isso, eles se descobrem junto com o espectador.
Entretanto, sem aquela coisa chata de desconstrução de personagem. Em Voltron, às qualidades iniciais de cada um não precisam deixar de existir para que o personagem evolua ou se abra com os outros para que nós possamos entender ele melhor.
Os personagens de Voltron
De fato, todos os personagens tem suas semelhanças. Afinal, a maioria deles já conviviam juntos antes de iniciarem sua aventura pelo espaço.
Porém, quando eles passam a integrar a mesma equipe, suas diferenças acabam tornando conflitantes.
Como eu havia mencionado anteriormente, os personagens evoluem conforme a serie. Mesmo que eles pareçam estereotipados no inicio, todos eles possuem características que os diferem de personagens de outras obras.
Takashi Shirogane, “Shiro”
O Paladino Negro, piloto do Leão Negro e Guardião do Espírito do Céu. O Líder dos Defensores do Universo, Shiro foi capturado pelo Império Galra um ano antes do início da série, quando o seu braço foi transformado em arma. É um líder natural, calmo e sempre no controle.
Shiro se dá muito bem com toda a equipe. Intermediando conflitos e interagindo com todos eles.
No entanto, Shiro tem uma relação melhor com Keith que, quando sai da linha, precisa da ajuda do amigo para se recompor.
Keith Kogane
O Paladino Vermelho, piloto do Leão Vermelho e Guardião do Espírito do Fogo. Inicialmente um cadete da Galaxy Garrinson Academy antes de se expulso, Keith é um órfão e um lobo solitário.
Mal-humorado, impulsivo e temperamental, Keith passa o seu tempo livre treinando os seus ataques para a batalha.
Keith tem um talento natural para quase tudo que faz. Principalmente pilotar. Como resultado, ele foi considerado um dos melhores cadetes que já passaram pela academia.
Além disso, ele sempre acha que pode fazer qualquer coisa e que seu desempenho é melhor quando faz às coisas sozinho. Seu temperamento de superioridade sempre conflita com Lance, que gosta de ser competitivo em tudo que faz.
Lance Mclain
O Paladino Azul, piloto do Leão Azul e Guardião do Espírito da Água. Ele é um piloto da sua equipe na Galaxy Garrinson Academy. Formada por ele, Pidge e Hunk.
Arrogante e confiante, ele é o alívio cômico dos Defensores e gosta de pensar em si mesmo com um galã das garotas. Foi o primeiro paladino a encontrar o seu Leão escondido na Terra.
Brincalhão e irritado na mesma medida, ele é esforçado em tudo que faz. Isso por que ele acredita sempre estar um passo atrás de Keith, seu rival jurado.
O paladino azul tem um ótimo relacionamento com Hunk e Pidge. De tal forma que o trio de amigos são os únicos que estão sempre “se zoando” e se apoiando no momento que precisão
Katie Holt “Pidge Gunderson”
A Paladina Verde, piloto do Leão Verde e Guardiã do Espírito da Floresta. Katie disfarçou-se como um menino chamado Pidge Gunderson para entrar na Galaxy Garrinson Academy.
Tudo para descobrir o que aconteceu com seu pai e irmão que desapareceram enquanto estavam na mesma missão em que Shiro foi capturado.
Um gênio da tecnologia, Pidge é o membro mais inteligente da equipe.Sempre empolgada e energética, Pidge é uma verdadeira exploradora espacial. Ela é o tipo de pessoa que a cada nova descoberta, surgem novas perguntas que precisam ser respondidas.
Apesar de seu real motivo de estar na equipe Voltron ser a busca pelo seu pai e irmão, isso nunca foi a prioridade de Pidge. Que está sempre focada em criar novas estratégias para derrotar os Galra.
Hunk Carret
O Paladino Amarelo, piloto do Leão Amarelo e Guardião do Espírito da Terra. Ele é o engenheiro da sua equipe na Galaxy Garrinson Academy. Um gigante gentil e com um apetite igualmente grande, Hunk é o coração da equipe de paladinos, animando-os e levando a paz entre eles.
Acredito que o paladino amarelo seja o personagem que mais descreva uma pessoa normal desbravando o espaço quase que contra sua própria vontade. Ele é medroso às vezes. Porém, fascinado com o universo. Querendo desbrava-lo cada vez mais. Possui um gigantesco senso de justiça e tem facilidade em ser amigo de todos que conhece.
Princesa Allura
Herdeira de Altea, filha do Rei Alfor, Allura e Coran são os últimos Alteanos existentes. Eles estavam em sono profundo escondidos no Castelo dos Leões, uma estrutura que pode ser tanto um castelo como uma nave espacial que ela pilota.
Allura concedeu aos Defensores os seus títulos e os ajuda em suas missões para derrotar Zarkon e libertar o universo. Ela deseja mais do que qualquer coisa, terminar o trabalho de seu pai para parar o Império Galra.
Coran Hierônimo Wimbleton Smythe
O conselheiro real da família da princesa Allura, ambos são os ultimos alteanos vivos. Enérgico, Coran serve a Allura obedientemente enquanto lhe protege ferozmente.
Ele tende a falar bastante sobre o passado, particularmente sobre os feitos supostamente ousados ou as experiências passadas. Apesar de seu caráter estranho e peculiar, ele é um aliado confiável e firme para sua princesa e os paladinos.
Clichês bem colocados em Voltron
Você sabe o que é um clichê?
