Ao ler o nome “Batman Ninja“, logo indagamos: tem como um filme, que junta o grande herói Batman com a temática de Ninjas ser algo ruim? Parece que não, mas a Warner Bros fez o inesperado ao atingir esse feito.
Bom, primeiro de tudo, antes de entrar na “não-recomendação” ao filme, vale ressaltar alguns pontos sobre o herói principal deste filme, o próprio Batman.
Afinal, o grande público (e eu me incluo nessa) ficou muito entusiasmado quando soube que o Batman iria ser representado em versão anime, ainda mais em um filme com uma grande produção.
Fora dos mangás e animes, Batman teve sua primeira aparição em maio de 1939, na revista de quadrinhos Detetive Comics, ou seja, o homem morcego possui mais de 80 anos de existência!
Sendo assim, podemos concluir que ele é mais velho do que 99,9% das pessoas que leem este artigo (não podemos generalizar).
E, para surpresa de alguns, esta não é a primeira vez que temos uma versão japonesa de Batman.
Em 2017, Shiori Teshirogi, conhecida por Cavaleiros do Zodíaco: The Lost Canvas, criou uma história em mangá para o Batman e a Liga da Justiça.
Infelizmente, esta versão do Homem Morcego não foi muito bem aclamada pelo público e a autora já revelou que a 4ª edição é a última. Além de que, anos antes, em 2008, houve uma parceria de 4 estúdios japoneses, entre eles a grande Madhouse (One Punch Man), em conjunto com a Warner Bros, surgindo assim Battoman Gossamunaito.
Que diga-se de passagem, Batman: Gotham Knight, em japonês, Battoman Gossamunaito, vale muito a pena ser visto, ao contrário de Batman Ninja.
Vamos então ao Batman Ninja…
Agora que já foi contextualizado o protagonista do longa, e enumerado os principais pontos relevantes do mesmo, certamente você deve estar curioso para entender o que é Batman Ninja.
Porém, já aviso de antemão, não crie grandes expectativas.
Dirigido por Junpei Mizusaki, que em seu currículo possui a produção de JoJo’s Bizarre Adventure: Stardust Crusaders, o filme Batman Ninja, em japonês, Ninja Battoman, foi lançado em 2018.
O enredo do filme nos apresenta de início um dia comum em Gothan, onde Batman está tentando trazer a tranquilidade para a cidade em uma batalha dentro do Asilo Arkham, contra o vilão Gorila Grodd.
Nesta batalha acidentalmente, ou não, a máquina do tempo, invenção a qual Grodd estava trabalhando, acaba sendo acionada. E num piscar de olhos, Batman e alguns vilões (que estavam no Asilo) acabam sendo transportados no tempo e espaço para o Japão Antigo na época feudal.
Quando Batman se da por conta de onde está, percebe que precisa ajustar os problemas que seus arqui-inimigos criaram e, ainda, arranjar uma forma de voltar no futuro para não modificar mais nada na linha do tempo.
Bom, a partir de agora para poder destilar um pouco do veneno sobre esta obra, este texto precisará ter um pouco de spoilers.
Mas calma, o que for expresso abaixo não irá atrapalhar em nada sua experiência com o filme, afinal, a própria história e enredo já são atrapalhados por si só. Tipo Domestic na “Quenojo”.
Parafraseando Coringa: and, here… we… go…
Como escrito na sinopse, Batman e vários vilões voltam no tempo e acabam no Japão antigo.
Até este momento tudo certo, afinal, muitas outras obras utilizam a dinâmica de viagem no tempo para transportar personagens conhecidos para um ambiente do qual eles não estejam habituados.
Podendo assim, trabalhar um enredo que não atrapalhe a história principal daquele mundo. Portando, para este filme, este detalhe ficou muito bem feito.
Porém, em alguns momentos da animação, pareceu que os envolvidos esqueceram as principais características do Batman e de seus vilões, apresentado diálogos e cenas que não condizem com os personagens.
Veja por exemplo, nos primeiros minutos do filme, nosso herói Batman aparece encurralado por samurais com máscaras do Coringa.
Literalmente! Máscaras do rosto do Coringa. E o grande Detetive, o maior Q.I. dos quadrinhos, afinal esse é considerado o seu “super poder”, sua inteligencia, faz a seguinte pergunta “quem é seu mestre?”
Poxa Bruce! Não está, literalmente, na cara?
Ok, seguimos em frente, afinal, pode apenas ser um detalhe esquecido pelo diretor, correto?
Só que estes “detalhes” resolvem aparecer muitas vezes, o que faz com que, nós, telespectadores, acabemos por nos desprendemos da história. O somatório de tudo torna difícil “comprar” a ideia do filme.
Veja, em um outro momento, onde temos a cena de diálogo entre o herói e o vilão, a cena básica de um filme de ação, a revelação do plano maligno.
Na cena, o Batman resolve interrogar o Gorila Grodd, indagando o porquê de criar esta máquina do tempo e de terem feito o “salto temporal”.
E pasmem com a resposta: “Isso é como perguntar porque o Gorila inteligente atravessou a rua. Fiz porque eu podia!”.
Ou seja, todos foram parar no passado simplesmente porque o Gorila Grodd quis! Sem nenhum motivo maior!
E não são só os diálogos….
Os devaneios da obra continuam acontecendo direto.
Mas a grande cereja do bolo que me fez quase dropar este filme foi o “Megazord dos Vilões“.
Não, você não leu errado, em um determinado momento do filme todos os vilões mostram que possuem castelos que se transformam em robôs gigantes, e que se juntam para formar um Megazord.
Digo que isto é a cereja do bolo, porque estamos na era feudal, sem energia, sem equipamentos para construção de uma simples torradeira! E todos os vilões conseguem criar castelos que se transformam em robôs?
E ainda mais, se juntam para se transformar num grande Megazord para então derrotar o Batman!
Realmente, o filme vale ser visto apenas por 2 motivos: pelo character design, feito por Takashi Okazaki, mesmo criador de Afro Samurai, pelas cenas de luta impecáveis nível quase Demon Slayer.
Observar como cada personagem possui uma característica ressaltada japonesa e vestimentas da época é sensacional.
A movimentação dos personagens, as cenas de explosões e a luta de espada entre Batman e Coringa não tem precedentes! Ficaram impecáveis.
Finalizando…
Resumindo, o filme tinha tudo para ser épico.
Porém a narrativa e enredo conseguiram tirar completamente a imersão da obra e da história.
No fim, Batman Ninja acabou sendo transformado em “apenas mais uma animação com cenas de combates boas“. Daquelas para deixar a televisão ligada e fazer outra coisa para passar o tempo. Tipo essa.
Caso queira assistir, coloque sua conta em risco e depois comente aqui o que achou deste filme-anime.