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Análise

BLACKFOX, da Crunchyroll, é bom? Vale a pena ver o filme? | Crítica

Esse BLACKFOX tinha tanto para acertar… que pena…
18 minutos para leitura

Após toda aquela divulgação que houve em cima de BLACKFOX, um filme que lançou na Crunchyroll no começo de outubro de 2019, eu esperava que ele fosse, pelo menos, acima da média.

Infelizmente, apesar de um teor técnico no que tange as animações e o character design que ficaram sensacionais, eu não consigo “recomendar” BLACKFOX, simplesmente porque existem coisas melhores que você pode assistir em 90 minutos da sua vida.

E digo isso com muito pesar, pois eu gostei de verdade de alguns detalhes aqui e ali. Principalmente porque eu vi um potencial gigantesco no enredo. Contudo, infelizmente, não foi entregue.

Encare essa análise mais como uma “não-recomendação” ou um “veja se não tiver nada para fazer”, ou seja lá como quiser.

BLACKFOX visual da Mia e da Rikka, sob a luz do luar
“Que design irado!”

Antes, uma breve contextualização sem spoilers

Em BLACKFOX, acompanharemos Rikka Isurugi, a filha de um grande cientista que está para concluir uma invenção que mudará o mundo.

Ela vive com seu pai e seu avô em uma mansão estilo japonesa em meio a sociedade moderna. Em baixo dessa mansão, temos o laboratório dos Isurugi.

A família de Rikka vem de uma linhagem de ninjas, basicamente. São treinados para combate e para seguirem a sequencia de herdeiros da família, tendo, muitas vezes, que assassinar seu inimigos.

Rikka é um pouco diferente dos demais membros de sua família – pelo menos da parte “ninjas assassinos”. Ela seguiu mais para o lado de seu pai, Allen Isurugi. Sendo assim, no futuro, ela seria tipo uma “ninja high-tech boazinha”.

Rikka com seu pai

Quando criança, ela deseja se tornar uma grande cientista como seu pai, e, por isso, decidiu ser gentil como ele, ao invés de tomar as rédeas mortíferas que seu avô “queria”.

Entre aspas o “queria” porque, ele só mostrava querer, pelo “bem dela”. Porém, no fundo, nenhum avô quer isso para sua neta, né.

Rikka Pequena com seu Avô
BLACKFOX Rikka pequena, lutando contra seu avô
“Esse começo…”

A premissa do anime é super show e até que inovadora, por assim dizer. Eu pelo menos não tinha visto nada parecido até então. Entretanto…

Um plot “fogo de palha”

Você já ouviu falar da expressão “fogo de palha”?

Essa expressão é geralmente direcionada à pessoas que prometem, inflam ou elevam as expectativas sobre algo que está para acontecer, mas na hora do “vamo vê”, são as primeiras a darem para trás.

É tipo aquele seu amigo que sempre chama para o rolê mas no final prefere ficar em casa moscando, sabe?

Para mim, o plot de BLACKFOX foi um dos maiores fogos de palha que eu já presenciei na minha vida animística (não, isso não existe).

Eu nem sei se de fato a expressão fogo de palha pode ser usada para coisas como um “plot“, mas eu não ligo. BLACKFOX foi um incêndio na amazônia de palha.

O motivo é bem simples: a história começa de maneira super bem introdutória, com um tom de curiosidade bem interessante entre a família da protagonista e a relação deles com o mundo.

Um começo marcante!

A cena inicial dela “brincando” com o avô foi muito bacana, pois a coreografia ficou maravilhosamente bem colocada, e causou um impacto muito positivo de primeira impressão.

Li um livro recentemente chamado “Como convencer alguém em 90 segundos”, do Nicholas Boothman.

No livro, o autor defende que você precisa causar uma boa impressão no primeiro minuto e meio do primeiro contato, caso contrário as pessoas não prestarão atenção no que você tem a passar.

Aquele começo empolgante me intrigou, pois, além de me fisgar, me fez pensar: “caramba, isso aqui é muito bonito e o traço é maneiro. E porra, tem ninjas com tecnologia! Óbvio que vai ser incrível.”

Passados os primeiros 90 segundos de Boothman, eu já estava vidrado no longa. Enquanto eu assistia os primeiros minutos eu ficava cada vez mais empolgado, pois parecia que estava vendo um filme de origem de super-herói da Marvel, tipo Homem-Aranha Homecoming, sabe?

