A detetive já está morta. Pois é, apesar de ser literalmente o título do anime, fiquei um tanto surpreso com o finalzinho do primeiro episódio (que na verdade possui 40 minutos). Mas, bem, foi só até aí que eu mantive as esperanças de Tantei wa Mou, Shindeiru ser um anime que valesse meu investimento semanal.
Afinal, depois de um primeiro episódio relativamente interessante, bem animado e com uma heroína bastante intrigante, fora um possível romance legalzinho, o anime se perde em clichês de roteiro e direção que o tornam um fracasso em termos de “primeiras impressões”.
Mas, enfim, será que é só trevas mesmo? Porque, bem, este anime chegou a aparecer em alguns top dos “atualmente melhores da temporada” de páginas de anime por aí.
Vem investigar esse ~mistério~ comigo!! (não acredito que fiz isso).
- Gênero: Comédia, Drama, Mistério, Romance
- Estúdio: ENGI (Uzaki-chan wa Asobitai!, Hataage! Kemono Michi)
- Material: Light novel
- Episódios: 12
- Diretor: Kurihara Manabu (key animator e diretor de animação em obras como Bleach e Aquarion Evol)
- Novos episódios: Domingo
- Página do anime na Cúpula e no MAL
É uma pena que a detetive já esteja morta…
Como dito na sinopse do anime que passou despercebida por mim ao clicar no primeiro episódio, em Tantei wa Mou, Shindeiru, a bela detetive de cabelos brancos que gera o maior impacto ao longo do primeiro episódio, Siesta, já está morta. Não era mistério, mas para mim foi um tanto impactante e interessante o “plot twist” do final do primeiro episódio.
Afinal, começamos o anime com um sequestro de um avião, onde nosso protagonista, Kimizuka, “por acaso” estava tripulando. A fim de evitar o sequestro, Siesta, que também estava à bordo, força Kimizuka a virar seu parceiro para desvendar o mistério proposto pelo sequestrador (que, inclusive, surpreende com o uso de poderes sobrenaturais, então sim, tem umas magias aqui também).
Resolvendo o mistério nossos heróis salvariam o avião de um terrível destino. Tensão!?
Nah. Sem muito esforço, Siesta resolve o caso com elegância e muita ação, porque ela é uma lendária detetive (e o anime faz questão de deixar isso claro diversas vezes). Mas bem, sou obrigado a dizer que a animação desse trecho é de deixar o queixo cair. Curte:
Todo Sherlock tem seu Watson…
Agora, contudo, Siesta decidiu que quer Kimizuka como seu parceiro, seu “Watson”, e ela não medirá esforços para tal. E como conseguir a aprovação de Kimizuka? Fazendo o que acontece em TODO anime: a menina ir morar na casa do menino. Yay! Interações de tropeção! Cena do banho! “Não quero você morando aqui, mas mesmo assim vou deixar você ficar!”. O kit todo. Pelo menos a Siesta é super direta e autêntica, o que torna a situação mais divertida e interessante.
O plano da detetive lendária dá certo logo após os dois, juntos, resolverem seu segundo caso. Caso este que se deu na escola de Kimizuka durante um festival escolar. Isso acontece na segunda metade do primeiro episódio, ou seja, entre os minutos 20 e 40 mais ou menos. Achei justo fazerem um episódio “duplo”, afinal, esse é o começo da história, com começo meio e fim. Cansadinho? Sim. Justo? Sim, também.
Entretanto, ao final disso tudo, temos um rápido “time-skip” de três anos (eu acho) e descobrimos que, agora, a detetive já está morta.
O que para mim foi uma pena, porque a partir da morte dela, o anime desceu ladeira abaixo…
Sem Siesta, sem festa
Para mim a graça acaba porque quando a inconsistente, misteriosa e provocante Siesta sai de cena, entra uma menina que, assim como o protagonista masculino, é só mais uma na fila do pão. Sinceramente, a Nagisa é tão sem graça que no MyAnimeList ela está listada até como “suporte”, mesmo que ela tenha sido a protagonista dos episódios 2 e 3 do anime.
Existe um vínculo que faz sentido que une ela ao protagonista? Sim, existe. Forçado? Talvez. Mas o ponto aqui é que a Siesta forçava uma relação desconfortável com o protagonista que era, pelo menos, divertida de ver. Siesta era imprevisível, e isso tornava a experiência de vê-la em ação muito satisfatória. Digo, você nunca sabia o que aconteceria, e que tipo de decisão ela tomaria, seja em ações ou falas.
