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Análise

Futatabi é bom? Vale a pena ler o mangá? | Crítica

Futatabi, de Kentaro Miura, apresenta uma realidade distópica, narrativa inteligente e muito potencial
10 minutos para a leitura

Você já ouviu falar em Futatabi?

Quando se fala de Kentaro Miura, subsequentemente surge o nome Berserk. Afinal de contas, Berserk é sua obra de maior sucesso. Não à toa, o mangá foi influência para grandes franquias de jogos como Dark Souls, Dragon’s Dogma, Bloodborne, Sekiro, entre outros.

Como já é de conhecimento de todo, creio eu, deste meio otaku, Kentaro Miura infelizmente veio a óbito. O mangaká morreu aos 54 anos. Para a tristeza de muitos fãs, não será possível presenciar o desfecho que Miura queria para sua história.

Sobretudo, não é somente pelo seu mangá, mas o pesar é, principalmente, por sua ausência no cenário dos mangás a partir de agora. Assim como muitos outros, Miura era considerado um dos grandes pilares dessa indústria.

Todavia, Berserk não é o único mangá produzido pelo autor. E hoje vou comentar sobre um desses outros trabalhos de Miura: Futatabi.

Quem me segue no Twitter (@welcr_silva) sabe que comecei recentemente a leitura de Berserk. Não conhecia nenhuma outra obra do mangaká até então. Foi dando uma vasculhada pela internet que conheci Futatabi e outras. Mas decide, sem motivo nenhum, dar uma chance, primeiramente, para Futatabi.

Foi o clássico “caindo de paraquedas”. Sem ler ou pesquisar absolutamente nada, iniciei este mangá. E às vezes essa iniciativa melhora exponencialmente a experiência de leitura.

vênus, protagonista de futatabi
  • Gênero: Ação, aventura, drama, ficção científica, shounen
  • Revista: Shounen Magazine (Weekly)
  • Capítulos: 1 (one-shot)
  • Autor: Kentaro Miura
  • Publicação: 21 de agosto de 1985

A realidade distópica de Futatabi

A história se passa no ano de 2049, momento em que os seres humanos remanescentes lutam pela sua sobrevivência. Existiu um conflito armado tão avassalador que obrigou as pessoas a migrarem para cavernas subterrâneas afim de se manterem vivas. Entretanto, a taxa de natalidade se mostrou um grave problema quando relacionado aos recursos disponíveis.

Foi, então, no ano de 2087 que, enfim, as autoridades do local descobriram uma forma eficaz de sanar este problema. Dois mundos foram criados, sendo um o mundo A e outro o mundo B.

o mundo distópico de futatabi

O interessante é que a história não se incumbe de deixar isto notório logo de início, mas faz com que, aos poucos, o leitor vá descobrindo os mistérios e fazendo deduções.

E, basicamente, este é o cenário proposto por Futatabi. Como de praxe, Miura se mostrando incrivelmente talentoso. Como nunca havia lido nada além de Berserk, Futatabi foi uma surpresa agradável, pois possui uma história bastante interessante, fora seus traços que, em partes, rústicos, mas que são bem bonitos.

Os protagonistas da história

A história segue a vida comum de Rick, um aprendiz de mecânico. Essa questão do mundo A e mundo B, não identifiquei exatamente qual é qual, então vamos de maneira não categórica, dizer que Rick faz parte do mundo A. Neste mundo há somente homens.

Com base no supracitado acerca da problemática com a taxa de natalidade e da resolução encontrada pelas autoridades, talvez você já tenha entendido a lógica de Futatabi.

Em um determinado dia, chega um intruso no mundo A. Uma garota chamada Vênus. Ela dizia ser de um outro mundo. Claramente, o mundo B, onde só há a existência de mulheres. E o mangá explora esta ideia mais para frente, revelando essa verdade, sem que haja a necessidade inicial para isto.

personagens principais

Quando Vênus adentra este novo mundo, logo as autoridades iniciam uma intensiva busca por ela. Enfim, vivendo momentos de fugitiva, Vênus se encontra com Rick, que acaba ajudando a garota escondendo ela em sua casa.