Rikka tirando fotos em BLACKFOX, com céu azul atras
“Rikka Parker”

Sendo assim, foi mesmo um ótimo começo, preciso admitir.

Na verdade, o primeiro ato inteiro do filme foi bem completo e fez um cliffhanger bem caprichado para o começo do segundo ato, onde temos um time skip e a protagonista vira uma garota super estilosa e descolada. Sério, eu adorei o traço e o character design dela e de BLACKFOX num geral.

Pena que foi nesse momento, no segundo ato, que tivemos a primeira centelha do incêndio que, na minha opinião, queimou minha impressão inicial da obra.

O começo da tragédia

A passagem de tempo foi essencial para que a protagonista cultivasse e desenvolvesse sua sede de vingança. E eu amo time skips, então o problema não morou aí.

Eu também comprei fator “dia a dia de Rikka Isurugi”, nossa rancorosa protagonista, em seu trabalho “a lá Homem-Aranha”, como fotógrafa e com um chefe carismático (mas que não chega nem perto do JJJ, do Spidey).

Um ponto que talvez tenha abusado da suspensão de descrença um pouco além da conta foram os animais robô da Rikka, criados pelo seu pai.

Eu entendo que ele era super genial, mas, sério, os bichos eram verdadeiros “deus ex machina” ambulantes.

Esquilo da Rikka em BlackFOX
“Um dos Deus Ex Machina mais fofos do mercado”

Quero dizer que, a partir da hora que todas aquelas habilidades incríveis foram mostradas (ou parte delas), sempre que vivenciávamos uma situação de perigo, com toda certeza o cachorro, a ave ou o esquilo teriam uma nova habilidade para poder salvar o dia.

A falta do perigo é um perigo

Mesmo que cada um dos robôs-nimais tivesse sua própria “árvore de habilidades” voltada para stealth, mobilidade ou combate, todos pareciam ser úteis demais para que houvesse um perigo real ameaçando a protagonista.

Ou seja, não havia mais sensação de perigo transmitidas à nós, a audiência.

É tipo em Fairy Tail, que você já assiste sabendo que nada de ruim vai acontecer ao núcleo principal, porque todos estão sob o poder máximo de um roteiro covarde e sem coragem de botar os personagens em real perigo, ou até mesmo de matá-los mesmo após exaustivos mais de 500 capítulos.

Em obras como One-Punch Man a falta de sensação de perigo é ironicamente proposital, mas eu duvido que essa era a intenção em BLACKFOX.

Não estou falando para matar ninguém aqui não. Era só tornar as coisas um pouco mais dramáticas e diminuir um pouco o teor dos combates, quem sabe tirando fora os combates de arma de fogo estilo Star Wars.

O bendito jogo de xadrez

A fatídica e infeliz problemática, para mim, surgiu de fato quando a Mia deu as caras, lá naquele inofensivo jogo de xadrez.

Digo isso não porque eu tenho algo contra xadrez, mas sim porque dali para frente ficou impossível não prever TUDO o que ia acontecer no filme.

Pare e pense (caso tenha assistido): você realmente não conseguiu prever nenhum daqueles plot-twists manjados, ou o rumo que a narrativa ia tomar?

Ou, pior, que o filme teria um final aberto pois evidentemente estavam demorando DEMAIS para aprofundar qualquer outro personagem que não fosse a protagonista?

Para mim tudo ficou super claro que teríamos um final assim. Afinal, era mais da metade do filme e o vilão final ainda nem havia sido de fato declarado. E cara, um filme sem um bom antagonista, não funciona.

Nesse momento eu já estava amaldiçoando os 90 segundos de Boothman, porque todo aquele drama com consequências reais que nos fora entregue no primeiro ato do longa, já foi ofuscado pelos problemas apresentados.

No fim das contas, da metade para frente, tudo dá certo o tempo inteiro. Não existem mais consequências e o fator “será que vai dar merda?” já é irrisório, porque, como expliquei, temos os robôs invencíveis para salvar o dia a qualquer momento, e o pior de tudo: nosso vilão é patético.

Aliás, é tão patético que nem me lembro se ele foi introduzido antes da primeira metade do filme.