Na prática, a palavra se refere a algo que já foi utilizado mais de uma vez. No contexto do entretenimento; algum tipo de recurso narrativo em que o espectador olha e pensa “Já sei onde isso irá levar”.
Voltron é repleto de clichês. Porém, quando esse recurso é bem utilizado, ele pode impressionar mesmo que você estivesse esperando por ele.
Um dos muitos exemplos que eu posso citar é sobre os integrantes de uma equipe no estilo Power Ranger.
Pessoas que já são familiarizadas com Tokusatsus sabem que em algum momento da trama será introduzido um personagem que a cor da roupa e do robô são brancos. Até mesmo a série do Power Ranger mais recente utiliza esse recurso.
Mas em Voltron, eles fizeram de uma maneira um pouco diferente. E o mesmo se repete para vários outros clichês, tanto narrativos, quanto de personagens.
Uma animação que merece atenção
Assim como já esperado do estúdio que nos entregou a serie Avatar, a animação esta bastante simples e bonita, até mesmo nas cenas de ação.
O diretor sabe usar bem os elementos de cenas estáticas para suas obras. Características marcantes de seu trabalho e de seu estúdio.
Entretanto, quando o Voltron entra em cena, a animação muda para CGI. Mas isso não incomodou em nada. Uma vez que mesmo sendo claramente virtual, o robô é bem detalhado e sua movimentação é fluida. Sem travar enquanto se movimenta ou nas cenas de lutas.
E tem mais, alguns “momentos chaves” durante o clímax de uma luta épica, a animação muda completamente para um traço desenhado em preto e branco, que ao mesmo tempo é colorido, de uma forma sensacional. Dando um “boost” na cena, que uma vez me fez levantar da cadeira.
Esse tipo de empolgação só aconteceu comigo naquelas lutas do My Hero Acadamia e Shingeki no Kyojin.
Voltron possui dezenas de referências!
Não sei vocês, mas eu sou uma pessoa fissurada em referências. Toda vez que eu entendo uma, faz me sentir como um grande conhecedor dos mais diversos assuntos. E Voltron foi um prato cheio para mim.
Começando pela que eu acho mais importante na obra: referência a Robotech.
Em resumo, Robotech foi uma animação lançado na década de 80 com extrema importância para a cultura popular atual.
Isso por que ele foi o primeiro anime com robôs gigantes a fazer sucesso mundial. Popularizando a palavra “mecha” por todo o mundo.
Voltron também fez algumas referências a sua versão antiga. Da para ver várias delas na ultima temporada da série.
Por falar em robôs gigantes, podemos ver que um dos personagens gosta de fazer referencias a coisas relacionadas a robôs gigantes como Tengen Toppa Gurren Lagann e a Evangelion.
Isso também inclui o famoso Metal Gear.
Certamente existem muitas outras referências. Afinal de contas, umas eu posso até ter deixado passar.
Porém, para finalizar, fiquem com essas referências ao De Volta para o Futuro (Delorean ali atrás do vidro da loja de artigos sobre a Terra) e de Zelda.
Mas também temos pontos negativos em Voltron…
Inevitavelmente, toda obra tem algum ponto negativo.
Detesto obras em que o protagonista esta tomando uma surra do oponente e, de repente, ele consegue superar seu inimigo na base da sorte ou com algum desfecho meio “fraco”. Porque isso faz parecer que foi falta de criatividade para elaborar um final para essa luta.
Em Voltron, temos alguns confrontos em que o oponente está claramente na vantagem. Mas que, por algum vacilo, ele perde a luta. E isso acontece mais de uma vez. A impressão que passa é que Voltron poderia ter sido facilmente derrotado nessas ocasiões.
Meu veredito sobre Voltron
Para chegar a minha nota final, devo considerar algumas coisas sobre Voltron.
Primeiramente, Voltron se trata de um murikanime, um anime “americanizado”. Logo, não devo esperar trilhas sonoras épicas e animações de tirar o fôlego. Uma vez que o orçamento é um pouco menor e os estúdios empregados geralmente não utilizam 100% de seu potencial.
Em segundo lugar, a classificação indicativa da obra é “livre para todos os públicos“. Trabalhar com algo assim, geralmente se torna uma barreira para os diretores. Impedindo eles de trabalharem livremente.
No entanto, se a classificação indicativa é uma algema, Jae-Myung Yu é o Houdine dos diretores de animação. Ele conseguiu colocar coisas dramáticas e mortes na animação de uma forma “maquiada” para não chocar o espectador. Dentre outras coisas que só observando bem para que você seja capaz perceber.
Sendo assim, é inacreditável o que ele conseguiu nos entregar, dado suas limitações.
A título de comparação, Príncipe Dragão é classificado para 10 anos. E, o que mais me decepciona nessa animação é o desfecho bobo que algumas batalhas costumam ter. Se acovardando de mostrar que o personagem morreu.
Finalizando…
No momento em que terminei Voltron, me senti saciado. Como se não tivesse faltado nada, e também não senti necessidade de adicionar nada.
Tanto que o final é bem fechado. Mostrando até qual caminho cada personagem tomou quando sua jornada chegou ao fim.
De modo geral, tive uma experiência semelhante a Avatar: A Lenda de Aang. Fico com um…
Nota
/10
Se você já conhece a série, comenta ai em baixo o que achou dessa análise, vamos conversar! E se você não assistiu, não se preocupe, porque deu de ver que não há spoilers no texto.