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Análise

Heion Sedai no Idaten-tachi | Primeiras impressões

Heion Sedai no Idaten-tachi está MUITO maneiro e divertido, é só não insistir no erro

Em nossas RegrasDe3, os autores assistem os 3 primeiros episódios de um anime novo lançado na respectiva temporada. Após isso, eles escrevem uma análise sobre esse começo da obra, sendo uma espécie de primeiras impressões. Fique atento: a RegraDe3 é uma visão baseada APENAS nesses 3 primeiros episódios, NÃO sobre o anime inteiro.

11 minutos para leitura

Eu fico surpreso com a capacidade dos autores japoneses me hyparem tanto ao mesmo tempo que me geram decepção. Heion Sedai no Idaten-tachi chamou minha atenção logo que vi o trailer junto ao Dudi, em uma de nossas lives, e o sentimento que tenho no momento, após ver 3 episódios, especialmente os 2 primeiros, é esse de “hypeção” (ou decep-hype?). Cores chamativas, uma animação aparentemente ótima e uma trilha sonora muito empolgante, fora que o estúdio é o MAPPA.

Não tinha como dar errado, pensei quando vimos.

Eu só não tinha me dado conta que o autor do mangá que dá origem ao anime é o mesmo de Ishuzoku Reviewers.

Sim, aquele. O anime de review de puteiro.

É…

Mas sabe a doidera? Eu estou gostando bastante de Heion Sedai no Idaten-tachi, mesmo com deslizes bastante agressivos em 2 cenas específicas…

Heion Sedai no Idaten-tachi visual oficial
  • Gênero: Ação, Aventura, Fantasia, Superpoderes
  • Estúdio: MAPPA
  • Material fonte: mangá
  • Episódios: ainda não divulgado.
  • Diretor: Kidokoro Seimei (assistente de diretor em Hells)
  • Novos episódios: Sextas
  • Página do anime na Cúpula e no MAL

Espera aí. Review de puteiro?

Sim. Você não leu errado antes. Amahara, responsável pela história de Heion Sedai no Idaten-tachi, é também o responsável pela história de Ishuzoku Reviewers, o anime que foi até retirado do catálogo de plataformas famosas de streaming devido à seu altíssimo teor sexual. É, basicamente, um soft-hentai.

Mas, bem, felizmente, Heion tem uma pegada diferente de Ishuzoku.

Em Heion, acompanhamos um trio de “Idatens“, sendo eles Hayato (que tem a inconfundível voz de Park Romi, que dá vida à Edward Elric em FMAB), Ysley e Paula, acompanhados de sua mestra maravilhosa Rin, na constante batalha entre deuses (é, tipo isso, eu acho) e demônios.

Idatens?

Idatens são, basicamente, deuses com aparências humanoides que existem para impedir que os demônios, a tal força opositora, saia destruindo tudo por aí. Mesmo que Ysley e Paula estejam tendo estilo de vida diferente de Hayato, que vive sendo espancado treinando pesadamente com Rin, ambos os três se juntam ao treinamento após os acontecimentos do primeiro episódio.

Não há muita explicação até então sobre o funcionamento do mundo em si, mas acredito que a obra nem irá se propor à isso, tendo em vista que o destaque está completamente no entretenimento, na ação e, claro, em algumas garotas gostosas. E bem, nisso estão sendo bem sucedidos.

Ainda sobre explanações, um pouco sobre os Idatens é explicado, mas é o mínimo para que haja uma narrativa chamativa é dado para nós, expectadores. Ora as informações chegam de um jeito mais orgânico e bem roteirizado, via diálogo de personagens por exemplo, ora a narrativa pisa no freio e um narrador aparece para explicar algumas coisas.

Acho válido. Afinal, é toda uma mitologia envolvida, e o anime, como antes dito, vai focar em outros aspectos, e não em ficar explicando o funcionamento do mundo em si. E muito menos uma trama cabeçuda.

Até aí, Heion Sedai no Idaten-tachi surpreende demais

E tudo isso é muito bem feito. De verdade.

