Summer Wars é um filme de animação produzido pela parceria entre Warner Bross e o Estúdio Madhouse.
Madhouse dispensa apresentação, afinal é a casa de animes como One Punch Man, No Game No Life e Rainbow: Nisha Rokubou. Sendo assim, possui muitos pontos positivos em questão a qualidade de suas produções.
Junto a essa produção excelente, temos a direção qualificada de Mamoru Hosoda, um dinossauro da indústria dos animes, muito conhecido pelo seu trabalho em Yu Yu Hakusho, Dragon Ball e Digimon.
E em Summer Wars essas qualificações e qualidades foram muito bem aproveitadas, afinal o anime chegou a ser pré indicado ao Oscar de 2011, mesmo que infelizmente não tenha chego a ser um dos finalistas.
O anime foi lançado no Japão no dia 1 de agosto de 2009 e no ocidente no ano seguinte, em 2010. Sua bilheteria na estreia atingiu o patamar de 7º colocado em arrecadação.
Mamoru Hosoda também escreveu a storyboard da animação além de dirigi-la, isso fica bastante em evidência quando você percebe a coloração e uma certa semelhança do traço que possui Summer Wars com Digimon.
Uma curiosidade sobre o anime é que a estreia nos cinemas e o aniversário de uma das personagens na trama caírem no dia 1 de agosto, não foi mera coincidência, a data também corresponde ao dia que os digiescolhidos foram parar no Digimundo.
Sendo assim, nos detalhes percebemos todo o esmero que o diretor teve com esta obra, que encontra-se no catálogo da Netflix para ser apreciada.
O mundo de OZ
Nos primeiros minutos da trama somos apresentados ao “mundo de OZ”, que é um jogo on-line, onde cada pessoa pode criar um personagem e fazer basicamente qualquer coisa dentro do mundo.
A grande sacada é que em OZ o mundo real é espelhado por inteiro: lá, certamente pela sua segurança de dados, pessoas, empresas e governos acabam guardando todos suas informações.
Posto isso, fica claro que OZ, não é um simples jogo eletrônico onde você possui um char para evoluir como um RPG. O anime enfatiza que, independente de sua idade e vontades, você sim possuirá um personagem e irá fazer o que bem entender: praticar lutas, praticar esportes, comprar coisas, empreender, enfim é um novo mundo.
A trama de Summer Wars
Conhecemos então Kenji, um jovem prodígio da matemática que possui um trabalho de meio período na segurança de dados de OZ. Como já é de se esperar, estamos falando de um nerd que não é sociável e muito menos consegue conversar com garotas.
Mas no início das férias de verão Natsuki, a garota mais popular da escola, o convence a largar este emprego e trabalhar para ela uns dias na casa de sua Bisavó que fica muito longe.
Ao chegar na fazenda da família de Natsuki, Kenji acaba sendo hackeado no mundo de OZ e seu char invade o sistema de segurança do site, causando uma baderna no mundo virtual. Como dito acima, empresas e governo possuem dados sigilosos guardados em OZ, o acontecido atinge o mundo real também.
Então neste momento, Kenji se torna um foragido da policia, pois o que seu personagem fez no game bagunçou o mundo real. Para ajudar mais ainda, ele está longe de casa e de seus equipamentos para tentar consertar tudo.
Além desse problema, ele precisa transparecer estar tudo bem para a família de Natsuki, afinal está acontecendo a comemoração dos 90 anos da vózinha da família.
Como será que Kenji irá lidar com tantas coisas totalmente diferentes com o que está habituado a encarar em seu dia a dia?
Afinal, a trama está em qual mundo?
Logo após terminar de ver o filme fui pesquisar um pouco sobre o que a comunidade achou do anime. E como já era de se esperar, muitos elencaram a convivência familiar muito mais importante que o mundo de OZ para a trama.
Algumas pessoas são até enérgicas ao afirmar que não precisava nem existir OZ, somente a convivência familiar seria perfeito para a animação.
