De forma precoce, Samurai 8 deu as caras ao mundo e também já se despediu. Você chegou a conhecer a obra? E o motivo pelo qual ela foi cancelada?
Samurai 8, o mais recente trabalho de Masashi Kishimoto, mal chegou e, olha só, ELE JÁ FOI CANCELADO!
O que houve de errado com Samurai 8 para chegarmos à esse nível? Você já parou para analisar? Com isso, voltamos a mais uma daquelas histórias de obras com algum potencial que foram canceladas sem motivos prévios.
Mas será que foi tão sem motivos assim com Samurai 8, do Kishimoto? Vamos destrinchar um pouco a obra e seus desdobramentos no mercado e tentar entender o que levou a obra ao seu fracasso.
Vem comigo nessa análise para entendermos melhor sobre tudo isto, porque, afinal, falamos aqui de uma obra do famoso autor de Naruto.
Sobretudo, Masashi Kishimoto
A obra mais icônica de Kishimoto, como bem sabemos, é Naruto. O mangá foi encerrado em 2014 e desde então o mangaká estava trabalhando, mesmo que de forma indireta, no novo mangá Boruto: Naruto Next Generations.
Em algumas entrevistas, antes mesmo de Samurai 8 ser de fato publicado, Kishimoto externou a vontade que sempre teve de escrever e desenhar uma obra retratando a vida de samurais.
Essa de fato era sua paixão. Isso antes mesmo de conseguir ser considerado um autor renomado com Naruto, mas sempre foi uma ideia recusada pelos editores.
Em uma entrevista, o autor descreveu da seguinte forma seu laço com Samurai 8, quando ainda estava na fase de criação:
“Eu amo ficção científica e samurais, então eu fui desenhar mangás com esses temas”. Kishimoto terminou, dizendo: “Esse mangá é tipo uma vingança por aquilo [rejeição anterior.]”.
Obviamente Kishimoto sempre teve uma tendência para coisas que talvez não surtissem um efeito positivo a longo prazo. Seria algo mais como um efeito paliativo. Muitos até depositam todo o sucesso de Naruto no editor de Kishimoto e não nele mesmo.
O mangaká estava muito eufórico e feliz por, enfim, poder criar a obra dos sonhos. E por se tratar do criador de Naruto, muitos elevaram suas expectativas para algo surpreendentemente sensacional, digno de Kishimoto. E, talvez, justamente aí que tenha sido o grande erro (ou não).
Mas a obra seguiu um caminho totalmente oposto do que o mangaká desejava. Kishimoto vislumbrava a obra com, pelo menos, 10 volumes publicados.
No final, o mangá foi finalizado com 48 capítulos, no seu 5º volume. Infelicidade para Kishimoto.
Surge uma estrela, Samurai 8
Quando as primeiras páginas foram reveladas, o hype com precedentes implodiu de vez. Kishimoto estava de volta aos trabalhos. Muitos estavam ansiosos pelo que estava por vir, inclusive eu mesmo.
Mas, então, do que se tratava Samurai 8? Basicamente, a história apresenta a galáxia no final de sua existência. Um samurai recebeu a missão de tentar salvar todos os planetas dispersos e seus respectivos habitantes, encontrando a “Caixa de Pandora”.
O deus dos guerreiros, Fudo Myo-o, selou um segredo que salvará o mundo inteiro dentro da “Caixa de Pandora”. Para abri-la, alguém precisará encontrar as sete chaves primeiro.
Então, Hachimaru, o protagonista da série, um menino fraco que precisa de assistência médica desde o nascimento, pode ser uma delas.
Hachimaru, o protagonista impossibilitado, mas privilegiado
No início da trama somos apresentados a um garoto totalmente debilitado, que sobrevive por meio de aparelhos e sob a intensa supervisão de seu pai. Esse garoto nada mais é que Hachimaru, o protagonista.
A priori, o pensamento é de como um garoto nestas condições poderia ser a salvação do planeta. Mas, claro, como todo bom mangá shounen, sempre há uma válvula de escape justificadora.
Não me compreendam mal, não que eu ache isso uma coisa ruim, de forma alguma. Tudo possui seu mérito. E Hachimaru acaba tendo o desejo realizado de poder se tornar uma pessoa forte e saudável e não necessitar mais da ajuda do pai.