Nagisa, contudo, é previsível e desinteressante demais. Tem o espírito de “menina boazinha” simplesmente porque sim, e está numa situação de vínculo ao protagonista que é patrocinado por Siesta.
Ou seja, ao invés de sermos capazes de começar a gostar de Nagisa, acabamos nos prendendo a presença de Siesta, que está ali, apesar de “não estar”. Diálogos como “você quer ver meus peitos” ou “mas você quer me ver de biquíni, não quer?”, que vem acompanhado do clássico “ah, você é um tarado mesmo” acontecem o tempo inteiro entre Nagisa e Kimizuka, beirando o cansaço completo mesmo antes do episódio chegar ao fim. Talvez esse seja só eu, mas eu não aguento mais esse tipo de interação em animes que envolvem colegiais. Clichê, incoerente (ou vai ou racha, né) e chato.
Sinto que nada disso aconteceria com Siesta. Pelo menos não nessa intensidade. E olha que nem acho ela tão incrível assim, só que Nagisa é tão chata que engrandece a detetive morta.
Talvez esse seja só eu triste porque o casalzinho não formou e fiquei triste porque já não tava muito bom? Olha, talvez.
Talvez seja a intenção do autor? Bem, se for, conseguiu.
Uma história com investigação define Tantei wa Mou, Shindeiru?
Seria o mínimo a se esperar de um anime que foca em “detetives lendários”, né? Ou eu tô maluco?
Mas, bem, os mistérios que apareceram até agora são completamente desinteressantes. Até mesmo o do episódio 3 que ainda não acabou já está na cara de como vai acabar. Posso morder a língua, mas mesmo que eu erre e me “surpreenda”, eu não estou mais investido na história. Vou aceitar qualquer solução dada pelo roteiro, principalmente porque provavelmente será aquele tipo de resolução xexelenta que seria bem pouco provável que o espectador resolvesse sozinho.
Digo isso pois tem uma parte específica onde o anime faz questão de ocultar diálogos para que não consigamos entender o contexto por completo, somente para depois resgatar essa cena e fazer você achar que era possível chegar na conclusão sem a ajuda da exposição narrativa.
A história não é interessante. Ponto. E o motivo é simples: a narrativa perde tempo demais com cenas de peitos, personagens femininas chamando o protagonista de tarado, ou com diálogos de calcinha e biquíni, ao invés de criar uma identidade própria e prendendo o espectador com interações menos genéricas e mistérios interessantes.
Essas pequenas coisas deixavam as situações muito mais “cômicas” e imbecis, o que, novamente, para mim, vai contra a ideia que uma história de investigação deveria passar. Não estou pedindo aqui uma coisa pesada não. Pegue Munou na Nana, por exemplo. Lá, os mistérios são legais, e a atmosfera não é muito pesada (apesar do anime em si não ser tudo aquilo).
Finalizando as primeiras impressões de Tantei wa Mou, Shindeiru
Eu poderia escrever mais sobre este anime, mas realmente vou evitar dar continuidade com essa RD3. Só sairia coisa ruim.
Não é mistério que vou dropar este anime, e recomendo que você nem o comece se ainda não começou. Além disso, não é necessária uma investigação para notar que depois do primeiro episódio minha curva de interesse só diminuiu. Param de ser mencionadas as organizações externas, poderes não aparecem mais, e as meninas são só umas chatas.
O protagonista também, apesar de eu nem ter falado nada, é só o clássico cara que reage a todos os comentários daquele jeitão tipo:
– Boa observação sobre este caso, seu tarado.
– Obrigado. Mas não me chame de tarado.
Ou então:
– Para um tarado, até que você mandou bem nisso aqui.
– Sim, eu sei muito bem disso, mas por favor não me chame de tarado enquanto conversamos casualmente assim.
Não sei se consegui fazer meu ponto, mas já vi tanto personagem com esse tipo de “reação” à comentários ofensivos a si que, sei lá, cansei. Hachiman, de OreGairu, continua sendo meu herói e primeiro protagonista a masterizar essa arte. Pra mim o resto é resto.
Enfim, como antes citado, perder tempo com piadas de peito, tarados e bíquini, com closes em coxas e peitos, não é a melhor forma de gerar imersão numa história que, aparentemente, era para ser de investigação (ou pelo menos se vendeu de tal forma).
Além disso, o péssimo uso da trilha sonora te retira das cenas, e faz você se perguntar se a direção esqueceu de tirar a opening do fundo dos diálogos. A animação, por sua vez, surpreendeu demais num momento específico do primeiro episódio, mas como todo o resto, também não chama atenção a partir do episódio 2.
Existia potencial para ser desvendado. Uma pena que a detetive já estava morta.