Um ponto interessante é o fato de, mesmo Vênus sendo uma garota, todos os personagens do mundo A tratam ela como um garoto. E o motivo para isto é óbvio. Somente o leitor consegue entender essa diferença. Com exceção de algumas pessoas, mas fica no ar quem são elas.

As primeiras conversações entre os dois revelam as diferenças de realidade e também o ceticismo. E é normal, afinal o novo sempre tem uma tendência a assustar. E no que tange sobre sentirmos afinidade pelos personagens, isso é algo um tanto escasso, sendo quase inexistente. Afinal, estamos falando de um one-shot, onde não há espaço para muitas imersões.

Uma conversa sobre o exterior

Um ponto interessante na conversa entre Rick e Vênus é a ideia de conhecer o que há no mundo exterior. Outra obra que aborda bastante esta visão é Shingeki no Kyojin, com o questionamento do que há além das muralhas.

Além dessas cavernas subterrâneas, o que há lá fora? O mundo ainda é o mesmo? Muita coisa mudou? Será que ainda existem sobreviventes? São questionamentos que surgem ao longo da narrativa apresentada por Kentaro Miura. Entretanto, nenhuma delas é respondida.

Ainda que seja um one-shot, daria uma bela história serializada. Por mais que com poucos volumes, mas que tivesse uma continuação. Talvez até tenha e eu não sei. Se souber de algo, deixe nos comentários. Com Memórias de Emanon foi assim. Primeiro veio o one-shot, mas posteriormente produziram uma sequência. Talvez tenha tido um bom retorno.

A sutileza das informações em Futatabi

Vênus, nesse novo mundo, desconhece o porquê de as pessoas serem como são. Inclusive, no primeiro momento a sós com Rick, ela fica nua em sua frente, mesmo sendo uma garota. Mas isso é um problema? Claro que não. E porque, você pode se perguntar. Por que não faz diferença para eles, uma vez que ambos não conhecem suas divergências sexuais.

Além do mais, em um determinado momento, bem sutil, mas bastante significativo, temos a presença do regionalismo, uma diferença de dialeto. Quando ambos, Vênus e Rick, estão fugindo das autoridades, Jack Wallmer, um personagem secundário importante, acaba ajudando os dois a fugirem para a superfície, e Vênus diz: “obrigado, senhora”.

O fato é que o personagem não era uma mulher, mas para Vênus era, assim como todos os habitantes do seu mundo. E assim são entregues algumas verdades desse universo, sem que deixe escrachado o que de fato é. E isto foi uma sacada sensacional.

os detalhes em futatabi

Por fim, chegando na reta final da história, o autor usa de alguns elementos para revelar toda a trama e finalizando a narrativa em aberto, com um toque de quero mais.

Este tipo de final pode ser um incômodo para muitos. Igual como aconteceu com o final de Monster, de Naoki Urasawa, onde algumas pessoas odiaram o desfecho por ele ser dúbio.

Entretanto, em determinados casos, acho legal esse tipo de final, deixando as portas abertas para a criatividade. À carco do leitor para definir qual o melhor final em sua concepção. No caso de Futatabi, imaginarmos o que há no mundo fora das cavernas subterrâneas.

Finalizando a crítica de Futatabi

Claramente não foram expostos todos os pormenores desta história. Afinal, caso não conheça esta obra, ainda haverá inúmeras informações que só irá receber se for atrás do mangá.

Em síntese, não esperava menos de Miura. Uma história simples, envolvente e muito boa. Apesar de que, como já mencionado, poderia ter sido continuada, porque há potencial, o que foi denotado ali agradou e muito.

Enfim, fica a recomendação deste mangá maravilhoso, ótimo para se passar o tempo, do nosso eterno Kentaro Miura.

o final aberto do mangá futatabi
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Escrito por

Welerson Silva

Jornalista e Escritor

Youtuber | Escrita cabeçuda

Brasília - DF

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