Eu adorei todos os personagens que possuem relevância. São bastante característicos e possuem personalidades claras, que conversam muito bem com as decisões que eles tomam. Ou seja, são coerentes em sua construção e sua narrativa, ao mesmo tempo que são bastante divertidos.

O traço adotado no anime é, também, um diferencial bem positivo para mim. Como não manjo muito da parte técnica de arte, fica difícil eu conseguir externar o motivo de eu gostar TANTO do design de Heion. Mas, se fosse para chutar, diria que são os olhos. Não sei, cara. Mas eu AMO o design dos personagens desse anime. Todos bastante únicos, o que conversa ainda melhor com o destaque que dei para a personalidade acima.

rin correndo com olhos indiferentes
Eu AMO!

Além disso, toda a direção geral + direção de arte do anime é MUITO legal. A transição de cenas é muito divertida e te prende a atenção, ao mesmo tempo que o anime aposta bastante em cores bem chamativas e variadas e num mesmo frame. Algumas pessoas, inclusive, poderiam até se sentir saturadas em algumas partes – e eu entenderia totalmente, apesar de que, pessoalmente, estou achando maravilindo.

A abertura retrata muito bem parte do que falei acima. Dá uma olhada:

Gostei, mas podia ter um pouco menos de foco em tetas.

E não para por aí…

A animação brilha tanto quanto (ou até MAIS) que o resto que já vim citando. Tudo é detalhado e fluido DEMAIS.

Dessa forma, mais uma vez, o estúdio MAPPA entrega um trabalho que, aos meus olhos de leigo, parece impecável no quesito animação. Heion Sedai no Idaten-tachi brilha muito nesse quesito, mesmo perto de outras obras bem animadas do estúdio, como The God of High School e, ouso dizer que é quase tão bacana quanto, Jujutsu Kaisen.

A trilha sonora impressiona também. O tema de batalha é simplesmente HYPE, não tem como definir diferente disso, não tem como achar ruim. Sério. Abaixo tem um vídeo que mostra uma das lutas do anime, e reparem no uso de som e da música. Muito BOM!

Ah, claro, só assista se não se importar com um spoilerzinho (só que, sinceramente, Heion não tem uma trama abalável via spoilers, então acho que você ficaria até com mais interesse caso visse o vídeo abaixo, mas você decide!).

Hype!

Ainda, mas não menos importante, o anime realmente não se leva 100% a sério. Senti uma vibe até meio “JoJo” com toda essa arte colorida e diferente, e com personagens com interações bem humoradas mesmo em momentos de tensão (apesar de isso ser um problemão numa cena específica que vou falar em breve).

Como antes citado, a trama não é cabeçuda. São deuses contra demônios, humanidade morrendo, gente do mal e gente do bem, profecias, mestres e aprendizes… Nada demais, sabe? Mas a simplicidade funciona em Heion.

Por fim, alguns cortes em cenas específicas, principalmente quanto Ysley está explicando algumas coisas para Paula, são muito bem colocados e encaixam muito bem com o restante da arte.

Gostei bastante. De verdade. Legitimamente divertido!

Nossa, então Heion Sedai no Idaten-tachi é MUITO BOM MESMO, E SÓ, né?

SIM! Nos 3 primeiros episódios eu vi realmente tudo o que citei acima de positivo, sem muitos exageros.

O problema é que em 2 cenas específicas a minha fé no anime foi posta em cheque.

A primeira foi a cena final do episódio 1. A condução narrativa dela foi patética e desnecessária. Era possível gerar o mesmo tipo de mensagem com muitos menos frames do que é mostrado. Ou seja, fazer o espectador sentir a mesma coisa, e principalmente, entender a situação

A maneira como foi mostrada foi, narrativamente, não importante para a mensagem, principalmente porque tentaram deixar a cena meio “conceitual” e “diferentona”, mas na verdade fugiu muito do tom que a obra vinha entregando ao longo do episódio.

