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Análise

Boku Dake ga Inai Machi (Erased) é bom? Vale a pena ver o anime? | Crítica

ERASED, do começo ao fim, é viciante demais
15 minutos para leitura

Pois é. Parece até errado que, agora em 2020, 4 anos após o lançamento da série, eu iria dedicar meu tempo para escrever sobre Boku Dake ga Inai Machi (Erased).

Mas esse texto não é para quem já assistiu esse anime. Esse artigo é para aqueles que ainda tiveram a audácia de não dar play no primeiro episódio.

Sim, (talvez) eu esteja falando com você.

E digo literalmente no primeiro episódio, porque, quando falamos de primeiras impressões, Erased sem sombra de dúvidas figura no TOP 10 primeiros episódios mais impactantes que eu já vi.

Ou seja, eu garanto que não é preciso nem mesmo uma RegraDe3 inteira para que você se prenda de verdade no anime.

Os gêneros de Erased já são praticamente todos mostrados logo de cara: mistério, suspense (em partes), investigação, ação, romance (uma pitadinha) e até o “sobrenatural” (que é o que faz de fato a história ser possível).

personagens sentadinhos em erased

Pretendo falar um pouco de cada um desses pontos, mas posso iniciar afirmando que todos eles funcionam muito bem juntos, e para um anime de 12 episódios, você poderá se deleitar com uma história viciante, bem escrita e muito bem produzida.

Satoru, a peça chave em Erased

Antes mencionei que temos até mesmo “sobrenatural” como sendo um dos gêneros de Erased. Esse gênero quase que por inteiro se encontra ali por conta do “poder” que Satoru, o protagonista, possui (isso pode até ser um problema para algumas pessoas, mas chegaremos lá…).

O tal poder é apelidado por Satoru de “Revival”.

Este poder atua como uma espécie de “volta no tempo” sempre que o Satoru está próximo de alguma coisa ruim que vai acontecer.

Uma velhinha será assaltada e ferida, um caminhão com motorista desabilitado vai atropelar uma criança, um familiar foi assassinado… Não importa o que é, Saturo voltará de 1 até 5 minutos no passado para (tentar) resolver esse problema.

Ou pelo menos é assim que ele achava que seu poder funcionava.

A ideia do Revival é sempre jogar o Satoru para um pouco atrás na linha do tempo (e isso pode ser outro problema para alguns, mas calma…) para evitar um acontecimento que acarretará em algo ruim.

O primeiro episódio mostra o Revival sendo usado para que ele prevenisse que um caminhão desgovernado atropelasse uma criança, porque estava sendo dirigido por um caminhoneiro que sofreu um ataque cardíaco. Intenso!

Satoru entra em ação, e consegue salvar essa criança (quase morrendo no processo).

Porém, mal sabia ele que essa “sorte” seria a última que ele teria por um tempo…

O real começo de Boku Dake ga Inai Machi!

Até agora temos toda uma preparação para que Erased seja um anime legalzinho, apenas. Talvez acima da média. Até aí já estaria interessante, mas o que acontece logo ao final do primeiro episódio é que prende você de verdade.

Vou soltar um spoilerzinho que com certeza tirará o impacto do primeiro episódio. Recomendo que caso ainda não tenha visto, não leia mais a partir daqui. Mas se ainda não estiver convencido a assistir, fique e leia, miserável!

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Satoru e sua mãe vão ao supermercado fazer umas compras e presenciam um quase-sequestro. Porém, o bandido vê e reconhece a mãe de Satoru, e se sente ameaçado por isso. Claro que isso não é cuspido na nossa cara, porque a narrativa é bem sutil, justamente para que o que acontece depois seja ainda mais inesperado.

Não muito tempo depois, esse bandido safado invade a casa de Satoru, e pega a mãe dele desprevenida, assassinando-a com uma facada nas costas.

Satoru chega em casa instantes depois, mas sem saber do ocorrido (mesmo tendo cruzado com o suspeito no corredor… Que cena!). A vizinha vê Satoru com sangue em suas mãos, e Satoru, como o bom anti-social que é FOGE da polícia que logo chegou ao local.

E NESSA HORA MEUS QUERIDOS E QUERIDAS é que Boku Dake ga Inai Machi dá um soco no seu queixo.

O Revival acontece, mas Satoru não volta para 1 minuto, nem 5 minutos antes… Ele volta 18 anos para o passado, e ele precisa agora descobrir como isso tem relação com o problema que ativou o Revival: a morte de sua mãe.

Um começo impressionante demais!

Depois de ler tudo o que escrevi até aqui, eu duvido que você já tenha visto algo assim em qualquer anime. Eu já vi mais de 300 animes (literalmente) e nunca vi nada parecido.

E não falo isso para tentar me achar o “fodalhão dos animes”. Falo isso para reforçar o quão original Erased é em sua narrativa.

É genial como uma história de mistério e suspense consegue nos fazer ficar aflitos do começo ao fim. Pistas e mais pistas são levantadas, e Erased segue aquela lógica de filme de investigação mesmo, daquele tipo que você desvenda o mistério junto ao protagonista.