Ao meu ver, sim, a convivência familiar é o grande centro das atenções para o anime. Contudo, o mundo de OZ faz com que os personagens evoluam e criem uma ligação muito mais forte para resolver certos problemas.
Por isso eu afirmo: o mundo de OZ é tão importante para a obra quanto a família em enfase na história.
Achei que por ser um filme, mesmo sendo longa-metragem, ter dois núcleos principais poderia enfraquecer a trama. Afinal seria fácil se perder e focar em um arco e esquecer do outro, ou pior, não aprofundar em nenhum.
Entretanto a dosagem de informação de cada mundo foi bem explorada e permite que o telespectador tenha empatia com os personagens.
Os personagens
Aliás, Hosoda conseguiu muito bem criar uma família gigante, com algumas características que você consegue lembrar de todos! Temos as crianças porres, o tio fortão, o primo de segundo grau apaixonado por Natsuki e o primo mais novo que entende tudo de computadores, por exemplo.
A caracterização como um todo ficou muito boa, as pessoas em si são normais e sem um “apelo” visual, como cabelos coloridos, aliás pelo contrário, todos os personagens são comuns. Todavia, os Chars em OZ são muito cativantes.
O seu Char não precisa nem ter formato humanoide, pode ser qualquer coisa e podem mudar de forma, quase como uma “digievolução”, outro ponto que lembra muito digimon.
A forma que Kenji foi hackeado não precisa ser explicada, porém o inimigo que dominou seu Char é outro ponto positivo na obra.
A caracterização do personagem, a “comunicação” que ele possui com os protagonistas da obra é muito bem explorada. Fora suas evoluções físicas.
Mas o que tem de ruim em Summer Wars?
Acredito que Summer Wars é um ótimo anime e pode ser visto por qualquer pessoa, pois possui uma sequência fácil de acompanhar, ação, comédia e drama em uma dosagem adequada para o que se propõe.
Porém ele não é uma obra perfeita, primeiramente o que me incomodou foi a quantidade de climax que possui esse anime. Aconteceu comigo umas 4 vezes, onde a música cresce, o protagonista se enche de orgulho e poder, o seu coração bate mais forte E… não é o fim!
Infelizmente por este motivo, fui impactado mais por cenas básicas do que a cena de resolução da trama.
Outro ponto que não me incomodou tanto quanto o primeiro citado, mas fez pensar um “poxa, poderia ter ajudado um pouco né”. Foi a pitada utilizada de Deus Ex Machina num momento da obra.
Veja bem utilizei de propósito a palavra pitada, porque não foi algo tão pesado como aquele poder da amizade. Mas como o mundo real possuía suas limitações e a família tava dando conta das situações de maneiras normais, aparecer um navio no lago da fazenda foi um pouco pesado.
Talvez foi utilizado esse refúgio pois é um filme, pela duração da animação não daria para resolver de uma maneira tão eficaz talvez. Contudo estes acontecimentos não atrapalham tanto assim a trama geral do anime.
Finalizando…
Gostei muito da forma que Mamoru Hosoda deixou a ação pesada para dentro do mundo de OZ e a questões humanas para serem resolvidas no mundo real.
Além do “trabalho de câmeras” e tomadas de cenas que passam informações sem precisarem de um narrador ficaram ótimas.
O filme dura cerca de duas horas e você não percebe o tempo passar, a sequência de cenas, os diálogos e personagens cativantes, fazem com que seja prazeroso a experiência que Summer Wars pretende passar.
Em suma, indico fortemente o título, tem momentos para todos os gostos: você irá rir, refletir, torcer e se emocionar com a família Shinohara. Digo mais, você irá ver sua família sendo representada em algum momento pela obra.
Em um tom um pouco pessoal, minha família não é muito de confraternizar como a família de Natsuki faz, e isso mexeu comigo. Pois vendo o filme percebi que a família, por mais que não seja uma escolha nossa participar dela ou não, é o alicerce de tudo, e no fim, quem irá literalmente dar o sangue por você são eles!
No fim, você sentirá que sentou para ver um filminho bobo de aventura e terminou com alguma lição preciosa para a vida.