Não bastando ele subverter a situação e dar a volta por cima, indo, agora, em busca do sonho de se tornar um samurai, Hachimaru conhece um gato chamado Daruma, que se torna seu mestre.
O gato não só é sinistro, como também é um dos maiores mestres do universo. É muita sorte de uma vez só, não é mesmo?!
Acham que acabou? Não bastando tudo o que já o acontecera, ele descobre que é detentor de uma das sete chaves que estão espalhadas pela galáxia. E, como supracitado, essas chaves são, basicamente, a peça fundamental de toda a história.
O problema de Samurai 8
Interessante à primeira vista, certo?! Parece muito bom. E de fato é isto que se encontra na leitura dos primeiros capítulos.
Mas, desde o início já se tem alguns problemas, como o fato do visual ser muito difícil de ser compreendido e muitas informações ao mesmo tempo. Essa segunda característica talvez não seja tão nociva.
Acredito que o principal e motivo de muitos comentários insatisfeitos era, com toda certeza, os traços do mangá.
Akira Okubo trabalhou de uma forma muito rebuscada, o que por um lado é bom, mas pelo outro torna as coisas um tanto mais complicadas.
Geralmente, os leitores queixavam-se do fato de lerem e não entenderem praticamente nada do que aconteceu por conta da dificuldade nos traços.
Em muitas ocasiões, presenciei pessoas dizendo terem lido o mesmo capítulo mais de duas vezes para então compreenderem e seguirem com a história.
Muitas pessoas que começaram a acompanhar Samurai 8 viviam ainda no passado saudosista de Kishimoto, onde tudo que tinha na obra era uma grande alusão à Naruto. Essa visão do passado impelia as novas perspectivas que Samurai 8 poderia trazer.
Eis que então a obra, por mais que muitos gostassem, acabou não agradando a todos. E acredite, esse todos não era uma minoria, afinal, esses “todos” fizeram a obra ser cancelada.
Os números de Samurai 8
Por mais que possa ter parecido uma decisão repentina, o cancelamento de Samurai 8 já parecia ser uma realidade já há alguns meses.
Em seu terceiro volume publicado, a obra bateu a marca de venda de 9.700 cópias, um número bem baixo, e inferior também aos seus dois primeiros volumes.
Se levarmos em consideração a revista em que Samurai 8 era publicada, a famosíssima Weekly Shonen Jump, e o grande nome do autor que a obra carregava, podemos perceber que esta história estava sendo um grande estorvo.
E por mais que alguns defendessem a ideia de que a história apresentava um enorme potencial, ainda assim são os leitores, em sua grande maioria e também o número de vendas, que decidem se a obre é rentável ou não.
E, infelizmente, no caso de Samurai 8, ela não estava sendo nem um pouco.
Dedicatória dos responsáveis aos fãs com um enorme eufemismo
Claramente nenhum envolvido em tudo isto poderia vir à público e escrachar que o motivo do cancelamento foi o fracasso de vendas. Então, palavras apaziguadores e suaves deram o desfecho da história.
Akira Okubo, o responsável pela ilustração da obra, declarou o seguinte:
“Obrigado por permanecer conosco até agora. Foi um passeio feliz. Vejo vocês por aí algum dia.”
O editor aproveitou a deixa e também fez um comentário:
“Obrigado pela leitura!! O volume final, 5, será lançado eventualmente em 1º de maio. Por favor, aguardem os próximos trabalhos de Kishimoto-sensei e Okubo-sensei!”
Finalizando…
Eu admito ter criado algumas expectativas para esta obra. Quando, enfim, saiu, até que achei interessante, mas quanto mais eu lia, mais o sentimento de saber que não era tão empolgante assim aumentava.
É uma pena para os fãs e, arrisco dizer também, que para o próprio Kishimoto, que sempre quis desenvolver uma história assim. Mas fazer o que?! A vida tem dessas.
E assim fechamos mais um ciclo neste mundo dos mangás. Mas me diz você, o que achou do cancelamento de Samurai 8? Achou que mereceria, ou estava gostando do caminho que a obra trilhou?
Comenta aí embaixo, vamos conversar!
Nota
/10