Digo, você pode até ter uma ideia mais forte de quem é o culpado, mas nunca tem total certeza.

Além disso, em cena alguma Erased conta a história do ponto de vista do assassino. Estamos 100% do tempo acompanhando do ponto de vista do Satoru, que não sabe de nada, mas ao mesmo tempo precisa descobrir tudo!

Isso deixa a narrativa muito mais interessante, porque faz com que nós resolvamos esse crime junto ao protagonista.

E olha, não é fácil saber como tudo vai se desenrolar. Tudo dá errado o tempo inteiro, e existem momentos em que você acha que a história irá para um lado, mas na verdade, ela toma um rumo bem diferente.

Nada é previsível demais em Boku Dake ga Inai Machi.

Pelo menos não pra mim.

Quando falo viciante, é viciante mesmo!

Praticamente todo episódio termina com aquele cliffhanger safado que deixa você muito agoniado para dar play no episódio seguinte. É um anime perfeito para maratonar.

E a Netflix não deixa eu mentir nesse argumento, sendo que a plataforma é mundialmente conhecida por incentivar seus usuários a maratonar suas séries. E advinha o que ela botou recentemente no catálogo? Sim, Erased! Pena que a legenda da Netflix é um nojo, então acabei vendo na Crunchyroll mesmo.

Mas de qualquer maneira, cada episódio é nos mostrado um pouco mais dos mistérios que envolvem a ida de Satoru até um passado tão distante, e, ao mesmo tempo, de todos os personagens que estão à volta de Satoru influenciam-no e afetam a trama principal à sua maneira.

Principalmente a Hinazuki Kayo, a menina que o Satoru acredita precisar salvar para que sua mão não seja morta no futuro. E claro, ele também deseja salvar a própria Kayo.

kayo triste em meio a paisagem nevada em Boku Dake ga Inai Machi

Erased tem uma parte técnica fenomenal, também

Um ponto de destaque aqui certamente vai para a produção do anime.

Eu não sei até que ponto é mérito do diretor ou do autor do mangá, Sanbe, Kei, mas a direção de Itou Tomohiko, que apesar de que provavelmente seu maior feito ter sido a direção de Sword Art Online, eu não consigo não dar méritos para esse cara.

Os ângulos de câmera e aqueles efeitos 3D que mostram o ambiente inteiro aumentaram bem a imersão – fora que é uma tática pouco usada em animes.

Na verdade, os jogos de câmera do anime ficaram tão legais que a série live action do Netflix (muito bacana por sinal) estava praticamente usando os mesmos ângulos.

Lembre-se que em anime o movimento é o ponto em destaque, como nos ensina a Mizusaki em Eizouken. E para uma série que é feita com pessoas de verdade, que se movem de verdade, mas imitar um anime, não é pouca coisa não.

A trilha sonora também ficou impecável, sendo usado bastante o recurso do silêncio para cenas mais impactantes. Talvez esse último ponto seja até mais mérito do diretor de som Iwanami Yoshikazu, que tem um portfólio maior que sua lista de animes para ver.

O design dos personagens ficou bem bacana, ficando bastante característicos e marcantes.

Em Erased, tudo funcionou em mim.

E se você não gosta da opening e da ending, tudo bem. Todo mundo tem o direito de errar as vezes.

“Re:Re:” by Asian Kung-Fu Generation
“Sore wa Chiisana Hikari no Youna (それは小さな光のような)” by Sayuri

Mas tudo é perfeito em Boku Dake ga Inai Machi?

Por mais que eu tenha curtido demais o anime, eu não posso negar que tiveram 3 pontos onde eu me questionei se ficou bacana ou não.

O primeiro ponto foi a escolha de forçar um par romântico com uma garota de 17 anos enquanto o protagonista tem 29. Achei a escolha de fazer dela uma colegial completamente desnecessária e sem sentido. Na boa, a Airi poderia ser facilmente uma garota cursando a faculdade e absolutamente nada mudaria.

airi sendo detida pela polícia em erased
Procura alguém da sua idade, garota!

O segundo ponto foi a escolha do autor (ou do diretor + roteirista, porque não li o material original então não sei de onde veio) em simplesmente fazer a gente engolir um “poder sobrenatural” como o Revival e simplesmente parar por aí, sem explicações. De tudo que acontece, nada é explicado, e nenhum outro “poder” nos é apresentado.

Afinal, estamos num universo como o nosso? Ou é um mundo diferente? Existem outros poderes? Porque só Satoru tem isso? Melhor: será que só ele tem?

No fim, muitos podem acabar achando que esse ponto seja uma falha. Afinal, em Erased é inegável que tudo é puxa para o lado realista das coisas.

Tudo é identificável demais, porque se parece muito com o nosso mundo, o mundo real. E não temos Revival aqui. Pelo menos não até onde eu saiba.