“AH, MAS É IMPORTANTE QUE O ESPECTADOR SINTA NOJO MESMO DESSA CENA, E ISSO SERÁ IMPORTANTE PARA A HISTÓRIA PORQUE A PERSONAGEM VAI VOLTAR E NÃO SEI O QUE!”. Sim, é importante. Não estou falando para REMOVER o acontecimento, mesmo porque eu sou só o André. Mas dava de contar de outra forma. Digo, a cena teria o MESMO resultado se acabasse nesse frame:

cena polêmica em Heion Sedai no Idaten-tachi
Pronto. Era só parar aqui. Todo mundo já tinha entendido.
soldado colorido em Heion Sedai no Idaten-tachi
Bizarro. Só vendo para entender. E pior ainda é a cena que vem depois.

Infelizmente, não parou por ali…

A segunda cena foi no episódio 2, na hora em que a loira de olhos azuis nazista está “motivando” suas tropas. Os homens berram coisas como MATAR, ROUBAR e PROFANAR! Beleza. São malvados. E ela continua:

“MATAR!”, “MATAR QUEM?”, pergunta a loira nazi, “OS INIMIGOS!!”

“ROUBAR!”, “ROUBAR O QUE, pergunta a moça novamente, “AS RIQUEZAS!!”

“PROFANAR!”, “PROFANAR O QUÊ?”, infelizmente a comandante insiste mais uma vez, “AS VIRGENS!!”.

moça loira comandando exército em anime
e.e

Na boa, sei muito bem que soldados de fato estupravam nas guerras (e ainda estupram), e isso é triste pra um caralho. E é justamente por isso, por conta dessa tristeza e peso, que a cena mais uma vez foi narrativamente falha.

Afinal, ela é contato com um semblante cômico, tanto na maneira como a arte se comporta nessa hora e, principalmente, na entonação dos voice-actors, e na reação da comandante que apesar de se revelar depois como “algo diferente” e ser nazi, ainda era uma “mulher” na cena, e aí ela reage com “pelo menos vocês são sinceros”, SORRINDO.

Entender à fundo para criticar estupro como recurso narrativo em qualquer situação não é comigo, porque não disponho de tal formulação filosófica e nunca pesquisei à fundo. Mas, entender que como essa cena basicamente se move através da motivação por estupro, e é conduzida de maneira CÔMICA, tanto nos diálogos quanto na arte, ela é ERRADA.

Rir nessa cena é errado. Se você riu, você está errado.

Enfim, meu ponto é: vai parar?

Eu tô gostando de Heion Sedai no Idaten-tachi, então pensar que cenas especificamente horríveis como essas podem acabar se repetindo ao longo da obra inteira me deixa apreensivo.

Será bastante triste caso isso se repita mais e mais vezes, porque, novamente, entendo o uso de abuso sexual como gatilho de raiva no espectador, o meu ponto é que não concordo nem um pouco com a maneira que esse abuso está sendo contado dentro da narrativa. Comentei sobre isso também quando falei sobre Goblin Slayer, lá em 2019.

Narrativa não é história, como o queridíssimo Narrador nos ensinou num episódio especial do CúpulaCast que rolou tempos atrás.

Finalizando minhas primeiras impressões de Heion Sedai no Idaten-tachi

Comecei o texto dizendo que esse anime me deixa com “decep-hype“, e continuo pensando assim.

Vou com certeza acompanhar até o final, mas espero fortemente que cenas como as duas supracitadas PAREM de acontecer, porque o restante da obra é muito, muito mais interessante do que cenas como aquela.

Uma pena que Ishuzoku Reviewers esteja no portfólio do autor, porque de resto, temos animações excelentes, trilha sonora divertida e empolgante, estilo de arte super chamativo e único, bastante ação e uma trama simples no pique Dragon Ball; eis a fórmula para fazer um anime extremamente divertido, interessante e maneiro de acompanhar.

É só não insistir no erro, por favor.

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Escrito por

André Uggioni

Co-Fundador

Host do CúpulaCast

Criciúma - SC

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