Isso por si só já é um problema, na verdade. Digo, como diabos você vai entregar um personagem que apresente real perigo à protagonista se ele nem mesmo dá as caras e não é desenvolvido de maneira que faça a audiência sentir a pressão que ele deveria representar?

A falta de um bom vilão é um bom problemão

Em filmes num geral, diferente de animes de vários episódios ou longas séries, os vilões precisam funcionar – e funcionar rápido.

Precisam representar perigo e ameaça. É necessário que eles sejam aqueles que conduzam a trama e carreguem o drama. Precisam ser, no mínimo, carismáticos.

Existem aqueles que fazem tudo isso junto, como o Meruem ou o Madara, ou até mesmo o Coringa.

Todos são ótimos exemplos de vilões bem construídos. Nós os acompanhamos em suas jornadas, desde o começo, seja através de flashbacks ou com uma cronologia consistente.

Temos suas ambições e personalidades expostas aos poucos, de modo que fica fácil de digerir, engolir e muitas vezes até compreender o ponto de vista deles.

Mas não é uma série normal…

Eu entendo que BLACKFOX não é um anime de vários episódios. Acredito que serão uns 3 “filmes” de 01h30min, na verdade. Mas, mesmo assim, não é desculpa para nos entregar um vilão sem sal e completamente esquecível.

A falta de um cara carismático que fosse a representação em carne e osso da perda da protagonista (que é nos passada ao longo de sua jornada) fez toda a diferença.

Todo aquele trauma da infância dela é, da forma que é passado no filme, reduzido a somente pura inveja de um colega de trabalho menos inteligente do pai da garota, o que é broxante.

Não uma inveja sustentada em bases reais e plausíveis. Acabou por ser só uma inveja de uma pessoa louca mesmo.

O carecão da cicatriz que aparece nas sombras promete ser um cara bem mais capaz do que o cientista medíocre que a parte 1 de BLACKFOX nos entregou, mas ele não teve presença o suficiente para eu poder afirmar isso com certeza.

Lauren gritando em BLACKFOX
“Tu é ruim, bro”

Caso você tenha assistido My Hero Academia: Two Heroes ou Nanatsu no Taizai Prisioneiros de não sei das quantas, você provavelmente sabe do que estou falando.

Ficcção científica ou fantasia sobrenatural? Decida!

Acho que todos somos (ou deveríamos ser) críticos o suficiente para conseguir entender quando uma obra escolhe trabalhar ou na ficção ou na fantasia.

Ambos os gêneros caminham próximos, porém os diferencias são nítidos quando colocados lado a lado e você faz um checklist de comparações.

Para não trazer características genéricas por aqui, cito Steins;Gate como um bom anime de ficção científica, onde as coisas que acontecem são explicadas através de teorias ficcionais e teorias reais que, juntas, podem fazer sentido. Dependendo do ponto de vista e de quem explica aquela loucura toda, claro. Mas ainda tem correlação com a ciência.

Por outro lado, temos obras super fantasiosas como Magi, onde você simplesmente aceita que existe magia. Os fenômenos acontecem porque sim, e deu. Aceite. É a ideia do negócio.

Uma obra que poderia se aproximar mais de BLACKFOX talvez seja Bungou Stray Dogs, já que se passa em meio a cidade grande e temos eventos conspirativos e coisas do tipo acontecendo no universo da obra. Porém, em Bungou, é evidente que temos efeitos “sobrenaturais” que regem o plot e a narrativa da parada toda.

Em BLACKFOX, primeiro somos evidentemente introduzidos a um mundo high-tech em que somos prometidos uma boa ficção científica, porém, com o desenvolver da história, parece mais que estamos entrando de cabeça num episódio ruim de Mob Psycho.

Mia com poderes malucos de raio voando
“Gente, ela voava, soltava raio e os caralho, simplesmente porque sim. Não dá”

O desfecho broxante

A luta final é simplesmente patética (apesar de bem animada).

A escala de poder estava muito bem construída até o terceiro ato, até que, do nada, os poderes de certos personagens simplesmente viram praticamente “magia”, e é isso. Aceite (mesmo não tendo sido treinado ao longo do filme para só aceitar, e é aí que mora a problemática).