Porém, temos o Revival, um ponto completamente fora da curva. E a história simplesmente ignora esse poder depois de usá-lo como recurso para ter um “motivo plausível” para Saturo ir ao passado. Ou seja, o Revival entra, faz o dele (atuando até como Deus Ex Machina em certas horas), e sai de cena.

E o último ponto?

E o terceiro ponto, mas de longe o possível “maior problema”, foi o fator “linha de tempo”.

Cara, como eu detesto viagens temporais.

Novamente, nesse ponto, o anime simplesmente opta em não nos explicar nada sobre como funciona a linha temporal daquele mundo. E isso faz com que facilmente qualquer pessoa possa achar que Erased caia naquele paradoxo clichê:

“O Satoru do presente vai ao passado resolver seu problema. No passado agora, Satoru altera os acontecimentos, resolvendo os problemas. Porém, isso foi no passado. Ou seja, no presente, já não temos mais problemas para serem resolvidos pelo Satoru do presente. Logo, como o Satoru do presente chegaria a conclusão de que deveria ir ao passado resolver o problema?”

HAHAHAHAHAH eu adoro tentar explicar isso para as pessoas! Mas é bem óbvio se você parar para pensar.

Bem, sobre o segundo e terceiro ponto…

Sendo sincero, eu levantei esses pontos e afirmei que eles incomodaram algumas pessoas.

Mas eu não sou uma dessas pessoas.

A suspensão de descrença atuou, e atuou forte em mim.

Não liguei para nada disso, mesmo porque se o roteiro tentasse, em seus pouquíssimos 12 episódios, explicar o que Steins;Gate precisou de um jogo + 2 temporadas, não sou eu que vou exigir algo assim de Erased.

Eu simplesmente aceitei que existem mais de uma linha temporal, e deu.

E quanto ao Revival…

Quem liga, de verdade?

Não consigo achar pontos bons o suficiente para defender esse poder misterioso e sem explicação, mas por algum motivo, em Boku Dake ga Inai Machi, isso não me incomoda mesmo. Zero. Nadinha.

Até mesmo o primeiro ponto (o lance da Airi) é “corrigido” mais para o final do anime… Então, sei lá.

Erased é zero defeito pra mim. Não dá!

Porém, cuidado com gatilhos em Erased!

Acho super válido não terminar essa crítica sem deixar avisado que temos a presença de temas super pesado como assassinato infantil e violência infantil dentro de Boku Dake ga Inai Machi.

Com isso em mente, tome cuidado ao assistir ou ao recomendar para alguém. Nunca sabemos como uma obra de arte pode atingir o outro, e quem já assistiu já sabe que as cenas nesse anime são fortes. Podem não ser gore e nada do tipo, mas podem sim causar um impacto muito forte se a pessoa não estiver psicologicamente preparada.

Eu mesmo cheguei a pausar o anime 2 vezes enquanto assistia.

A primeira quando a mãe a Kayo estava colocando a cabeça dela em água gelada para os hematomas sumirem. Só de pensar que isso realmente acontece… E talvez não precisemos sair nem da nossa vizinhança para encontrarmos alguém assim.

E a segunda parte foi no momento em que o assassino dá um chute de frustração em uma caixa em seu esconderijo. A frustração foi porque o filho da puta não conseguiu MATAR UMA CRIANÇA.

Ele chutou uma caixa de raiva, porque não conseguiu cometer um assassinato. E o alvo era, repito, uma criança. Isso pegou muito forte em mim porque, novamente, no mundo real existem pessoas assim…

Me arrepio só de pensar em tamanha maldade.

Finalizando…

Para mim, Boku Dake ga Inai Machi acerta em tudo que se propõe.

Ele entrega personagens que são desenvolvidos na medida para podermos nos preocupar com eles. Aborda assuntos como bullying e isolamento social, ao mesmo tempo que consegue nos chocar com cenas de violência e assassinato infantil (mas sem exageros).

Porém, nenhum dos assuntos é abordado com indelicadeza (apesar de que eu achei que foi uma passada de pano braba para a mãe da Kayo na cena de “redenção” dela… Eu pagaria pra dar um socão naquela personagem).

Concluo não é um anime para qualquer um. Lembre-se disso ao recomendar para alguém.

A produção do estúdio A-1 Pictures pegou o material original e, mesmo sem lê-lo, vou afirmar que fez um ótimo trabalho.

Boku Dake ga Inai Machi (Erased) é um ótimo anime para recomendar para aquela pessoa que não costuma ver animes, afinal, nada daquele clichês super “japoneses” que podem gerar estranheza estão presentes.

Assim como falei na minha crítica de Tenki no Ko, para mim, Erased é um anime feito para o mundo.

Qualquer pessoa pode assistir e absorver a experiência por completo de uma história que vicia, que intriga, que entretém, que ensina e, que acima de tudo, nos ensina a dar valor para as pequenas coisas, como uma jantinha gostosa com nossa mãe ou o poder de um café da manhã feito com muito amor.

Em suma, Erased, do começo ao fim, é viciante demais

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Escrito por

André Uggioni

Co-Fundador

Host do CúpulaCast

Criciúma - SC

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