Diferente do que temos nas obras que citei antes (Steins, Magi e Bungou), onde seus gêneros e sub-gêneros estavam claros, em BLACKFOX, me parece que os diretores simplesmente decidiram que teríamos ciência até certo ponto, e, quando não desse mais para explicar com ficcção, seria só meter algum tipo de magia que tava bom.

E, sinceramente, não haveria problema nisso, desde que a carne fosse sendo amaciada aos poucos antes de ir para o forno. Ou seja, que nós, a audiência, fossemos preparados de alguma forma para o sobrenatural.

Foi tipo o que aconteceu em Bunny Girl com as explicações dos fenômenos da série. Bem complicado ser tratado como “idiota”. Eu não gosto, você gosta?

E a Mia?!

Mesmo que alguém alegue que os poderes “mágicos” foram mostrados através da Mia mais cedo no filme, eu (e acredito que grande maioria das pessoas) estava esperando uma explicação de ficção científica para aqueles poderes.

Afinal, desde o começo do anime, estamos vendo a protagonista usar aquela tecnologia utópica, porém ficcional, para escapar dos problemas que a narrativa lhe apresentava.

Seria tipo se o Okabe de Steins;Gate pudesse prever o futuro de fato, ou se em Tengen Toppa o poder da espiral não fosse capaz de fazer o que faz, simplesmente porque “não faz sentido”.

Finalizando…

No fim, eu só fico triste mesmo porque BLACKFOX não trilhou dentro somente da ficção científica.

Teria sido imensamente mais interessante, porque teríamos uma escala de poder bem menos avacalhada e lutas mais engenhosas, como as de Goblin Slayer (que não é ficção, mas tem combates muito bem estruturados e orquestrados).

Resumindo: me decepcionei, porque eu gostei muito do potencial que o enredo apresentou e prometeu entregar nos primeiros momentos, tanto no que diz respeito a construção do universo, da qualidade técnica, um roteiro com perdas acompanhadas de consequências e personagens bacanas.

BLACKFOX Rikka levando um ventão na cara pelo celular
“POR QUE VOCÊ ME DECEPCIONOU????”

No fim, ficamos somente com a qualidade técnica e uma protagonista maneira, e é isso. Todo o desandar do filme me fez perder o tesão que foi o começo da obra.

Rikka Isurugi com headphones. ao celular na rua
“Eu não consegui lidar muito bem com essa personagem. É meu dilema do anime: ela ficou linda, mas o resto tava colapsando”

Nos últimos minutos eu já estava dando risadas com algumas escolhas narrativas, principalmente durante a luta final. O que foi aquilo, Jesus…

O final foi super aberto e demasiado “Marvel” para meu gosto. É completamente óbvia a tentativa do estúdio de entregar um filme de anime super Marvel, tendo em vista que a franquia está tendo um super boom nessa década.

Entendo a intenção, mas não a aprovo. Ficou muito, mas muito genérico e não-impressionável dos primeiros 30 minutos em diante.

Reforço que a parte técnica não entra em debate aqui, porque a animação é de deixar o queixo caído em praticamente todos os minutos do filme. O estúdio Studio 3Hz caprichou, não importa o que eu pense sobre o resto da produção.

BLACKFOX é só a parte 1, mas eu encarei como um filme. Tem 90 minutos, afinal. Eu vou apostar no potencial e na possível melhora da série, então, concluo dando um…

Nota
6.0

/10

Dei uma nota 6,0 (que costuma ser a média em faculdades e universidades) porque eu me recuso a ver algo com tanto potencial reprovando na cadeira. De verdade. E você?

EXTRA

Ao que tudo indica, teremos continuações de BLACKFOX. O final da primeira parte foi completamente em aberto, e serviu como, basicamente, uma introdução dos personagens.

Acredito que sozinho o filme não é muita coisa, mas vou assistir as continuações para ver se eu mordo a língua e todo esse sentimento de desapontamento se torne uma ótima experiencia, porque eu realmente adorei a premissa e a protagonista.

Segundo o The Cinema Aholic, uma provável continuação para a parte 1 entrará na Crunchyroll em algum ponto de 2020.

BLACKFOX Rikka com a máscara, sorrindo
“Gostaram dessa fantasia?”
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Escrito por

André Uggioni

Co-Fundador

Host do CúpulaCast

Criciúma - SC

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